Aulas de Educação Física no CRAS Dr. Coimbra Filho de Campo Grande, MS: discutindo saberes e intervenções na prática social


	Aulas de Educação Física no CRAS Dr. Coimbra Filho de Campo Grande, MS: discutindo saberes e intervenções na prática social Las clases de Educación Física en el Centro de Referencia y Asistencia Social (CRAS) de Campo Grande, MS: debatiendo saberes e intervenciones en la práctica social
	Professor de Educação Física formado pela IESF Especialista em Educação Física Escolar pelo Instituto Catarinense de Pós-graduação, ICPG-SC/Libera Limes *Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Professor da Universidade Anhanguera/UNIDERP Educacional Campo Grande, MS	Prof. Esp. Elker Alex de Oliveira (Bob)* Prof. Ms. Paulo Henrique Azuaga Braga** azuagabraga@hotmail.com (Brasil)
	Resumo O objetivo dessa pesquisa foi analisar a influência das aulas de Educação Física na convivência familiar das crianças freqüentadoras do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Dr Coimbra Filho de Campo Grande M/S. Como problemática levantada acerca do tema, foi investigado se as atividades desenvolvidas nas aulas de Educação Física estão contribuindo para a melhoria do comportamento dos alunos de 07 a 09 anos freqüentadores do CRAS, na sua convivência familiar. Para fim de coleta de dados foi aplicado aos alunos um questionário contento 08 perguntas fechadas. Apesar de ser uma pesquisa bastante restrita, nos permitiu verificar como está sendo trabalhada e compreendida a Educação Física no Centro de Referência investigado, sinalizando para a influência das atividades físicas no comportamento das crianças com sua família. Pela análise das respostas dos alunos observou-se que as atividades físicas acabavam por envolver e desenvolver o aluno, contribuindo para o seu desenvolvimento integral, fato este contido nos dados através da satisfação das crianças pelas aulas de Educação Física, e paralelamente a sua gradativa mudança de comportamento familiar. Unitermos: Educação Física. Família. Comportamento. Prática social.
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A pesquisa que ora apresenta-se constitui em uma breve apreciação de alguns aspectos educacionais, comportamentais e sociais, dos objetivos da Educação Física escolar. Para compreender um pouco sobre os objetivos da Educação Física escolar, é preciso entender anteriormente a sua história, dando destaque ao papel que a mesma foi assumindo em cada período no âmbito escolar brasileiro a partir da década de 1990.

    A partir da década de 1990, questionou-se sobre o papel da Educação Física, ou seja, reavaliaram-se e enfatizaram-se as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas e afetivas, concebendo o aluno como ser humano integral. Sendo assim, a preocupação começou a voltar para objetivos educacionais mais amplos, e não apenas voltados para a formação de um físico, mas com conteúdos diversificados e não só exercícios e esportes. (BRASIL, 2000).

    Diante dessa situação Oliveira (2004), descreve que a Educação Física deve assumir a tarefa de defender dentre outros valores, questões relativas a comportamentos, relacionamentos, convivência social e leitura de mundo autônoma.

    Em linhas gerais, portanto, como defende Kunz (2004), o ensino da Educação Física requer novos caminhos, as quais passam a atender as exigências realmente educacionais, o que significa dizer aquelas vinculadas às implicações sociais, que sempre se fazem presente no ato pedagógico. Não se trata, entretanto, de uma busca de receita de sucesso.

    De acordo com Medina (2004), para uma Educação Física realmente preocupada com o ser humano, não basta concordar plenamente com a sociedade, é necessário que faça uma permanente crítica social.

    Em face dessas considerações e de acordo com Kunz (2004, p. 19), hoje se deve entender essa área de conhecimento como um compromisso educacional, ou seja, “não excluir a prática do esporte, movimento, jogos, mas através deles desenvolver a função social que é inerente a toda ação pedagógica”.

    É a partir dessa visão que foram desenvolvidos os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), onde a Educação Física escolar tem como papel um meio que contribui para o estudo e a vivência do lazer, da comunicação, da cultura e da qualidade de vida, dos alunos.

