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A implementação do esporte adaptado na 

Associação dos Deficientes da Região de Sorocaba

La implementación del deporte adaptado en la Asociación de Discapacitados de la Región de Sorocaba

 

*Autor **Orientador

UNIFMU, Centro Universitário

Faculdade de Educação Física

Centro de Pós Graduação e Pesquisa



Marcos Vinicíus Brisola da Silva*

Prof. Ms. Otávio Luis Piva da Cunha Furtado**

brisola_esporteadaptado@hotmail.com

(Brasil)


 

 

 

 

Resumo

          Introdução: relatar as experiências no processo de implementação do esporte adaptado na associação dos deficientes da Região de Sorocaba, contando a história do esporte adaptado e dele junto a entidade. Justificativa: a problemática da implementação do esporte adaptado em uma entidade onde não há recursos financeiros e físicos, dificultando o desenvolvimento do projeto. Objetivo: descrever todo o processo de implementação do esporte adaptado em uma entidade, seus respectivos resultados e dificuldades. Metodologia: o trabalho foi realizado através de um relato de experiência que caracteriza todas as fases de implementação do projeto, suas dificuldades, resultados e por uma revisão de literatura, buscando informações em livros especializados em relação ao esporte adaptado, sua origem, processo de implementação e estratégia de ensino. Revisão literária: está revisão pretende-se abordar pontos chaves na história do esporte adaptado no mundo e as primeiras iniciativas no Brasil, decorrendo sobre as primeiras modalidades a serem desenvolvidas e as primeiras conquistas brasileiras e as estratégias de ensino para pessoas com deficiências que foram usadas para a condução das atividades esportivas. Conclusão: Ao redigir esse trabalho, tentamos apresentar, de forma clara e objetiva, a experiência na implementação do esporte adaptado na entidade ADERES. Destacando o processo de atuação voluntária na entidade e todo o processo inicial e até a situação atual. Essa experiência foi muito gratificante em todo o seu processo, satisfeito em poder compartilhá-la com os leitores e divulgar a possibilidade de implementação do esporte adaptado em entidades.

          Unitermos: Esporte adaptado. Implementação e estratégia de ensino.

 

Abstract

          Introduction: to tell the experiences in the process of implantation of the sport adapted in the association of the deficient of the Area of Sorocaba, counting the history of the adapted sport and the sport adapted in the entity. Justification: the problem of the implantation of the sport adapted in an entity where there is not resources financier and physical, hindering the development of the project. Objective: to describe the whole process of implantation of the sport adapted in an entity, your respective results and difficulties. Methodology: the work was accomplished through a report of experience that characterizes all the phases of implantation of the project, your difficulties, results and for a literature revision, looking for information in specialized books in relation to the adapted sport, your origin, implantation process and teaching strategy. Literary revision: in revision it intends to approach key points in the history of the sport adapted in the world and the first initiatives in Brazil, elapsing about the first modalities be developed her and the first Brazilian conquests and the teaching strategies for people with deficiencies that were used for the conduction of the sporting activities. Conclusion: When writing that work, we tried to present, in a clear way and it aims at, the experience in the implantation of the sport adapted in the entity ADERES. Detaching the process of voluntary performance in the entity and the whole initial process and until the current situation. That experience was very gratifying in all your process, satisfied in to share her with the readers and to publish the possibility of implementation of the sport adapted in entities.

          Keywords: Adapted sport. Implantation and teaching strategy.

 

Dedicatória

          Dedico este trabalho a todos os meus atletas, por tudo o que me ensinaram, pela confiança e amizade creditada em mim, muito obrigado a todos vocês!

 

Agradecimentos

          Agradecimentos, as vezes parece uma coisa simples, dizer quem merece estar aqui ou não, esquecemos de por no papel muitas pessoas importantes e que fazem parte de nossas historias e que estão guardados no nosso coração, meu pai, Darci Soares da Silva que no próximo dia 15 de julho fará 11 anos que faleceu, ele não pôde estar presente nas minhas formaturas dos tempos do colégio, da minha graduação, nas vitórias no tatame e nas realizações pessoais, pois bem, hoje acredito que ele está presente aonde eu estiver, saudades Pai.

          Gostaria de agradecer a minha mãe, Nilza Maria Brisola da Silva, pelo amor e incentivo incondicional, sempre acreditando que tudo vai dar certo.

          A minhas Tias, Inês Brisola e Dirce Brisola pela confiança e carinho.

          A minha namorada Talita Correa Onofre, pela compreensão dos sábados ausentes, compreensão pelas brigas sem sentido, pelo carinho, paciência, amor e dedicação sem fim, te amo muito, obrigada por fazer parte de mais está vitória.

          Ao meu orientador Otávio Luis Piva da Cunha Furtado pela atenção em todos os momentos dessa monografia.

          Aos meus amigos, Rafael Soares de Camargo, Plínio Bortoleto Neto e Rimes Novaes, pela compreensão na ausência dos churrascos e barzinhos nos finais de semana.

          Ao professor Décio Roberto Calegari pela amizade, confiança, incentivo na continuidade do projeto e auxiliando no crescimento pessoal e profissional.

          Ao professor Anselmo Athayde e Costa e Silva pela amizade e paciência e apoio.

          A uma outra família que adquiri nesse 1 ano e 7 meses de projeto, Oséias Ferreira da Silva Junior (Deuzulivri), Paulo Aparecido Luis, Rodrigo Ribeiro, Alberto Maximiliano Vieira Nogueira, Rafael Bevilacqua Frota e Emerson Rocha de Goês, muito obrigado pela amizade, paciência e confiança nessa união vitoriosa em todos os aspectos.

          A Arquiteta Míriam Rodrigues Luama pela amizade, confiança, incentivo e dedicação ao projeto.

          Ao Presidente Julio César Machado pela oportunidade de estar treinando no Sindicato dos Bancários, apoio, amizade e confiança creditada em mim.

          Ao Professor Ricardo Carminato pela convocação como seu Auxiliar Técnico na Seleção Brasileira de Handebol em Cadeira de Rodas, obrigado pela oportunidade.

          Em nome da ADERES, obrigado pela aceitação do meu projeto e a oportunidade de implementação dos Esportes Adaptados na entidade, que através da minha iniciativa atualmente voltou a ser referência em nossa Região.

 

          Monografia apresentada ao Centro de Pós Graduação e Pesquisa da UNIFMU, Centro Universitário, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Atividade Física Adaptada e Saúde, sob a orientação do Prof.° Ms. Otávio Luis Piva da Cunha Furtado.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O esporte adaptado caracteriza-se como uma grande oportunidade para pessoa com deficiência possa desenvolver uma atividade física, deixando o sedentarismo e o isolamento social (Lanoski; Levandoski, 2008, p. 1).

    A pessoa com deficiência pode sofrer com problemas decorrentes da falta de estruturas físicas dos centros urbanos não adaptados para as condições individuais básicas de mobilidade necessárias para vida cotidiana, onde muitas vezes dificultam ou impedem a realização da prática de exercícios físicos (Lanoski; Levandoski, 2008, p. 1).

    A inclusão social implica a modificação da sociedade para que a pessoa com deficiência tenha condições de se desenvolver tanto socialmente de forma que possa exercer sua cidadania (Romualdo, 2005, p. 9).

    Porém, o termo inclusão social não é sinônimo de inclusão esportiva, pois esta última facilita a inclusão social da pessoa com deficiência nas atividades esportivas ofertadas enquanto que a primeira envolve fatores como aceitação e respeito à diversidade da comunidade como um todo. Nos últimos anos, ações isoladas de educadores e de pais resultaram hoje em um movimento que já atua nas esferas governamentais e não governamentais, também têm promovido a inclusão, nas escolas e em outros segmentos que atendam pessoas com algum tipo de deficiência, visando resgatar o respeito humano e a dignidade, no sentido de possibilitar o pleno desenvolvimento e o acesso a todos os recursos da sociedade (Maciel, 2000, p. 52).

