Comparação da antropometria e índice do nado crawl em velocidade de crianças e adolescentes Comparación de la antropometría y del índice de nado crol en velocidad de niños y adolescentes Comparison of anthropometric and the stroke index of front crawl in velocity of children and teenagers |
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*Mestrando em desempenho humano do Programa de Pós Graduação em Educação Física UPE/UFPB **Aluno do Programa de Pós Graduação Latu Senso em Exercício Físico Aplicado a Grupos Especiais. Universidade Potiguar, UNP ***Professora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN ****Professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN Aluno do Curso de Doutoramento em Ciências do Desporto da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro, UTAD, Portugal |
José Alfredo Dias Pinto Júnior* Nailton José Brandão de Albuquerque Filho** Maria Irany Knackfuss*** Adalberto Veronese da Costa**** (Brasil) |
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Resumo Este estudo objetiva comparar as características antropométricas e o índice do nado crawl em velocidade de 44 nadadores do sexo masculino, entre 9 a 14 anos de idade, residentes em João Pessoa, filiados à Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), divididos nas seguintes categorias: Mirim (n=16), Petiz (n= 17) e Infantil (n=11). As variáveis antropométricas avaliadas foram: massa corporal total, estatura, envergadura e percentual de gordura. O nado crawl em velocidade foi avaliado através dos ciclos de braçada, velocidade média, comprimento do ciclo de braçadas, procurando, desta forma, estabelecer o índice de nado. Os dados foram apresentados pela média e desvio-padrão e pelo teste ANOVA–One Way, seguido pelo Post-Hoc de Scheffé. Os resultados apresentaram diferenças significativas nas variáveis analisadas (p≤0,05), exceto para o índice de nado e suas variáveis. Conclui-se que as características antropométricas influenciaram nos resultados do índice do nado crawl em velocidade à medida que o menor percentual de gordura com uma maior envergadura possibilita melhorias na eficiência do nadador. Unitermos: Composição corporal. Aptidão física. Natação.
Abstract The aim of this study was to compare anthropometric characteristics and the stroke index of front crawl in velocity of 44 male swimmers from 9 to 14 years of age, residents in the city of João Pessoa, associated to Brazilian Aquatic Sports Confederation(CBDA), divided into the following categories: Mirim (n=16), Petiz (n= 17) and Infantil (n=11). The anthropometric variables assessed were: total body mass, stature, arm span and body fat percentage. The front crawl in velocity was assessed through mathematic models that involved the stroke rate, mean swimming velocity, stroke length, trying to determinate the mean stroke index. Data were presented as mean and standard deviation and by ANOVA–One Way test followed by Post-Hoc test of Scheffé. Results presented significative differences between the analyzed variables (p≤0,05), except for the mean stroke index and its variables. It was concluded that anthropometric characteristics have influenced the results of the index to crawl in speed as the lowest percentage of body fat with a larger arm enables improvements in the efficiency of the swimmer. Keywords: Body composition. Physical fitness. Swimming.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A prática desportiva e os efeitos do treinamento em crianças e adolescentes têm sido objeto de análise da educação física (Barros & De Rose, 2006; Prestes et al, 2006; Colantonio, 2007; Salselas & Márques, 2009). Tendo como princípio o respeito à individualidade biológica, os treinamentos deverão ser cada vez mais específicos às características do jovem atleta, evitando exageros nas cargas propostas, por se encontrar em processo de desenvolvimento.
Diante da preocupação com a execução do nado em situações de altas intensidades, tem-se discutido alternativas para avaliar o nível de coordenação de nadadores, buscando melhorias no desempenho do nado, dentre elas a identificação da técnica do nado através de parâmetros cinemáticos e, em especial para este estudo, padrões matemáticos (Perandini, Okuno & Kokubun, 2006; Silva et al, 2006).