    Os Centros de Referência da Assistência Social – CRAS são unidades estatais responsáveis pela oferta de serviços continuados de proteção social básica as famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social em seu contexto comunitário, visando á orientação e o fortalecimento do convívio familiar. Partindo deste pressuposto, o trabalho é desenvolvido através do serviço de assistência sócio educativo, onde são desenvolvidas atividades que favoreçam a diversidade, constituindo-se num espaço e numa ação que realizem o direito de ser e sentir-se criança/adolescente, permitindo a construção da cidadania através da vivência, dos aprendizados, dos conflitos, dos questionamentos e da ludicidade em diferentes momentos. (CAMPO GRANDE, 2007).

    Assim como a escola, os CRAS têm-se constituído numa instituição social especifica para a prática educativa, onde os mesmos devem ser projetados com organização e normatização, como instituição social habitada para este fim, a educação do cidadão. (CÔRREA e MORO, 2004).

    Os CRAS têm uma importante função voltada a educação, que se comparado a escola assume o mesmo papel desta. Diante dessas questões e de acordo com Saviani (1991), a escola tem a tarefa especificamente educativa, propriamente pedagógica, ligada a questão do conhecimento. E, para fazer com que isso de fato ocorra, deve-se reorganizar o trabalho educativo levando em conta o saber sistematizado, a partir do qual se define a especificidade da educação escolar. (CAMPO GRANDE, 2007).

    Consoante essas considerações, abre-se um destaque as aulas de Educação Física desenvolvidas no CRAS, que tem como finalidade não só a aprendizagem do corpo, dos movimentos, limites e desafios. Antes e de acordo com a definição de Larentis (2006), as aulas de Educação Física tem sua importância ao desenvolvimento do corpo físico, em que o aluno descobrirá seus limites e diferentes modos de executar seus movimentos, desenvolvimento da criatividade, da produção cultural, dando oportunidades ao aluno criar e recriar as atividades corporais produzidas pelos seres humanos ao longo da sua história cultural, deixando que eles tenham total liberdade de expressão de seus sentimentos.

    A Educação Física aplicada no CRAS se define de acordo com a descrição dos PCNs, ou seja, como área de conhecimento da cultura corporal de movimento, e a Educação Física escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão, que vai reproduzi-la e transforma-la instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em beneficio dos exercícios críticos da cidadania e da melhoria da qualidade de vida. (BRASIL, 1998)

    Sendo assim, o objetivo da Educação Física escolar deve estar diretamente relacionado com as concepções de Educação Física e de escola. Observa-se algumas atribuições á Educação Física escolar, que, por meio dos esportes devem contribuir como: complemento curricular; socialização; aptidão física e educação motora. (CÔRREA e MORO, 2004).

    Assim, alicerçando-se na proposta de Educação Física do CRAS, torna-se necessário enfatizar as atividades lúdicas, onde segundo Miranda, (1984) essas atividades exercem uma função importante no processo educativo e social, podendo-se considerar os grupos de jogos como um dos construtores essenciais da vida social.

    As atividades lúdicas nas aulas de Educação Física possibilitam a criança movimentar se de forma natural, relacionando se concomitantemente consigo mesma e com o ambiente, obtendo, desta forma, o controle motor que favoreça o desenvolvimento biológico, psicológico e sociocultural. (MATTOS e NEIRA, 2002 ).

    Além das atividades lúdicas, as aulas ministradas no CRAS, visam uma Educação Física que trabalha com o movimento corporal, na medida em que tem como objetivo formar a personalidade do indivíduo através da atividade física, de modo a torná-lo capaz de enriquecer e organizar sua vida pessoal, lidando com o corpo e o movimento integrado na totalidade do ser humano, ela ataca nas camadas mais profundas da personalidade, onde se formam os interesses, as inclinações pessoais, as aspirações, os desejos e os pensamentos. (BRITO, 1996)

    Baseado nessas considerações torna-se necessário enfatizar as séries iniciais do ensino fundamental, dessa forma essa pesquisa está voltada para crianças de 07 a 09 anos. A educação infantil e as primeiras séries do ensino fundamental tem grande relevância na proposição das atividades que visam o desenvolvimento das habilidades básicas á alfabetização (percepção, lateralidade, orientação, espaço temporal, coordenação visual e motora, e esquema corporal). (MATTOS e NEIRA, 2002).

