efdeportes.com

Educação Física e Marcel Mauss: contribuições antropológicas

Educación Física y Marcel Mauss: aportaciones antropológicas

 

*Mestranda em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo

Membro do GESESC (Grupo de Estudos Socioantropológicos do Esporte, Sociedade e Cultura)

e do CESPCEO (Centro de Estudo em Sociologia das Práticas Corporais e Estudos Olímpicos)

**Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica, SP

Professor da Universidade Federal do Espírito Santo e Líder do GESESC

Juliana Guimarães Saneto*

jsaneto@yahoo.com.br

José Luiz dos Anjos**

jluanjos@terra.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo objetiva evidenciar algumas contribuições da teoria antropológica com a Educação Física. Tais contribuições foram delineadas nesse estudo através de três conceitos de Marcel Mauss (2003): fato social total, técnicas corporais e imitação prestigiosa.

          Unitermos: Educação Física. Antropologia. Marcel Mauss.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A Educação Física passou a se apropriar dos conhecimentos das Ciências Humanas, e dessa forma, avançou no sentido de entender e compreender o homem em sua totalidade. Isso implica na compreensão que vai além das concepções biológicas as quais foram paradigmas da Educação física por várias décadas.

    Aqui, usaremos do referencial de Marcel Mauss, pois o propósito é discutir as categorias fundadas pelo antropólogo francês de pensamento mais fecundo e influente na antropologia, sendo também um dos precursores da escola antropológica francesa, que influencia Claude Lévi-Strauss. Mauss se apropria da categoria fato social de Émile Durkheim, seu tio, e adiciona a terminologia “total” a qual para antropologia é tida como um estatuto que dará a ela características interdisciplinares.

    Até por conta deste estatuto interdisciplinar é no texto “O Ensaio sobre a Dádiva” que Mauss completa a interdisciplinaridade entre as unidades do biológico, do sociológico e do psicológico. Esta discussão aparecerá em toda produção que Mauss faz sobre o corpo e depois em seus textos relacionados à educação.

    Nessa linha de pensamento/abordagem, pretendemos fugir da visão instrumentalista do discurso moderno, que para explicar a unicidade do corpo se apropriam de críticas aos paradigmas cartesianos. Atualmente, As categorias “fato social total”, ”imitação prestigiosa” e “técnicas corporais” de Mauss (2003), que é vista como um esforço teórico para uma possível justificativa da perspectiva de interdisciplinaridade entre os campos das Ciências Sociais e da Educação Física e, adiantando que aos discuti-la faremos um esforço para não estruturarmos a redação das explicações, pois entendemos ser difícil tratar dessas categorias dissociadas redacionalmente. Em efeito, entendemos que para articular essas categorias apropriadas pela Educação Física ambas se ligam no espaço escolar, gerando e recriando novas possibilidades de atuação.

    Dentre os conceitos, fato social total, possibilita pensar o homem dentro de uma tríade formada pelos aspectos biológicos, psicológicos e sociológicos de forma indistinta estabelecendo uma idéia de totalidade do homem, compreendido a partir das três esferas que o compõe.

    Assim, a reflexão e seus revestimentos encontram-se na busca incessante do homem pelo controle da natureza, buscando aperfeiçoar técnicas e máquinas com a finalidade de promover o desenvolvimento. O controle sobre a natureza apresentava como elemento basilar a razão instrumental, que se sustentou por meio da cisão entre corpo e espírito (SUASSUNA, 2005). Segundo Le Breton (2003) houve um momento de mudança na forma de pensar o homem e sua relação com o corpo, diz o autor: "Os anatomistas antes de Descartes e da filosofia mecanicista fundam um dualismo que é central na modernidade e não apenas na medicina, aquele que distingue, por um lado, o homem, por outro, seu corpo" (LE BRETON, 2003, p. 18).

    Por meio da interpretação do autor, percebe-se que o projeto moderno teve seu matiz alinhavado na forma sistemática de encarar o homem, advinda da filosofia mecanicista e, portanto, de Descartes. Todavia, mais do que isso, a visão moderna recupera o modelo do corpo como máquina, que também é decorrente do pensamento de Descartes. Com efeito, segundo Le Breton (2003, p. 18), Descartes ao apresentar sua idéia de cogito "prolonga historicamente a dissociação implícita do homem com seu corpo despojado de valor próprio", entendendo-se com isso que o corpo é encarado como o invólucro mecânico que reveste a "essência" da natureza humana, o cogito. Por meio destas observações, percebe-se que o projeto moderno não só se fundamenta na dissociação do corpo e espírito, como também se incumbe de dividir o lado material - o corpo humano - entre essência (cogito) e aparência (corpo - parte externa).

