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Importância da hidratação na melhora da 

performance de jogadores de futebol

Importancia de la hidratación en la mejora del rendimiento de los jugadores de fútbol

Importance of hydration on the improvement of performance of soccer players

 

*Nutricionistas, Especialistas em Nutrição Clínica e Esportiva (UNED)

**Mestre. Professor da Universidade de Cuiabá (UNIC)

Faculdade de Ciências Sociais de Diamantino (UNED)

Pesquisador do Laboratório de Aptidão Física e Metabolismo (LAFiMe/UFMT)

Heloisa Niehues*

Daiana Lodi*

Adilson Domingos dos Reis Filho**

reisfilho.adilson@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A água é um nutriente essencial para a vida humana, sem ela, pode-se morrer em poucos dias. O corpo humano tem capacidade termorreguladora, onde mantêm o organismo em temperatura adequada para realizar suas funções através da perda de calor. O futebol é caracterizado como uma modalidade esportiva de caráter intermitente e de variadas intensidades, podendo fazer com que um atleta perca muito calor através da sudorese e chegue à desidratação, o que não é aconselhável já que a hidratação é um fator importante para o desempenho do atleta jogador de futebol. Sem uma hidratação correta, o jogador de futebol pode sofrer várias consequências, desde câimbras, fadiga, até morte. Sendo assim, concluiu-se que é necessária uma hidratação adequada, em torno de 5 ml/kg do jogador e uma reposição de 150% do volume de líquidos perdidos no exercício para uma total reidratação. Com o objetivo de conhecer a importância da reposição dos fluidos em atletas jogadores de futebol foi realizada uma revisão de literatura através de um levantamento bibliográfico, utilizando-se revistas indexadas nas bases de dados EBSCO, LILACS, PUBMED e BIREME. Foram incluídos na pesquisa, artigos originais (humanos), artigos de revisão e livros, publicados a partir de 1994 a 2009.

          Unitermos: Futebol. Atletas. Hidratação. Desidratação.

 

Abstract

          The water is an essential nutrient for human life without it a person could die in a few days. The human body have thermoregulation capacity where keeps the body system in a adequate temperature to realize his functions through heat loss. Soccer is characterized by intermittent and various intensities, being able to make one athlete loss a lot of heat through sweat and get an dehydration witch is not advisable because the hydration is an important factor for the athletes performance. Without a correct hydration, the soccer player can suffer a lot of consequences like knot, fatigue or death. Therefore, were concluded that is needed a proper hydration, about 5 ml / kg of the player and a replacement of 150% of the volume of fluids lost in exercise for a total rehydration. With the objective to know the importance of the fluids replacement in soccer players was realized one literature review using indexed and published in databases EBSCO, LILACS, PUBMED and BIREME. Were included in the research, original articles (humans), review articles and books published since 1994 to 2009.

          Keywords: Soccer. Athletes. Hydration. Dehydration.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A água é um nutriente extraordinário e onipresente. Sem água, a morte ocorre dentro de poucos dias. A água em combinação com várias proteínas lubrifica as articulações e protege contra os choques (MCARDLE, KATCH E KATCH, 2008). Entre suas funções mais importantes, a água provê o transporte e a liberação entre diferentes tecidos corporais (WILMORE E COSTILL, 2007), mantêm a temperatura interna constante, utilizando-se de mecanismos termorreguladores de produção e dissipação de calor (MAHAN E ESCOTT-STUMP, 2005; MORAIS ET AL. 2007) e mantém a pressão arterial para uma função cardiovascular adequada (WILMORE E COSTILL, 2007).

   A nutrição pode ter grande impacto no desempenho em futebol (KIRKENDALL, 2005). O aumento da sudorese, sem reposição adequada dessa perda hídrica, pode resultar em desidratação e perda de eletrólitos (MAUGHAN E LEIPER, 2004; MORAIS ET AL, 2007), em especial em práticas esportivas de caráter intermitente, aeróbia, de intensidade variável e de longa duração a exemplo do futebol (MORAIS ET AL. 2007).

    O futebol pode gerar sobrecarga aos sistemas de controle fisiológico e alterações em relação aos índices estáveis preconizados em repouso (MORAIS ET AL. 2007). A variabilidade com relação a adversários, clima, características do campo, estratégias de jogo, tempo de atuação de cada atleta, lesões e acréscimos de tempo, dificulta muito a detecção de efeitos, potencialmente pequenos, mas importantes da nutrição (KIRKENDALL, 2005).

    O estado normal de hidratação, ou euidratado, representa a quantidade de água do nosso organismo. Hiperidratação ou hipoidratação definem novas condições com respectivo aumento ou redução do conteúdo de água corporal. Uma hidratação apropriada durante a atividade física de caráter recreativo ou competitivo pode garantir que o desempenho esperado seja atingido e que problemas de saúde sejam evitados (HERNANDEZ E NAHAS, 2009).

