A relação entre exercício físico e o índice de massa  corporal em crianças obesas e não-obesas de uma escola pública La relación entre el ejercicio físico y el índice de masa corporal en niños obesos y no obesos de una escuela pública
	*Acadêmica do Curso de Educação Física Universidade Estadual de Goiás (UEG) Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia (ESEFFEGO) **Doutora em Ciências Biológicas pela UFMG Professora Adjunta da Universidade Estadual de Goiás (UEG)	Kelly Silva Diniz* Lílian Fernanda Pacheco** lilianx@hotmail.com (Brasil)
	Resumo           O presente estudo teve como objetivo avaliar, a partir do Índice de Massa Corporal (IMC), o efeito do exercício físico praticado na escola e das diversas atividades físicas sobre o sobrepeso/obesidade em crianças. A pesquisa foi realizada em uma escola da rede pública de ensino na cidade de Goiânia (GO) e a amostra foi composta por 18 alunos do sexo masculino, com idade entre 10 e 11 anos. Este estudo de caráter quantitativo teve como critério de investigação o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e aplicação de um questionário que versava sobre o nível de exercícios e atividades físicas, bem como aspectos relacionados à alimentação. Um dos aspectos avaliados foi a intensidade dos exercícios, quanto a esse aspecto, os resultados revelaram que, curiosamente, grande parte dos alunos (63,6%) que praticavam algum tipo de exercício físico intenso estavam com o IMC acima do normal. Dos que praticavam algum tipo de exercício físico com intensidade leve 57,1% estavam com IMC dentro da normalidade e os 42,9% restantes estavam com sobrepeso ou obesidade. Quanto à alimentação, 94% dos alunos consomem alimentos com alto teor calórico o que pode estar contribuindo para o alto índice de sobrepeso e obesidade, além disso, estes alunos consomem baixas quantidades de alimentos como verduras, legumes e frutas, ou seja, alimentos que são considerados saudáveis. Com isso pode-se concluir que, existe uma relação entre o nível de exercícios e atividades físicas com o IMC, mas nesse caso o IMC na grande maioria estava acima do normal, o que mostra que além do exercício físico fatores como a alimentação também influenciam no excesso de peso.           Unitermos: Obesidade infantil. Exercício físico. IMC.   Abstract           This study aimed to evaluate, from the Body Mass Index (BMI), the effect of physical exercise and physical activity on overweight/obesity in children. The survey was conducted in a public school education in the city of Goiânia (GO) and the sample consisted of 18 male students, aged between 10 and 11 years, the sixth grade of elementary school. This study was a quantitative criterion of research calculating the Body Mass Index (BMI) and application of a questionnaire that was about the level of exercise and physical activities as well as aspects related to food. One of the aspects evaluated was the intensity of the exercises in this respect, the results revealed that, interestingly, most students (63.6%) who practiced some form of strenuous exercise were correlated with BMI above normal. Of those who practice any type of exercise with low intensity were 57.1% with BMI within the normal and the remaining 42.9% were overweight or obese. As for food, 94% of students consume foods with high calorie content that may be contributing to the high rate of overweight and obesity also can observe low values in the consumption of foods like vegetables and fruits, ie , foods that are considered healthier. Thus we can conclude that there is a relationship between the level of exercise and physical activity with BMI, but in this case the BMI in the vast majority were above normal, which shows that besides the physical exercise factors such as food also influence in overweight.           Keywords: Childhood obesity. Exercise. BMI.
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O sobrepeso e a obesidade estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas, independendo da sua condição econômica ou de sua idade. Segundo Barbosa (2009) a obesidade pode surgir devido a fatores internos ou genéticos e a fatores externos, ou seja, aqueles ligados diretamente ao ambiente e ao estilo de vida das pessoas, como por exemplo, a alimentação e a prática de exercícios físicos ou atividades físicas.

    As principais formas de se prevenir o sobrepeso e a obesidade infantil são através da prática de exercícios físicos e uma dieta alimentar nutricionalmente equilibrada. Crianças que são mais ativas e se alimentam de forma correta certamente não apresentam sobrepeso, já aquelas sedentárias, que não se alimentam corretamente e que não praticam nenhum tipo de exercício físico, provavelmente terão excesso de peso.