    O espetáculo presente no esporte e a superação dos limites dos indivíduos atraem a atenção da sociedade para as pessoas com deficiência, fazendo com que numa situação como o esporte, sejam conhecidas suas potencialidades, muitas vezes subestimadas, e assim, a imagem preconceituosa em relação a essas pessoas possa ser observada com outros olhos (SASSAKI, 1997, p.92).

    Em maio de 2006 iniciei o estagio em um Hospital Psiquiátrico na Cidade de Sorocaba – SP, como professor/estagiário de educação física, para os pacientes com distúrbios psiquiátricos, esse estagio durou 1 ano e 8 meses, chegando ao fim quando me formei em dezembro de 2007, no decorrer desse estagio tive contato intenso com pessoas com distúrbios psiquiátricos e diversas deficiências, desenvolvia atividades adaptadas e esportes adaptados para que os mesmos pudessem se integrar as aulas.

    Através do resultado de envolvimento nesse estágio, produzi a minha monografia com o relato de minhas experiências, como professor/estagiário de educação para pacientes com distúrbios psiquiátricos.

    Também tive a oportunidade de participar em agosto de 2007 de um campeonato mundial de cegos, atuando por 14 dias nesse evento, desde então desenvolvi o interesse em atuar com esportes adaptados.

    Nesse sentido, na busca de atuar com esportes adaptados descrevo o relato de experiência que contempla a busca de uma entidade para a implementação do esporte adaptado, passando por todas as fases, caracterização da entidade, local em que as atividades foram desenvolvidas, seus respectivos participantes, e as atividades ministradas. Desse modo, o objetivo nesse trabalho é relatar a experiência vivida por um Professor de Educação Física na implantação dos esportes adaptados em uma associação para deficientes.

2.     Metodologia

    Conforme Thomas e Nelson (2002, p. 294), esse trabalho pode ser caracterizado como um estudo de caso descritivo. Estes autores apresentam que esse tipo de estudo consiste em um exame detalhado e rigoroso de um único caso, que pode representar vários outros casos similares, apresentando uma descrição detalhada dos fenômenos, não tentando, no entanto, testar ou construir modelos teóricos.

    Este trabalho visa apresentar um relato de experiência de um Pós - graduando em Atividade Física Adaptada e Saúde, em uma associação para tratamento de pessoas com deficiências físicas, intelectuais, visuais e auditivas na cidade de Sorocaba, estado de São Paulo. O local é uma entidade particular especializada que atende atualmente cerca de 220 pacientes de ambos os sexos. A faixa etária dessa população situa-se entre 0 e 90 anos de idade, sendo encaminhadas por possuírem alguma deficiência como já citadas acima. Nessa instituição são oferecidos atendimentos fisioterapêuticos de hidroterapia e terapia ocupacional, oficinas terapêuticas de “geração de renda”, cursos profissionalizantes, colocação no mercado de trabalho, carteira do passe-livre para viagens Interestaduais.

    Entramos em contato com a entidade com o interesse de implantar um projeto de esportes adaptados, enviando uma proposta de trabalho. Considerando a situação financeira da entidade, que se mantém por meio de doações, percebemos que o caminho seria atuar de forma voluntária para desenvolver as atividades almejadas.

    A proposta de atuação era de trabalhar com a Educação Física os conteúdos de esportes adaptados para pessoas com diversas deficiências. Demos início ao projeto no dia 21/01 de 2008, assinando o contrato de prestação de serviços voluntários com a ocupação de Coordenador de Esportes Adaptados no dia 08/02/2008, permanecendo até o presente momento.

3.     Histórico

3.1.     Sobre o esporte adaptado

    O esporte tem comprovado importância na qualidade de vida de muitas pessoas e também para pessoas com deficiência pelo fato de também motivar a quebra dos obstáculos rotineiros (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    Algumas definições têm sido propostas para o esporte adaptado, conforme podemos notar a seguir.

    O termo esporte adaptado designa o esporte modificado ou criado para suprir as necessidades especiais das pessoas com deficiência (Winnick, 2004).

    De acordo com Araújo (1997) o esporte adaptado ou desporto adaptado significa a adequação ou adaptação de um esporte já conhecido pela população, ou seja, há a modificação de suas regras já estabelecidas.

    O termo “esporte adaptado”, em parte, é mais adequado que “esporte para pessoas com deficiência”, pelo fato de estimular e incentivar a participação em outros ambientes (Winnick, 2004).

    O esporte adaptado pode ser praticado em ambientes integrados, em que as pessoas com deficiência interagem com não deficientes, ou em ambientes segregados, nos quais a participação esportiva envolve apenas pessoas com deficiência. Com base nessa definição, por exemplo, o basquetebol é um esporte regular, ao passo que o basquetebol em cadeiras de roda seria considerado um esporte adaptado (Winnick, 2004).

    Podemos citar outro exemplo, o futebol. A maioria dos brasileiros conhece suas regras e o decorrer do jogo, mas o futebol para amputados, por exemplo, é desconhecido pela maioria dos brasileiros e a necessidade de adaptação de suas regras, como a busca de meios para que população diferenciada possa praticá-lo, levou-o ser classificado como esporte adaptado (ARAUJO, 1997).

    O esporte adaptado abrange “esporte para pessoas com deficiência” – jogos paraolímpicos, esportes para surdos entre outros que normalmente se concentram na participação segregada em esportes regular ou adaptada (Winnick, 2004).

    O esporte adaptado poder ser realizado com o propósito de esporte de lazer ou de recreação podendo, também, ser realizado com fins médicos ou terapêuticos. Por exemplo, o esporte adaptado, ou não, pode ser usado como parte de programas de terapia recreativa, corretiva, esportiva ou de bem-estar (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

3.2.     História do esporte adaptado

    O esporte para pessoas com deficiência existe a mais de 100 anos. No século 18 e 19 a contribuição das atividades esportivas foi maior no sentido da reeducação e reabilitação das pessoas com deficiência (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    Segundo Winnick (1990), ocorreram atividades esportivas para surdos já no século XIX. Por volta de 1870 às escolas do Estado de Ohio, Estados Unidos, tornaram-se as primeiras escolas a oferecer beisebol para surdos, o Estado de Illinos introduziu o futebol em 1885.

    A primeira noticia sobre clubes esportivos para o seguimento de pessoas com deficiência datam de 1888, sendo destinados às pessoas com deficiência auditiva, em Berlim, Alemanha onde praticavam o futebol (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    Depois da I Grande Guerra (1914 /1918), a fisioterapia e a medicina esportiva surgiram como recursos importantes na recuperação das cirurgias internas e ortopédicas visando reabilitar os lesados de guerra. (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    De acordo com Winnick (1990) no final do século XIX o futebol tornou-se esporte majoritário para muitas escolas para surdos, e em 1906, a escola Wisconsin para surdos passou a oferecer o basquetebol. Desde seu inicio as equipes das escolas para surdos competiram entre si e com outras equipes de escolas regulares. Em agosto de 1924, foram realizadas, em Paris, os Jogos do Silêncio, com a participação de 145 atletas de nove países europeus.

    Os Jogos do Silencio foi considerada a primeira competição internacional para pessoas com deficiência, e durante o evento foi fundado o Comitê Internacional des Sports Silencieux – CISS é a mais antiga entidade internacional em funcionamento na área do esporte das pessoas com deficiências. Em maio de 2001, o COI – Comitê Olímpico Internacional deu autorização ao CISS para alterar o nome dos seus jogos que passaram a ser denominados Deaflympics Games, que em tradução livre podem ser denominados Jogos Olímpicos dos Surdos. (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    Em 1944, durante a segunda grande guerra, o governo britânico contratou, entre outros o neurocirurgião alemão, Dr. Ludwig Guttmann, para começar um trabalho de reabilitação em Ayslesbury, Inglaterra, para lesionados medulares dando origem ao Centro Nacional de lesados Medulares de Stoke Mandeville na Inglaterra (COSTA e SOUSA, 2004).