    A hidratação durante o exercício permite uma diminuição na taxa de hipertemia (aumento da temperatura corporal) e uma manutenção do desempenho (GUERRA, 2004). O consumo voluntário de bebidas esportivas, conhecidas como isotônicos, é maior que o de água, por causa de sua palatabilidade. A temperatura da bebida, sabor e acidez são características que influenciam a palatabilidade, conseqüentemente elas estimulam o consumo de líquidos durante o exercício (GUERRA, 2004).

    A consequência de direta de uma desidratação combinada com o estresse por calor é um rendimento físico diminuído, podendo haver um aumento dos riscos de exaustão, fadiga e choques térmicos, coma e até morte (MORAIS ET AL. 2007; WILMORE E COSTILL, 2007, HERNANDEZ E NAHAS, 2009). O risco de enfermidade induzida pelo calor aumenta muito quando alguém começa a exercitar-se em um estado desidratado (MCARDLE, KATCH e KATCH, 2008).

    Sendo assim, a reidratação do atleta é de extrema relevância, uma vez que sem a reposição adequada de líquidos seu rendimento esportivo decresce significativamente (TIRAPEGUI, 2006; WILMORE E COSTILL, 2007). Técnicos e atletas necessitam ser educados quanto à questão da hidratação para prevenção de efeitos prejudiciais à saúde e no desempenho, pois a manutenção do balanço hídrico nos momentos antes, durante e após o exercício é um fator determinante para o desempenho esportivo (NICASTRO, BARELLA e ROSSI, 2008). Portanto, este estudo teve como objetivo conhecer a importância e necessidades da reposição dos fluídos em atletas jogadores de futebol.

Procedimentos metodológicos

    Trata-se de uma revisão de literatura realizada através de levantamento bibliográfico, utilizando revistas indexadas publicadas nas seguintes bases de dados EBSCO, LILACS, PUBMED e BIREME. Os termos de indexação (indexing termo) utilizados para a pesquisa foram: Hidratação, Atletas, Futebol, Desidratação, Hydration, Atlhetes, Soccer e Dehydration. A pesquisa dos artigos realizou-se entre o mês de julho de 2009 á novembro de 2009, foram incluídos na pesquisa, artigos originais (humanos), artigos de revisão e livros, publicados a partir de 1994 à 2009, em português e inglês.

Água e sudorese no corpo humano

    A água é o principal constituinte do organismo humano e é um nutriente de fundamental importância para a sobrevivência (BARR, 1999). Os seres vivos geralmente são constituídos por grande quantidade de água. Por exemplo, mais de 70% do peso de uma pessoa se deve a essa substância (AMABIS E MARTHO, 1997). O volume hídrico é determinado de acordo com a composição corporal, sexo, idade, grau de treinamento, conteúdo de glicogênio muscular, ingestão alimentar, dentre outros (BARR, 1999). A água representa de 65 a 75% do peso do músculo e cerca de 10% da massa de gordura. Conseqüentemente, as diferenças na água corporal total entre indivíduos resultam em grande parte de variações na composição corporal (WOLINSKY E JUNIOR, 2002; MCARDLE, KATCH E KATCH, 2008).

    O corpo contém dois “compartimentos” hídricos. O primeiro, intracelular, refere-se ao líquido dentro da célula. O segundo, extracelular, inclui o líquido que flui dentro dos espaços microscópicos entre as células (líquido intersticial) além da linfa, saliva, líquido existente nos olhos, líquido secretado pelas glândulas e pelo trato digestivo, líquido que banha os nervos raquidianos e líquido excretado através da pele e dos rins (WOLINSKY E JUNIOR, 2002; MCARDLE, KATCH E KATCH, 2008).

    A água é um nutriente extraordinário e onipresente. Sem água, a morte ocorre dentro de poucos dias. A água em combinação com várias proteínas, lubrifica as articulações e protege contra os choques (MCARDLE, KATCH E KATCH, 2008).

    Entre suas funções mais importantes, mantêm a temperatura interna constante, utilizando-se de mecanismos termorreguladores de produção e dissipação de calor (MAHAN E ESCOTT-STUMP, 2005; MORAIS ET AL. 2007) e mantém a pressão arterial para uma função cardiovascular adequada. Para um desempenho ideal, a água corporal e o conteúdo de eletrólitos devem permanecer relativamente constantes. Infelizmente, isso nem sempre ocorre durante o exercício. Sob condições normais de repouso, o nosso conteúdo de água corporal é relativamente constante: a nossa ingestão de água é igual ao nosso débito de água. A perda de grandes quantidades de água pode alterar o equilíbrio eletrolítico, embora os eletrólitos encontrem-se bem diluídos no suor, que é composto por 99% de água e 1% de sais e compostos orgânicos (WILMORE E COSTILL, 2007).

    A água comporta enormes qualidades de estabilização térmica, pois consegue absorver uma quantidade considerável de calor com uma pequena mudança na temperatura. Esta qualidade, combinada com um alto calor de vaporização da água, mantém uma temperatura corporal relativamente estável durante o estresse térmico ambiental e a maior carga térmica interna gerada pelo exercício (MCARDLE, KATCH E KATCH, 2008).

    O calor é a energia em trânsito provocada por uma diferença de temperatura entre duas regiões de um mesmo corpo ou entre corpos diferentes, saindo dos lugares de temperatura mais altas para o de temperatura mais baixa (MORAIS ET AL. 2007).

