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O treinamento desportivo escolar e a revelação de jovens talentos

El entrenamiento deportivo escolar y el surgimiento de los jóvenes talentos

 

Fisioterapeuta da clínica NucleoFisio

Graduado em Educação Física – Licenciatura – UERJ

Graduando em Educação Física – Bacharelado – UERJ

Graduado em Fisioterapia – FRASCE

Rodrigo Silva Perfeito

rodrigosper@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo visa refletir sobre os conhecimentos englobados no âmbito do treinamento de jovens talentos na escola com o intuito de aprimorar suas valências e verificar como ocorre o preparo deste estudante ao ser encaminhado para o treinamento desportivo de alto rendimento. Para isto, foram observadas diversas valências do treinamento como algo essencial para mensuração do limiar entre um aluno com aptidão para o treinamento desportivo escolar e um aluno com aptidões para o treinamento desportivo de alto rendimento. Através das conceituações contidas nesta obra, poderemos identificar como ocorre a seleção de Jovens Talentos na escola feita pelo professor de Educação Física, a importância da observação das valências físicas e fisiológicas do aluno com objetivo de evitar o Overtraining, qual a quantidade e intensidade de treinos adequados e qual é o momento correto para realizar a transição do aluno que treinava de forma amadora para um educando que irá treinar um determinado desporto de forma profissional.

          Unitermos: Educação Física. Jovens talentos. Treinamento desportivo. Overtraining. Cuantidade e qualidade do treinamento.

 

Abstract
          This article aims to reflect on the knowledge comprised in the training of young talents in the school with the intention of improving their valences and check how is the preparation of this student to be referred to the high performance sports training. For this, observe various valences of the training as essential to measure the threshold between a student with an aptitude for sports training school and a student with skills for high performance sports training. Through the concepts contained in this work, we can identify how the selection of Young Talents in school made by the Physical Education teacher, the importance of observation of physical and physiological valences of the student in order to avoid Overtraining, which the amount and intensity of workouts appropriate and what is the right time to make the transition from student to train as amateurs for a student who will coach a specific sport in a professional manner.

          Keywords: Physical Education. Talented youth. Sports training. Overtraining. Quantity and quality of training.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Principais objetivos

    O professor de Educação Física é o responsável pela seleção e treinamento de jovens talentos na escola. Um dos principais objetivos deste profissional ao aplicar o treinamento desportivo escolar é o de capacitar o aluno no reconhecimento de seu nível de aptidão física assim como seu desenvolvimento dentro do desporto treinado, respeitando, sobretudo, seus limites. Desta maneira, possibilitará a este estudante uma situação de autonomia e compreensão dos conhecimentos do dia-a-dia, do treinamento e informações referentes ao próprio desporto. Contudo, deve-se objetivar o rendimento, no sentido do desenvolvimento não só das valências físicas, como também da capacitação técnica da modalidade praticada, além de outros aspectos como o chamado treinamento invisível, que leva em consideração a necessidade de um repouso e uma nutrição adequada, conciliados com o treinamento das valências desportivas.

Seleção de Jovens Talentos na escola

    A finalidade principal da escola não é a descoberta de Jovens Talentos, mas sim a possibilidade democrática da atividade física e da prática desportiva regular, de uma forma abrangente e inclusiva, ocorrendo assim uma preocupação menor na descoberta de talentos.

    Quando o professor de Educação Física, mesmo não enfocando tal revelação, percebe que um determinado aluno possui aptidões acima das consideradas normais para um estudante que nunca havia treinado tal desporto e, sobretudo, um gosto pela participação e pela competição em jogos, deve convidar este jovem a realizar um treinamento diferenciado, fora do horário de aula, com exercícios voltados para o aprimoramento de suas técnicas.

    É muito comum o grave erro da seleção apenas dos jovens mais habilidosos para participarem deste treino diferenciado, como por exemplo, a treinar na equipe da escola. Diversos estudos vêem esta ação como negativa e mostram que ficar de fora do time de futebol da escola, ou o simples fato de não ser escolhido, traz o sentimento de descrédito e episódios de Bullying por parte de seus amigos, chamando-o por apelidos que representam sua suposta falta de habilidade para o desporto em questão. Refletindo sobre estes e outros detalhes, percebemos que esta seleção deve ocorrer naturalmente ao transcorrer das aulas, não havendo uma discriminação ou eliminação dos alunos que pretendem compor essas equipes. O horário de treinamento deve ser diferente do horário de aula e completamente inclusivo, de forma a se apresentar aberto a todos, não somente aos mais habilidosos.