    Uma das formas de se identificar o sobrepeso e a obesidade é através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), onde se divide a massa corporal pelo quadrado da altura (IMC = massa/altura²) (VIUNISKI, 2000). Em 2000 o CDC (Center for Disease and Control and Prevention) americano apresentou uma versão adaptada do National Center for Health Statistics (NCHS) das curvas de crescimento, introduzindo a possibilidade de utilização IMC para a idade. Assim, para crianças com idade entre 10 e 11, os valores máximos, considerados normais para o IMC estão entre 18,9 e 19,56 e o percentil igual a 75 anos. Já os valores de IMC entre 19,56 e 21,98 e percentil entre 85 e 90 caracterizam sobrepeso e obesas são as crianças que apresentam IMC acima de 22,06 e percentil acima de 95.

    Para pessoas adultas o IMC é bem significativo, mas quando se trata de crianças é preciso levar em consideração a faixa etária (BORBA, 2006). Atualmente a Organização Mundial da saúde (2002) tem recomendado o uso do IMC relacionando-o com a idade para poder identificar o sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes. Apesar de muito criticado, a utilização do IMC ainda é o recurso mais utilizado, não só por sua fácil execução, mas também por ser aceito pela comunidade científica (VIUNISKI, 2000).

    Fatores ambientais referentes ao estilo de vida, como por exemplo, a inatividade, o sedentarismo e a alimentação inadequada quando associados ou ainda isolados tornam-se os principais causadores do excesso de peso na infância (SANTOS et al, 2007). O Ministério da Saúde em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que 16,7% das crianças e adolescentes estão acima do peso (BALABAN e SILVA, 2001).

    Neste sentido, a prevenção, o tratamento e o controle da obesidade têm sido os maiores desafios de pesquisadores e profissionais da área da saúde, uma vez que o acúmulo de gordura corporal está associado às diversas doenças (SANTOS et al., 2007).

    As conseqüências tanto de excesso de peso como de baixo peso são preocupantes (COSTA, 2008), por isso é necessário que a criança viva em um ambiente saudável onde esta possa ter uma alimentação balanceada e oportunidade de praticar algum tipo de exercício físico. Nesse processo de prevenção e controle da obesidade infantil a família tem um papel fundamental. Viuniski (2000) evidencia que o padrão de comportamento familiar irá determinar as preferências de lazer, grau de exercícios e atividades físicas e mecanismos de apetite e saciedade, aspectos que as crianças vão carregar pela vida afora.

    A escola também exerce um papel importante no processo de prevenção do excesso de peso, por se tratar de um espaço onde a criança passa boa parte do seu dia e também ser um ambiente de educação e informação, além das aulas de Educação Física que também contribuem para o controle do peso das crianças e adolescentes promovendo a saúde entre eles. Santos et al. (2007) salientam que as aulas de Educação Física podem exercer uma função que vai além das quadras, piscinas ou ginásios, o professor pode conscientizar o seu aluno sobre a importância da prática regular de exercícios e atividades físicas para a prevenção de doenças como a obesidade, bem como para proporcionar prazer, bem-estar, motivação e autoconfiança.

    Assim, as medidas para diminuir, ou pelo menos evitar aumentos ainda maiores na prevalência da obesidade, são relativamente simples de realização, como a diminuição do consumo calórico com refeições mais saudáveis e, aumento do gasto energético com prática regular de atividades físicas. São medidas de prevenção e terapia com custo insignificante, mas que dependem da conscientização e ação de cada indivíduo, ou dos pais, no caso de influenciar positivamente o comportamento das crianças (SANTOS et al., 2007).

    Portanto, ao se prevenir a obesidade pretende-se prevenir várias outras doenças que a ela se correlacionam e desse modo fornecer condições favoráveis à melhora na qualidade de vida e na autoestima destas crianças contribuindo para a formação de adultos saudáveis, conscientes e felizes.

Material e métodos

Participantes

    Essa pesquisa de campo de caráter quantitativo foi desenvolvida no Instituto de Educação de Goiás (IEG), localizada na cidade de Goiânia-GO, Brasil. A pesquisa foi realizada com 18 crianças seguindo os seguintes critérios de inclusão, ser do sexo masculino, ter idade entre 10 e 11 anos incompletos, estar matriculado no 6º ano do Ensino Fundamental e estar freqüentando as aulas na Instituição.

Procedimentos

    A pesquisa teve duração de duas semanas. Na primeira semana foi realizada uma visita na Instituição, onde foram apresentados aos alunos todos os procedimentos e objetivos do trabalho, bem como os critérios para participação. Em seguida foram entregues dois Termos de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) para cada aluno. Uma cópia ficou com o responsável e a outra o aluno trouxe assinado pelo responsável para confirmar a sua participação na pesquisa. Aos alunos que participarão da pesquisa foi garantido o total sigilo de sua identidade conforme a orientação da Resolução CNS N. 196/96 (BRASIL, 1996) e também foi assegurada a desistência de participar da pesquisa no momento em que desejar, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo. Os resultados coletados serão arquivados por cinco anos e, após esse período, incinerados.