    Desta forma, considerando o exposto, o presente estudo teve por objetivo verificar se as aulas de Educação Física do Centro de Referência da Assistência Social Dr Coimbra Filho de Campo Grande M/S, tem influenciado no comportamento das crianças na convivência familiar.

Materiais e método

    A presente pesquisa baseou-se em um estudo de caráter investigativo, ou seja, pesquisa de campo, no qual foram levantados dados para verificar se as aulas de Educação Física, influenciam de maneira positiva na convivência familiar dos alunos freqüentadores do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Dr. Coimbra Filho de Campo Grande, MS.

    O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário, composto de 12 perguntas fechadas, tendo como sujeitos 56 alunos freqüentadores do CRAS, na faixa etária de 07 a 09 anos, de ambos os sexos.

    Esse estudo foi realizado num período de três meses, compreendendo o mês de junho, julho e agosto do ano de 2008. O questionário foi aplicado aos alunos individualmente, sendo realizada anteriormente a leitura das perguntas, tirando todas as dúvidas necessárias.

Discussão e apresentação dos resultados

    Para melhor compreensão dos resultados, será apresentado primeiramente as perguntas que foram aplicados aos alunos, e em seguida os resultados obtidos, por meio de gráficos, bem como a discussão desses.

Gráfico 01. Entre brincadeiras individuais e jogos competitivos quais mais gostam. (n= 56)

    Diante dos dados contidos no gráfico 01, pode-se concluir que os alunos se relacionam de uma maneira integrada, isto é, por meio de atividades coletivas elas interagem mostrando que as aulas de Educação Física acabam proporcionando a socialização dos mesmos. Corroborando com essa ideia Mattos e Neira (2002) afirmam que apesar da criança na faixa etária de 07 a 09, ser ainda bastante egocêntrica, trabalha gradativamente com atividades e brincadeiras que conduzem a uma socialização crescente, que transferem o sentimento individual para o coletivo. Para esses alunos, as aulas de Educação Física se tornam um complemento no seu convívio social.

    As novas concepções da Educação Física escolar destacam o aluno como um todo integrado. A criança é vista como um ser historicamente situado, dono de um saber que é importante para sua vida em sociedade, e ao mesmo tempo, tem capacidade crítica para situar-se no mundo. (GALLARDO et al, 1998).

    Portanto as atividades propostas nas aulas de Educação Física no CRAS mostram a importância das atividades coletivas em relação as individuais, porém considerando a necessidade de entender e respeitar a individualidade de cada aluno.

Gráfico 02. Como avalia o seu relacionamento com os colegas do CRAS (n= 56)

    Portanto a maioria dos alunos tem um relacionamento positivo com os seus colegas. Tal relação positiva se deve a maneira na qual as aulas de Educação Física no CRAS são ministradas; visando atividades lúdicas que, por sua vez, possibilitam um trabalho voltado a socialização, e concomitantemente influência no comportamento dos alunos.

    Assim, de acordo com os princípios de Miranda (1984), as atividades lúdicas exercem uma função importante no processo educativo e social, podendo-se considerar os grupos de jogos como um dos construtores essenciais da vida social. É a fonte dos primeiros ideais e impulsos sociais, como a solidariedade, a comunicabilidade e a cooperação.

    Mediante o questionamento referente ao relacionamento das crianças com seus colegas, observa-se que a Educação Física tem desempenhado seu papel socializador, contribuindo para uma prática rumo à mudança comportamental, por meio de atividades e brincadeiras que possibilitem a construção de valores, no qual neste caso destaca-se o bom convívio social.

Gráfico 03. Como avalia a sua relação com o professor de Educação Física (n= 56)

    Mediante os dados apresentados nesse gráfico, pode-se concluir que o professor de Educação Física assume um importante papel durante suas aulas, pois se deduz que a relação ensino e aprendizagem está articulada com a aula de Educação Física e a postura pedagógica e pessoal desenvolvida pelos professores da Instituição (CRAS).