    A produção de calor é benéfica quando você se exercita num ambiente frio. Ela auxilia a manter a temperatura corporal normal. No entanto, mesmo quando você se exercita num ambiente termoneutro, com uma temperatura entre 21 a 26ºC, a carga de calor metabólico sobrecarrega consideravelmente os mecanismos que controlam a temperatura corporal. O exercício em ambientes quentes cria uma competição entre os músculos ativos e a pele pelo limitado suprimento de sangue. Os músculos necessitam de sangue e do oxigênio por ele liberado para manter a sua atividade. A pele necessita de sangue para facilitar a perda de calor com a finalidade de manter a temperatura adequada (WILMORE E COSTILL, 2007).

    A perda do calor corporal ocorre efetivamente através de mecanismos termolíticos que são essencialmente físicos: radiação (perda de calor sobre a forma de raios infravermelhos), condução (dissipação de calor em que a energia térmica é transferida de um material para outro através do contato molecular direto), convecção (perda condutiva de calor na qual o calor é transmitido para as moléculas do ar ou da água que estão em contato com o corpo) e evaporação (MORAIS ET AL. 2007). A evaporação ou sudorese é uma resposta fisiológica que se empenha em limitar o aumento da temperatura central através da secreção de água na pele para a evaporação, mas esta perda de líquidos nem sempre é compensada pela ingestão de líquidos e a regulação da temperatura (ARAGON-VARGAS, 1999). Pode-se afirmar que a sudorese é a principal forma de eliminação de líquido pelo corpo durante a prática de atividade física (JUNIOR, 2004; BACURAU, 2007; MORAIS ET AL. 2007) e permite que a temperatura do corpo seja mantida, a cerca de 37ºC (MAUGHAN E LEIPER, 1994).

    A taxa de suor de um atleta irá depender de variáveis como superfície corporal, intensidade do exercício, velocidade do ar, radiação, temperatura ambiente, umidade e aclimatação (GUERRA, 2004; MORAIS ET AL. 2007; MUGHAN E BURKE, 2004). Assim, as condições térmicas do ambiente contituem-se fator importante para a prática de exercícios físicos, já que alterações da temperatura ambiental podem promover estresse para o organismo, uma vez que compromete os mecanismos de dissipação de calor, promovendo maior probabilidade de desenvolvimento de hipertemia, que é o aumento da temperatura corporal (MORAIS ET AL. 2007).

    O aumento da sudorese, sem reposição, pode resultar em desidratação e perda de eletrólitos (MAUGHAN E LEIPER, 2004; MORAIS ET AL, 2007), em especial em situações e práticas esportivas de caráter intermitente, aeróbia, de intensidade variável e de longa duração a exemplo do futebol (MORAIS ET AL. 2007).

    Um estudo feito com 9 indivíduos, onde realizaram exercícios aeróbios, em ambiente quente em três intensidades diferentes de corrida, leve, moderada e intensa, e sob três níveis de desidratação: 0% (eu-hidratado), 3% e 5%. Encontrou-se que, quanto maior o percentual de desidratação, maior o limiar para a sudorese e menor a produção de suor (MOREIRA ET AL, 2006).

    Assim, o conhecimento do estado de hidratação do indivíduo torna-se importante para a prática constante de atividade física. A variação de peso corporal pode ser utilizada para a avaliação do estado de hidratação. A partir da diferença do peso corporal antes e após o exercício é possível calcular o percentual de perda de peso para classificar o estado de hidratação (tabela 1) (MORERIA ET AL, 2006).

Tabela 1. Índices de estado de hidratação

Tabela adaptada de MOREIRA ET AL, 2006

    Por exemplo, um indivíduo que antes do exercício pesava 75 Kg e depois do exercício seu peso variou em torno de – 5% do seu peso inicial (71,25 Kg) estaria em um nível de desidratação significativa ou grave.

Hidratação

    Uma questão relevante para o atleta é a hidratação (GUERRA, 2004), e deve ser considerada antes, durante e depois do exercício (MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003), já que a desidratação pode trazer consequências desagradáveis para esse indivíduo (GUERRA, 2004).

    O estado normal de hidratação, ou euidratado, representa a quantidade de água do nosso organismo (JUNIOR, 2004).

    Uma hidratação apropriada durante a atividade física de caráter recreativo ou competitivo pode garantir que o desempenho esperado seja atingido e que problemas de saúde sejam evitados. Os procedimentos para assegurá-la requerem conhecimento de fator que influenciam quando e o quanto beber de água. As recomendações dependem do tipo de atividade e de fator individuais, como condicionamento físico, idade, modalidade praticada, estresse ambiental, entre outros (HERNANDEZ E NAHAS, 2009).

