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O inconsciente e a pedagogia no xadrez

El inconciente y la pedagogía en el ajedrez

 

UFRGS – Universidade do Rio Grande do Sul

(Brasil)

Jefferson Leal Oliveira

jefferson.prepfisico@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A idéia de desenvolver um trabalho dentro da psicanálise, sobre o tema Pedagogia do Xadrez é de um desafio muito grande, pois até hoje grandes pensadores da psicanálise querem mostrar a grande contribuição que o inconsciente realmente tem no desenvolvimento da criança e do adolescente dentro da escola, dentro das relações na escola e no próprio aprendizado. Ao longo deste trabalho vamos analisar como pode um jogo aparentemente tão inocente se transformar numa ferramenta tão valiosa para desenvolver diversas formas de nossa capacidade intelectual, como também de desenvolver a capacidade de utilizar nosso inconsciente a nosso favor em momentos de pressão psicológica em que um jogador de xadrez pode encontrar diante de si mesmo, igualmente como um estudante encontra em momentos de aprendizado ou até mesmo na realização de uma prova, toda esta gama de informações agora neste artigo será desenvolvimento respeitando as fases de compreensão do aprendiz, não importando sua idade ou sua capacidade intelectual, mas sim visando sua compreensão do jogo de forma gradual, do simples movimento a movimentos combinatórios.

          Unitermos: Xadrez. Psicanálise. Inconsciente. Pedagogia.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A idéia de desenvolver um trabalho dentro da psicanálise, sobre o tema Pedagogia do Xadrez é de um desafio muito grande, pois até hoje grandes pensadores da psicanálise querem mostrar a grande contribuição que o inconsciente realmente tem no desenvolvimento da criança e do adolescente dentro da escola, dentro das relações na escola e no próprio aprendizado. Ao longo deste trabalho vamos analisar como pode um jogo aparentemente tão inocente se transformar numa ferramenta tão valiosa para desenvolver diversas formas de nossa capacidade intelectual, como também de desenvolver a capacidade de utilizar nosso inconsciente a nosso favor em momentos de pressão psicológica em que um jogador de xadrez pode encontrar diante de si mesmo, igualmente como um estudante encontra em momentos de aprendizado ou até mesmo na realização de uma prova, toda esta gama de informações agora neste artigo será desenvolvimento respeitando as fases de compreensão do aprendiz, não importando sua idade ou sua capacidade intelectual, mas sim visando sua compreensão do jogo de forma gradual, do simples movimento a movimentos combinatórios.

    Cito agora uma frase de Melanie Klein contida no livro de Bergés e Balbo (2010): “eu encontro as crianças em sua casa, em seu quarto, fico com elas, elas brincam com seus brinquedos, elas falam de seus jogos até que associam.” E acrescenta: “é ai que começa a análise”. Não quero de maneira nenhuma transformar o xadrez em uma psicanálise, mas podemos utilizar o xadrez como um instrumento de pensamento e associações como Melanie sugere, onde o aprendiz pode ao longo do processo compreender não só o significado do jogo, mas seus significantes dentro de sua forma de visão da sua vida.

    A psicanálise também nos remete através das palavras de Lacan (2001 pag. 76) sobre o começo e a ação que sem ato não poderíamos simplesmente nos remeter a questão do começo, onde a ação está exatamente no começo, por que não poderia haver começo sem ação. Ao analisar o “eu penso” do inconsciente implica nos remeter ao “logo sou”, que faz com que lá onde mais certamente eu penso ao me dar conta disso, eu lá estava, fazendo assim nos dar sentido a prática, na busca pela falta, ou melhor, pelo “falso-ser”, onde se define como a essência do homem e que se chama o desejo.