    Portanto, considerando que os alunos expressam um excelente relacionamento com o professor, é possível inferir que as aulas de Educação Física tem atendido as expectativas dos alunos e contribuído para expressarem suas vontades e criatividade, assim como defende Brito (1996) de que o papel do professor de Educação Física é complexo e delicado, pois paralelamente ao ensino é preciso auxiliar e ensinar aos alunos a se expressarem e se organizarem, a assumir responsabilidades, a ter iniciativa, criatividade, considerando modelos pedagógicos mais justos e participativos de convivência e disciplina. Côrrea e Moro (2004), pontuam ainda que a função primordial do professor de Educação Física é a educação por meio dos conteúdos dessa disciplina - esportes, atividade física, jogos, recreação, lutas, danças, etc.

Gráfico 04. Como avalia as aulas de Educação Física. (n=56)

    Condizente ao gráfico 04 a maioria acha boa e excelente as aulas de Educação Física, com 91%, tal fato se torna muito importante, pois como defende Miranda (1984), o processo educativo por meio das aulas de Educação Física é semelhante ao de qualquer outra disciplina, ou seja, depende muito da vontade do praticante. Os jogos e os esportes por si não educam moral e socialmente o indivíduo. O que esses conteúdos fazem é oferecer oportunidades dos alunos se educarem.

    Logo o resultado aqui apontado demonstra que o interesse da grande parte dos alunos pelas aulas de Educação Física, mais uma vez fica evidenciado que está em concordância com a proposta do CRAS, ou seja, tem possibilitado aos alunos desenvolverem aspectos como: responsabilidade, cooperação, respeito, solidariedade, confiança em si mesmo, dentre outros além de oportunizar uma prática esportiva e recreativa com grande poder de atração para as crianças, que vêem nela a possibilidade de exercitar as inúmeras potencialidades de seus corpos, que podem ser trabalhadas através de jogos esportivos e brincadeiras recreativas. (CAMPO GRANDE, 2007).

Gráfico 05. Opinião sobre atividades como gincanas e brincadeiras com a participação dos pais. (n= 56)

    Como pontua o gráfico 05, fica evidente que a grande maioria dos alunos gosta de atividades que tenham a participação dos pais com 82%.

    Considerando esses é possível afirmar que o fazer pedagógico proposto no CRAS vai ao encontro dos PCNs (BRASIL, 1999), pois a proposta de trabalho, gira em torno da cidadania, entendendo esse lócus como um dos espaços possíveis de contribuição para a formação do cidadão crítico, autônomo, reflexivo, sensível e participativo. Considerando ainda, a importância da articulação da prática pedagógica da educação física com os temas do paradigma da vida cidadã, que entre outros se destaca a vida familiar e social, deixando claro que a Educação Física desenvolvida no CRAS, não se limita apenas a meros exercícios esportivos voltados somente para a formação de um físico, mas sim com conteúdos diversificados preocupando-se com a formação integral do aluno dentro e fora da instituição, destacando o convívio familiar.

Gráfico 06. Você costuma comentar com seus pais sobre as atividades que realiza nas aulas de Educação Física?

    Em consonância com o resultado obtido é possível afirmar que as aulas de Educação Física estão proporcionando uma proximidade dos alunos com os pais, deixando clara a relação positiva da Educação Física na convivência familiar desses alunos; pois se os mesmos estão comentando com os seus pais sobre as aulas, fica evidente que eles estão gostando das atividades.

    Importante ressaltar nesse instante que a proposta da Educação Física do CRAS, baseia-se nas atividades esportivas e recreativas que funcionam com estratégia viável e fundamental para inclusão e socialização de crianças e adolescentes. Pois é função e dever do CRAS promover articulações das políticas públicas e atuar com famílias e indivíduos em seu contexto territorial, com vista à orientação e fortalecimento do convívio sócio familiar e comunitário. (CAMPO GRANDE, 2007)

Gráfico 07. Convivência com a família: antes e depois de frequentar o CRAS. (n=56)

    O gráfico 07 mostra que a maioria dos alunos, mesmo antes de freqüentar o CRAS, tinha uma convivência familiar muito boa (escuro), no entanto se comparado com o depois (claro), ficou evidenciado que quando as crianças passaram a frequentar o CRAS, ocorreu uma melhora na convivência familiar. Importante ressaltar nesse momento mais uma vez, que tal fato se deve à prática pedagógica desenvolvida nas aulas de Educação Física no CRAS.

