Análise da relação entre a classificação funcional e a composição corporal de atletas de handebol em cadeira de rodas (HCR) Análisis de la relación entre la clasificación funcional y la composición corporal de los jugadores de handball en silla de ruedas |
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*Mestre em Actividade Física Adaptada Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Portugal **Profª. Drª. Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, RS, Brasil ***Especializando Universidade Gama Filho, Brasil ****Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em Desporto (CIFI2D) – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Portugal (Brasil) |
Vinícius Denardin Cardoso* Luciana Erina Palma** Rodrigo Sudatti Delevatti*** Tânia Cristina Lima Bastos**** Rui Manuel Nunes Corredeira**** |
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Resumo A classificação funcional surgiu no desporto adaptado com o objetivo de assegurar a legítima participação de atletas com deficiências. A Composição corporal apresenta estreita relação com o rendimento desportivo dos atletas. O objetivo deste estudo foi de analisar a relação da classificação funcional com a composição corporal de atletas de Handebol em cadeira de rodas (HCR). Foram mensuradas três (3) dobras cutâneas: triciptal (TR), supra-ilíaca (SI) e abdominal (AB), conforme protocolo descrito por Guedes (1994) e para a estimativa da gordura corporal relativa (% gordura), utilizou-se a equação de Siri (1961): Percentual de Gordura (%G) = (4.95/Dens – 4.50)100. Para o tratamento dos dados foi utilizado SPSS 18.0, utilizando estatística descritiva em termos de médias e desvios padrões de todas as variáveis investigadas, com nível de significância de p<0,05. Conclui-se que não foram encontradas correlações estatisticamente significativas entre a classificação funcional com a composição corporal. Isso indica que a classificação funcional não sofreu influência do percentual de gordura dos atletas investigados. Unitermos: Classificação funcional. Composição corporal. Handebol em cadeira de rodas. Desporto adaptado.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Especialmente nas duas últimas décadas, desporto adaptado tem passado por grandes processos de mudança com relação ao seu enfoque e à tecnologia empregada. Mais do que terapia, a prática desportiva por atletas com deficiência busca o alto rendimento e esta realidade tem sido foco de atenção de pesquisadores na área do desporto. (Gorgatti, et al., 2008)
Os estudos do desporto adaptado buscam contribuir para o aprimoramento das capacidades sociais, cognitivas e motoras de pessoas com deficiências inseridas no desporto, contribuindo para a valorização das potencialidades e capacidades. Esses estudos também buscam oferecer alternativas para o melhor rendimento durante a competição.
Com isso a classificação funcional surgiu no desporto adaptado com o objetivo de assegurar a legítima participação de atletas com deficiências, independente da natureza e o grau da deficiência. Castellano & Araújo (2008)
Visando organizar os atletas em classes para que possam competir em condições de paridade funcional, o método consiste em uma categorização, cada atleta recebe em função de seu volume de ação, ou seja, de sua capacidade de realizar movimentos, colocando em evidência a potencialidade motora dos resíduos musculares da seqüela de algum tipo de deficiência. Strohkendl (1996, 2001); Mattos (1998); Sherril (1999); Vanlandewijck et al. (2001, 2003); Winnick (2004)
Conceitualmente, a classificação utilizada na prática do desporto adaptado constitui-se em um fator de nivelamento entre os aspectos da capacidade física e competitiva, colocando as deficiências semelhantes em um grupo determinado. (Freitas, 2005)
A composição corporal é a proporção entre os diferentes componentes corporais e a massa corporal total, sendo normalmente expressa pelas percentagens de gordura e de massa magra. Nieman citado por Costa (1999).
O estudo da composição corporal se tornou uma prática regular e popular para muitos médicos, treinadores e profissionais relacionados com a saúde. A evidência suporta a idéia que estar com excesso de peso (excesso de massa gorda) se encontra relacionada com lesões, não aderência ao treino físico, performance desportiva reduzida e variados problemas de saúde. (Cureton et al., 1978)
Morrow Jr. (2003) relata que a medida da composição corporal consiste em estimar o percentual de gordura da pessoa, o que requer que a densidade do seu corpo seja determinada.