    Após a confirmação de sua participação os alunos receberam um questionário adaptado por Silva (2009) que constava de seis questões objetivas relacionadas ao nível de exercícios e atividades físicas, como também alguns aspectos da dieta alimentar. Eles tiveram a permissão de levar o documento para responderem em casa, caso precisassem da ajuda de um adulto. Os alunos tiveram três dias para entregar o questionário respondido. Após o recebimento dos questionários, foi realizada, durante o horário da aula de Educação Física, uma coleta de dados com medidas antropométricas (peso e estatura), que foram armazenados em uma tabela para a realização do cálculo do IMC. A coleta foi realizada com alunos de quatro turmas do 6º ano do ensino fundamental dessa instituição. As aulas de educação física eram ministradas 3 vezes por semana com duração de 45 min.

Avaliação antropométrica

    A análise do IMC foi feita de acordo com a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS). O cálculo foi feito a partir da medição da estatura e da massa corporal, usando a fórmula: IMC= m/a², onde, m é a massa corporal em Kg e a² é a altura em cm ao quadrado. A estatura foi aferida com o auxílio de uma fita métrica graduada em centímetros e com precisão de 1mm e com um esquadro de madeira móvel. A fita foi fixada à parede e cada aluno, sem os sapatos, se posicionou de pé com as costas e o calcanhar rentes à parede. O esquadro foi posicionado sobre a cabeça do aluno e em contato com a fita métrica para se obter uma medida mais precisa. A medida da massa corporal foi feita nos alunos descalços com o uso de uma balança digital da marca Techline com carga máxima de 150 Kg e precisão de 100 g.

Análise estatística

    Para tratamento gráfico e estatístico foi utilizado o recurso de planilha eletrônica da Microsoft: Microsoft Office Excel 2007. Os valores foram expressos em termos percentuais ou quando apropriado média ± erro padrão da média (EPM).

Resultados e discussão

    O valor de IMC considerado normal para crianças com idade entre 10 e 11 anos de acordo com a tabela adaptada do National Center for Health Statistics (NCHS) é entre 18,9 e 19,56. O IMC entre 19,56 e 21,98 caracterizam sobrepeso e obesas são as crianças que apresentam IMC acima de 22,06. Na Figura 1 estão representados os índices do estado nutricional a partir da análise do IMC dos alunos que participaram da pesquisa. Destes, 38,88% estão com o valor do IMC dentro do padrão de normalidade enquanto que 27,77% estão com sobrepeso e 27,77% estão com obesidade.

Figura 1. Índices de sobrepeso e obesidade em escolares do ensino fundamental, considerando o IMC

    Quanto ao tipo de deslocamento dos alunos para a escola, 50% das crianças se deslocam para escola de forma ativa utilizando recursos que gastam energia, como ir andando ou de bicicleta com tempo médio de 29,89 ± 9 min. e as outras 50% vão para escola de forma passiva, ou seja, vão de carro, moto ou ônibus com tempo médio de 32,22 ± 8,8 min.

    Interessantemente, mais da metade (55,5%) das crianças que utilizam meios que não gastam energia estão com o seu IMC acima do normal, ou seja, algumas estão ou com sobrepeso ou obesidade. Demonstrando que, por si só, o meio de transporte não influencia o estado de sobrepeso ou obesidade dessas crianças, ou seja, outros fatores estão contribuindo para o desenvolvimento do excesso de peso.

    Estes dados são corroborados pelos estudos de Mendonça e Anjos (2004) que verificaram que os deslocamentos diários das pessoas podem ou não contribuir para um estilo de vida ativo. No entanto, em outro estudo foi constatado que houve maior prevalência de excesso de peso nas crianças e adolescentes que usavam um deslocamento passivo para chegar até a escola sugerindo que o deslocamento ativo à escola aumenta as chances de os estudantes serem mais ativos, e que a atividade física pode contribuir para a manutenção do peso, da gordura corporal e dos níveis pressóricos (SILVA e LOPES, 2008).