    Foi realizado um estudo com 86 atletas adolescentes do clube Olympio Club, da cidade de Belo Horizonte, de ambos os sexos, na faixa etária de 11 a 17 anos, praticantes de diversas modalidades esportivas, dentre elas, o futebol. Aplicou-se um questionário com 20 questões relacionadas à hidratação para avaliar o nível de conhecimento dos atletas. Os resultados mostraram que os entrevistados, em sua maioria, se hidratam em treinamentos e competições, principalmente durante cada um, sendo que, segundo a pesquisa, o isotônico é mais consumido que a água pura, cerca de 35% dos entrevistados optaram por isotônico. A pesquisa mostrou também que metade dos atletas começa a ingerir líquidos antes da sensação de sede, e uma boa parte somente depois de sentir sede. Os sintomas da desidratação mais relatados pelos atletas foram: sede muito intensa, sensação de perda de força e dificuldade de concentração. Portanto, os resultados dessa pesquisa reforçam a necessidade de elaboração de campanhas informativas de orientação sobre a temática hidratação para os atletas em geral, como também, para aqueles que trabalham com eles (DRUMOND, CARVALHO E GUIMARÃES, 2007).

    A hidratação durante o exercício permite uma diminuição na taxa de hipertemia e uma manutenção do desempenho (GUERRA, 2004). O consumo voluntário de bebidas esportivas, conhecidas como isotônicos, é maior que o de água, por causa de sua palatabilidade. A temperatura da bebida, sabor e acidez são características que influenciam a palatabilidade, consequentemente elas estimulam o consumo de líquidos durante o exercício (GUERRA, 2004).

    Uma perda tão pequena quanto 2% do peso corporal, por exemplo, 1,4 kg para um atleta de 70 kg, provocada pela falta de reposição das perdas pelo suor durante a prática de exercícios pode comprometer a corrida contínua e intermitente, e pode piorar o desempenho das habilidades no futebol. Dependendo das condições climáticas e da intensidade da partida, as perdas de líquido pelo suor de cada jogador de futebol pode variar de 1 L até 4 L, e vários estudos relataram que, em média, os jogadores repõem algo em torno de 0% a 87% de sua perda de líquidos durante o jogo (KIRKENDALL, 2005).

    A reidratação é o processo de aumento de água do estado hipoidratado até o euidratado, mas não deve ser usado para o aumento de água corporal do estado euidratado para hiperidratado (JUNIOR, 2004).

    Para se prevenir a desidratação é necessário repor estes líquidos rapidamente. Um nível adequado de hidratação, só é mantido em pessoas que praticam atividades físicas, se ingerirem quantidade suficiente de líquidos antes, durante e depois dos exercícios (GUERRA, 2004), sendo que essa quantidade varia de acordo com o peso do atleta, sua posição no jogo, entre outros fatores.

    A reposição de líquidos terá de concentrar-se na manutenção do volume plasmático, para que a circulação e a transpiração possam progredir em níveis ótimos. A prevenção da desidratação e de suas consequências, especialmente a hipertemia, só é conseguida com um esquema adequado e observado de reposição hídrica. Com frequência, costuma ser difícil atender a essa exigência, pois alguns técnicos e atletas acham que a ingestão de água prejudica o desempenho (MCARDLE, KATCH E KATCH, 2008).

    A reidratação do atleta é de extrema relevância, uma vez que sem a reposição adequada de líquidos seu rendimento esportivo decresce significativamente. Em determinadas situações, o consumo de água não é suficientemente eficaz para promover uma adequada reidratação do indivíduo (TIRAPEGUI, 2006; WILMORE E COSTILL, 2007), pois no suor perde-se nutrientes, como o sódio e o carboidrato, e é necessário repor tanto o líquido perdido como os nutrientes.

Hidratação pré, durante e pós o exercício

    Os atletas devem iniciar o exercício bem hidratado, pois, a ingestão de grande quantidade de líquidos antes do exercício, levando a um estado de hiperidratação protege contra o estresse térmico, porque retarda a desidratação, aumenta a transpiração durante o exercício e minimiza a elevação da temperatura central, contribuindo para um melhor desempenho (GUERRA, 2004). Recomenda-se ingerir de 400 a 600 ml de líquidos entre duas a três horas antes do exercício. Assim, o atleta iniciará o exercício bem hidratado e terá tempo suficiente para eliminar o excesso de líquidos através da urina (MURRAY, 1997; GUERRA, 2004; MAHAN E ESCOTT-STUMP, 2005; MOREIRA ET AL, 2006; BACURAU, 2007).

    Para uma pessoa ativa em um meio ambiente quente e úmido a necessidade de água aumenta com frequência até alcançar entre 5 e 10 L diariamente. Três fontes proporcionam essa água: alimentos, líquidos e metabolismo (MCARDLE, KATCH E KATCH, 2008).

    O individuo comum consome normalmente 1.200 ml de água a cada dia. O exercício e o estresse térmico podem elevar a necessidade de ingerir líquidos para cinco ou seis vezes acima dessa quantidade (MCARDLE, KATCH E KATCH, 2008). Durante a prática esportiva, os atletas devem começar a beber cedo e em intervalos regulares no intuito de consumir fluídos em uma freqüência que possa repor a água perdida através da sudorese ou então consumir o máximo tolerável (MURRAY, 1997; MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003; BACURAU, 2007).