    E aonde entra a Pedagogia no xadrez? Em sua compreensão do processo pelo educador, para como diz Paulo Freire em sua obra pedagogia da autonomia (1996, pág. 29), onde “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”, nos proporcionando uma continua busca, indagando, contatando, intervindo no educar e me educando, afinal professor deve conhecer o que não conhece e comunicar a novidade ao seu educado. Neste processo como veremos o xadrez tem uma seqüência de aprendizado que mostrarei para a melhor compreensão pelo educado, mas nada impede do professor adequar ou até mesmo criar a sua forma de ensino a sua realidade.

2.     Desenvolvimento

    A aprendizagem do jogo de xadrez pode ser comparado ao aprendizado da linguagem articulado, pois os dois com suas letras e peças vistos de maneira separadas não terão significados, a não ser o da sua existência, citado por Agabem (2005) como um semiótico, terão um significado próprio e simples. Já dentro de um contexto ou melhor dentro de um discurso, junto com outras palavras ou peças no caso do xadrez, teremos uma mensagem, uma função associativa entre elas denominado de semântico que é a compreensão do contexto de palavras para o entendimento do discurso, no caso do xadrez a movimentação complexa da partida e sua conotação dentro do jogo. O reconhecimento de cada função das peças, a sua compreensão em separado de suas funções, transformará a complexidade da partida no compreendimento do jogo propriamente dito, como exatamente funciona na aprendizagem da linguagem, onde pedagogicamente as crianças aprendem a reconhecer as letras e depois suas funções para poder formar dentro de pequenos contextos suas articulações da fala.

    Essa articulação da fala compreendida pela criança nada mais é, como cita Agabem (2005, pág. 69) “como a voz transcrita e compreendida nas letras” e somente a escrita alfabética pode, efetivamente, criar a ilusão de ter capturado a voz, de tê-la compreendido e inscrito na gramática. E como funciona no xadrez? Funciona na imaginação das jogadas, nas formas lógicas de funcionamento das peças, dentro do contexto do jogo, onde e compreendido o movimento individual de cada peça e numa articulação com as outras desenvolvendo sua função maior no jogo, que é o desafio sobre o outro jogador, onde posso me colocar como espelho e imaginar minhas próprias jogadas sendo utilizadas pelo outro e criar formas e combinações de movimentos para superar meu oponente.

    Os movimentos das peças serão apresentados apenas de maneira simplificada para um entendimento melhor do funcionamento da didática do jogo, sendo que seu completo desenvolvimento pedagógico será deixado para uma obra a ser desenvolvida posteriormente, pois neste momento nosso principal objetivo é o de discutir a importância de se desenvolver o jogo através de uma pedagogia com o grande auxílio da psicanálise.

2.1.     O tabuleiro

    A luta entre as peças é travado em um tabuleiro de 64 casas, alternando casas pretas com casas brancas. O diagrama ao lado mostra o posicionamento do tabuleiro. A casa da direita de cada jogador deve ser branca. Para ficar mais fácil a aprendizagem, vamos dividir o tabuleiro em colunas, filas e diagonais. Todas as casas do tabuleiro possuem uma denominação específica que é dada pelo encontro de uma fileira com uma coluna. As colunas recebem letras de a até h e as filas são numeradas de 1 a 8. Exemplo, o encontro da coluna a com a fileira 1 vai dar origem a casa a1.

    O tabuleiro representa o local do desafio entre os jogadores, o local onde será feito o desafio entre o reino das peças brancas e o reino das peças pretas, e como qualquer batalha existem táticas e regras a serem seguidas pelos desafiantes. Melman fala no livro da cultura dos superdotados (2010, pág. 92) que o dom excepcional no domínio da memória e do manejo de números, mais globalmente no exercício das combinações, e que com métodos em geral adaptados por parte do educador existe a possibilidade de programá-los e que são susceptíveis de construir uma memória.

    Outra parte fundamental do jogo é a captura das peças, que consiste quando uma peça situado no raio de ação da peça adversária pode ser capturada, retirada do tabuleiro, e a peça que capturou se coloca exatamente no local aonde a peça capturada estava.