    Dr. Guttmann, também uma vitima de guerra, como judeu foi obrigado a fugir da Alemanha nazista, marcou seu trabalho de reabilitação médica e social direcionada aos veteranos de guerra, pelo uso da prática esportiva como parte do tratamento médico (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    Acreditava-se que o esporte possuía a fórmula para motivar e diminuir o tédio da vida desocupada de uma pessoa com deficiência, e acabou descobrindo muito mais. Fez com que o mundo mudasse sua visão, mostrando as pessoas com algum tipo de deficiência física poderiam praticar atividades físicas e esportivas (ROSADAS, 1989).

    De acordo com Araújo (1997) outro objetivo do Dr. Guttmann era o de trabalhar os esportes adaptados como um meio de reinserção das pessoas com necessidades especiais na sociedade.

    O trabalho de reabilitação buscou no esporte, não só o valor terapêutico, mas o poder de suscitar novas possibilidades, o que resultou em maior interação com pessoas na mesma condição. Através do esporte “reabilitação” estava-se devolvendo à comunidade um deficiente, capaz de ser “eficiente”, pelo menos no esporte (ARAUJO, 1997).

    O sucesso do trabalho motivou Dr. Guttmann a organizar a primeira competição para atletas em cadeiras de rodas e no dia 29 de julho de 1948 – exatamente a data da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. Essa competição foi denominada Stoke Mandeville Games (LANOSKI e LEVANDOSKI, 2006).

    A partir deste momento, dada à evolução da prática esportiva adaptada surgem duas correntes de pensamento, uma já citada acima com o enfoque médico, apresentado por Ludwig Guttmann, que utiliza o esporte como meio de reabilitação de seus pacientes buscando amenizar também os problemas psicológicos advindos principalmente do ócio no hospital. (ARAUJO, 1997)

    A outra corrente, vinda dos Estados Unidos, utiliza o enfoque esportivo com inserção social, não enfatizando tanto a competição utilizada pelo desporto. Essas correntes, no decorrer da história, cruzam-se formando objetivos comuns. Saindo do componente médico – terapêutico, se incorporando na prática esportiva e do desporto de rendimento, procurando a integração do atleta e a sua reabilitação social (COSTA e SOUSA, 2004).

    Em 1952, ex-soldados Holandeses se uniram para participar dos Jogos de Stoke Mandeville, e juntamente com os Ingleses, fundaram o ISMGF – International Stoke Mandeville Games Federation – Federação Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville, dando início ao movimento esportivo internacional que viria a ser base para a criação do que hoje conhecemos como esporte paraolímpico (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    Oito anos depois, em 1960, incentivado pelo Dr. Antônio Maglio, diretor do Centro dos Lesionados Medulares de Ostia na Itália, o comitê organizador dos Jogos de Stoke Mandeville aceitou o desafio e realizou os jogos em Roma, logo após a realização dos Jogos Olímpicos. Foram usados os mesmos espaços esportivos e o mesmo formato das olimpíadas, com participação de 400 atletas de 23 países. Essa competição recebeu o nome de Paraolimpíada (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    De acordo com Araújo (1997) em 1964 os jogos paraolímpicos foram realizados no Japão na Cidade de Tóquio e, contaram com a participação de 450 atletas de 25 países. Neste mesmo ano surgia a 2º organização internacional para dirigir o desporto para deficientes, a ISOD – (International Sports Organization for the Disable: Organização Internacional de Desporto para Deficientes).

    Segundo Costa e Sousa (2004) o termo que se refere a paraolímpico começou a ser usado em 1964, durante os Jogos de Tóquio, com fusão das palavras paraplegia e olímpico. As modalidades que fazem parte dos jogos, seja de participação individual, seja coletiva, são desportos de larga tradição competitiva, e coincidem com as modalidades olímpicas com as adaptações necessárias para propiciar a prática pelos portadores de deficiência: atletismo, basquete em cadeira de rodas, judô para cegos, natação, vôlei sentado, tênis, tênis de mesa, futebol de sete, futebol de cegos, esgrima, ciclismo, halterofilismo, arco e flecha, hipismo e tiro olímpico. Bocha e goalball são de origem exclusivamente paraolímpica. A bocha foi criada exclusivamente para pessoas com paralisia cerebral e o goalball para deficientes visuais.

    De acordo com Araújo (1997), os jogos paraolímpicos de 1968 foram realizados em Israel na Cidade Tel Aviv, inicialmente seriam realizados no México, pais que organizou os Jogos Olímpicos daquele ano, mais devido aos problemas de organização do comitê mexicano, os jogos mudaram de pais sendo realizados em Tel Aviv. Para esses jogos foi construído o primeiro complexo esportivo adaptado do mundo e participaram deste evento 750 atletas de 29 países.

    Segundo Araújo (1997) Até os jogos de 1972 de Heildelberg, Alemanha, apenas atletas de cadeiras de rodas participavam oficialmente das Para-olimpíadas. Nessa edição participaram cerca de 1700 atletas de 44 países.

    Em 1976, nas Paraolimpíadas de Toronto, Canadá, houve a inclusão de atletas cegos e paralisados cerebrais, participaram desses jogos cerca de 1600 atletas de 42 países (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    Em 1980, os jogos Olímpicos foram realizados em Moscou, na União Soviética, e os paraolímpicos acabaram sendo realizados pela Holanda na Cidade Arnheim, que prontificou a realizar e a patrocinar o evento. Esta foi a ultima participação do Dr. Guttmann nos jogos, ele veio a falecer no dia 18 de março daquele mesmo ano, este acontecimento causou uma grande perda para o movimento, assim como para todas as pessoas com deficiência de todo o mundo, nestes jogos participaram cerca de 1900 atletas de 42 países (ARAUJO, 1997).

    Segundo Araújo (1997) em 1984 as paraolimpíadas estavam passando por uma outra configuração, estavam para ser realizados na cidade de Ilinois nos Estados Unidos, mais por alguns problemas os deficientes físicos em cadeiras e rodas, cegos, paralisados cerebrais e amputados seriam recebidos na cidade de New York. Por dificuldade dos organizadores em viabilizar a realização deste evento naquele local, os jogos que participavam deficientes físicos em cadeiras de rodas realizaram-se na cidade de Aylesbury, na Inglaterra, e os demais, entre participantes com outras deficiências na cidade New York.

    Segundo Conde, Sobrinho e Senatore (2006) na paraolimpíada de 1984 participaram cerca de 1700 atletas de 45 países nas modalidades que foram realizadas em Nova York e 1100 atletas de 41 países nas modalidades realizadas em Stoke Mandeville.

    De acordo com Araújo (1997) a partir da paraolimpíada realizada em Seul, Coréia do Sul, em 1988, os jogos vem sendo realizados no mesmo local das Olimpíadas, não acontecendo mais como evento paralelo, e sim posterior. Em 1989 foi fundado o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC).

    Segundo Guerra e Figueiredo (2005) a paraolimpíada realizada em Barcelona, Espanha em 1992 foi a maior paraolimpíada até a sua década por ter fornecido a cerca de 3000 atletas de 83 de países, condições de competição antes insuperáveis. A cidade foi toda adaptada e o apoio aos atletas era próximo ao ideal. Cerca de 280 recordes mundiais foram superados e mais de 450 medalhas de ouro foram distribuídas em 15 modalidades. O Tênis em Cadeira de Rodas, apresentado em caráter demonstrativo em Seul, passou a ser competitivo.

