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Estágio supervisionado, universidade-escola: um relato de experiência

La pasantía supervisada, universidad-escuela: un relato de la experiencia

 

*Orientadora

Centro Universitário Vila Velha – UVV

(Brasil)

Ana Paula Lascosqui

Christofer Pavan Pereira

Kércia Neves

Rodrigo Marques

Prof. Dra. Kalline Pereira Aroeira*

rodrigo30mar_@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa busca descrever a relação entre estagiários, professor orientador e equipe pedagógica, no que se refere a seguinte questão: quais os limites e possibilidades são localizados na narrativa de uma experiência de Estágio Supervisionado, que considera a reflexão e colaboração entre universidade e escola.

Caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo que utilizou o portifólio como instrumento para coleta de dados. A análise de dados desta pesquisa aponta a narrativa como instrumento para expor e refletir as práticas e experiências advindas do processo do estágio, e as relações entre os sujeitos envolvidos e a contribuição das reuniões para o esclarecimento das questões inerentes ao processo de estágio escolar.

          Unitermos: Reflexão. Colaboração. Universidade. Escola.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este artigo apresenta uma narrativa acerca do processo de Estágio Curricular Obrigatório vivenciado durante a disciplina Estágio Supervisionado, ministrada no Curso de Educação Física Esporte e Lazer do Centro Universitário Vila Velha, no ano de 2009.

    O Estágio Supervisionado do Curso de Educação Física Esporte e Lazer (CEFEL/UVV) se estrutura em quatro pilares o primeiro se refere as Diretrizes curriculares para formação de professores de Educação Básica, o segundo a concepção de estágio adotada pelo Curso de Educação Física Esporte e Lazer (CEFEL/UVV), o terceiro é o Convênio com a Secretaria de Educação de Vila Velha/ES e por fim o Projeto Pedagógico institucional e o Plano de Desenvolvimento Institucional. CEFEL – Curso de Educação Física, Esporte e Lazer (PPI/PDI: Projeto Pedagógico Institucional – Plano de Desenvolvimento Institucional).

    A disciplina Estágio Supervisionado nesse contexto é oferecida para os alunos do 5° período (Estágio Supervisionado I), com caráter diagnóstico investigativo onde os alunos observam o processo de intervenção dos estagiários do 6° período e participam da discussões coletivas entre os estagiários, professores supervisores e professores da escola, para os alunos do 6º período, (Estágio Supervisionado II) onde são ministradas aulas de Educação Física para turmas do Ensino Infantil acompanhados pelo professor supervisor e pelos professores da escola pólo. Todo o processo de intervenção, reflexão e sistematização é registrado sob forma de portfólio como instrumento de avaliação e pesquisa, ocorre no 7° período o (estágio Supervisionado III) e as aulas são para turmas do ensino fundamental e finalizando para alunos do 8° período, que estruturam os trabalhos e pesquisas, relativos ao processo de intervenção nas escolas Pólo (o Estágio Supervisionado IV).

    Este trabalho pretende analisar a relação entre estagiários, professor orientador e equipe pedagógica, no que se refere a seguinte questão: quais os limites e possibilidades são localizados na narrativa de uma experiência de Estágio Supervisionado, que considera a reflexão e colaboração entre universidade e escola?

    Este trabalho constitui-se numa narrativa de Estágio Supervisionado Escolar, onde através da linguagem os sujeitos significam a si próprios e as suas práticas e experiências nomeadas, definidas e relatadas, assumidas como relatos em meio aos quais, são constituídos a partir dos posicionamentos que os sujeitos assumem no interior de uma ordem particular de saberes e discursos (BENJAMIN, 1994, p. 8). Nesse sentido a narrativa é uma forma de expressar as nossas experiências construídas a partir da interação com os sujeitos.

    Para essa análise serão considerados os portfólios produzidos pelos pesquisadores no ano de 2009, quando ainda eram estudantes da disciplina Estágio Supervisionado escolar III. Serão pesquisados dois portfólios (NFP)1, elaborados durante a disciplina de estágio: em relação a intervenção no âmbito escolar.

    Para Hoffmann (2001) portfólio é o mesmo que dossiês e relatórios de avaliação, mas todas essas nomenclaturas se referem no sentido básico, a organização de uma coletânea de registros sobre aprendizagens dos alunos que favoreçam o professor, aos próprios alunos e as famílias, uma visão evolutiva do processo.

    Sendo assim, o portfólio apresenta-se como uma ferramenta importante que pode oferecer pistas do relacionamento entre os sujeitos envolvidos no processo de estágio.