2.2.     O Peão

    Peça de valor reduzido dentro do jogo, mas sua importância no aprendizado pedagógico do jogo é fundamental, pois todo o processo sequencial será ou não conseguido pelo aprendiz se sua compreensão desta peça for plena, assim como na matemática tudo passa pela compreensão dos números e sua importância e na posteriori a simples conta de somar, ou como na aprendizagem da escrita que passa pela compreensão do que é falado pela criança e de como é aprendido cada simples letras e cada simples conexão com outras letras formando uma palavra, e é aí neste início de aprendizagem, pode ser no início do xadrez, no começo do contar na matemática ou no compreender da criança que o entendimento de que os sons da voz pode se tornar símbolos escritos que está todo chão de onde a aprendizagem fará a sua construção de conhecimento ao longo de toda a vida, pois como em uma obra na construção um grande edifício, tudo começa pela simples planejem do terreno, que se mal feito ou desnivelado, poderá comprometer toda a construção ao longo do processo. Agabem (2005, pág. 70) fala: “o saber, que rompeu a sua relação originária com a voz, deve agora procurar para si um outro lugar, e é o que faz reportando-se a uma estrutura incônscia, a um Inconsciente, ou seja, a um saber que não se sabe, a um saber sem sujeito”.

    Começamos a desenvolver junto ao aprendiz os movimentos básicos do Peão, onde ele só poderá andar para frente de casa em casa, exceção quando da posição inicial que ele pode pular duas casas, a imagem ao lado mostra esse movimento sendo representado pelos pontos em negrito. Os peões não capturam as peças ao longo de seu movimento, a captura é feita em diagonal, a imagem acima mostra esse movimento representado pelo x. A partir destes conhecimentos adquiridos poderemos desenvolver pequenos jogos lúdicos juntos ao aprendiz de assimilação do movimento do peão. Um exemplo é disputar uma partida somente com a presença de peões, onde jogam pretas e brancas com um único objetivo inicial, levar a maior quantidade de peões até o lado oposto de onde se encontra. Após poderemos conforme o reconhecimento dos movimentos e sua aprendizagem por completo pelo aprendiz pode-se começar a variar novas formas de utilização do jogo, com novos objetivos. Ao longo destes pequenos jogos os aprendizes começaram também a utilizar pequenos raciocínios para superar o seu oponente, o que será de grande valia ao longo do processo de aprendizagem do grande jogo.

2.3.     O Rei

    Após o entendimento bem sucedido do movimento do peão, vamos conhecer a peça mais importante do jogo, o Rei. Essa peça movimenta-se para todos os lados de uma em uma casa, seu movimento deve ser muito cuidadoso, pois o jogo termina com a sua captura, chamado de xeque-mate. O xeque consiste quando o rei está ameaçado por qualquer peça adversário, e sendo impossível ele se colocar em xeque, ou seja, por descuido o aprendiz colocar o rei em perigo de captura. O xeque-mate é o ponto final de uma partida e consiste quando o rei está em xeque e não existem casas para o rei ocupar que não estejam ameaçadas. Podemos apartir deste aprendizado sobre o Rei começar a introduzi-lo ao jogo, podendo utilizar os peões e o rei juntos, tendo como objetivo a captura do rei pelos peões.

    Uma das lendas que acompanham a criação do jogo conta que o brâmane Sissa criou o chaturanga, predecessor mais antigo do xadrez, a pedido do Rajá indiano Balhait. Sissa tomou por base as figuras do exército indiano, e incluiu a peça hoje conhecida Rei como forma representativa do seu monarca e do papel que ele desempenhava na condução dos exércitos na guerra. Este simbolismo da peça, representando o poder do estado, acompanhou os controversos fatos sobre a origem do jogo. Quando os persas assimilaram o xadrez, adaptaram o nome da peça principal de acordo com a figura do seu chefe de estado, o Shah. Esta adaptação originou também a expressão "xeque-mate", que é uma transliteração de Shah Mat, que significa "rei emboscado". Na atualidade, a peça também pode ser encontrada como símbolo de liderança e estratégia, e ilustra freqüentemente capas de livros sobre estes temas.