    Se o regulamento permitisse ingestão regular de líquidos durante as partidas de futebol, seria observada maior ingestão voluntária e melhor balanço hídrico nos jogadores. Geralmente, a reposição de líquidos no futebol corresponde a somente 50% da perda (MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003).

    No futebol, como não há pausas que permitam a ingestão de líquidos durante o decorrer da partida, o jogador tem somente dois períodos para fazê-lo: antes do jogo e no intervalo. Bebidas adicionais deveriam ser oferecidas no final no 1º tempo com o volume e a composição conhecidos pelos jogadores e baseados em requerimentos e preferências individuais. As bebidas durante a atividade física devem ser oferecidas em temperatura entre 15 e 22º C a cada 15 a 20 minutos em quantidade de 150 a 500 ml (MURRAY, 1997; MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003; GUERRA, 2004; MAHAN E ESCOTT-STUMP, 2005; MOREIRA ET AL, 2006; BACURAU, 2007).

    GUERRA ET AL (2004) realizou um estudo para avaliar a influencia da ingestão de fluídos na performance dos jogadores de futebol com 20 jogadores de um time brasileiro, sendo que foram divididos em 2 grupos, onde 10 iriam receber a hidratação durante o jogo e 10 não iriam receber. O jogo teve duração de 90 minutos, sendo que foram 45 minutos iniciais, 15 minutos de intervalo e 30 minutos finais. A temperatura local era de 28º C e a cada 15 minutos o jogo era paralisado para que os jogadores ingerissem 300 ml de fluído. Com este estudo, concluiu-se que a ingestão de fluidos melhorou o desempenho dos jogadores em comparação com o grupo que não ingeriu nada, sendo que essa comparação foi realizada através da mensuração do batimento cardíaco, e da observação do desempenho de cada jogador em campo utilizando um cronômetro para marcar o tempo que cada jogador mantinha posse de bola, através de 20 voluntários.

    Muitos atletas treinam mais de uma vez por dia, nesses casos, a reidratação rápida é importante principalmente quando as condições ambientais são quentes (Murray, 1997). A reposição das perdas de água e eletrólitos no período pós exercício é de fundamental importância no processo de recuperação (MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003).

    FERREIRA ET AL (2008) realizou um estudo com 216 atletas do sexo masculino, com idade de 18 a 19 anos, utilizando um questionário com 18 perguntas onde foram avaliados o nível de conhecimento e hábitos de hidratação desses atletas. De acordo com os resultados, concluiu-se que a maioria dos atletas (78,3%) preocupa-se com o que utilizam para hidratar-se e 63% afirma que a hidratação tem que ser feita antes da sensação de sede. Dos 216 atletas, 88% afirmam utilizar água para hidratar-se, em seguida sucos naturais (51,4%) e isotônicos (39,4%). A maioria dos atletas diz preocupar-se mais com a hidratação no verão (51,4%). Em relação a temperatura do líquido, identificou-se que a maior parte dos entrevistados prefere que esteja moderadamente gelado (63,9%), enquanto 29,6% preferem que esteja à temperatura normal, ou seja, temperatura ambiente, e apenas, 7,4% relataram gostar de líquidos extremamente gelados. Porém, de acordo com a pesquisa realizada, 54,2% dos atletas diz não ter idéia de como deve ser realizada uma adequada hidratação.

    O sucesso de uma hidratação adequada após o exercício depende do balanço entre a ingestão de líquidos e as perdas urinárias. Na maioria das vezes o atleta não consome líquidos em quantidade suficiente para repor o que ele perdeu durante o exercício. Nesse período é necessário que ocorra uma reposição de 150% do volume perdido durante o exercício, já que, após o término deste as perdas através do suor e da urina continuam (MURRAY, 1997; MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003; GUERRA, 2004; MAUGHAN E BURKE, 2004; KIRKENDALL, 2005; WILLIAMS, 2007).

    A água pura não é a melhor bebida a ser consumida após o exercício como respositora hídrica, a reposição de eletrólitos é essencial para a reidratação. O sódio seguramente é o íon mais importante perdido pelo suor, assim como é o mais abundante no líquido extracelular (MAUGHAN, LEIPER E SHIRREFFS, 1997; WOLINSKY e JUNIOR, 2002; MAHAN E ESCOTT-STUMP, 2005).

    A bebida a ser oferecida nesse período, após o exercício físico, deve conter carboidrato (MAUGHAN E LEIPER, 1999; BACURAU, 2007; NICASTRO, BARELLA E ROSSI, 2008), para repor os estoque de glicogênio muscular e sódio, para maximizar a retenção dos líquidos ingeridos e não deve conter nem álcool, nem cafeína, que são substâncias diuréticas (MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003; GUERRA, 2004; CLYDE, 2007; BACURAU, 2007) pois os atletas, depois do exercício, continuam a perder líquidos pelo suor, e com bebidas diuréticas essas perdas seriam ainda maiores, dificultando a reidratação dos jogadores.