    Na paraolimpíada de Atlanta, Estados Unidos em 1996, a melhora gradual nas performances foi mantida, novos recordes mundiais foram quebrados e as marcas continuaram a ser superadas. Pela primeira vez os atletas com deficiência intelectual participaram em caráter competitivo. No total mais 3.200 competidores de 103 países participaram (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    De acordo com Conde, Sobrinho e Senatore (2006) nos jogos paraolímpicos de Sydney, Austrália em 2000, em razão de problemas sérios de irregularidades e fraudes encontradas quanto à elegibilidade de alguns atletas presentes em Sydney, houve a suspensão dos atletas com deficiência intelectual nas atividades promovidas pelo Comitê Paraolímpico Internacional até que se encontre um meio eficaz e seguro de definir sua elegibilidade.

    Os Jogos de Sydney em 2000 receberam um número recorde de 3.800 atletas de 122 delegações, que bateram mais de 300 recordes mundiais paraolímpicos. (GUERRA e FIGUEIREDO).

    Na paraolimpíada de Atenas, Grécia em 2004, pela primeira vez, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos também foi responsável pela organização dos Jogos Paraolímpicos. Foram mais de 4.000 atletas disputando 19 modalidades: arco e flecha, atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, esgrima, futebol de cinco, futebol de sete, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, rugby em cadeira de rodas, tiro, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, vela e voleibol. Um número recorde de 2.000 profissionais de mídia deu cobertura aos Jogos. Mais de 35.000 pessoas de todo o mundo ajudaram na organização, entre as quais 15.000 voluntárias. Os integrantes das delegações somaram cerca de 2.000 pessoas. Foram mais de 300 horas de cobertura televisiva. Por uma decisão do governo grego, os atletas paraolímpicos não tiveram de pagar qualquer taxa de participação (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    Na paraolimpíada de 2008, realizada em Pequim na China, a cerimônia de abertura dos Jogos Paraolímpicos já constatava que era o começo de um evento que elevou o padrão de esporte de paraolímpico. A própria cerimônia era uma expressão poética do chinês de “Transcendente, Igualdade e Integração”, o tema da paraolimpíada. E ao mesmo tempo, o Comitê Organizador teve como meta manter a qualidade do evento ao longo dos 12 dias dos Jogos, da Abertura até o fim da Cerimônia Final (Comitê Paraolímpico Internacional, 2008).

    Um total de 4,032 atletas de um total de 146 países diferentes ao redor do mundo veio a Pequim para competir no esporte respectivo a sua deficiência. Alguns atletas competiram em mais de um evento, mas cada um participou na sua classificação funcional correspondente. Desses 146 países, cinco competiram pela primeira vez nos Jogos Paraolímpicos, sendo elas, Burundi, Gabão, Geórgia, Haiti e Montenegro.

    Pequim ofereceu ao mundo paraolímpico uma estrutura distinta jamais vista, tanto em termos de acessibilidade, organização e profissionais envolvidos diretamente e indiretamente.

    Segue abaixo o quadro do Comitê Paraolímpico Internacional apontando todos os jogos paraolímpicos, os países em que foram realizados, suas sedes, numero total de atletas e países participantes. Através do quadro podemos observar a evolução do esporte paraolímpico no mundo.

3.3.     História do esporte adaptado no Brasil

    O movimento de esportes adaptados para pessoas com deficiências no Brasil começou em 1958, com a fundação do Clube dos Paraplégicos em São Paulo por parte do atleta Sérgio Seraphin Del Grande. Robson Sampaio de Almeida foi o fundador do Clube do Otimismo no Rio de Janeiro (ARAÚJO, 1997).

    Na década de cinqüenta a educação física não dotava de estratégias de como atuar com a pessoa com deficiência, essa foi à dificuldade da educação física dita como geral, não conseguindo abranger a sua especificidade a pessoa com deficiência, e então, a educação física adaptada veio para suprir essa lacuna. No final da mesma década a educação física começou a se preocupar com atividade física para pessoas com deficiências e o enfoque inicial para a prática dessas atividades foi o médico. Os programas eram denominados, ginástica médica e tinham a finalidade de prevenir doenças, utilizando para tanto exercícios corretivos e de prevenção (COSTA e SOUSA, 2004).

    De acordo com Costa e Souza (2004), podemos dizer que a diferença entre a prática convencional e a educação física adaptada, é de que a segunda valoriza, principalmente, a potencialidade das pessoas com deficiência, criando estratégias de ensino e mudanças que já puderam ser vistas na concretização dos jogos Paraolímpicos em 1960.

    A evolução do esporte adaptado no Brasil prosseguiu na década de sessenta, porém ainda restrita aos grandes centros populacionais (LANOSKI e LEVANDOSKI, 2006).

    Segundo Araújo (1997), o esforço dos atletas Sérgio Seraphin Del Grande e Robson Sampaio de Almeida culminou, em 1969, com a formação da primeira Seleção Brasileira Basquete em Cadeira de Rodas, para participar dos 2º Jogos Pan-americanos realizados em Buenos Aires. A participação do Brasil nesses jogos foi de suma importância para estabelecer contato com equipes de outros países como: Estados Unidos, México, Canadá, Argentina, Peru, Chile, Uruguai entre outros. Isso possibilitou a realização de intercâmbios culturais através do esporte adaptado, proporcionando abertura a novas modalidades adaptadas para pessoas com deficiência.

    A evolução deste movimento foi observada na primeira participação do Brasil em jogos Paraolímpicos que aconteceu na 4º edição da competição na Alemanha em 1972. Quando a delegação Nacional foi representada somente em uma modalidade, a bocha (BRAZUNA & CASTRO, 2006).

    De acordo com Mattos (1990) em 1975, foi fundada a Associação Nacional de Desporto para Excepcionais (Ande), entidade voltada para a administração e regulamentação do desporto para deficientes, no mesmo ano foram realizados os primeiros Jogos Nacionais em Cadeira de Rodas organizados pela ANDE.

    As primeiras medalhas Paraolímpicas do Brasil vieram nos jogos de 1976 no Canadá, conquistadas na modalidade de bocha (LANOSKI e LEVANDOSKI, 2006).

    Segundo Conde, Sobrinho e Senatore (2006) o Brasil foi para a Paraolimpíada de 1980 na Holanda representado apenas pela seleção de basquete e por um nadador, mas não subiu ao pódio.

    Nas paraolimpíadas de 1984, realizadas nos Estados Unidos e Inglaterra, os brasileiros tiveram boa participação, conquistando vinte sete medalhas no total (CONDE, SOBRINHO e SENATORE, 2006).

    Em março de 1986, após a realização de fóruns e encontros nacionais com a finalidade de promover o desporto adaptado no Brasil, foi constituída uma comissão com especialistas em educação física adaptada, que se destinasse aos deficientes. Esta comissão foi reunida ao decorrer do “Encontro dos Professores de Educação Física de Tramandaí” no Rio Grande do Sul, onde teve início um processo de transformação da Educação Física com a Educação Física Adaptada (ROSADAS, 2001).

    Em 1988 na paraolimpíada realizada na Seul, capital da Coréia do Sul, o Brasil obteve 27 medalhas sendo, 4 de ouro, 10 de prata e 13 de bronze, ficando na 25ª colocação. O destaque da delegação nacional foi Luís Cláudio Pereira, que conquistou três medalhas de ouro nas provas de disco, dardo e peso, além de estabelecer três recordes, dois mundiais no dardo e peso e um paraolímpico no disco (GUERRA E FIGUEIREDO, 2005).

    Segundo Guerra e Figueiredo (2005) nos Jogos paraolímpicos de Barcelona, Espanha em 1992, a delegação brasileira terminou em 30º lugar, conquistando três medalhas de ouro e quatro de bronze; os destaques brasileiros foram do Atletismo.

    Em Atlanta nos Estados Unidos em 1996, os 58 atletas que participaram dos Jogos paraolímpicos conquistaram 21 medalhas, sendo duas de ouro, seis de prata e 13 de bronze, o que nos colocava entre os 37 melhores do mundo.

    Em Sydney no Austrália em 2000, a delegação brasileira realizou sua segunda melhor campanha da história, foi 22 medalhas, sendo seis de ouro, 10 de prata e seis de bronze. Grande destaque foi à velocista Ádria Santos, que conquistou duas medalhas de ouros com dois recordes mundiais e uma de prata nas provas para deficientes visuais no atletismo.