    Merleau-Ponty (2000), por seu turno, consegue fugir dessa percepção ao afirmar que - existe natureza por toda parte onde há uma vida que tem um sentido, porém, não existe pensamento; daí o parentesco com o vegetal: é natureza o que tem um sentido, sem que esse sentido tenha sido estabelecido pelo pensamento. É a auto-produção de um sentido. A Natureza é diferente, portanto, de uma simples coisa; ela tem um interior, determina-se de dentro; daí a oposição de 'natural' e 'acidental'. (Merleau-Ponty, 2000, p. 4).

    Fica-se, pois, com a idéia de que natureza é a auto-produção de um sentido. Esse sentido é aqui interpretado como a intenção dos atores sociais, portanto, não se consegue escapar da interpretação recorrente no pensamento weberiano de que as condutas humanas, inclusive em relação à natureza, sejam racionais. Como pensa Husserl "a Natureza envolve tudo, a minha percepção e a dos outros, enquanto estas só podem ser para mim um afastamento do meu mundo" (apud Merleau-Ponty, 2000, p. 19).

    Concorda-se, portanto, com a idéia de natureza trazida por Husserl (Ponty, 2000), o que permite a aproximação com a noção dos sujeitos como indivíduos capazes de exprimir sentidos (percepções) por meio de suas condutas. Naquela interpretação, a natureza é expressa como uma construção social, pois como afirmou o autor, natureza é tudo que não é individual. Isto é, natureza é tudo aquilo que permite a localização do sujeito-corpo no mundo (social).

    O reducionismo imposto pela Educação Física, onde se pensava o homem somente a partir da dimensão objetiva, corpórea, cede lugar e espaços a discussões que caminham para uma compreensão uniforme e diametralmente horizontal. Não se pode pensar o homem destacando esse ou aquele fenômeno. A compreensão do homem só é possível no momento em que as faces que o compõe estabelecem simetrias nas suas expressões. Nesse sentido as atividades propostas caminham sempre na direção que através das expressões corporais possam ser alcançadas as transcendências do ato de expressar e de coletivamente manifestar.1

    O segundo conceito de Mauss que demonstra grande relevância e pertinência, nos estudos da Educação Física, é o de técnicas corporais, que intitula um dos capítulos do livro Sociologia e Antropologia (2003). Neste, a noção de técnica corporal é traduzida pelo autor enquanto “as maneiras pelas quais os homens de sociedade em sociedade, de uma forma tradicional, sabem servir-se de seus corpos” (MAUSS, 2003, p. 401).

    A visão remanescente do determinismo biológico teve lugar durante o século XIX também nas Ciências Sociais em função do pensamento evolucionista. Todavia, ao longo da discussão acumulada sobre o assunto percebeu-se que uma definição meramente biológica, que considere a dimensão humana sob apenas um aspecto não pode servir como referência para os estudos sobre o corpo que envolvam o indivíduo de modo integral. Neste âmbito, Mauss (2003) ao apresentar sua noção de técnica corporal consegue situar o diálogo entre diferentes campos disciplinares, especialmente o das Ciências Sociais e o da Educação Física - que, tradicionalmente, está inserida no campo das Ciências da Saúde.

    Para Mauss (2003, p. 401) o corpo, é necessariamente uma construção simbólica e cultural, para ele, toda sociedade se utiliza de formas para marcar o corpo de seus membros. De acordo com o autor – é premente necessidade de se fazer o inventário e a descrição de todos os usos que os homens, no curso da história e principalmente em todo o mundo, fizeram e continuam a fazer de seus corpos. Dessa forma, o fundamento básico teórico para Mauss (2003) é que o homem, sempre e em toda parte, soube fazer uso de seu corpo como um produto de suas técnicas e de suas representações. A sociedade fabrica, de acordo com épocas e lugares, estereótipos e modelos de comportamento que se inscrevem no corpo. Para L. Strauss, a proposta de fazer um inventário do modo como os homens fizeram uso de seu corpo um produto de práticas e representações, na opinião deste antropólogo, combateria inclusive o racismo.