    Caso não haja uma reposição adequada de líquidos antes, durante e após as partidas de futebol, os jogadores podem sofrer algumas consequências maléficas ao organismo, como a desidratação, que é a perda prolongada de líquidos pelo corpo, e isso pode ocasionar em um desempenho diminuído, fadigas, cãibras, entre outros fatores (MORAIS ET AL, 2007)

Desidratação e seus efeitos

    A desidratação é uma condição fisiológica decorrente de uma prolongada perda hídrica corporal (NOBREGA ET AL, 2007). Tanto a função fisiológica quanto a termorregulação podem ser afetadas por qualquer grau de desidratação (GUERRA, 2004; MCARDLE, KATCH E KATCH, 2008) prejudicando o desempenho durante o exercício, em atletas e praticantes (NOBREGA ET AL, 2007).

    Na prática de exercícios prolongados especialmente quando a temperatura e a umidade relativa do ar estão altas, a desidratação parece inevitável porque a reposição de fluidos não acompanha a perda pela sudorese (MAUGHAN, LEIPER E SHIRREFFS, 1997).

    A desidratação afeta a força muscular, o aumento do risco de cãibras e a hipertemia e, conseqüentemente, a queda no desempenho (WOLINSKY E JUNIOR, 2002; GUERRA, 2004; DRUMOND, CARVALHO E GUIMARÃES, 2007; BACURAU, 2007).

    O risco de enfermidade induzida pelo calor aumenta muito quando alguém começa a exercitar-se em um estado desidratado (MCARDLE, KATCH E KATCH, 2008).

    O reconhecimento dos sinais e sintomas da desidratação é fundamental. Quando leve a moderada, ela se manifesta com fadiga, hiporexia e sede, rubor, intolerância ao calor, tontura, oligúria (diminuição do volume de urina) e aumento da concentração urinária. Quando grave, ocorre dificuldade para deglutir, perda de equilíbrio, xeratose (pele seca), olhos afundados e visão fosca, disúria (dificuldade para urinar), pele dormente, delírio e espasmos musculares (HERNANDEZ E NAHAS, 2009).

    Para testar a importância da hidratação no desempenho de shuttle run (teste de agilidade) de alta intensidade, a velocidade para driblar a bola de futebol em torno de cones e o desempenho em um teste de concentração normal, MCGREGOR E COL citado por KIRKENDALL (2005), realizou um estudo com 9 jogadores semiprofissionais de futebol para participar de 2 ensaios de 90 minutos de exercício, uma sem líquidos e outra com água aromatizada (5 ml/kg a cada 15 minutos). O desempenho de dribles piorou quando não receberam nenhum líquido, mas permaneceu estável quando os jogadores beberam água. Ainda na condição da não ingestão de líquidos, a freqüência cardíaca dos jogadores foi mais alta, e eles tiveram a sensação de que a bateria de exercícios foi mais difícil. Esses efeitos adversos ocorreram com uma perda de suor menor que 2,4% do peso corporal.

    Com a perda de 5% do peso corporal através do suor, o desempenho diminui cerca de 30%. Se a desidratação persistir com perda de água de 7%, o risco de colapso circulatório torna-se iminente e, em extremo, a hipertemia pode levar ao choque térmico e morte (Guerra, 2004). No futebol, uma perda de peso corporal de 5 a 6% gera uma queda de 10% no desempenho do jogador, e uma perda de 2% de peso corporal já compromete a função cognitiva do jogador (SILVA E FERNANDEZ, 2003; GUERRA, 2004).

    O mecanismo de sede, infelizmente não mensura precisamente o seu estado de desidratação, você somente sente sede bem após a desidratação haver começado, e por isso, deve-se consumir mais líquido do que temos consciência que devemos. A ingestão de água durante o exercício prolongado reduz o risco de desidratação e otimiza as funções cardiovasculares e termorreguladoras do nosso organismo (ARAGON-VARGAS ET AL, 1999; MAUGHAN E BURKE, 2004; DRUMOND, CARVALHO E GUIMARÃES, 2007; WILMORE E COSTILL, 2007).

    Várias táticas podem ser utilizadas para amenizar o quadro de desidratação, entre elas, a hiperidratação antes do exercício e aclimatação do jogador (MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003; BACURAU, 2007).

    A aclimatação são as modificações adaptativas fisiológicas coletivas que aprimoram a tolerância ao calor, o processo exige apenas 2 a 4 horas de exposição diária ao calor. As primeiras sessões realizadas em um clima quente devem incluir 15 a 20 minutos de atividade física de baixa intensidade. Daí em diante, as sessões de exercício devem aumentar de duração e de intensidade, e assim o organismo do jogador irá se adaptar ao clima quente (WOLINSKY E JUNIOR, 2002; MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003; MCARDLE, KATCH E KATCH, 2008). Indivíduos não aclimatados perdem grande quantidade de sódio no suor, em ambientes quentes e úmidos, alterando o estímulo para a sede (JUNIOR, 2004).

    A hiperidratação voluntária na semana antes da competição parece aumentar as reservas corporais de líquidos e melhorar a regulação da temperatura. Esta hiperidratação deve ser feita através da ingestão de 300-600 ml de líquidos na refeição pré-competição e um adicional de 150 a 300 ml de líquidos a cada 15-20 minutos até 45 minutos antes do início do evento competitivo, para dar um tempo para o atleta eliminar o excesso através da urina da competição (MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003).