O treinamento e o Overtraining na escola

    Dificilmente o estado de Overtraining acontece no treinamento escolar, porém devemos nos atentar à oferta, ao tipo e a intensidade do estímulo, pois se a excitação pós treino for muito débil, provocará apenas uma pequena excitação no organismo, não sendo suficiente para gerar novos níveis de adaptação no corpo e nas valências do desporto. Já um estímulo adequado, gera uma adaptação positiva no desenvolvimento de diversas valências e um incremento fisiológico adequado no corpo do aluno.

    O estímulo de intensidade acima do limiar ideal de treinamento agride o praticante de tal forma que pode causar um dano passageiro ou que pode se perpetuar, ou seja, uma lesão aguda ou crônica, ocorrendo o que chamamos de Overtraining. Concomitantemente ao cuidado referente à intensidade de treino, o professor deve se a tentar a doenças adquiridas fora ou dentro do ambiente de treinamento, vide que tal desconformidade pode prejudicar seus exercícios e levá-lo ao estado de Overtraining induzido.

    Desta forma, devemos nos preocupar em perceber como o estudante se apresenta em relação a sua saúde, sendo passível de ocorrer, em função de um desequilíbrio momentâneo causado por algum tipo de adoecimento, lesões ou um Overtraining precoce. Por isso, é preciso estar atento à resposta física do aluno e a diversos outros detalhes que fazem seu rendimento diminuir. Tais fatores podem variar desde o abuso sexual até a carência de repouso ou maus hábitos alimentares. Assim, entendemos que é fundamental perceber e ouvir seu aluno durante e fora do horário de treino.

Treinamento Geral e Específico

    Quando se pensa num desporto com características voltadas para competição e início do caráter de rendimento, o treinamento escolar deve ser o mais específico possível, ressaltando quais são as valências físicas envolvidas naquele desporto e treinando-as. Ao observarmos a potência muscular de membros inferiores como uma valência alvo, percebemos que esta é importante para um jogador de voleibol, para um jogador de basquetebol ou para um saltador, mas pode não ser importante para um jogador de tênis. Além de identificar quais são as valências mais adequadas ao treinamento, é significante identificar quais as fontes energéticas que demandam aquele desporto, observar as alavancas articulares que estão envolvidas com os principais grupamentos musculares e fortalecê-las para prevenir possíveis lesões. Chamamos este treino de preventivo.

    No entanto, é preciso pensar no treinamento de Jovens Talentos como algo alvo de transformações. O estudante pode, mesmo apresentando altos índices de performance, modificar o desporto que estava treinando por algum motivo qualquer. Sendo assim, o treinamento geral também é muito importante. Este pode ser empregado em um período de férias, introduzindo exercícios específicos de diferentes desportos, para assim manter seu aluno em atividade e ao mesmo tempo lhe apresentar novas possibilidades, fugindo da rotina de treino. Isto ajuda numa possível restauração física, psicológica, emocional e cognitiva. Portanto, o treinamento geral pode se oferecer como uma ferramenta atraente, que possibilita a identificação de novas modalidades esportivas.

Avaliação da quantidade de treinamento (QT) escolar

    No caso do desporto de competição, o treinamento ocorre de forma intensa e em muitos casos, diariamente. No desporto escolar, isso varia muito de acordo com a vida acadêmica do aluno. Geralmente a quantidade do treinamento ocorre em torno de duas a três vezes por semana. Cada seção varia aproximadamente de 60 a 90 minutos. A intensificação do treinamento normalmente acontece em um período pré-competição onde gradualmente a intensidade do treinamento aumenta e o volume diminui. Durante a competição, o professor deve manter o treino do gesto motor e diminuir a intensidade do treino. A repetição do gesto motor objetiva garantir uma manutenção mínima do aspecto motor e das valências físicas para que não haja uma queda nesses aspectos. A intensidade deve diminuir, devido ao risco de cansaço excessivo durante as competições, o que traria a diminuição do rendimento destes alunos.

    Existem diversas limitações quanto ao treino no desporto escolar. A principal existe devido à importância dos estudos de tal aluno. O treinamento não pode atrapalhar o desempenho acadêmico. Assim o professor deve buscar o ponto de equilíbrio entre os estudos e o treinamento, mantendo-os de forma equilibrada. A quantidade dos exercícios deve se situar de acordo com o calendário da escola e das competições.