    Em Atenas na Grécia em 2004, o Brasil levou sua maior delegação, sendo 98 atletas de 13 modalidades que conquistaram 33 medalhas: 14 de ouro, 12 de prata e 7 de bronze. Essa foi a maior campanha do Brasil no evento, grande destaque desse ano foi o nadador Clodoaldo Silva que ganhou seis medalhas.

    Segundo o Comitê Paraolímpico Brasileiro, antes mesmo de começarem os Jogos Paraolímpicos de Pequim, o Comitê Paraolímpico Brasileiro já bate recordes: 188 vagas em 17 modalidades. Os números refletem uma preocupação com os aspectos qualitativos do planejamento estratégico, resultado de um eficiente modelo de gestão esportiva adotado pelo CPB e entidades filiadas. Mais do que isso, os números falam por si: é incontestável o crescimento do esporte paraolímpico no Brasil.

    O grande aumento de modalidades e de vagas nas Paraolimpíadas de Pequim evidencia o nível técnico dos atletas brasileiros. Das nove modalidades em Sidney e 13 em Atenas, o Brasil terá representantes em 17 este ano.

    Pela primeira vez as Paraolimpíadas terão na disputa por medalhas atletas brasileiros do goalball masculino, voleibol, vela e remo.
Com 89 vagas a mais do que em Atenas e quase o triplo das vagas conquistadas em Sidney, o Brasil tem 188 vagas confirmadas em Pequim. Esse crescimento está homogeneamente distribuído em diversas modalidades
Em relação à Atenas, dobrou o número de vagas no halterofilismo e tênis de mesa.

    Em Pequim na China nos Jogos Paraolímpicos de 2008, que teve sua abertura realizada no dia 06/09/2008 e teve seu enceramento no dia 17/09/2008, o Brasil superou todos os seus recordes já alcançados em sua história de participações paraolímpicas. (Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2008).

    O nadador Daniel Dias conquistou nove medalhas, sendo quatro delas de ouro. Ele subiu ao pódio em todas as provas que disputou e bateu três recordes mundiais, além de um recorde paraolímpico.

    Mas o atleta não é o único motivo de orgulho para os brasileiros. Afinal, a delegação bateu seu recorde e trouxe 47 medalhas no total, sendo 16 de ouro – outra marca histórica. Além do ótimo resultado na natação e no atletismo, que teve em Lucas Prado a sua maior estrela, algumas modalidades renderam medalhas inéditas para o país, como a bocha e o tênis de mesa. Como resultado, o Brasil terminou a competição na nona colocação, a melhor do país na história dos Jogos (Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2008).

    O Brasil superou Atenas em todos os aspectos. Foram 14 medalhas a mais no total. O número de medalhas de ouro também foi superior. O país ganhou 16 em Pequim, enquanto em Atenas foram 14 (Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2008).

    No Quadro abaixo estão relacionadas as Paraolimpíadas que o Brasil participou, relação de medalhas conquistadas e colocação geral (Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2008).

4.     Relato de experiência

    Antes de iniciar o relato sobre a minha trajetória como Coordenador de Esportes da ADERES, apresentarei a entidade. A seguir, farei a caracterização dos locais onde aconteceram inicialmente as atividades físicas propostas para os participantes.

4.1.     Histórico: Associação dos Deficientes da Região de Sorocaba

    A história, projetos e programas oferecidos na ASSOCIAÇÃO DOS DEFICIENTES DA REGIÃO DE SOROCABA (ADERES) serão apresentadas, por meio de dados colhidos na própria instituição no ano de 2008.

    A entidade ADERES foi criada por Eli Lourenço Machado e Altair Mateo, ambos já falecidos. A atual diretoria está desde o ano de 2002 no mandato.

Centro Esportivo – Iniciação Basquete sobre Rodas

    A Associação é uma organização não-governamental, fundada em 26/02/1991, com registro de Utilidade Pública Municipal Lei nº 3701 de 03/10/1991, que tem como objetivo atender crianças e jovens com deficiência física, mental, auditiva, visual e múltipla. Criada em virtude da carência de atendimentos específicos para pessoas com deficiência na cidade de Sorocaba e em sua região.

    Empenhada desde 1991 em efetivar ações concretas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida do segmento que representa, a ADERES tem como principais estratégias de trabalho à elevação da auto-estima e o aumento dos níveis de autonomia da pessoa com deficiência. Dessa maneira, buscando evidenciar uma nova concepção sobre a pessoa com deficiência.

    Criada com o intuito de amparar, orientar, proteger e inserir junto à sociedade, eles realizam atendimentos de hidroterapia e terapia ocupacional, oficinas terapêuticas de “geração de renda”, cursos profissionalizantes, colocação no mercado de trabalho, carteira do passe-livre para viagens Interestaduais, atendimento aos familiares através de reuniões e palestras, emprestando cadeiras de rodas e de banho, cama hospitalar e muletas, auxiliando com cestas básicas, fraldas geriátricas e medicamentos (conforme a disponibilidade) e realizando passeios à parques (Playcenter, Hopi Hari, Quinzinho de Barros), shoppings, viagens, sendo uma forma de interação e sociabilização.

4.2.     Histórico esportivo da ADERES

    A entidade ADERES fez parte da fundação da Federação Paulista de Basquete Sobre Rodas (FPBSR), em 12 de Abril de 1997, na cidade de Campinas, interior do estado de São Paulo. Teve participação em campeonatos estaduais e nacionais de Basquete em Cadeiras de Rodas obtendo um ótimo resultado sagrando-se campeã paulista do ano de 1997. Com o fim do esporte na entidade desde 1998, as cadeiras remanescentes foram deixadas de lado, e aos poucos se deteriorando.

    Depois de 10 anos de inatividade esportiva, retorna em 2008, com nossa proposta de reorganizar e estimular à prática do desporto adaptado para pessoas com deficiência física. Sendo assim, volta a ser referência no esporte adaptado na sua região através da sua equipe de Handebol em Cadeira de Rodas e atletismo, que tem representado Sorocaba nos Jogos Regionais.

4.3.     Apresentação do espaço físico da entidade ADERES

    A entidade ADERES no seu segmento de fisioterapia e hidroterapia é composta por uma estrutura que se compõe por 3 salas de atendimento de fisioterapia e terapia ocupacional, um salão interno com equipamentos para locomoção e uma piscina aquecida com as dimensões de 9 metros de comprimento e 4 metros de largura.

4.4.     Primeiro contato

Professor Marcos Vinícius Brisola da Silva

    Em dezembro de 2007 elaborei um projeto sobre atividade física adaptada e esportes adaptados, e então entrei em contato com a entidade ADERES, que recebeu o projeto e logo me respondeu.

    A presidente da entidade Denilza Dias, achou muito interessante o projeto pelo fato da entidade já ter tido esse conteúdo em seu histórico há mais de 10 anos atrás, mas que infelizmente a entidade não teria condições de custear os honorários referentes a minha participação no projeto pelo fato da entidade sobreviver de doações e dos tratamentos prestados de fisioterapia e hidroterapia. Como naquele momento, estava prestes a dar início à minha Pós Graduação em Atividade Física Adaptada e Saúde, percebi que seria o momento certo para fazer uso dos conhecimentos teóricos que seriam apresentados na pós-graduação com os conhecimentos adquiridos na prática. Nesse sentido, ofereci-me para desenvolver o projeto voluntariamente, e de imediato a presidente admirou minha idéia e aceitou, se comprometendo em ajudar na aquisição de materiais esportivos através de bazares e rifas.

    A partir de 21/01/08 iniciei a participação na entidade.

4.5.     Divulgação

    Inicialmente dentro ADERES não foi possível formar um grupo de pessoas que poderiam fazer parte das atividades desportivas que proporíamos como atletismo e o basquete em cadeira rodas. Muitas das pessoas não tinham meio de transporte e outras não tinham disponibilidade de tempo para participar das atividades.