As equações matemáticas são métodos de fácil obtenção dos resultados nas sessões de treinos e durante as competições, bem como possui baixo custo financeiro (Vasconcelos et al, 2007). Equações envolvendo a velocidade média do nado (VM), comprimento de braçadas por ciclo (CCIC), número de ciclos de braçada (NCIC), que levam ao índice de nado (IN), associadas às características antropométricas, são recursos imprescindíveis na identificação da eficiência do nadador (Franken, Carpes, Diefenthaeler & Castro, 2008).
Embora não sejam comuns esses tipos de equações com jovens atletas, sabe-se que, aliadas à antropometria, viabilizam resultados associados à estrutura corporal do nadador com a sua execução do nado (Corazza, Pereira, Villis & Katzer, 2006; Barbosa et al, 2009; Lätt et al, 2009). Porém, os estudos existentes associam estas variáveis com a aprendizagem dos nados ou quanto à eficácia da performance do atleta na sua maturidade (Pérez, Vásquez, Landaeta-Jiménez, Ramírez & Macías-Tomei, 2006; Jürimäe et al, 2007). A preocupação deste estudo volta-se para a eficiência do nado de jovens nadadores buscando a economia do gesto natatório e consequentemente a melhoria da performance.
Portanto, este estudo objetiva comparar as características antropométricas e o índice de nado crawl em velocidade, de crianças e adolescentes, conforme as categorias da natação brasileira.
Metodologia
Esta pesquisa desenvolvimental se apresenta como descritiva comparativa, de coorte transversal, por preocupar-se com as mudanças no comportamento de crianças e adolescentes conforme suas faixas etárias (Gil, 2007; Thomas, Nelson & Silverman, 2007).
Amostra
A amostra foi composta por 44 nadadores do sexo masculino entre nove e 14 anos de idade, residentes na cidade de João Pessoa situada na Paraíba no nordeste do Brasil, filiados à Federação de Esportes Aquáticos da Paraíba (FEAP) e à Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), divididos conforme as categorias da natação no ano de 2006: Mirim (nascidos em 1997 e 1996, n=16), Petiz (nascidos em 1995 e 1994, n= 17) e Infantil (nascidos em 1993 e 1992, n=11). Fizeram parte do estudo, nadadores com treinos entre cinco a seis vezes por semana e duração entre uma hora e meia a duas horas e meia por dia, que tenham participado no mínimo de eventos na região nordeste do Brasil. Foi levada em consideração para determinação da idade cronológica a diferença entre o mês e ano da avaliação com o mês e o ano de nascimento. Todos os responsáveis pelos jovens atletas foram informados dos riscos e benefícios do estudo e convidados a assinar um termo de consentimento livre e esclarecido.
As avaliações seguiram com rigorosidade os critérios de autenticidade científica, em conformidade com a resolução nº196/96, do Conselho Nacional de Saúde, onde foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba – Brasil, parecer 189/05 - CONEP/CCS/UFPB.
Instrumentos e procedimentos
As variáveis antropométricas coletadas foram: MCT - Massa Corporal Total (balança digital marca Welmy W-200 com acuidade de 100g), estatura (estadiômetro marca Sanny com precisão da escala de 0,1cm), envergadura (Trena Sanny - acuidade de 0,1cm em 1m), e para o percentual de gordura (%G) as dobras triciptal e subescapular (plicômetro científico Sanny - acuidade de 0,1mm), através do protocolo de Slaugther (Guedes & Guedes, 2006). Para se estabelecer o índice de nado foi realizado o teste de 15 metros nado crawl em velocidade (Lemaître et al, 2009). Após um aquecimento entre 100 e 200 metros, o teste foi executado com um tiro de 25 metros em máxima velocidade, eliminando-se os cinco metros iniciais e finais, evitando-se qualquer tipo de vantagem quanto à impulsão na borda, durante a saída e alongamento na chegada. Durante o teste, foram registrados o tempo e o número dos ciclos de braçadas, papel este desempenhado por dois treinadores experientes, onde o primeiro registrou o tempo em cronômetro digital (marca Synchrosport 930 – precisão em centésimos de segundos) e o seguinte a contagem do número de braçadas. A referência para contagem foram as demarcações na borda da piscina na mesma linha da barra que apóia as bandeirolas. Uma nova repetição foi permitida, no caso de falha por parte do nadador ou do avaliador, quando o nadador aparentava-se descansado para uma nova execução. Em seguida, utilizaram-se as seguintes equações (Silva et al, 2006):
Velocidade: VM = D/T onde:
(VM) = Velocidade média de nado; (D) = Distância e (T) = Tempo de execução. A escala de medida é dada em metros por segundo (m/s).