    Oliveira (2004) defende dentre outros valores, questões relativas a comportamentos, relacionamentos e convivência social, o trabalho desenvolvido nas aulas de Educação Física não se concebe apenas como um conjunto de exercícios puramente racional e metódico, com objetivos exclusivamente técnicos, e sim, identificados, como um canal que adequadamente utilizado, ajuda na formulação de valores significativos para o grupo social, perdendo seu papel exclusivo de educar o físico, como o nome sugere, e passando a valorizar a educação em todos os níveis, principalmente a dimensão atitudinal.

Gráfico 08. Ajudava aos pais nas tarefas domésticas antes e depois de frequentar o CRAS. (n=56)

    Esse gráfico mostra que mesmo antes de freqüentar as aulas no CRAS, um pouco mais da metade dos alunos (30), já ajudavam seus pais nas tarefas domésticas. Em contrapartida a essa afirmação, obteve-se dados onde mostram que alguns alunos raramente ou até mesmo nunca ajudavam seus pais nesse tipo de trabalho.

    Assim como defende Mello (1989), a descrição apresentada acima, se deve ao fato de que atualmente, já nas séries iniciais, pode-se observar que as crianças trazem consigo para as salas, comportamentos não condizentes como os considerados adequados para as mesmas tais como: falta de limites, indisciplina e problemas que impedem a socialização dos mesmos.

    No entanto pode-se observar no mesmo gráfico, que depois que os alunos passaram a freqüentar o CRAS, houve uma melhora expressiva das crianças que passaram a ajudar os pais nas tarefas domésticas.

    Mediante esses resultados, pode-se tomar como base as descrições de Mello (1989), que afirma que as aulas de Educação Física podem proporcionar condições para se dar início a mudanças significativas na vida dos indivíduos. Pois, o fazer pedagógico desenvolvido nas aulas pode possibilitar diversas situações que refletem a cultura dos alunos, utilizando os movimentos como instrumento para construir valores e modificar comportamentos.

Considerações

    Como se apontou no primeiro instante dessa pesquisa, a Educação Física passou por uma forte mudança ao longo de toda sua história. Seu principal período de transformação pode ser considerado, a partir da década de 90, onde se questionou o papel da Educação Física, reavaliando e enfatizando as suas dimensões sociais, cognitivas, psicológicas e afetivas, passando a se preocupar com objetivos educacionais mais amplos, e não se limitando apenas à formação de um físico, que até então era visado.

    Portanto, acredita-se que a Educação Física, nesse período, perde seu papel exclusivo de educar o físico, como o nome sugere, passando a dar valor na educação em todos os níveis, preparando para a vida em sociedade, preocupando-se com a formação integral do aluno dentro e fora da escola.

    É a partir dessa visão que foram desenvolvidos os CRAS - Centros de Referência à Assistência Social, fazendo da Educação Física escolar um ambiente facilitador, que contribui para o estudo, a integração social e a convivência familiar.

    Como mostrou a pesquisa, os resultados apresentados sinalizaram para a forte influência positiva das aulas de Educação Física, mostrando que as práticas pedagógica dos professores estão de acordo com o sugerido nos Parâmetros Curriculares Nacionais e com a proposta do CRAS, o que demonstra um quesito favorável aos resultados observados. Diante disso, conclui-se, então, que a prática da Educação Física no CRAS conduz para um caminho que prioriza o conhecimento e uma educação abrangente e informativa.

    Pela análise das respostas dos alunos observou-se que as atividades físicas envolvem e desenvolvem o aluno, contribuindo para o seu desenvolvimento integral, fato este contido nos dados através da satisfação das crianças pelas aulas de Educação Física, e paralelamente a sua gradativa mudança de comportamento familiar.