    Em um estudo realizado em 1996, oito jogadores jovens (17 anos), do time de Porto Rico, bem condicionados, foram estudados. A proposta do estudo foi verificar se um regime de hiper-hidratação aumentaria o total de água corporal, consequentemente reduzindo o estresse do aumento de temperatura corporal durante o jogo e melhorando o desempenho. A hiperidratação realizada uma semana antes da competição demonstrou ter resultados positivos no aumento do total de água corporal de 1,1 litros quando comparada com um estado de hidratação voluntária. Nesse estudo observou-se que a temperatura corporal aumentou durante o jogo de futebol, em torno de 2,3ºC e 1,7ºC em condição de hidratação voluntária e na hiperidratação respectivamente. Quando o estresse do calor foi considerado, as curvas das linhas de temperatura foram significativamente diferentes, indicando menor aumento na condição de hiperidratação e maior aumento na condição de hidratação voluntária na partida (RICO SANS ET AL, 1996 apud MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003).

    Cuidados devem ser tomados para assegurar adequada ingestão de líquidos entre treinos e/ou partidas de futebol realizadas em dias sucessivos em clima quente; caso contrário, não ocorrerá total recuperação, já que o jogador não estará totalmente reidratado (MONTEIRO, GUERRA E BARROS, 2003).

    Técnicos e atletas necessitam ser educados quanto à questão da hidratação para prevenção de efeitos prejudiciais à saúde e no desempenho, pois a manutenção do balanço hídrico nos momentos antes, durante e após o exercício é um fator determinante para o desempenho esportivo (NICASTRO, BARELLA E ROSSI, 2008).

O futebol

    O futebol é o esporte mais popular do mundo, devido a isso existem muitos livros, revistas e jornais escritos sobre o tema, porém são raras, as publicações técnico-científicas que buscam explicar os fenômenos relacionados ao desempenho esportivo dos jogadores (CORRÊA ET AL, 2002).

    O futebol é composto por 2 equipes, no futebol de campo, os times são compostos por 11 jogadores cada, disputado em 2 tempos de 45 minutos com um intervalo de 15 minutos, perdurando em torno de 60 minutos de bola em jogo, sendo assim um jogador pode percorrer distâncias de até 10 km por jogo (BATISTA, FILHO E DANTAS, 2007), sendo que a média da distância coberta no primeiro tempo é 5% maior que a do segundo tempo (GUERRA, SOARES E BURINI, 2001).

    A distância percorrida pelos jogadores de meio-campo (10,2 a 11 km) é significativamente maior que a dos zagueiros (9,1 a 9,6 km) e atacantes (10,5 km). Em geral, a distância percorrida pelo jogador depende da qualidade do oponente, de considerações táticas e da importância do jogo (GUERRA, SOARES E BURINI, 2001; BATISTA, FILHO E DANTAS, 2007).

    As preparações físicas, técnicas e táticas são tipos de treinamento executados para propiciar um melhor rendimento na competição. Dentro de um padrão, a primeira a ser realizada é a física, na chamada pré-temporada (aproximadamente 2 a 3 semanas iniciais), e as outras sendo colocadas compassadamente a partir da 2ª semana de treinamento (BATISTA, FILHO E DANTAS, 2007).

    Atletas de alto-nível são acometidos de vários fatores intervenientes no desempenho de sua performance (BATISTA, FILHO E DANTAS, 2007), tais como a variabilidade com relação a adversários, características do campo, estratégias de jogo, tempo de atuação de cada atleta, lesões, acréscimos de tempo (KIRKENDALL, 2005), temperatura, umidade relativa do ar, desidratação, dentre outras. Um atleta sofre várias modificações fisiológicas para adaptar-se ao desgaste ocorrido. Dentre estas, uma das mais importantes é a desidratação através da sudorese, pois esta é a responsável pela regulação da temperatura interna. Porém, se não for controlada, poderá ser prejudicial, podendo o atleta chegar a perder até 3 kg de peso, tendo um déficit de até 30% de sua performance (BATISTA, FILHO E DANTAS, 2007).

    A nutrição e o treinamento são alguns aspectos fundamentais para que o jogador de futebol tenha bom desempenho. Devido ao fato de o futebol ser um esporte com duração de 90 minutos, geralmente ocorrem problemas associados à termorregulação e ao balanço hídrico (GUERRA, SOARES E BURINI, 2001).

    Sendo assim, um dos principais pontos a serem pesquisados é a hidratação, pois a mesma pode influenciar no desempenho dos jogadores em campo. Devido a isso se torna extremamente importante que tanto os jogadores como a equipe que está junto com eles conheçam um pouco mais sobre a hidratação, sua importância antes, durante e após uma partida ou treino, e as consequências de uma desidratação para o jogador.

Discussão

    Os autores DRUMOND, CARVALHO E GUIMARÃES (2007) e FERREIRA ET AL (2008) em seus estudos realizados sobre o nível de conhecimento sobre a hidratação no atleta entram em um consenso em relação à importância de informar tanto aos atletas como a quem trabalha com eles sobre a hidratação realizada de modo correto, pois em seus estudos verificou-se que a maioria dos atletas ingere bebidas antes da sensação de sede porém não sabem como deve ser realizada a hidratação corretamente.