    Charles Melman (2010, pág. 95) fala sobre que ser superdotado não dá, em caso algum uma inteligência prática e que a criança deve chegar a um mínimo de bom senso, mas essa relação se representa também com qualquer criança ou aprendiz do jogo, pois ter bom senso significa ser capaz de responder a certo número de circunstancias sociais, familiares e privadas de maneira adequada. E o entendimento de sua responsabilidade e de suas implicações perante a sociedade e fator determinante numa relação em sociedade e na escola, a peça do Rei, como sendo a de fundamental importância no jogo e a posição do aprendiz em organizar e liderar suas peças leva o aprendiz a aprender estas relações ao longo do processo e como suas decisões geram conseqüências ao longo do jogo, mas podem ser transportadas e exemplificadas para a sua vida.

2.4.     A Torre

    Após o entendimento bem sucedido do movimento do peão e do Rei, a próxima peça a desenvolver seus movimentos e a introduzir será a Torre. Essa peça se movimenta em colunas e filas quantas casas for possível. Pode utilizar como primeiro exercício um pequeno jogo contendo as torres e os peões com o objetivo de ver quantos peões conseguem ir até o lado oposto do tabuleiro, após pode-se introduzir o Rei ao jogo, tendo como objetivo capturar o Rei adversário..

    Os árabes aprenderam o xadrez com os persas e mantiveram o nome Rukh ou rukhkh, que tem sonoridade semelhante à da palavra em árabe para um pássaro mítico gigante, conhecido na língua portuguesa como Roca. Os italianos transliteraram a palavra para rocco com sonoridade semelhante a rocca, palavra italiana que designa fortaleza. Isto levou à tradição de denominar a peça pela palavra Torre na maioria dos países europeus, com exceção da Inglaterra, que transliterou novamente o significado da palavra para Rook. Entretanto, a peça é conhecida como Castle entre os leigos ao jogo, em países de língua inglesa, devido a sua representação comum como uma torre ou Turret.

2.5.     A Dama ou Rainha

    Essa peça movimenta-se em todas as direções quantas casas for convenientes, é uma peça muito poderosa pelo seu raio de ação, sendo fundamental no momento de ataque ao adversário. Podemos começar a introduzir esta peça ao nosso pequeno jogo somente com a utilização do peão e da dama, tendo como objetivo apenas que os peões alçassem o outro lado do tabuleiro e assim estando a salvo de ataques. Num segundo momento podemos introduzir o Rei ao jogo tendo como objetivo então a sua captura.

2.6.     O Cavalo

    Os cavalos possuem um movimento particular bastante diferente das demais peças. Seu movimento é em L, sendo duas casas para a frente e uma para o lado, ou uma casa para a frente e duas para o lado, para simplificar, o cavalo anda uma casa como torre e uma casa como bispo. O cavalo é a única peça que salta sobre as demais. Podemos introduzir esta peça ao jogo de uma maneira simplificada, utilizando apenas peões e o cavalo, tendo como objetivo apenas levar os peões até o final do tabuleiro em segurança, após podemos introduzir o Rei e ter como objetivo a captura dele.

2.7.     O Bispo

    O bispo percorre as diagonais quantas casas forem necessárias, o jogo começa com um par de bispos, um que percorre sempre as casas pretas e outro que percorre as casas brancas. Podemos introduzir esta peça ao jogo utilizando apenas com peões, tendo como objetivo simplificado levar os peões até o final do tabuleiro em segurança, após podemos introduzir o Rei e ter como objetivo a captura dele.

    Após o conhecimento básico do movimento de todas as peças podemos agora começar a utilizar o jogo com todas as suas peças e a partir deste momento desenvolver outras valências que o jogo pode proporcionar aos seus praticantes.