    Para a educação é interessante refletir que a experiência do corpo é cultural e específica de cada sociedade. Ele diz que todo educador social que tenha trabalhado no campo do estudo do corpo sabe que as possibilidades são muito variáveis de acordo com os grupos. Sobre o corpo, já apreendido como algo no domínio da cultura, serão impostas técnicas corporais, ou seja atos tradicionais e eficazes que combinam elementos biológicos, psicológicos e socioculturais, sem que os próprios agentes e objetos tenham sempre consciência disto.2

    Ao apresentar sua noção de técnica corporal, o autor recorta o corpo como objeto de preocupação da Etnologia e amplia sua contribuição ao passo que considera o homem como um ser total, isto é, na constituição humana, os aspectos biológicos, psicológicos e sociais se fazem presentes. Com isso, Mauss (2003) conseguiu promover uma ruptura com a visão preponderante no campo das Ciências da Saúde e também no das Ciências Sociais. Por meio dela, esse autor rompeu com o determinismo biológico, mas também com vertentes sociológicas que pretendiam, durante o século XIX, tratar o homem apenas sob o prisma social. Por esta razão, concordando-se com Mauss (2003), compreender a dimensão humana é partir do pressuposto de que o homem constitui um fato social total. Lévi-Strauss, na introdução de Sociologia e Antropologia de Mauss (1974), destaca que, desde 1926, Mauss defendeu que para interpretar a relação indivíduo-sociedade era necessário relacionar imediatamente o fisiológico e o social.

    Desta forma, enquanto autores racionalistas discutiam a noção conflituosa entre corpo e espírito ou corpo e mente, debate que remonta ao dualismo cartesiano, para que dissecações e olhares que os tornam objetos pudessem ser suportados e, que resultou na mecanização da lógica corpórea, com o conseqüente desencantamento do corpo, fragmentando-o, Mauss (2003) permanece à frente e propõe o estudo das técnicas corporais como objeto da pesquisa etnológica. Com efeito, Mauss (2003) considerava indispensável para uma disciplina que se preocupa com o estudo da cultura (construída por homens), que a Etnologia realizasse o inventário de tudo que os homens fazem dos seus corpos, ou seja, de todos os usos e apropriações do homem sobre seu corpo ao longo da história. E critica dizendo que continuamos a ignorar inúmeras possibilidades do corpo humano, tudo isso porque nos preocupamos com fragmentos ou com visões instrumentais sobre esse corpo.

    Ao afirmar que cada sociedade possui as suas técnicas corporais, o autor acrescenta a idéia de aprendizado, já que entende que toda técnica corporal envolve um processo de aprendizado. Dessa forma é possível entender que as técnicas não são intrínsecas ao homem, e sim adquiridas através de uma “imitação prestigiosa” de atos bem sucedidos.

    Assim, podemos entender que todo gesto ou manifestação corporal pode ser considerado uma técnica, implícita de significados, a medida que atende aos critérios estabelecidos pela tradição e também pela eficácia simbólica, ou seja as técnicas corporais são transmitidas e perpetuadas culturalmente entre os homens.

    Pereira & Grando (2007, p. 7), argumentam que são

    [...] nas manifestações dançadas que expressam valores, sentidos e significados diversos permitindo analisar como cada grupo social conseguiu adaptar-se social e politicamente neste contexto e espaço geográfico de fronteira étnica e cultural.

    Ao estabelecermos a discussão da categoria antropológica técnicas corporais, podemos compreendê-la no contexto da escola, onde se encaixa no interior de manifestações, em que os alunos se expressam coletivamente. Assim, determinadas práticas podem ser entendidas como ações dirigidas por diversos veículos institucionais de comunicação. Entre essas constituem os meios que hoje difundem idéias, expressões corporais, que elegem estereótipos corporais que são seguidos coletivamente, surgindo aí possibilidades da Educação Física, intervir ou reproduzir determinadas práticas no contexto escolar.

    A técnica corporal precede e procede das dimensões sociais e motoras. Cognitivamente a interação com as técnicas se dá por estímulos positivos ao longo da vida e o tempo e espaços são marcantes nas fases do sujeito. Segundo Mauss (2003, p. 403) “[...] tanto para os homens como para as mulheres, o momento decisivo é o da adolescência”. É nesse momento que aprenderão definitivamente as técnicas corporais. É nesse cenário de aprendizagem que pela imitação articulamos a terceira categoria a qual vem substancialmente sendo utilizada pela Educação Física: imitação prestigiosa.

    Marcel Mauss teoriza acerca desta categoria antropológica remetendo-a a destaque de processo de educação e imitação. Para Mauss

    [...] há crianças, em particular, que têm faculdades de imitação muito grandes, outro as muito pequenas,mas todas se submetem à mesma educação, de que se passa é uma imitação prestigiosa. A criança, como o adulto, imita-se atos bem-sucedidos que ela viu ser efetuados por pessoas nas quais mesmo um ato exclusivamente biológico, relativo ao corpo. O indivíduo assimila a série dos movimentos de que é composto o ato executado diante dele ou com ele pelos outros. (MAUSS, 2003, p. 405).