A obtenção da Composição corporal se torna de grande importância para os profissionais de Educação Física, visto que as diferentes componentes corporais, como gordura e massa muscular, apresentam estreita relação com a aptidão física dos indivíduos, tanto relacionado a saúde quanto ao desempenho desportivo.
Dessa forma o objetivo do estudo é analisar a relação da composição corporal com a classificação funcional de atletas de Handebol em cadeira de rodas (HCR).
Materiais e métodos
Amostra
A amostra foi compreendida por 6 atletas com deficiência física da Equipe de Handebol em cadeira de rodas (HCR) “Força sobre Rodas” da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) – Rio Grande do Sul, Brasil, do genêro masculino, com idades compreedidas entre os 20 e os 33 anos (média±desvio-padrão = 26.67±5.05).
Quadro 1. Caracterização da amostra
Atleta |
Idade |
Deficiência |
Classificação funcional |
I |
32 |
Lesão Medular – T12 |
2.0 |
II |
23 |
Má formação congênita |
3.0 |
III |
20 |
Lesão Raquimedular |
1.5 |
IV |
26 |
Espinha Bifída |
2.5 |
V |
33 |
Lesão Medular – T9 |
2.0 |
VI |
26 |
Amputação membros inferiores |
4.0 |
Instrumentos e procedimentos
Foram mensuradas três (3) dobras cutâneas: triciptal (TR), supra-ilíaca (SI) e abdominal (AB), conforme protocolo descrito por Guedes (1994), para a mensuração foi utilizado um compasso científico da marca CescorfTM com resolução de 0,1 mm. Para a estimativa da gordura corporal relativa (% gordura), utilizou-se a equação de Siri (1961): Percentual de Gordura (%G) = (4.95/Dens – 4.50)100. As medidas foram realizadas no hemicorpo direito dos avaliados por um profissional de Educação Física com experiência de aproximadamente quatro anos em avaliações.
Para o tratamento dos dados foi utilizada o Programa Estatísitico SPSS 18.0 para Windows, utilizando estatística descritiva em termos de médias e desvios padrões de todas as variáveis investigadas, com nível de significância de p<0,05.
Resultados
A quadro 2 apresenta as características descritivas da amostra quanto a espessura das dobras cutâneas.
Quadro 2. Caracterização das dobras cutâneas e o %G
Atleta
|
Triciptal |
Suprailíaca |
Abdominal |
%G |
1 |
6,5 |
5,2 |
11,4 |
8,38 |
2 |
7 |
21,8 |
32,3 |
20,72 |
3 |
8,6 |
13,7 |
23,8 |
17,08 |
4 |
16,6 |
21,9 |
43,6 |
24,62 |
5 |
8,4 |
24 |
40,9 |
23,11 |
6 |
11 |
18,8 |
19,3 |
17,90 |
Média |
8,5 |
20,3 |
28,0 |
18,63 |
Desvio padrão |
3,7 |
7,0 |
12,6 |
5,80 |
A quadro 3 apresenta a correlação da classificação funcional com a composição corporal da amostra investigada.
Quadro 3. Correlação entre Classificação Funcional e percentual de gordura
Variáveis |
Correlação |
Classificação Funcional x %G |
0,17 |
* Indica correlação significativa para p ≤ 0,05.
Discussão e conclusão
A análise dos dados apresentados no quadro 2, o percentual de gordura corporal dos atletas investigados, esta média (18,6%± 5,8) encontra-se abaixo de alguns resultados encontrados na literatura, sendo considerada acima do recomendado para o sexo masculino de pessoas sem deficiência. Segundo valores estimativos para gordura corporal, o nível recomendado para homens é de 15%. (Heyward; Stolarczyk, 2000)
Podemos perceber após a leitura do quadro 3, que não foram encontradas correlações estatisticamente significativas entre a classificação funcional com a composição corporal. Isso indica que a classificação funcional não sofreu influência do percentual de gordura dos atletas.