    No retorno das férias, o aluno que faz parte de alguma equipe escolar, deve realizar um treinamento de menor intensidade com aumento progressivo conforme a aquisição de uma melhor condição física. No caso de um treinamento descontrolado e quantificado de forma incorreta, trará possíveis lesões crônicas ou agudas, o que irá diminuir de forma significativa o rendimento deste estudante.

    O que se observa no desporto de competição, hoje em dia, é que a intensidade de treinamento está alta, mas o volume erroneamente também permanece alto, isso talvez pelo desejo de uma performance exacerbada característico do alto rendimento. Nota-se um agravamento da saúde do atleta em função deste treinamento imensurável, uma vez que o mesmo está sempre no limiar entre o desempenho e a falta de saúde, ultrapassando muitas vezes, a zona a qual seu organismo suporta, quase sempre se situando em um estado de sobre-treinamento. São justamente estes fatores que devemos evitar ao quantificar o treinamento de Jovens Talentos. O objetivo neste determinado momento, deve ser o de apresentar o desporto ao estudante. Desta forma, é evidente a necessidade da quantidade de treinamento muito abaixo da apresentada no alto rendimento.

Conclusão

    Acima de qualquer rendimento, como professores de Educação Física, devemos habilitar nossos alunos a perceberem seu grau de aptidão física, dando-lhes a oportunidade de conhecer seus limites. O esporte deve servir como ferramenta de aquisição da autonomia, buscando empregar-lhes conhecimentos que possibilitem o auto-cuidado e prevenção de não só acidentes, mas também de problemas advindos de sua vida em sociedade. Mostrando assim, que o professor responsável deve buscar o rendimento, porém indo mais além, desenvolvendo não só as valências físicas como as capacidades técnicas e intelectuais, chamado de treinamento invisível.

    O descobrimento do Jovem Talento não é um objetivo central da escola, porém o professor de Educação Física deve se atentar a esta possibilidade e encaminhar este ou estes alunos para um treinamento que é extra classe. Nesse momento, deve ocorrer a seleção não somente dos melhores, mas sim dos que tem interesse e amor ao desporto em questão, mantendo o teor de democratização sem excluir qualquer aluno. Assim, o parâmetro de escolha dos alunos é feito pelo interesse em competir e adquirir informações sobre o desporto. Apenas em um segundo instante ocorre a seleção dos alunos mais habilidosos, que serão encaminhados ao profissional que realizará um treinamento voltado ao alto rendimento desportivo.

    Em relação ao Overtraining, este dificilmente ocorre no treinamento escolar. A preocupação maior é com a oferta de tipo e quantidade do estímulo, que ao invés de provocarem adaptações positivas ao organismo poderão provocar agressões ao mesmo. Revelando desta maneira, que mesmo subtraindo a possibilidade de alcançar o Overtraining, o professor de Educação Física, deve saber aplicar os conceitos do Treinamento Desportivo para não acarretar desinteresses e agressões negativas ao corpo do aluno.

    Outro ponto importantíssimo é a utilização de um treinamento geral conciliado ao treinamento específico de valências desportivas na escola. Esta seria uma forma essencial, seja na escola ou no desporto de alto rendimento, para que outros esportes sejam enquadrados em seus programas de exercícios. O treinamento geral, não busca como essência o aprimoramento de outras valências não específicas, mas sim o desenvolver do senso lúdico e recreativo, de forma a fugir da monotonia do treinamento, atraindo novos praticantes, fazendo com que o treinamento não seja uma hora temida por todos.

    Em relação à quantidade ideal do treinamento desportivo escolar para os Jovens Talentos, deve ocorrer em torno de 2 dias na semana, ou seja uma quantidade de treinamento pequena. Embora muitos professores não saibam adequar os treinamentos desportivos escolares à vida social do aluno, estes não devem atrapalhar as atividades paralelas ao desporto como, por exemplo, sua vida acadêmica. Mesmo próximo das competições o treinamento deve ser equilibrado, já que seu corpo não está preparado plenamente para suportar grandes cargas de treinamento.

Referência bibliografica

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  • SANTOS, Edson Arapiraca dos; NERY, Fábio do Couto; et al. Revista Treinamento Desportivo: As diferenças entre o esporte da escola e o esporte na escola. Volume 7, Número 1. p.21-28, 2006

  • VALENTE, Jayme Pimenta Filho. Informação verbal, 2008.

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