    Sugeri para que a entidade divulgasse o projeto na mídia. A primeira iniciativa foi de colocar uma nota no jornal, falando sobre o projeto que a entidade estaríamos propondo, e citando algumas modalidades esportivas como o atletismo e o basquete em cadeira de rodas já citados acima.

    Outro recurso adotado foi colocar cartazes nos transportes especiais, onde semanalmente é utilizado por cerca de 800 pessoas com deficiência.

4.6.     Retorno

    Após a divulgação, recebemos vários contatos de interessados e então marcamos uma reunião.

    Nessa reunião comparecerão cerca de 10 pessoas, entre profissionais da área da educação e possíveis atletas.

    A pauta da reunião foi marcada pelas definições de atividades físicas e modalidades esportivas a serem desenvolvidas, chegando a um acordo comum que inicialmente fora o basquete sobre rodas, pelo fato da predominância dos interessados em participar serem usuários de cadeiras de rodas.

    Logo após a reunião definimos os horários e os locais de encontros para as praticas.

4.7.     O inicio das atividades

    Ao iniciar esse projeto na Entidade Aderes me deparei com um público, ao qual possuía pouca experiência. Havia atuado com cadeirantes, mas de forma superficial, tendo somente levado alguns pacientes do hospital psiquiátrico Vera Cruz para dar algumas voltas pelo campo e fazer alguns arremessos com bola. No começo senti-me muito receoso, porque tinha a preocupação de não super- protegê-los, deixando-os mais a vontade para mostrar o que sabiam e o que esperavam do projeto.

    Segui algumas recomendações aprendidas na minha graduação, levando sempre em consideração a limitação física de cada participante, sendo ela uma deficiência congênita ou adquirida. Após conhecer melhor cada um dos participantes, quis saber mais sobre as suas lesões, dificuldades e o dia-dia de cada um.

    Alguns fatos dificultaram à prática das atividades, como a condução dos interessados, a dificuldade de conseguir materiais adequados e um local específico para as atividades.

    Citarei cronologicamente os locais de treinos, e o período em que foram realizadas as atividades desenvolvidas.

Amistoso na Reatech 2009 – ADERES/Sorocaba X UNIPAR/Toledo

4.8.     Caracterização dos locais e atividades desenvolvidas

    A entidade ADERES não conta com espaço hábil para a prática de atividades esportivas, por isso as atividades foram realizadas nos locais citados abaixo:

Hipermercado

    Inicialmente as atividades eram realizadas nas quartas feiras, das 09:00 às 11:00 da manha, na pista de caminhada de um hipermercado localizado à cerca de 300 metros da entidade, o que facilitava a locomoção dos pacientes que chegavam à entidade com o intuito de participar das práticas de atividades físicas/esportivas.

Treinos iniciais na pista de caminhada. Hipermercado

    A pista de caminha tinha o percurso de 450 metros, tendo locais de aclive e declive. Fazíamos simulações de atividades de resistência como provas de rua. Visando o aquecimento dos atletas, usávamos também os quiosques que ficam paralelos à pista, compostos por uma barra e uma tabua para abdominais. Neste local desenvolvíamos os alongamentos e exercícios para força muscular e também troca de passes referentes à modalidade esportiva do basquete sobre rodas.

    Permanecemos utilizando a pista de caminhada e o quiosque no período de janeiro à julho de 2008, quando conseguimos autorização para uso de uma quadra em um centro esportivo municipal na cidade de Sorocaba.

Centro Esportivo Municipal

    A prefeitura autorizou o uso da quadra no centro esportivo todas as quartas feiras das 13:30 às 16:00. Nosso primeiro treino no centro esportivo foi datado de 13/08/08, data que foi um marco para o projeto, pelo fato de nunca termos treinado anteriormente em uma quadra poli esportiva. Pessoalmente, aquele foi um momento muito emocionante, pois o trabalho começava a tomar os contornos descritos no projeto inicial. Os atletas teriam melhores condições para participar das práticas, pois o centro esportivo supria as necessidades, sendo a quadra coberta, ideal contra as intempéries climáticas.

    No centro esportivo atuamos inicialmente com a modalidade do basquete sobre rodas, como modalidade esportiva e também como um meio de atividade terapêutica, pelo de fato temos participantes com diversos níveis de comprometimento motor.

    Em setembro 2008 assisti a um programa sobre esportes adaptados. Este programa mostrava uma série de modalidades esportivas, onde uma me chamou a atenção, o Handebol em Cadeira de Rodas (HCR), pelo fato de nunca ter ouvido falar dessa adaptação e também por ter praticado em minha infância o Handebol convencional.

    Após o programa fiquei muito empolgado, e anotei o nome do professor que apresentava a modalidade do HCR, Décio Roberto Calegari. Tomei a iniciativa de procurar em um site de pesquisas na internet, felizmente encontrei o e-mail do professor e entrei em contato com o intuito de saber mais sobre as regras do HCR.

    Após alguns e-mails surgiu o convite para ir à cidade de Toledo, Paraná, onde faria um estágio prático sobre o HCR. Participei por uma semana dos treinos e também tive a oportunidade de assistir amistosos de HCR pela região, onde obtive experiência e decidi incluir o HCR no conteúdo a ser desenvolvido no projeto.

Um pouco da historia do HCR

    Inicialmente em 2003 a modalidade foi desenvolvida na UNICAMP (ITANI, ARAÚJO e ALMEIDA, 2004) pelos professores Daniela Eiko Itani, Paulo Ferreira de Araujo e Jose Julio Gavião de Almeida. Estes autores desenvolveram o primeiro estudo sobre as possibilidades de adaptação do Handebol para a pratica por parte das pessoas com Deficiência.

    No ano de 2005 foi realizada por docentes da Universidade Paranaense – UNIPAR/TOLEDO/PR (Décio Roberto Calegari, José Irineu Gorla e Ricardo Alexandre Carminato) a adaptação do Handebol em Cadeira de Rodas (HCR), para a prática por pessoas com Deficiência Física, (CALEGARI, GORLA e CARMINATO, 2005).

    Desde então a modalidade vem crescendo bastante e alguns estudos têm sido realizados para fornecer base científica a este crescimento, dentre os quais podemos citar: Costa e Silva et. al. (2007), Calegari et. al (2007), e Calegari et. al. (2008).

Equipe de Handebol em Cadeira de Rodas

    O HCR é um esporte muito parecido com sua versão convencional, sendo que a principal adaptação é a redução da trave através de uma placa para dar possibilidades de defesa aos goleiros, (CALEGARI, GORLA e CARMINATO, 2005).

    Divide-se em duas modalidades o HCR 4 (que adapta o Handebol em Areia para a pratica em quadra) e HCR 7 (que adapta as regras do handebol de salão para 7 jogadores).

    De acordo com à classificação funcional o HCR 4 permite um total de 14 pontos em quadra, enquanto o HCR 7 permite apenas 16 pontos, enfatizando a inclusão de deficientes mais comprometidos no aspecto motor (CALEGARI, et. al. no prelo).

Formação da equipe da HCR

    Quando retornei de Toledo fiz a apresentação da modalidade para os participantes do projeto, tanto na sua parte teórica como prática.

    Tive a preocupação em criar um DVD com os fundamentos práticos e táticos para que a equipe tivesse uma maior assimilação do conteúdo

    O HCR teve uma ótima aceitação, e desde então deixamos de trabalhar o basquete, tendo o diferencial de atuarmos com o HCR para fins competi-vos e terapêuticos, observado que o HCR possibilita a participação de atletas com maior comprometimento motor, em relação ao basquete.