2.     O estágio e a relação universidade-escola

    O Estágio é uma fase importante na vida de qualquer acadêmico que tenha pretensão de atuar como professor após sua formação inicial. Neste sentido, definimos Estágio como atividade teórica de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção que são objetos da práxis educacional e que está presente dentro do contexto da sala de aula, da escola e do sistema de ensino da sociedade (PIMENTA, 2004, p. 22).

    Segundo Ghedin, Almeida e Leite (2008) o estágio além de proporcionar a formação profissional para a futura prática docente dos estagiários, também deve propiciar espaço para transformação do conhecimento adaptando ao conhecimento da cultura da escola como condição necessária para uma atuação em espaços coletivos.

    As universidades devem ser parceiras constantes das escolas uma vez que além de ofertarem estágio para os acadêmicos adquirirem experiência, também se faz uma excelente fonte de pesquisas na área educacional.

    Para Freitas, Oliveira e Carvalho (2005) a relação entre universidade e escola ocorre por meio da construção do conhecimento onde as escolas potencialmente ricas auxiliam as universidades a produzirem conhecimento sobre objetos relacionados à docência, tais objetos, que na maioria das vezes estão muito distantes do universo de pesquisa do acadêmico que atua nas licenciaturas, somente podem ser constituídos dentro de uma rede de relações que é justamente produto da interação entre o universo acadêmico e escola.

    Geovani (1998) defende a idéia de que universidades e escolas dos demais graus de ensino podem e devem colaborar entre si, encontrando caminhos efetivos de trabalho conjunto, com ganhos evidentes para cada um dos envolvidos nessa parceria. Essa colaboração vem se desenvolvendo no Brasil e no mundo, de muitas maneiras há um bom tempo.

    Dentro do contexto universidade/escola, não podemos deixar de analisar as relações interpessoais que se faz presente entre os sujeitos envolvidos. Para Mello (2008) as relações interpessoais abarcam uma rede intensa de relações, pautada na diferenciação entre as pessoas, que influência o ato educativo. Essas diferenciações referem-se às características pessoais de cada integrante da comunidade educativa: dizem respeito a quem somos, quem acreditamos e como percebemos a vida e nossos objetivos.

    Como salienta Krug e Krug (2008) as relações interpessoais que se passam no contexto pedagógico deve levar em consideração que ali é um lugar de interação entre pessoas e, portanto, um momento único de troca de influências, assim pressupomos que em conseqüência do tipo de relação estabelecida, podem originar sentimentos de gratificações e sentimentos de frustrações entre os mesmos, é lógico que as boas relações originam sentimentos de gratificação enquanto que más originam sentimentos de frustrações. Diante disso,

    A equipe pedagógica terá a função de proporcionar a busca de propostas e soluções conjuntas; possibilitará a identificação do trabalho coletivo como elemento propulsor que traz benefícios ao processo pedagógico; possibilitará também a percepção de que talvez a conquista do “mar” traga alguns receios, mas que o “barco” não poderá ser abandonado ao primeiro sinal de “tempestade” (COUTO, 2009, p.2).

    O processo de Estágio Escolar introduz o acadêmico dentro na escola para que ele possa desenvolver através de um processo de observação, ação e reflexão suas estratégias para uma futura ação docente, tornando-se inevitável uma relação entre os sujeitos da escola e estagiários.

    Medeiros (2008) entende que essa relação contribui para que haja melhores profissionais no futuro, além da troca de experiências entre os professores e estagiário para possibilitar uma forma de aprendizagem diferenciada entre os alunos, com metodologias dinâmicas favorecidas pelo trabalho multidisciplinar.

    Ainda sobre a relação entre os sujeitos da escola e universitários no processo de Estágio, Medeiros (2008) alega que, alguns professores não têm uma boa relação com os estagiários por não apreciarem a observação critica de sua prática. Dentre outros aspectos que influenciam o relacionamento conturbado entre as partes podemos citar: o atraso no planejamento; a interferência no desenvolvimento do seu trabalho e a fragmentação do mesmo; no que diz respeito ao planejamento, a criatividade e iniciativa, diálogo e comunicação com as crianças e conteúdos curriculares.

    Com base em Santos (2008) entendemos que o portfólio é um instrumento relevante no processo de maturação e amadurecimento de idéias e também para esclarecer os questionamentos ao longo do curso de formação de professores. Outro elemento fundamental é a descoberta da importância metodológica do ato de observar registrar e refletir.