3.     Discusão

    Lacan fala em seu livro “O ato psicanalítico, seminário de 1967-68” sobre como acontece o ato psicanalítico, mas para poder fazer essa ligação inicial e de fundamental importância com o xadrez o inconsciente e principalmente com a pedagogia, trago um trecho do livro em que o autor fala sobre o sujeito suposto saber e a existência do inconsciente (Lacan, 2001 pag. 89):

    No momento em que há saber, há sujeitado, e é preciso desnível, alguma fissura algum abalo, algum momento do “eu” nesse saber, para que de repente se dê conta, para que assim se renove esse saber, que ele sabia antes.

    A idéia de desenvolver um projeto de aprendizado do xadrez com uma didática desenvolvida de forma clara e de fácil compreensão pela criança é de fundamental importância no seu desenvolvimento dentro das competências desenvolvidas na escola nos dias de hoje. E junto com o a idéia de desenvolvimento do inconsciente pode e deverão trazer benefícios as crianças que participarem desta forma de aprendizado pedagógico do xadrez. Lacan (2001, pág. 89) em seu seminário sobre o ato psicanalítico de 1967-68, fala e cometa sobre o saber em que no momento que há saber, há sujeito, e é preciso algum desnível, alguma fissura, algum abalo, algum momento “eu” nesse saber, para que de repente ele se dê conta, para que assim se renove esse saber, que ele sabia antes

    A criança para querer aprender deve ser instigada, deve ser tomada por curiosidade, teve ter prazer em querer conhecer o algo novo, deve ter excitação em adquirir conhecimento e consequentemente querer saber o porquê da existência dos objetos a sua volta. Laurence Vaivre-Douret (2010, pag. 108) no livro A Cultura dos Superdotados que o não reconhecimento das capacidades das crianças ou a não otimização de suas competências induzem um sentimento de incompreensão acompanhado de sofrimento psíquico, às vezes uma desordem psicoafetiva, suscitada pela impossibilidade de se realizar e de produzir. Gerando assim problemas decorrentes de transtorno de comportamento e pelo desinteresse pelas aprendizagens, que pode ir até a inibição intelectual e a perda do gosto pelo esforço.

    LACAN (2001) nos descreve esse processo da seguinte forma:

    Realização da operação verdade, a saber, que, com efeito, se isso deve constituir esse tipo de percurso que, do sujeito instalado em seu “falso-ser” lhe faz realizar algo que de um pensamento que comporta o “eu não sou”, isso não se dá sem reencontrar, como convém em uma forma cruzada e invertida, seu lugar do mais verdadeiro, seu lugar na forma do “lá onde isso estava”, ao nível do “eu não sou” que se encontra nesse objeto a, do qual me parece que fizemos bastante para lhes dar o sentido e a prática e, por outro lado, essa falta que subsiste ao nível do sujeito natural, do sujeito do conhecimento, do “falso-ser” do sujeito, essa falta que, desde sempre, se define como essência do homem e que se chama o desejo

    Neste pensamento coloca-se que realmente acontece aprendizado quando temos prazer e gozo pelo que se está fazendo em sala de aula, quando temos vontade de querer aprender sem ser obrigado a ter que decorar ou ter que engolir o conhecimento. Ao tomar conhecimento do xadrez de uma forma lúdica a criança passa a ter desenvolver habilidades cognitivas sem perceber enquanto se diverte num simples jogo com amigos, e é esse prazer em estar entre amigos que torna o desenvolvimento intelectual no inconsciente em possível facilitador na aprendizagem escolar como possível no seu mundo acadêmico.