1º Campeonato Brasileiro de HCR – Toledo – PR - de 11 A 14/06/09

    Como começamos a pensar em competições, decidimos que os treinos conseqüentemente teriam de aumentar para mais de um dia. Mais não ocorreu, pois os centros esportivos já tinham as suas agendas definidas e não sobraram horários disponíveis. Foi então que através de contatos da arquiteta Míriam Iuama, que nos ajuda na área de acessibilidade do projeto, conseguimos mais um local de treino, em um clube particular que cedeu a sua quadra para que pudéssemos ministrar mais um treino semanal.

Clube particular

    A diretoria do clube liberou a quadra para ser utilizada todas as quartas feiras, das 08:30 às 11:00. Começamos a treinar no clube no dia 25/02/2008, porém treinamos no período da tarde no Centro Esportivo, então dividimos a intensidade dos treinos, para não sobrecarregar os atletas.

Clube particular

    O indicado seria treinar em dias diferentes, mais pelo fato dos atletas terem fisioterapia entre outros afazeres pessoais agendados em outras datas, chegamos a um consenso que a melhor data continuaria sendo na quarta-feira.

4.9.     Estrutura das atividades desenvolvidas

    Inicialmente a idéia era de possibilitar uma estrutura de treinamento, que não prejudicasse a atuação dos participantes no projeto. Foi quando conclui que seria viável ter mais um profissional atuando juntamente comigo no projeto.

    Convidei um professor de educação física que atuou comigo no campeonato mundial de cegos em 2007. Expliquei do que se tratava o projeto e do caráter voluntário das atividades. Ele aceitou o convite e se juntou a equipe.

    Atuamos no período da manha e a tarde, sendo 6 horas e 30 minutos semanais, distribuídos em 1 dia de treino, dividido em dois períodos, sendo 3 horas no período matutino e 3 horas 30 minutos no período da tarde. Atuamos juntamente nos 2 períodos.

4.10.     Estratégia de ensino

    Diversas estratégias foram utilizadas em nossos treinos para que os conteúdos fossem transmitidos de forma eficaz, visando que os participantes tivessem uma maior interação com os outros participantes nas atividades desenvolvidas. Empregamos algumas formas de condução das atividades, anteriormente encontradas na graduação e agora na pós-graduação. Mesmo conhecendo o conteúdo da educação física e dos esportes, tivemos que adaptar algumas estratégias. Pensando nisso, desenvolvemos nossa forma de conduzir os treinos, considerando as características do comprometimento motor de cada participante, bem como tentando responder aos objetivos do projeto. A seguir, discutiremos nossa experiência de ensino no projeto referindo-se freqüentemente, aos conteúdos encontrados na literatura especializada.

4.11.     Ensino de apoio

    A abordagem no ensino de apoio proposta por Rich (2004, p. 99), propõe que os alunos com deficiência devem ser integrados em classes de Educação Física regular, sendo necessário um auxiliar ou assistente voluntário, que facilitará o trabalho do professor de Educação Física. Esta proposta elaborada para ambientes escolares inclusivos pôde também ser utilizada em nosso projeto. Entretanto, inicialmente não atuamos com essa estratégia pelo fato dos participantes até então terem autonomia para participar do projeto, sem a necessidade de apoio ou auxilio nas atividades desenvolvidas. Após alguns meses do projeto, com a entrada de participantes que necessitavam de auxilio, adotamos esta estratégia de ensino.

4.12.     Características dos participantes nas atividades desenvolvidas

    Seja qual for a proposta de atividades a ser realizada pelos participantes do projeto, é importante reconhecer algumas características apresentadas pelos mesmos. Reconhecê-las facilita o início e precaução na condução das atividades a serem desenvolvidas.

    As características que serão citadas são totalmente dependentes do que ocorre no dia-dia de cada participante, como:

Infecção do trato urinário

Definição

    A infecção urinária pode comprometer somente o trato urinário baixo, o que especifica o diagnóstico de cistite, ou afetar simultaneamente o trato urinário inferior e o superior; neste caso, utiliza-se a terminologia infecção urinária alta, também denominada pielonefrite. A infecção urinária baixa ou cistite pode ser sintomática ou não. As infecções do trato urinário podem ser complicadas ou não complicadas, as primeiras tendo maior risco de falha terapêutica e sendo associadas a fatores que favorecem a ocorrência da infecção (LOPES e TAVARES, 2004).

    A infecção urinária é complicada quando ocorre em um aparelho urinário com alterações estruturais como lesões medulares ou funcionais do aparelho. Habitualmente, as cistites são infecções não complicadas enquanto as pielonefrites, ao contrário, são mais freqüentemente complicadas, pois em geral resulta da ascensão de microrganismos do trato urinário inferior e estão freqüentemente associadas com a presença de cálculos renais.Tanto a infecção urinária baixa, como a alta podem ser agudas ou crônicas e sua origem pode ser comunitária, adquirida de lesões medulares ou hospitalares (LOPES e TAVARES, 2004)

Escara (úlcera de decúbito)

Definição

    Iremos relatar segundo Machado (2000), sobre a escara ou úlcera de decúbito, decorre da compressão e a conseqüente falta de oxigenação e nutrição dos tecidos (pele, mucosas e tecidos subjacentes), quando uma pessoa com diminuição da mobilidade permanece na mesma posição por longos períodos, como os portadores de lesões neurológicas, por exemplo.

    É importante que se considere o oxigênio e nutrientes transportados pela corrente sangüínea, como elementos imprescindíveis para a preservação da integridade cutânea e dos tecidos subjacentes, sem os quais a incidência de escaras torna-se risco potencialmente maior, particularmente quando comprimida área corporal próxima de proeminências ósseas.

    Freqüentemente, por falta de observação e/ou o cuidado de se oferecer ajuda para mudar de posição ou, ainda nos casos de perdas significativas do nível de consciência (confusão mental, agitação psicomotora, etc.), a imobilidade aumenta os riscos de se desenvolver processo de necrose do tipo escaras.

    Com o conhecimento prévio das lesões ou patologias apresentadas pelos participantes poderemos alterar as atividades visando a melhor participação do praticante. Atuando de uma forma que os movimentos não comprometam as sua condição física, agravando a sua lesão ou patologia por esforço desnecessário ou diminuindo o grau de intensidade do exercício a ser executado.

1º Campeonato Paulista de HCR – Unicamp Campinas – 10/04/2009

4.13.     Dificuldades gerais do projeto

    Após 1 ano e 7 meses de duração, encontramos alguns entraves que dificultavam o desenvolvimento e outros poderiam ter levado ao final do projeto. A partir de uma série de iniciativas buscamos solucioná-los, conforme os recursos e meios que nos eram acessíveis. A seguir, descreveremos cada um deles e esperamos que possam servir de auxílio para outros profissionais que se encontrem em situação similar a nossa.

  • Problema – Local adequado para os treinos

  • Dificuldade

    A grande dificuldade de conseguir uma quadra poli esportiva com horário disponível e adequada, sendo coberta e acessível para usuários de cadeiras de rodas.

  • A Solução

    A nossa solução foi de aceitar a quadra que teria horário disponível mesmo não sendo acessível. Tendo a quadra, mandamos confeccionar uma rampa de acesso com a inclinação e largura adequadas, segundo critérios da Associação Brasileira de Normas Técnicas, na sua edição NBR 9050.

  • Problema - Cadeira de rodas específicas para prática esportiva e materiais esportivos

  • Dificuldade

    Como já foi citado nos capítulos anteriores, a associação não tem recursos para adquirir cadeiras especificas e materiais esportivos.

  • A Solução

    A associação não tinha verba para comprar as cadeiras, mais tinha 8 cadeiras que foram usadas há 10 anos, quando existia o esporte na entidade. Todas as cadeiras estavam faltando rodas, acentos, garfos entre outros itens. A solução foi fazer a manutenção nas cadeiras, criando adaptações usando peças de outras cadeiras, e até o momento montamos 4 cadeiras, que usam as mesmas rodas da cadeira de uso pessoal de cada atleta.