A classificação funcional no desporto adaptado visa organizar os atletas em classes para que possam competir em condições de paridade funcional, conseqüentemente a competição torna-se mais justa, dessa forma, permite que atletas com maiores comprometimentos físicos tenham oportunidade de participar de competições, assim como atletas que apresentam um menor grau de comprometimento.
Dessa forma conclui-se que a classificação funcional recebida por cada atleta com deficiência física desta investigação não sofreu interferência do percentual de gordura dos mesmos.
Referências bibliográficas
Cardoso, V. D. (2010). Avaliação da Composição Corporal e da Aptidão Física relacionada ao desempenho de atletas de Handebol em Cadeira de Rodas. . Dissertação de Mestrado. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Portugal.
Castellano, M. L., & Araújo, P. F. (2008). Avaliação a partir do volume de jogo para determinar a classificação em basquete sobre rodas. In J. I. Gorla (Ed.), Educação Física Adaptada: o passo a passo da avaliação. São Paulo - SP: Phorte Editora.
Costa, R. F. (1999) Avaliação da composição corporal. São Paulo: fga multimídia, CD-ROM.
Cureton, K. J., Sparling, P. B., Evans, B. W., Johnson, S. M., Kong, U. D., Purvis, J. W. (1978) Effect of experimental alterations in excess weight on anaerobic capacity and distance running performance. Med. And Sci. Sports.10, 194-199.
Freitas, P. S. (2005). Fundamentos Básicos da Classificação Funcional do Esporte para Deficientes Físicos. Revista da Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada 10(1), 22-25.
Gorgatti, M. G., Serassuelo, H., Santos, S. S., Nascimento, M. B., Oliveira, S. R. S., & Simões, A. C. (2008). Tendência competitiva no esporte adaptado. Arquivos Sanny de Pesquisa em Saúde, 1(1), 2.
Gorla, J. I., Araújo, P. F., Calegari, D. R., Carminato, R. A., & Costa e Silva, A. A. (2007). A composição corporal em indivíduos com lesão medular praticantes de basquetebol em cadeira de rodas Arquivos Ciências da Saúde da Unipar 11 jan/abr(1), 39-44.
Guedes, D. P. (1994). Composição corporal: princípios técnicas e aplicações. (2 ed.). Londrina: APEF.
Heyward, V. H., & Stolarczyk, L. M. (2000). Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo - SP: Manole.
Mattos, E. (1998). Introdução à classificação funcional. Revista da Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada, 4(4), 11-13.
Morrow Jr., J.R. (2003) Medida e Avaliação do Desempenho Humano. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed.
Sherril, C. (1999). Disability sport and classification theory: A new era. Adapted Physical Activity Quarterly, 16(3), 206-215.
Siri, W. E. (1961). Body Composition from fluid spaces and density: analisys of methods. In J. Brozek & A. Henschel (Eds.), Techniques for measuring body composition. Washington: National Academy of Science (pp. 223-224). Washington, D.C.: Natl Acad Sciences/Natl Res Council.
Strohkendel, H. (2001). Implications of sports classification systems for persons with disabilities and consequences for science and research. In G. Doll-Tepper, M. Kroner & W. Sonnenschein (Eds.), Vista ’99 – New Horizons in Sport for Athletes with a Disability: Proceedings of the International Conference (pp. 281-301). Koln, Germany: Meyer & Meyer Sport.
Strohkendl, H. (Ed.). (1996). The 50th Anniversary of wheelchair basketball. New York: Waxmann.
Vanlandewijck, Y. C., Evaggelinou, C., Daly, D., Houtte, S. V., Verellen, J., Aspeslagh, V., et al. (2003). Proportionality in wheelchair basketball classification. Adapted Physical Activity Quarterly, 20(4), 369-380.
Vanlandewijck, Y. C., Theisen, D. M., & Daly, D. J. (2001). Field test evaluation of aerobic, anaerobic and wheelchair basketball skills performances International Journal of Sports Medicine, 20, 548-554.
Winnick, J. P. (2004). Educação Física e Esportes Adaptados (3 ed.). Barueri - SP: Manole.
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