Comprimento do ciclo de braçada: CCIC = D/ NCIC
(CCIC) = Comprimento do ciclo de braçada; (D) = Distância percorrida e (NCIC) = número de ciclos executados. Cada ciclo correspondeu a duas braçadas e a escala de medida foi apresentada em metros por ciclo (m/cic).
Em seguida, calculou-se o Índice de Nado (IN) obtido pelo produto do CCIC e VM.
Índice de Nado: IN = CCIC x VM
Os dados foram coletados no momento em que os nadadores se encontraram no máximo da sua performance, período este próximo das suas principais competições (Castro, Guimarães, Moré, Lammerhirt & Marques, 2005; Platonov, 2005; Zamparo et al, 2008; Bishop, Smith, Smith & Rigby, 2009).
Tratamento estatístico
Os dados foram apresentados pela média ± desvio-padrão. Utilizou-se primeiramente na estatística o teste de Shapiro-Wilk, que confirmou a normalidade dos dados. Em seguida, optou-se pelo teste de análise de variância (ANOVA – One Way) seguido do teste Post-Hoc de Scheffé, para a identificação das possíveis diferenças existentes. O estudo admitiu o valor de p≤0,05 para a significância estatística. Para o tratamento dos dados foi utilizado o pacote estatístico SPSS, versão 14.0 do Laboratório de Atividade Física e Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Resultados
Os dados apresentaram um nível de significância de p≤0,05 para as variáveis antropométricas, ao contrário da eficiência do nado crawl que não mostraram diferenças entre as categorias estudadas.
A Tabela 1 destaca as características antropométricas dos jovens nadadores:
Tabela 1. Dados representativos das variáveis antropométricas de jovens nadadores do sexo masculino de João Pessoa – Paraíba.
Diferenças significativas (p≤0,05): a= entre todas as categorias; b= entre as categorias Mirim e Infantil;
c= entre as categorias Petiz e Infantil; d= entre as categorias Mirim e Petiz. DP = desvio padrão.
Através da ANOVA one-way observou-se na idade (F=144,891; p=0,000), Massa Corporal Total - MCT (F=4,203; p=0,022), estatura (F=12,687; p=0,000), envergadura (F=16,193 p=0,000) e %G (F=11,657; p=0,000).
Quanto a Tabela 2, se refere às variáveis pertinentes à eficiência do nado:
Tabela 2. Dados representativos das variáveis da eficiência do nado crawl em velocidade para
a obtenção do índice de nado de jovens nadadores do sexo masculino de João Pessoa – Paraíba.
* Não houve diferença significativa entre as categorias (p>0,05); DP = desvio padrão.
Observa-se para o NCIC (F=0,433; p=0,651), VM (F=0,308; p=0,736), CCIC (F=0,221; p=0,803), IN (F=1,674; p=0,202).
Discussão. Conclusões
Os dados confirmam que a eficiência do nado em velocidade sofre mudanças entre as categorias da natação nas variáveis antropométricas (Marek & Tyka, 2009), até que se concretize o amadurecimento biológico.
Quanto as medidas antropométricas de nadadores, Prestes et al (2006) observou nas categoria Infantil, Juvenil e Júnior, diferenças significativas quanto à massa corporal total, estatura e envergadura. Os dados obtidos neste estudo com nadadores do nordeste do país nas categorias avaliadas, em condições iguais à do sudeste, também confirmam este fato. Porém, estas variáveis poderão sofrer modificações conforme a região realizada (Silva, Silva Júnior & Oliveira, 2005). Neste caso, estas mudanças em nadadores do nordeste brasileiro provavelmente são reflexos das modificações na estrutura corporal em decorrência do período maturacional que se encontram; confirmados por Costa et al (2006) e Bruch et al (2007) ao enfatizarem que o desempenho tem ligação com a maturação na infância e na adolescência pela idade cronológica e tamanho corporal.