    Muitos dos problemas encontrados nos bancos escolares estão por conta da falta de interesse do aluno pelo aprendizado, e incluindo dentro deste sintoma o fraco desenvolvimento escolar do aluno, Roger Misès (2008, pag. 31) fala sobre os problemas específicos de aprendizagem da linguagem oral e escrita e que considera estes problemas como sendo primários, querendo dizer que sua origem é supostamente de desenvolvimento, independente do ambiente sócio-cultural por uma parte, e de uma deficiência verificada, sensorial, motora, mental ou de um problema psíquico por outra parte. Ao xadrez cabe ressaltar sua forma apresentada, e como podendo ser aplicada pedagogicamente de forma simples e gradual, auxiliar aos alunos com dificuldades de aprendizado em superar pouco a pouco esse anseio no desenvolver podendo superar seus limites e alcançando seus objetivos mais simples, trazendo assim desejo ao adquirir conhecimento.

    Em seu livro lançado recentemente aqui no Brasil, Carnoy (2009, pág. 189) fala sobre a diferença que existe entre os estudantes de diversos países da America latina e ressalta a dificuldade encontrada em crianças brasileiras de terceira série do ensino fundamental em resolver questões de matemática pois estas parecem menos desafiadoras do que as encontradas por exemplo em Cuba, onde a idéia de ensino não está voltada somente para a aquisição de conteúdo, mas para o aprendizado de habilidades de alta ordem. O desenvolvimento de trabalhos em grupo no Brasil como revela o trabalho do professor Carnoy, está muito abaixo do que é desenvolvido em Cuba, onde os professores desenvolvem trabalhos em grupo e tarefas desafiadoras, mas mantém a correção e explicação de uma maneira individualizada. Com o xadrez escolar sendo desenvolvido em escolas de ensino fundamental, se tornar a preencher está lacuna existente em nosso papel como professor para desenvolver habilidades de raciocínio em grupo e proporcionar ao professor a atenção individual que o aluno pode necessitar.

    O saber é uma constante continua, pois a criança nos seus primórdios anteriores a idade escola tem sede por saber, reconhecemos essa fase entre os 4 e 6 anos, popularmente chamamos da fase dos “porquês”, e pelo efeito externo a está criança causada podemos atrapalhar em sua sede de saber e até mesmo inibir seu prazer por conhecer o novo. Denise Vincent (2008, pág. 81) no livro sobre o que aprendemos com as crianças que não aprendem, fala sobre o apetite de aprender, de saber, que está em uma dependência estreita com o saber inconsciente que é a mola secreta, este saber é uma articulação significante. Como nossa idéia é de que muitos podem ter tido dificuldade nesta fase da vida, o estímulo do xadrez pode resgatar o que está no inconsciente, que é a busca pelo novo, o prazer por aprender e por superar etapas acreditando em seu próprio potencial de conhecimento.

    A inteligência definida por Lacan, citada por Melman (2010, pág. 94) no livro dos super dotados, tem como definição sendo a capacidade de ler entre as linhas, no xadrez com devido tempo de aprendizado e sua compreensão da execução podemos alcançar com nossos aprendizes este nível de compreensão, tendo o primeiro ponto desta idéia de Lacan como sendo 0 de tratar seu talento de escrever seqüencias, de testemunhar sua capacidade de combinar elementos cifrados, é o fundamento da inteligência, quer dizer, mais no domínio da inteligência propriamente dita. Em segundo ponto está uma psicose bem tolerada que a valoriza, como uma freqüentação de graus supremos do pensamento.

    Teremos ao longo do processo de aprendizado muitas experiências novas que nossos queridos alunos podem nos proporcionar, e podemos também aprender como ensinar melhor, nossa idéia de ensinar xadrez com uma idéia de pedagógica vem de encontro com o que a educação precisa nos dias atuais, de novas formas de buscar o conhecimento trazendo inovações e interesses na busca pelo novo. As crianças que hoje em dia são tratadas como desinteressados ou dominadas pelas tecnologias atuais, talvez sentem falta é de troca de conhecimentos com adultos deste cedo, pois sua cede por querer conhecer sempre será grande, cabendo aos adultos corresponder a está expectativa ou travando seu interesse.

Bibliografia

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