    O portfólio permite a organização de registros sobre as aprendizagens vividas dentro do contexto escolar, possibilitando uma análise de como acontece essas peculiaridades. Para Couto (2009) a escola passa a ser considerada como uma organização social, cultural e humana, na qual podem ser tomadas importantes decisões educativas, curriculares e pedagógicas. Cada personagem em seu interior, comunidade familiar, professores, alunos, gestores, dentre outros, tem importância fundamental, pois todos fazem o cotidiano escolar acontecer. O trabalho coletivo é o meio de atualização e reflexão sobre a ação educativa de seus profissionais e através do trabalho coletivo que a escola pode se transformar num espaço privilegiado de formação, não só para alunos, mas para todos educadores nela envolvidos.

    Por isso, a utilização do portfólio pelo futuro professor torna-se relevante pois, o mesmo, aponta os limites e as possibilidades de intervenção no processo de ensino aprendizagem.

3.     A reflexão crítica da prática pedagógica

    Este trabalho foi construído por meio da narrativa, que para Couto (1997) pode ser um exercício intensamente interessante, capaz de explorar compreensões e sentimentos antes não percebidos, esclarecendo fatos investigados. Elas são mais disciplinadoras no discurso, já que, muitas vezes, a linguagem escrita é liberada com maior força que a oral, na compreensão, nas determinações e limites. A narrativa não é a verdade literal dos fatos, mas, antes é a representação que delas faz o sujeito e dessa forma pode ser transformadora da própria realidade, ela permite o desvendar dos elementos quase misteriosos por parte do próprio sujeito da narração que, muitas vezes, nunca havia sido estimulado e expressado organizadamente seus pensamentos.

    Souza (2006) acredita na importância da narrativa enquanto aprendizagem, pois implica colocar o sujeito numa prática subjetiva e intersubjetiva do processo de formação, a partir das experiências e aprendizagens construídas ao longo da vida e expressas no texto narrativo, porque as experiências constitutivas das narrativas de formação contam, não o que a vida lhes ensinou, mas o que aprendeu experiencialmente nas circunstâncias da vida.

    Benjamin (1994) define a figura do narrador como sábio, mestre que sabe dar conselhos, não para um caso, mas para muitos casos, pois pode recorrer a um acervo de toda uma vida, uma vida que não inclui apenas a própria experiência, mas em grande parte a experiência alheia. Seu dom é poder contar a sua vida e sua dignidade, o narrador é o homem que poderá deixar a luz tênue de sua narração consumir completamente a mecha de sua vida.

Relato de experiência

    As experiências focalizadas nessa narrativa referem-se ao processo de Estágio desenvolvido pelo Curso de Educação Física/ Centro Universitário Vila Velha na Unidade Municipal de Ensino Fundamental - UMEF Micheil Checker no segundo semestre do ano de 2009. A reunião entre equipe pedagógica, professor orientador e estagiários, foi o primeiro contato com a escola, onde foi possível ter contato com uma prévia apresentação da direção escolar, equipe pedagógica: pedagoga e professora regente das turmas de Educação Física.

    Por acreditarmos que o conhecimento sobre a práxis de ensino no âmbito escolar precisa ser valorizado, refletido e resignificado, reafirmamos a importância da interação entre universidade e escola e dos saberes- fazeres que se constroem mutuamente preenchendo de significados estas relações (SILVA; PIRES, 2005. p. 10).

    A interação entre universidade escola promove possibilidades de intervenção e elaboração de pesquisas sobre metodologias de ensino-aprendizagem voltadas para a formação da docência.

A instituição escolar

    A UMEF Deputado Mikeil Chequer está localizada no bairro Boa Vista II em Vila Velha – ES mantém um convênio com a Universidade de Vila Velha (UVV) e pertence a prefeitura municipal de Vila Velha sendo fundada em abril de 1983.

    O Projeto Político Pedagógico dessa instituição é um projeto educativo sustentado por um concepção construtivista sócio-interacionista de ensino e aprendizagem, a expressão corporal tem papel fundamental no processo de apropriação do conhecimento. A educação Física, enquanto componente curricular dentro desta concepção de educação, tem como finalidade principal proporcionar o aluno entender, aprender, critica e transmitir seus conteúdos, interrelacionando-os s com seu cotidiano e com sua realidade sócio-político-econômica em busca de criação de um novo modelo de sociedade.

O contexto: espaço físico e materiais

    Os espaços utilizados para a prática da educação física foram uma quadra poliesportiva e uma sala de dança descritos como lugares amplos e propícios para a realização das atividades. Os estagiários durante o período de intervenção na escola deveriam cumprir horários de entrada, início e término de aulas e estar devidamente uniformizado.