    Quanto à participação dos estudantes nas aulas de Educação Física constatou-se que 33,33% dos alunos participam 2 vezes por semana e 66,66% participam 3 vezes por semana e que as crianças que participavam 3 vezes por semana das aulas de Educação Física apresentavam menor predominância de sobrepeso e obesidade (Fig. 2).

Figura 2A. Crianças que participavam 2 vezes por semana das aulas de Educação Física.

Figura 2B. Crianças que participavam 3 vezes por semana das aulas de Educação Física.

    Santos et al (2007) afirmam que uma das principais causas do aumento do peso corporal da população é o baixo nível de atividade física e de gasto calórico diário. Esse mesmo autor afirma que as aulas de educação física não deveriam ter menos de 30 minutos de exercícios ininterruptos, pois somente a partir desse período o organismo da criança vai exigir do seu sistema muscular, cardiovascular e respiratório, propiciando benefícios para esse indivíduo. O que faz a freqüência de 3 vezes por semana ser ideal.

    Já os alunos que participam apenas 2 vezes por semana das aulas de Educação Física, apresentaram índices de sobrepeso e obesidade maiores. Muitos fatores contribuem para a não adesão às atividades propostas durante as aulas de Educação Física. Celestrino e Costa (2006) ao estudarem 42 escolares com faixa etária entre 11 e 12 anos e que apresentavam algum grau de obesidade demonstraram que o fator que pode minimizar ou desmotivar a participação nas aulas de Educação Física se refere ao tipo de atividade proposta. O grupo estudado apresentou tendência a abandonar ou fugir das atividades que enfocam o deslocamento corporal o que evidencia as dificuldades motoras oriundas do excesso de peso corporal. Contudo, não se pode descartar o sentimento de exclusão que esses alunos sentem em relação ao seu estado de sobrepeso ou obesidade.

    A Figura 3 mostra a quantidade de alunos em termos percentuais e as práticas de exercícios físicos de diferentes intensidades fora do ambiente escolar e a Tabela 1 evidencia o tempo médio gasto com estas atividades. Em relação às atividades físicas intensas (ex. natação, futebol, basquetebol, etc) 44,44% dos alunos avaliados praticam 3 vezes por semana com uma média de 41,43± 8,21 minutos por dia, enquanto 16,66% praticam somente 2 vezes por semana com uma média de 65± 8,1 minutos por dia, sendo que o restante das crianças (38,88%) não faz esse tipo de exercício. Já em relação às atividades físicas leves (ex. caminhar, andar de bicicleta, brincar, etc) somente 5,55% praticam 3 vezes por semana com uma média de 10 minutos diários e 16,66% praticam 2 vezes por semana com uma média diária de 36,37± 7,36 minutos, enquanto a maioria (77,77%) não realiza esse tipo de atividade.

Figura 3. Freqüência dos exercícios praticados fora do ambiente escolar

Tabela 1

Exercícios Físicos ou Atividades Físicas	3 (vezes/semana)/dia	2 (vezes/semana)/dia
Intenso	41,43 ± 8,21	65± 8,10
Leve	10	36,67 ± 7,36

Tabela 1. Tempo médio gasto por dia nas realizações dos exercícios intensos e leves. Os dados foram apresentados como média ± EPM

    Foi verificado que os alunos que fazem atividades físicas intensas estão com valores de IMC ultrapassando o normal, de modo que 36,36% estão com sobrepeso, 27,27% estão obesos e o restante 36,36% no seu peso normal. Já os alunos que participam de atividades físicas leve em sua maioria (57,14%) estão com o peso ideal para idade, mesmo assim foi identificado alunos com sobrepeso (14,28%) e obesidade (28,57%).

    Em relação ao tempo médio em minutos/dias e horas/semanais em que as crianças gastam realizando atividades como assistir televisão, DVD, jogar no videogame e no computador e conversar ao telefone, constatou-se que elas gastam 88,89 ± 13,21 min. por dia assistindo televisão e DVD, 71,78 ± 17,05 min. jogando no videogame e computador e 3,61 ± 1,33 min. falando ao telefone, ou seja, totalizando 164 min. diários de atividades que são consideradas promotoras do sedentarismo, portando causa do excesso de peso.

    Matsudo et al. (1998) e Sichieri e Souza (2008) determinaram que o tempo gasto assistindo televisão ou de frente ao computador é um dos principais fatores para a diminuição do nível de atividade física em crianças e adolescentes e que essas condutas sedentárias têm sido relacionadas ao ganho de peso e obesidade na infância. Uma pesquisa realizada por Pimenta e Palma (2001) com crianças entre 10 e 11 anos identificou que tanto os meninos como as meninas relataram dedicar mais de duas horas por dia, em média, assistindo televisão. Estes dados estão de acordo com os valores observados nosso trabalho, onde as crianças descreveram que passam mais de 2 horas, em média, diárias em frente a TV.