    Hoje a escola garante em seu espaço as imitações às quais ela considera digna de ser imitada, mas podemos perguntar se as práticas corporais, os corpos que hoje são escolhidos como forma de serem seguidos, pertencem a que modelo estético? Quais são as expressões que hoje a escola entende ser dignas de serem imitadas?

    Mauss (2003) vai responder que é a “[...] noção de prestígio da pessoa que faz o ato ordenado, autorizado, provado, em relação ao indivíduo imitador, que se verifica todo o elemento social”. Mauss (2003) diz que a criança, como o adulto, imita os atos que obtiveram êxito e que ela viu serem bem sucedidos em pessoas em que confia e que têm autoridade sobre ela (p.215). No ato imitador que se segue, verifica-se o elemento psicológico e o elemento biológico” se fundindo ao social, pois Segundo Mauss (2003, p.115), “quando uma geração passa a outra a ciência de seus gestos e de seus atos manuais, há tanta autoridade e tradição social como quando essa transmissão se faz pela linguagem”.3

    Anjos e Rodrigues (2008) identificaram a autoridade e a força da tradição e ao estudarem as representações das tradições culturais dos descendentes de Venda Nova do Imigrante/ES. Os autores analisando os discursos perceberam que a aprendizagem se traduz na força da tradição de determinadas técnicas corporais, como nos afirma Daolio (1995, p.103) “por meio do processo de imitação prestigiosa é possível perceber a força da tradição de um determinado valor ou costume cultural local”.

    Na argumentação de Mauss (2003) revela-se explicitamente as faces as quais já discutimos acima. Revela um conjunto condicionador de elementos que de forma indissolúvel se amalgamam ao homem, encontrando o que denomina-se de fato social total.

    Mauss (2003) já estava atento à questão das diferenças comportamentais decorrentes da diversidade cultural. Pois a partir do estudo das técnicas corporais, pôde perceber que os indivíduos davam significados diferentes as coisas, e que isso era fruto de um processo de aprendizagem que variava entre as diferentes culturas.

    Esse conceito importado de Mauss (2003) também pode ser aplicado nas investigações teóricas da Educação Física no que tange, principalmente a preocupação com o corpo. .

    A partir de Mauss (2003) e seus conceitos, podemos traçar algumas relações entre o espaço institucional escolar e o aluno. A Educação Física, na escola, é uma disciplina, que nesses espaços institucionais, tem um trabalho destinado ao corpo. Porém, as demais disciplinas presentes na escola são ainda mais conformadoras em relação ao corpo do que a Educação Física, à medida que estabelecem, de maneira impositiva, normas (técnicas) corporais e comportamentais a todo o momento.

Notas

  1. A dança e a capoeira, por exemplo quando aprendidas e apreendidas simbolicamente, o movimento motor se transforma numa aprendizagem motora, social e cognitiva.

  2. Aqui, surge possibilidade de discutir essa apreensão inconsciente no interior da Educação Física. Os gestos motores, são construções sociais, logo o jogo, o esporte, a dança constituem técnicas que são apreendidas inconscientemente pelos alunos na relação com o meio.

  3. Por exemplo, um gesto técnico como a conhecida “pedalada”, protagonizado pelo jogador de futebol Robinho (ex-jogador do Santos Futebol Clube e atuante no Real Madrid, da Espanha), é, certamente, dotado de eficácia simbólica para aqueles que prestigiam o jogador e é logo retirado do seu local de origem para ser transformado, geralmente pelos meios de comunicação, em um referente universal. Neste contexto, certas técnicas corporais tornam-se referentes que são postos na dinâmica mundial e tendem a ser universalizados (DAOLIO, 2008).

Referências bibliográficas

  • DAOLIO, J. Educação Física e o conceito de cultura: polêmicas do nosso tempo. Campinas: Autores associados, 2007.

  • LE BRETON, D. Adeus ao corpo: antropologia e sociedade. Campinas/SP: Papirus, 2003.

  • MAUSS, M. Sociologia e antropologia. São Paulo: Edusp, 1974.

  • _______ Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac, 2003.

  • MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

  • PEREIRA, M.R.S. ; GRANDO, B. S. . Danças tradicionais e educação Física. In: BORGES, C. N. F.;ANJOS, J. L. (orgs.). Possíveis abordagens, possíveis diálogos - Anais do Seminário Nacional Corpo e Cultura. Vitória - ES: Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte/Centro de Estudos em Sociologia Olímpicos, 2007.

  • SUASSUNA. D.; Barros, J.; AZEVEDO, A. e SAMPAIO, J. A relação corpo-natureza na modernidade. Brasília: Revista Sociedade e estado. v. 20, n. 1, fev./abr. 2005.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 152 | Buenos Aires, Enero de 2011
© 1997-2011 Derechos reservados