    Os autores MONTEIRO, GUERRA E BARROS (2003), GUERRA ET AL (2004) e MCGREGOR E COL citado por KIRKENDALL (2005) realizaram estudos para avaliar a influência dos fluídos no desempenho dos jogadores de futebol, onde todos concluíram que os fluídos ingeridos antes dos exercícios melhoraram a performance dos jogadores em comparação com os que não ingeriram nenhum líquido.

    No estudo feito por MCGREGOR E COL em 1999, citado por KIRKENDALL (2008) observou-se que o desempenho de dribles dos jogadores que não ingeriram líquidos piorou em relação aos que ingeriram, e o estudo realizado por RICO SANS ET AL, 1996 apud MONTEIRO, GUERRA E BARROS (2003) verificou se um regime de hiperidratação reduziria o estresse do aumento de temperatura corporal durante o jogo e assim melhoraria o desempenho dos jogadores. Assim, o autor concluiu que a hiperidratação mostrou ter resultados positivos comparada com um estado de hidratação voluntária.

    A hidratação feita corretamente influenciou positivamente no desempenho dos jogadores de futebol, evitando consequências maléficas à saúde, porém, os atletas jogadores de futebol precisam ser mais bem informados sobre o assunto, assim como toda a equipe que trabalha com eles.

Considerações finais

    Concluiu-se com esta revisão que a água além de ser o principal substrato existente no corpo humano, é também de fundamental importância para a existência humana, pois ela compõe cerca de 70% do corpo, e sem ela poderíamos morrer em poucos dias, e, entre suas diversas funções, a água mantêm a temperatura interna constante.

    A perda de calor ocorre através de três mecanismos: radiação, condução, convecção e evaporação, ou sudorese. A sudorese é o principal meio de eliminação de líquidos do corpo humano, e depende de vários fatores, como o nível de atividade física, modalidade, ambiente, aclimatação, entre outros.

    O futebol, por ser uma atividade intermitente e de variada intensidade, faz com que os jogadores percam muito líquido através da sudorese, sendo assim, sem a reposição adequada desse líquido, pode haver desidratação, que é uma prolongada perda hídrica corporal, o que pode ser bastante prejudicial em relação à performance em campo.

    Sendo assim, verificou-se que a hidratação é de extrema importância para os jogadores de futebol, pois a hidratação adequada garante ao jogador que o desempenho esperado seja atingido e problemas sejam evitados, como cãibras, fadiga, choque térmico, queda no rendimento, entre outros.

    Infelizmente a sede não é o indicador mais seguro para iniciar a hidratação ou re-hidratação, pois no momento em que se sente sede significa que já há desidratação, em torno de 2%. Por isso, deve-se iniciar a hidratação antes mesmo de sentir sede.

    A hiperidratação é um dos mecanismos que podem ser realizados para que os jogadores mantenham um nível adequado de líquidos ao começar a partida, devido a isso, recomenda-se que os jogadores ingiram em torno de 400 a 600 ml de líquidos entre 2 a 3 horas antes de iniciar o exercício.

    Como no futebol não há pausas para que os jogadores possam se hidratar durante o jogo fica mais difícil para os jogadores manterem um nível adequado de hidratação. O ideal seria oferecer aos jogadores líquidos a cada 15 a 20 minutos de jogo, e em torno de 150 a 500 ml, e assim, o desempenho dos jogadores não diminuiria drasticamente, o que normalmente ocorre devido à impossibilidade da hidratação durante o jogo.

    Verificou-se também, que os jogadores de futebol não ingerem a quantidade necessária de líquidos para garantir a hidratação após as partidas ou treinos, sendo necessária uma ingestão de 150% do volume de líquidos perdidos durante a partida ou treino.

    A água pura não é o melhor repositor, pois no suor perdem-se também nutrientes, e por isso, os líquidos a serem oferecidos devem conter carboidrato e sódio, para assim repor estes nutrientes perdidos no suor, e maximizar a retenção dos líquidos, obtendo-se uma melhor hidratação. Evitar os líquidos diuréticos também é de extrema importância, pois depois do exercício os jogadores continuam perdendo líquidos pelo suor ou urina, e caso ingiram líquidos diuréticos não haverá total recuperação do jogador.

    Acredita-se que necessite de mais estudos sobre o assunto, para que haja mais conhecimento e assim seja repassada a informação tanto para os jogadores como toda a equipe, sobre a importância da hidratação nos jogadores de futebol.

    Infelizmente muitos sabem sobre a hidratação em si, porém não tem um conhecimento sobre a sua importância no desempenho em um jogo de futebol, e que a hidratação pode sim ser um fator decisivo no desempenho do atleta, principalmente nos jogadores de futebol já que os mesmos não podem se hidratar durante o jogo.

    E assim, com mais estudos, realizar estratégias para que a hidratação seja feita da melhor, e mais correta, maneira possível nesses atletas, e seu desempenho tanto em campo como em treino seja maximizado.

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