    Por fim, conforme se constatou nesse estudo a Educação Física trabalhada e desenvolvida no CRAS, destaca-se para um desvelado incentivo social dos alunos, priorizando para o comportamento familiar dos alunos, oportunizando aos mesmos o seu desenvolvimento em todos os aspectos, pois como explicitado no início desse estudo o objetivo do CRAS acima de tudo está bastante atrelado à formação de um cidadão crítico e reflexivo.

    É importante que novas pesquisas sejam realizadas nesse e em outros CRAS, procurando ampliar o âmbito dessa pesquisa.

Referências

BRASIL, Secretaria de educação fundamental: Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, 2000.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto: Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: 1999.

BRASIL, Educação Física, 5ª a 8ª séries. Parâmetros Curriculares Nacionais. MEC: 1998.

BRACHT, V. Educação Física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992.

BRITO, C. L. C. Consciência corporal. Rio de Janeiro: Sprint, 1996.

CAVALCANTI, K. B. Esporte para todos, um discurso ideologico. São Paulo: Ibrasa, 1984.

CASTELLANI, L.F. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. São Paulo: Papirus, 1988.

CAMPO GRANDE. Diário Oficial de Campo Grande – MS, registro n 26.965, livro A-48, protocolo n 244.286, livro A-10. 2007. MS

CAMPO GRANDE M/S – Secretaria Municipal de Assistência Social. Proposta educativa. Prefeitura municipal de Campo Grande, 2007. MS

CASTRO, P. C. Vivendo e convivendo com valores. Revista do professor, v. 3, n. 92, p. 11 e 12, 2007.

CÔRREA, I. L. S.; MORO, R. L. Educação Física escolar- reflexão e ação curricular. Rio Grande do Sul: Unijuí, 2004.

GALLARDO, J. S. P.; OLIVEIRA, A. A. B.; ARAVENA, C. J. O. Didática da educação física – a criança em movimento. São Paulo: FTD S.A., 1998.

GROSSO, D. F. Educação Física, para dentro e para além do movimento. Rio Grande do Sul: Mediação, 1999.

KUNZ, E. Educação Física: ensino e mudança. Rio Grande do Sul: Unijui, 2004.

LARENTS, I. Educação física nas séries iniciais do ensino fundamental. Universidade Caxias do Sul, 2006. Disponível em http://www.unimes.br/aulas/FEFIS/Aulas2006/3ano/Estrutura-e-Funcionamento-do-Ensino. Acesso em 13/05/2008.

LINCZUK, E. L. Pedagogia e Educação Física. FFCHLA – Curso de Pedagogia e pós graduação em educação, Mestrado em educação. Universidade Tuiuti do Paraná, 1997. Disponível em http://www.utp.br/mestradoemeducação/pubonline/edson15art.htm1. Acesso em 09/04/2008.

MATO GROSSO DO SUL. Abc da proteção social básica – a família e o território como referências. v. 2, 2006.

MATTOS, M. G.; NEIRA, M. G. Construindo o movimento na escola. São Paulo: Phorte, 2004.

MATTOS, M. G.; NEIRA, M. G. Educação física infantil: inter- relações movimento - leitura – escrita. São Paulo: Phorte, 2002.

MIRANDA, N. Organização das atividades da recreação. Belo Horizonte: Itatiaia, 1984.

MEDINA, J. P. S. Educação física cuida do corpo e mente. São Paulo: Papirus, 2004.

MELLO, A. M. Psicomotricidade, educação física jogos infantis. 6 ed. São Paulo: 1989.

OLIVEIRA, V. M. O que é educação física. São Paulo: Brasiliense, 2004.

RIGO, L. C; CHAGAS, E. P. Educação Física escola e reprodução social. Revista brasileira de ciências do esporte. v 11. n 3. 1990.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. São Paulo: Cortez, 1991.

STRAMANN, R. H. Pedagogia sobre o ensino da educação física. Rio Grande do Sul: Unijui, 2003.

SOARES, C. L. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992.

Outros artigos em Portugués

	Búsqueda personalizada
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 152 \| Buenos Aires, Enero de 2011 © 1997-2011 Derechos reservados