    Os planejamentos foram previamente entregues à professora supervisora de estágio no formato de portifólio. O portfólio era composto pelo plano de curso, relatórios, plano de aulas, registros iconográficos e documentos para a execução do estágio (termo de compromisso e contratos).

    No primeiro contato com os alunos foi realizada uma avaliação diagnóstica visando o reconhecimento de turma. Nela foram observados a segregação de gêneros, utilização abusiva de palavrões, gritarias e desorganização para seguir ou retornar à sala de aula. Também identificamos a necessidade de diversificar as atividades práticas já que os alunos estavam habituados a realizar apenas futebol, queimada e pular corda.

    A partir de discussões nos períodos anteriores de estágio observamos que era preciso estabelecer um conjunto de regras que pudesse favorecer aos interesses dos alunos e dos professores. Para tanto nos unimos aos alunos para construir regras que prediziam as punições ou advertências.

    Para construir o planejamento das aulas identificamos as prioridades metodológicas para esse contexto, criamos o cronograma baseado nas Leis das Diretrizes Bases da Educação Nacional pautada na educação como dever da família e do estado inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, que almeja preparar o aluno para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (LDB, 1996, p.15). Também levamos em consideração o processo de desenvolvimento motor que é entendido como as mudanças que ocorrem no indivíduo desde a sua concepção até a morte, este processo auxilia na potencialização das capacidades inerentes ao ser humano (OLIVEIRA, 1992).

    As aulas eram programadas a partir dos seguintes elementos: Objetivos, conteúdos, procedimentos de ensino e avaliação. Os objetivos foram preparados para atender os aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais, de acordo com o diagnóstico realizado através dos sujeitos do processo de ensino aprendizagem. Os conteúdos de ensino foram selecionados em face aos objetivos, planejados. Dentre os conteúdos focamos o ensino do atletismo, escolhido por ser uma modalidade pouco difundida no contexto da educação física escolar, que possibilita desenvolvimento das capacidades locomotoras, estabilizadoras e manipulativas e por sua especificidade ser motivante para os alunos. No ensino do atletismo enfatizamos: revezamentos, corrida de velocidade e lançamentos. A escolha deste conteúdo originou-se a partir da necessidade de apresentar novas modalidades e sair da rotina implantada nas aulas de Educação Física.

    Os alunos foram avaliados de forma qualitativa, através de uma avaliação formativa.2 Para estimar o que aprendiam sobre os procedimentos realizados ao término de cada aula, em conjunto, a avaliação era feita.

Análise de experiências formativas registrada em portfólio

    Segundo Menezes e Amarantes (2008) no cotidiano de seu trabalho, o professor de Educação Física vivencia um universo de contradições. Sua prática é permeada por conflitos e inquietações que, na maioria das vezes, não são compartilhados.

    Na nossa atuação como professores estagiários da UMEF Deputado Mikeil Chequer, aconteceram alguns fatos que podem confirmar a relação conflituosa entre a educação física e as demais disciplinas que compõe a grade curricular da instituição.

    Podemos destacar de acordo com os relatórios do portfólio que a representatividade do professor de educação física e de suas aulas são claramente dispostas como momento de recreação, lazer e tempo livre. O processo educativo não foi visto pelos demais professores como algo que pudesse influenciar positivamente no desenvolvimento intelectual e afetivo dos alunos em questão.

    Em uma das aulas nos deparamos com um aluno sendo impedido de participar da aula de educação física pela professora regente, pois não cumpriu com as tarefas solicitadas por ela. Isso causou um desconforto, já que entendemos de acordo com o nosso aprendizado nas disciplinas de estágio supervisionado e pedagogia, que esta prática, muito utilizada como punição no passado, não se sustenta nos dias atuais. Levando-se em consideração Gawryzewski (2005) ainda falta um longo terreno a se percorrer para uma melhor aceitação da educação física no contexto escolar, para outras disciplinas é necessário que se tenha maior esclarecimento sobre o papel que podemos desempenhar.

    A educação física é uma disciplina legitimada integrada a proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica (LDB, 1996, p.11) como tal, foi observado a incoerência da prática pedagógica da professora ao utilizar-se do momento da educação física para resolver um problema pontual que se referia a disciplina em que ministrara.

    Em situação contrária provavelmente a prática seria considerada abusiva, e sofreríamos represálias, e com razão, pois dentro do currículo todos temos uma carga horária a cumprir e a desenvolver com os alunos dada a importância a especificidade de cada disciplina.

