Avaliação do ambiente escolar público Evaluación del ambiente escolar público Public school environmente assessment |
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Aracaju, Sergipe (Brasil) |
Arley Santos Leao Sonia Oliveira Lima Ricardo Luiz de Albuquerque Junior |
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Resumo Uma ambiência escolar adequada, juntamente com aulas de educação física bem planejadas são de grande importância para a melhoria dos níveis gerais de gerais de aptidão física, contribuem para uma melhor inserção dos temas da cultura corporal, além de contribuir para a melhoria do processo ensino-aprendizagem. O objetivo desse estudo foi avaliar a ambiência escolar relacionada às aulas de educação física, em escolas da rede pública estadual de ensino, no município de Aracaju - SE. Foram avaliadas a infra-estrutura e as práticas pedagógicas de 3 Unidades Escolares (UE). Verificou-se que o ambiente físico das UE permitia a realização de aulas de educação física. No entanto, faltavam materiais didático-pedagógicos e planejamentos de ensino. Em duas UE não havia aulas regulares do componente curricular educação física. Sugere-se, pois, que uma ambiência escolar adequada à prática da educação física pode contribuir na melhoria dos níveis gerais de aptidão física dos escolares, contribuir para uma correta transmissão dos componentes da cultura corporal, além de contribuir positivamente no rendimento escolar. Unitermos: Crianças. Rendimento escolar. Ambiente escolar. Aptidão física.
Abstract A suitable school ambience, together with physical education classes and orders are of great importance to improving overall levels of general fitness, contribute to better integration of culture on corporal punishment, as well as contribute to improving teaching-learning process. The purpose of this study was to assess the school ambience related to physical education classes in schools of public education network, State in the municipality of (Sergipe). Were evaluated the infrastructure and pedagogical practices 3 school units (UE). It was noted that the physical environment of the UE allowed the achievement of physical education classes. However, lack of teaching materials and learning-teaching plans. In two UE there regular curricular lessons physical education component. It is suggested that a school ambience, appropriate to physical education can contribute in improving overall levels of physical fitness of school, contribute to a correct transmission body culture components, as well as contribute positively in educational. Keywords: Children. School. Income classrooms. Physical fitness.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O ambiente escolar da educação física, como é de domínio público, é a quadra de esportes (muitas das vezes descoberta), o pátio, a piscina, a pista de atletismo, ou o campinho de areia nos fundos da escola.
Com o intuito de melhorar a qualidade de vida das crianças em idade escolar, que poderá refletir na sua vida adulta, programas que beneficiem à aptidão física devem ser oferecidos a este público, principalmente através das aulas de educação física escolar (SILVA, 2002). Contudo, é patente que, cada vez mais, os pesquisadores procuram embasar suas pesquisas e formulações teóricas, componentes básicos essenciais a elaboração de tais programas, em dados mais regionalizados possíveis, para que estes possam servir efetivamente para o conhecimento da realidade local e, conseqüentemente, para a elaboração de planos de atuação (COLE et al, 2000).
Além disso, GUEDES e GUEDES (1997) destacam a relevância de estudos dentro do ambiente escolar para o estabelecimento adequado das relações entre programas de exercício físico e a regionalidade das pesquisas e formulações teóricas, particularmente para crianças e adolescentes, uma vez que o sistema de práticas pedagógicas oferecidas pela educação física nas Unidades Escolares pode contribuir no desenvolvimento de índices satisfatórios de aptidão física
A disponibilidade da tecnologia, o aumento da insegurança e a redução dos espaços livres em grandes centros contribuem para a inatividade e favorecem atividades sedentárias, como assistir televisão, jogar videogame e utilizar computadores (LAZZOLI et al, 1998). Em meio a esse novo cenário determinado pelos avanços tecnológicos encontra-se uma boa parte da população cada dia mais vulnerável aos problemas da vida moderna, e nela, uma grande quantidade de crianças que, a cada dia, encontram-se menos ativas fisicamente (ZAMAI et al, 2005).
Diante dessa breve exposição, buscou-se como objetivo desse estudo foi avaliar a ambiência escolar relacionada às aulas de educação física, em escolas da rede pública estadual de ensino, para escolares com faixa etária compreendida entre 7 e 10 anos, no município de Aracaju - SE.
Metodologia
Avaliação do Ambiente Escolar
Para a avaliação do ambiente escolar e do sistema de práticas pedagógicas foram analisados quatro itens: observação in loco da infra-estrutura das áreas destinadas à prática das atividades da disciplina educação física; os materiais didático-pedagógicos utilizados nessas aulas; e a existência de aulas de educação física destinada a faixa etária estudada (7 a 10 anos) e de planejamento dessas aulas para o ano letivo de 2007.
Considerações Éticas e Administrativas
Este trabalho foi devidamente aprovado em Comitê de Ética em Pesquisa, conforme determina a resolução 196/96 do CONEP para estudos em humanos.