    Quanto ao consumo de alimentos com alto teor calórico 94% dos participantes disseram que esses tipos de alimentos fazem parte da sua alimentação. Destes 61,11% disseram que consomem no mínimo 5 vezes por semana, 27,77% disseram que consomem no mínimo 3 vezes por semana e o restante (11,11%) consomem todos os dias da semana. Pode se perceber que alimentos com baixo poder nutritivo e alto teor de gordura se tornam a preferência das crianças, esses alimentos além de não atenderem as necessidades do organismo, eles contribuem para o desenvolvimento do sobrepeso e da obesidade.

    Em pesquisa realizada por Moraes et al. (2006) com 700 escolares foi identificado que o peso ao nascer, a prática de atividade física, o número médio de horas diárias em atividades sedentárias e valores elevados para os escores de freqüência de consumo de alimentos de "risco" se constituíram em preditores do sobrepeso e da obesidade.

    O programa nutricional “5 ao Dia” (2005) difundido no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Orientação Alimentar (IBRA) mostra que o baixo consumo de frutas, legumes e verduras está entre os dez principais fatores de risco associados à ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis, este programa sugere o consumo de 5 porções diárias desses alimentos, sendo 3 porções divididas entre verduras e legumes e 2 porções entre frutas.

    Uma das causas do sobrepeso e da obesidade é o desequilíbrio nutricional. Considerando a variedade de alimentos, a moderação no consumo, e a proporcionalidade, estaremos com certeza garantindo o equilíbrio e a qualidade na alimentação e prevenindo desequilíbrios nutricionais (BARBOSA, 2009).

Conclusões

    Nesse estudo, foi utilizado o IMC como recurso para identificar o estado nutricional de alunos de uma rede de ensino na cidade de Goiânia (GO)- Brasil. A partir dessa avaliação foi constatado que 55,4% destes alunos apresentaram alteração do IMC indicando algum tipo de excesso de peso, ou seja, sobrepeso ou obesidade.

    Foi possível estabelecer alguns fatores que podem ter contribuído para esse alarmante número de crianças com elevado IMC, dentre eles:

1. A boa freqüência de participação nas aulas de educação física mas a baixa duração dessas aulas, não foram suficientes para trazer benefícios para saúde desses alunos;

2. Em relação aos exercícios praticados fora da escola, foi possível perceber que grande parte pratica algum tipo de exercício na freqüência que seria adequada, ou seja, três vezes por semana, porém índices de sobrepeso e obesidade foram encontrados nesse grupo isso pode ser explicado pela duração desses exercícios. Não adianta ter uma freqüência boa se o tempo que se pratica não é o suficiente.

3. O tempo médio por dia (2 horas e 44 min.) que essas crianças permanecem assistindo televisão, navegando na internet, jogando videogame e usando o celular, contribuem para a diminuição do nível de exercícios e atividades físicas fazendo com que as crianças se tornem mais sedentárias e desenvolvam algum tipo de excesso de peso.

4. O tipo de alimentação também foi elencado como importante fator desencadeador do excesso de peso nestas crianças. Grande parte delas (94%) consomem alimentos com alto teor calórico deixando de lado alimentos que são considerados mais saudáveis como frutas, verduras e legumes. Além disso, a maioria das crianças têm acesso a quatro refeições diárias, ou seja, além da alimentação considerada regular eles ainda consomem alimentos não muito saudáveis, vê-se aí um excesso na alimentação dessas crianças.

    A partir do exposto, torna-se claro a necessidade de se promover atitudes que visem a prevenção. Para isso é fundamental a participação da família, incentivando e dando oportunidade aos seus filhos de praticarem algum exercício físico além de proporcionar uma alimentação rica em nutrientes e com poucas quantidades de gorduras e açúcares. A escola também deve se envolver no trabalho de prevenção, incluindo no seu currículo matérias que forneçam orientações sobre saúde e alimentação e, oferecendo uma merenda escolar mais saudável. A escola também é responsável por proporcionar espaço e tempo suficiente para a realização de exercícios e atividades físicas. Prevenindo-se o ganho excessivo de peso é mais barato mais fácil e mais eficiente que o tratamento da obesidade e suas complicações.

Referências

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