    Fatos relacionados à comunicação entre o corpo docente escolar, estagiários/professores e professores responsáveis pelo estágio foram dificuldades também encontradas durante o período de intervenção na instituição. Quando nos referimos à comunicação, estamos focando a organização estabelecida entre estas partes, entendemos que toda atitude tomada que tenha predisposição a afetar um sistema deve ser advertida a todos aqueles envolvidos.

    Para ilustrar este cenário é possível remeter o momento em que a escola não foi comunicada (durante um evento de outro segmento de estágio promovido pela mesma instituição que fazíamos parte) de que não poderíamos intervir na organização deste por se tratar de um momento de avaliação de outros alunos. Tendo em vista nosso conhecimento sobre os fatos, recusamos a participação e a escola não compreendeu a atitude tomada. É verdade que também não fomos comunicados pela escola sobre a realização daquele evento naquele dia. Chegamos à escola com o plano e preparados para ministrar a aula, no entanto isso não ocorreu. O professor responsável pela avaliação daqueles alunos esclareceu à escola que a atitude tomada por nós enquanto alunos foi a correta.

    Se as reuniões entre a escola, estagiários/professores e professores fossem mais freqüentes inúmeros conflitos poderiam ser tomadas como simples, caso as relações estabelecidas fossem mais dialogadas e a comunicação fosse constante, já que todos fazem parte do processo da construção do pensamento à prática.

    Para Porém (2009) a comunicação compreende uma transmissão de informações articuladas em um determinado cenário cultural e histórico, proporcionado e promovendo a interação entre as pessoas ao estar incorporado no seu cotidiano e influenciando a interação entre elas.

    Não é provável que haja limites quando o interesse maior é a troca de experiências que visem enriquecer culturalmente os sujeitos envolvidos no processo de estágio. Cada sujeito envolvido contribui com suas experiências advindas de um processo formativo peculiar que é apresentado, resignificado e transformado em um novo conhecimento.

    Quando um novo conhecimento é construído, aumentam-se as possibilidades de atingir os objetivos. A reflexão auxilia nesse processo integrando os indivíduos e visando a melhoria do processo de ensino aprendizagem.

    O ato educativo deve ser influenciado por diferentes experiências que são construídas a partir das relações vivenciadas pelos componentes do corpo educativo e pautadas no aspecto interdisciplinar, oferecendo uma maior amplitude de conhecimentos o que poderá garantir uma diversificação no processo de aprendizagem.

    Sendo assim, o processo de ensino, a troca de experiências para construção de uma identidade profissional e o comprometimento, não devem ser limitados e sim desenvolvidos através da colaboração e das relações dentro do contexto universidade e escola.

4.     Considerações finais

    Levando em consideração o objetivo deste trabalho que foi analisar a relação entre estagiários, professor orientador e equipe pedagógica, no que se refere a seguinte questão: quais os limites e possibilidades são localizados na narrativa de uma experiência de Estágio Supervisionado, que considera a reflexão e colaboração entre universidade e escola?

    Consideramos que os dados desta pesquisa apontam que dentro do contexto do estágio supervisionado, a narrativa pode ser utilizada como instrumento para expor e refletir práticas e experiências advindas do processo formativo, e as relações entre os sujeitos envolvidos. Observou-se também que a comunicação após as reuniões contribui para um maior esclarecimento das questões inerentes ao processo de Estágio Profissional nas escolas.

    Foi possível verificar que o Estágio deve ser encarado com seriedade pelo aluno, assumindo o papel de interventor em todos os momentos, da avaliação inicial à reflexão. É necessário considerar o diálogo e a parceria com a professora regente que pode contribuir na sua formação e na construção de sua profissionalidade.

    A analise de dados indica que a relação a relação entre os sujeitos que compõem o contexto do Estágio, necessita considerar a aproximação do corpo educativo escolar e do grupo responsável pelo Estágio da universidade para que o aluno estagiário possa ter um retorno melhor das exigências da escola e da universidade.

    A partir desta reflexão sugerimos a realização de novos estudos considerando o papel do estagiário em relação a parceria entre universidade escola; e equipe pedagógica.

Notas

  1. Núcleo de Formação Profissional (NFP), coordenado pela Dr. Kalline Pereira Aroeira. Tem como objetivo desenvolver estudos relacionados com a formação dos futuros professores.

  2. A avaliação formativa é a que ocorre ao longo do processo de aprendizagem. Seu objetivo é a correção de falhas do processo educacional e a prescrição de medidas alternativas de recuperação das falhas de aprendizagem (CALDEIRA, 2004. p.4).

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