Para Costa et al (2006), ao avaliarem jovens nadadores conforme os estágios da maturação sexual, observaram, mesmo em estágios diferentes, a envergadura foi maior que a estatura. Esses resultados foram semelhantes no presente estudo mesmo analisando os nadadores pelas categorias que são classificadas pelo ano de nascimento, levando em conta que quanto mais próximo o nadador estiver do seu amadurecimento biológico, maior será a diferença entre estas variáveis. No caso da distância da prova do nadador, Castro, Guimarães, Moré, Lammerhirt & Marques (2005) mostraram que nadadores velocistas, fundistas e triatletas de alto nível também possuem esta diferença entre envergadura maior que a estatura. Bompa (2002) enfatiza que em outras modalidades como: remo, basquete, vôlei, luta grego-romana além da natação, a presença de braços compridos concretiza uma característica do alto rendimento, independente da distância nadada ou modalidade esportiva, em especial para os esportes que exijam uma maior utilização dos membros superiores.
Ao comparar as categoriais estudadas no %G e na massa corporal total, observou-se que o aumento da massa corporal total e o baixo %G influenciou na melhoria do índice de nado (Prestes et al, 2006). Pode-se constatar que este fato ocorreu com a categoria Petiz, confirmando assim que a força muscular contribui no desempenho de atletas em provas de velocidade, independente da categoria. O treinamento de força deverá ser o mais especifico possível quanto maior for o nível do nadador, diminuindo o risco de lesões conforme a intensidade do treino. O mesmo é afirmado quando comparam nadadores pré-puberes e púberes, demonstrando o aumento da força conforme o desenvolvimento desses jovens nadadores. (Schneider, Henkin & Meyer, 2006).
Quanto à melhoria do índice do nado crawl em velocidade, observou-se nas categorias que apresentaram um menor NCIC e uma maior VM. Este fato requer atenção do nadador quanto à mecânica do nado, pois dependerá de ajustes no aumento da intensidade do gesto (Palayo, Alberty, Sidney, Potdevin & Dekerle, 2007; Takahashi, Wakayoshi, Hayashi, Sakaguchi & Kitagaw, 2009). Para Machado, Bonfim e Costa (2009) e Vitor, Uezu, Silva e Bõhme (2008), crianças e adolescentes com faixas etárias semelhantes, mesmo com o aumento da estatura e da massa corporal total, não sofrem diferenças significativas no desempenho motor. Isto é confirmado na eficiência do nado em velocidade, quando as categorias: Mirim, Petiz e Infantil não sofreram diferenças significativas.
O presente estudo aponta como limitações a impossibilidade de avaliar a idade óssea dos nadadores, permitindo a obtenção de valores mais precisos quanto à faixa etária, como também detalhes da técnica do nado crawl em velocidade, mesmo considerando que as repetições das braçadas e duração da execução em determinado tempo na natação condicionam a verificação do desempenho do nadador (Costa et al, 2006).
Assim, a intensidade dos exercícios deverá ser cuidadosamente programada, observando as características individuais do jovem nadador quanto ao seu desenvolvimento, independente da categoria ou calendário esportivo (Silva, Teixeira & Goldberg, 2003, Graef & Kruel, 2006), para que a criança ou adolescente esteja isento de possíveis prejuízos no que diz respeito aos treinamentos destas categorias formadoras de nadadores.
Conclui-se que as características antropométricas influenciam nos resultados do índice do nado crawl em velocidade entre as categorias da natação estudadas à medida que o menor percentual de gordura com uma maior envergadura possibilitou melhorias na eficiência do nadador.
Sugere-se estudos com o índice de nado em velocidade envolvendo os estágios maturacionais, para um melhor entendimento do processo de desenvolvimento de jovens nadadores.
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