Resultados e discussão
ARMSTRONG et al, (1990) entendem que muitas das problemáticas relacionadas com a inatividade física têm sua origem na infância ou na adolescência e, desse modo, devem ser prevenidas ou combatidas por ações objetivas, sobretudo no ambiente escolar.
Principalmente com o advento na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), os professores passaram a ser mais exigidos quanto à sua qualificação e uso de seu conhecimento, principalmente no que corresponde ao planejamento de atividades que venham ao encontro dos interesses e necessidades dos alunos (BAGGIATO e SILVA, 2007), além de direcionarem seus esforços na criação de programas de educação física escolar voltados à educação e promoção da saúde (NAHAS e CORBIN, 1992).
Com relação à análise da infra-estrutura oferecida aos alunos para aulas de Educação Física, verificou-se que todas as UE dispunham de área coberta (pátio), como também quadras poliesportivas cobertas, com pisos em perfeitas condições (tabela 1). No entanto, em duas UE não havia proteção (tela ou rede), localizada nos fundos dessas quadras.
Tabela 1. Infra-estrutura das áreas destinadas às aulas de Educação Física por UE (Aracaju/SE, 2008)
Esse fato causou preocupação, no sentido de que os alunos, para recuperar a bola, por exemplo, precisariam adentrar em terreno irregular, o que poderia causar algum tipo de acidente. Uma boa estrutura para a realização das aulas de educação física, além de contribuir para um melhor desenvolvimento das atividades pedagógicas, auxilia no estímulo aos alunos em participar das mesmas (GUEDES e GUEDES, 1995), visto que, quadras esburacadas e sob o sol forte não oferecem nenhum atrativo aos alunos. Ainda segundo os autores, a própria integridade física dos alunos é protegida ao se utilizar de áreas em boas condições.
Em relação aos materiais didático-pedagógicos, só a UE “B” dispunha do mínimo de apetrechos úteis para o desenvolvimento de atividades físicas, como bolas, cordas, arcos, mesmo assim em quantidade insuficientes e desgastados pelo uso. Já colchonetes de ginástica não estavam disponíveis em nenhuma UE (tabela 2).
Tabela 2. Aporte de materiais didático-pedagógicos por UE (Aracaju/SE, 2008)
Para uma aula ser desenvolvida com qualidade, faz-se necessário a existência de certos recursos didático-pedagógicos (TURRA et al, 1991), que oferecerão suporte a esse processo. Assim sendo, a ausência de tais recursos, a sua presença em quantidade reduzida, ou com qualidade duvidosa, dificultarão bastante o desenvolvimento das aulas de educação física que primem por oferecer um ensino realmente satisfatório.
Nas três UE havia TV e DVD, enviados pelo Governo Federal, entretanto, filmes relacionados com a área de estudo educação física não estavam disponíveis em nenhuma das três UE. Essas observações sugerem um desinteresse dos atores envolvidos com as aulas de educação física (gestores e professores) em introduzir novas metodologias de trabalho que favoreçam o uso dessas aulas como ferramentas de educação e transformação.
A UE “B” foi a única a apresentar aulas regulares da disciplina educação física para as quatro séries iniciais do ensino fundamental (tabela 3).
Tabela 3. Existência de aulas de Educação Física escolar – 2º ao 5º ano do ensino fundamental (Aracaju/SE, 2008)
*Nesta U.E. havia aula de modalidade esportiva de base.
O próprio professor de Educação Física deve buscar integração com o trabalho desenvolvido na escola, colocando o seu componente curricular em um patamar de seriedade e compromisso com a formação integral do educando, fugindo da condição desprestigiada e relegada a segundo plano (BAGGIATO e SILVA, 2007).
Tanto a UE “A” como a UE “C” não ofertavam o componente curricular educação física aos alunos da faixa etária trabalhada nesse estudo. No entanto, um fato observado na UE “C” despertou atenção. Havia a disponibilidade de horários e materiais esportivos destinados à prática esportiva de base, presenciada nos momentos da avaliação (tabela 3).
Esse fato contraria a LDB, onde, no artigo 26, parágrafo 3º, afirma que “...a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos curso noturnos” (BRASIL, 1996).
Outro desrespeito legal relaciona-se ao art. 4º, Portaria nº 5130 /2007, de 30 de maio de 2007, do Departamento de Educação Física, da Secretaria de Estado da Educação do Estado de Sergipe, no qual estabelece os critérios de inserção da Educação Física na rede escolar estadual. Este deve abranger três âmbitos: a educação física enquanto componente curricular, projetos de prática esportiva de base e projetos de área.
Ainda segundo essa portaria, o professor obrigatoriamente deverá estar em regência de classe com turmas de componente curricular, com no mínimo 40% de sua carga horária, podendo o restante ser disponibilizado para atuar em atividades extracurriculares, desde que estas atividades estejam previstas no Projeto Político Pedagógico da UE.