    Sobre o material esportivo, conseguimos uma doação por meio de conhecimento pessoal por parte de um professor de minha graduação, Fernando Dela Rosa, que nos doou 12 bolas de handebol, outros materiais como bombas de ar, esparadrapos, compramos com valores doados entre todos os membros da equipe.

  • Problema – Transporte para os treinos

  • Dificuldade

    A cidade em si, não está acostumada a ter pessoas com deficiências praticando atividades físicas e desportivas, então não dão a atenção necessária e desprezam a solicitação de transporte para o local dos treinos, muitas vezes dizendo que não tem importância o esporte e atividade física, dando mais atenção a tratamentos fisioterapêuticos entre outras atividades.

  • Solução

    O caminho foi enviar ofícios a secretaria de transporte dizendo o objetivo e o beneficio da atividade física para cada deficiente, também alegando, segundo a constituição nacional e outros órgãos o direito ao esporte e lazer. O exercício deste direito foi determinado pelas manifestações Esporte-Educação, Esporte-Lazer e Esporte de Rendimento.

    Esta indicação resultou no artigo 217 da Constituição de 1988, que no seu caput diz:

    “Art. 217 – É dever do Estado fomentar práticas esportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados:”.

    Mostrando também como referência o campo internacional sobre essa ação, no ano 2000, a Fédération Internationale d’Education Physique – FIEP editou o seu Manifesto Mundial de Educação Física – FIEP 2000, o qual, logo no seu Capítulo I, depois de referenciar-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948), na Carta Internacional de Educação Física e Esporte (UNESCO, 1978) e no reconhecimento histórico e universal da Educação Física como meio da Qualidade de Vida, estabeleceu:

    “Art. 1 – A Educação Física, pelos seus valores, deve ser compreendida como um dos direitos fundamentais de todas as pessoas”.

    Mais uma vez retornando ao Brasil, o Conselho Federal de Educação Física – CONFEF reforçou, na Carta Brasileira de Educação Física, o direito de todos à Educação Física, tornando-os beneficiários.

    Através dessa iniciativa conseguimos o transporte para 3 dos 12 atletas, no momento a secretaria de transportes diz que a trota dos transportes especiais está sobrecarregada não podendo liberar o transporte para mais atletas, os outros integrantes da equipe necessitam de caronas para freqüentar os treinos.

4.14.     Problemas remanescentes

  • Problema - Falta de receita mensal para arcar com os custos do projeto

  • Dificuldade

    A dificuldade de nós professores, não termos uma receita mensal para custear os valores do projeto, dificulta muito a nossa condição financeira, pelo fato de termos que nos ausentar de nossos trabalhos para estar desenvolvendo o projeto, enquanto a isso temos um déficit em nossa renda financeira, por parte disso não podendo agregar recursos para a ampliação do projeto, não tendo a possibilidade de arcar com custos de taxas de inscrições em campeonatos, viagens, alimentação dos atletas, manutenção das cadeiras e aquisição de materiais esportivos.

  • Solução

    A solução seria encontrar um patrocinador, podendo ser do poder púbico ou da iniciativa privada. Observamos que a maioria dos projetos similares ao nosso, todos tem uma Instituição de Ensino Superior auxiliando o projeto em que a entidade encabeça, com recursos físicos, materiais e financeiros, podendo estar desenvolvendo como responsabilidade social.

    Através de nossas participações em eventos estaduais e nacionais na modalidade de Handebol em Cadeira de Rodas, estamos batalhando para que nosso time passe a ser uma equipe representante de Sorocaba. Sendo assim podendo receber verbas destinadas para todos os custos do projeto.

4.15.     Próximo passo do projeto

    O projeto está visando ampliação das modalidades esportivas, acrescentando o Tênis de Mesa, Natação e Atletismo.

    Alguns de nossos atletas estão integrando a equipe de atletismo que representa Sorocaba. Estamos visando a possibilidade de mais um dia de treinamento para que possa ser feito os treinos específicos do atletismo.

Apresentação na escola Patrícia Maria dos Santos - Votorantim

    Estamos formalizando a parceria com a Liga Paulista de Handebol (LPH), que tem como presidente o Professor Sérgio Paulo de Tarso Domingues, para a criação de um departamento de Handebol em Cadeira de Rodas na LPH.

    Dada a evolução e desenvolvimento da modalidade em nosso Estado, surgiu a necessidade de se criar um órgão para organizar os eventos e filiar as equipes de nosso estado.

    Percebendo a possibilidade, estamos formulando um projeto que conforme estabelece o artigo 1º da Lei do Incentivo ao esporte, as pessoas jurídicas, tributadas com base no lucro real, poderão deduzir os valores despendidos no investimento em projetos desportivos e paradesportivos, a título de doação ou patrocínio, de até 1% do Imposto de Renda – Pessoa Jurídica, já as pessoas físicas poderão deduzir os valores investidos em até 6% do Imposto de Renda devido (AYRES e CONCEIÇÃO, 2007)

4.16.     Conseqüências do projeto

    Diversas atividades foram realizadas no decorrer de todo o projeto, como matérias realizadas pela mídia no geral, como jornais, programas de TV, apresentações em escolas, palestras em faculdades, participações em eventos, desfiles, fóruns, participação em campeonatos estaduais e nacionais.

    Nossa equipe participou do 1º Campeonato Brasileiro de Handebol em Cadeira de Rodas, realizado nos dias 11 a 14 de junho em Toledo – PR, obtivemos a 3º colocação na Taça de prata na categoria HCR4, e a 5º na categoria HCR7.

    Conseqüência de nosso trabalho foi a convocação de 2 de nossos atletas para a formação da primeira seleção Brasileira de HCR7, sendo eles, Oséias Ferreira da Silva Junior e Paulo Aparecido Luis.

    E uma grande surpresa foi a minha convocação, e também a do outro professor envolvido no projeto, para estarmos integrando a Seleção Brasileira de HCR7 como Auxiliar Técnico do Professor Ricardo Carminato.

Jogos Regionais – São Roque – 03/07/09

    Três integrantes de nossa equipe participaram dos Jogos Regionais Realizados em São Roque no dia 3 e julho, na categoria PCD (Pessoa com Deficiência), nas modalidades do atletismo de pista e campo, conseguindo 8 medalhas no total e um índice para ir aos Jogos Abertos em São Caetano em Setembro.

5.     Conclusão

    Ao redigir esse trabalho, tentamos apresentar, de forma clara e objetiva, a experiência na implementação do esporte adaptado na entidade ADERES. Destacando que a entidade não teria meios para a contratação de um profissional de educação física e o projeto somente poderia ser desenvolvido com o processo de atuação voluntária na entidade, a falta de apoio dos órgãos públicos e a possibilidade encontrada em órgãos privados, possibilitaram o desenvolvimento do projeto. Mesmo com uma certa dificuldade com referencial bibliográfico sobre esse tema e com pouca experiência profissional, foi possível desenvolver algumas estratégias que facilitaram muito a atuação.

    Essa experiência foi muito gratificante em todo o seu processo, pelo envolvimento com o esporte adaptado, pela experiência profissional, a superação dos obstáculos e diariamente aprendendo uma nova lição de vida. Satisfeito em poder compartilhá-la com os leitores e divulgar a possibilidade de implementação do esporte adaptado em entidades, mostrando que projeto tem o intuito de aumentar as atividades a serem desenvolvidas , buscando novas parcerias, mais participantes e o reconhecimentos dos órgãos públicos que podem fazer algo pelo projeto e não o fazem.

    Portanto, esperamos que esse trabalho possa servir de apoio para reflexões de outros profissionais que venham atuar em outra instituição similar. Por fim, que essa seja uma área que tenha muito a crescer e com mais iniciativas por parte de pesquisadores por esse tema, e assim, possa garantir um maior envolvimento dos profissionais de educação física atuando em entidades para tratamento de pessoas com deficiências.

Referências

  • ARAÚJO, P. F. Desporto adaptado no Brasil: origem, institucionalização e atualidade. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto/INDESP, 1998.

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