Há, ainda, uma necessidade de se oferecer às crianças uma quantidade maior e mais variada de atividades, que venham a auxiliar na formação do seu repertório motor, (NASCIMENTO et al, 2003), pois será essencial na sua vida futura, tanto no aspecto da autonomia de movimentos, como também no possível ingresso em atividades esportivas.
A realidade dos escolares participantes desse estudo, sugere que a prática pedagógica do ensino de educação física da rede pública precisa urgentemente ser reestruturada. Os estudantes necessitam de aulas que, além de contemplarem os conteúdos históricos da cultura corporal, também ofereçam elementos voltados à manutenção e aquisição de níveis satisfatórios de aptidão física. Em adição, devem incentivar a aderência a tais atitudes além do âmbito escolar, como estratégia de manutenção da autonomia de movimentos, e prevenção de doenças crônico-degenerativas nesse escolares.
Ao realizar as visitas às UE, percebeu-se que em nenhuma das três havia planejamento da disciplina educação física, referente ao ano letivo de 2007 (tabela 4). Mesmo na UE “B” onde havia aulas regulares de educação física, estas apresentavam-se em caráter meramente recreativo, não demonstrando características pedagógicas em suas atividades, nem voltadas para os aspectos psicomotores, nem para o âmbito da cultura corporal, nem para a promoção de saúde.
Tabela 4. Existência de planejamentos de ensino - Educação Física – 2º ao 5º ano do ensino fundamental (Aracaju/SE, 2008)
O ato de planejar está relacionado com o pensar no futuro, onde através das suas várias etapas, possibilitem à pessoa ou ao grupo de pessoas atingirem os objetivos (TURRA et al, 1991). Assim sendo, planejar educação física é mais do que apenas oferecer um conjunto de atividades, refere-se à vontade do professor em ministrar uma aula com começo, meio e fim, como também no direito dos alunos de receberem uma aula com objetivos formados, onde valores e conhecimentos serão agregados.
Conclusões
Uma boa ambiência nas UE, com estrutura física adequada, bons materiais didático-pedagógicos certamente exercerão grande influência nos índices de aptidão física, de conhecimento e desenvolvimento de habilidades motoras, principalmente nessa faixa etária, onde a formação da bagagem motora deve ser mais trabalhada.
A existência de aulas regulares de educação física, e aulas de qualidade, através de um planejamento sério para cada faixa escolar, além dos benefícios anteriores, também poderão contribuirão para que esses jovens atinjam bons níveis de rendimento escolar nas outras disciplinas do currículo.
Referências
ARMSTRONG, N.; BALDING, J.; GENTLE, P.; KIRBY, B. Estimation of coronary risk factors in British schoolchildren: a preliminary report. British Journal of Sports Medicine, vol.24, nº1, p.61-66, 1990.
BAGGIATO, CL; SILVA, SAP dos S. Educação física escolar no ciclo II do ensino fundamental: aspectos valorizados pelos alunos. Motriz. Rio Claro, vol.13,nº 2 (supl. 1), p. 529-535, mai./ago. 2007.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Senado Federal, 1996.
COLE, TJ.; BELLIZZI, MC.; FLEGAL, KM.; DIETZ, WH. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. BMJ. 320, p.1240-3, 2000.
GUEDES, DP; GUEDES, JERP. Exercício físico na promoção da saúde. Londrina: Midiograf, 1995.
GUEDES, JERP; GUEDES, DP. Características dos programas de educação física escolar. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, vol. 11, nº 1, p. 49-62, jan/ jun. 1997
LAZZOLI, J. K.; NÓBREGA, A.C. L.; CARVALHO, T. e colaboradores. Atividade física e saúde na infância e na adolescência. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 4, nº 4, p.107-109, 1998.
NASCIMENTO,
KA do; FEIRA, JGM; FRERIS, VM; PAULA, AH de. Do lúdico á especialização:
análise da importância de um programa de
estimulação motora como meio de desenvolvimento da valência física
velocidade utilizada no voleibol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos
Aires. Ano 8, n° 56, jan/2003. http://www.efdeportes.com/efd56/ludico.htm
NAHAS, M.V.; CORBIN, C.B. Educação para a aptidão física e saúde: justificativa e sugestões para implementação nos programas de educação física. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, vol 6, nº 3, p.14-24, 1992.
SILVA, R.J. dos S. Características de crescimento, composição corporal e desempenho físico relacionado à saúde em crianças e adolescentes de 07 a 14 anos da região do Cotinguiba (SE). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2002.
TURRA, FMS; ENRICONE, D; SANT’ANNA, F; ANDRÉ, LC. Planejamento de ensino e avaliação.11 ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1991.
ZAMAI, CA.; BANKOFF, ADP; DELGADO, MA; RODRIGUES, AA; BARBOSA, JAS. Atividade física, saúde e doenças crônico degenerativas: avaliação do nível de conhecimento entre escolares de Campinas. Revista Movimento & Percepção. Espírito Santo de Pinhal, SP, vol.5, nº 7, jul. /dez. 2005.
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