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A contribuição da prática de exercícios físicos na 

prática pedagógica de professores da Educação Infantil

La contribución de la práctica de los ejercicios físicos en la práctica pedagógica de los profesores de Educación Inicial

 

*Licenciada Educação Física da Universidade do Oeste de Santa Catarina

Campus de São Miguel do Oeste/SC

**Licenciada em Educação Física da Universidade do Oeste de Santa Catarina

Campus de São Miguel do Oeste. Especialista em Educação Física Escolar

pelo Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria/RS

Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação

do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria/RS

Daiane Zeni Wesendonck*

Andréia Paula Basei**

andreiabasei@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa busca contribuir para a saúde física e mental dos professores para que em suas práticas pedagógicas sejam mais relaxantes e motivadas. Assim, este estudo teve por objetivo analisar a contribuição por meio da prática de exercícios físicos na prática pedagógica de cinco professoras pedagogas que atuam na educação infantil, após a jornada de trabalho. Esta é uma pesquisa qualiquanti do tipo estudo de caso, sendo que os dados foram coletados a partir de um questionário com questões abertas e fechadas. A partir dos resultados obtidos no pré-teste, elaborou-se um planejamento de exercícios físicos para realizar uma proposta de três meses de intervenção, e ao final desta aplicar novamente o pós-teste, onde foram comparados os dados obtidos no pré e pós-testes. Verificou-se que houve benefícios físicos como psicológicos após a realização da intervenção. Conclui-se que a prática de exercícios é fundamental para o cotidiano pessoal e profissional, pois as professoras se sentiam mais dispostas e motivadas ao final da intervenção para o desenvolvimento de suas práticas pedagógicas.

          Unitermos: Educação Física escolar. Educação Infantil. Prática Pedagógica. Exercício físico.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente muitos assuntos têm sido discutidos sobre a importância de um estilo de vida saudável para pessoas de todas as idades. Há evidências de que a pessoa que tem um estilo de vida mais ativa tende a ter uma auto-estima e uma percepção de bem-estar psicológico positivo (NAHAS, 2003, p. 09).

    Esta pesquisa busca contribuir para a saúde física e mental dos professores para que em suas práticas pedagógicas sejam mais relaxantes e motivadas. Assim como relata Sharkey (2002, apud KOSLOWSKY, 2004, p.1) que “O exercício físico é elemento fundamental para regulação da qualidade de vida do ser humano”.

    Guiselini (1996, p.17) diz que “a melhor razão para começar um programa de exercício físico é melhorar a saúde e o condicionamento físico. Fazer exercício regularmente traz benefícios tanto para a saúde física quanto mental”.

    Gobbi (1997, p.44 apud MOREIRA 2001, p. 36-37) concorda argumentando que os efeitos benéficos da atividade física podem ser a melhoria do bem-estar geral, da saúde geral física e psicológica; controle de estresse, entre outros.

    Uma atividade de curta duração que se realiza durante a jornada de trabalho, ou ao término dela, visa um melhor desempenho profissional (em sua função), além do bem-estar físico e mental. Podemos considerar um momento de descontração individual e ou social, onde todos interagem de forma prazerosa durante as atividades (LIMA, 2003).

    Nahas (2003, p. 166) descreve que há os benefícios imediatos que são alterações que acontecem durante e logo após a realização das atividades. E também há as diversas modificações estruturais e funcionais que ocorrem em função da prática regular de atividades físicas que são consideradas como benefícios há médio prazo que são adaptações observadas em algumas semanas ou meses.

    Guerra ([19- -?] apud CHRISTOFF, 2002, p. 17), expõe que a qualidade de vida no trabalho busca melhorar o equilíbrio psíquico físico social, sendo respeitadas as necessidades e limitações dos trabalhadores, objetivando um crescimento pessoal e profissional sem traumas. A intensidade dessa qualidade depende da sensibilidade individual e da percepção de fatores que envolvem com maior ou menor intensidade diversas relações com o trabalho.

    Barbanti (1990, p.16) fala que músculos fracos cansam facilmente e não podem sustentar a coluna em um alinhamento correto, neste sentido o fortalecimento muscular faz-se de fundamental importância dentro de um programa de ginástica após a jornada de trabalho.

    “O alongamento pode ser feito em quase todos os lugares e a qualquer hora, não exigindo nenhum equipamento especial, nenhuma roupa especial, nenhuma habilidade especial. Você pode alongar-se periodicamente, no decorrer do dia, esteja onde estiver” (ANDERSON, [19- -?], p.11).

    Sendo assim, A compreensão do trabalho do professor supõe, portanto, incidir o foco da análise sobre os saberes da experiência, constituídos em um contexto de ensino, no qual múltiplos fatores se articulam, estabelecendo limites para a sua atuação. Nesse contexto, o professor constrói seus esquemas de ação que, mesmo implícitos, são os responsáveis pelo seu fazer, na rotina ou nas improvisações frente à diversidade de problemas inerentes ao espaço pedagógico de “micro decisões” como é o da sala de aula (PERRENOUD, 1993 apud GRIGOLI, [20- -?], p.02).

    Esteve (1999 apud FARIAS et al., 2008, p. 12) aponta os principais fatores que incidem diretamente na ação docente e geram tensões de caráter negativo na prática cotidiana dos professores. Estes fatores podem ser: os recursos materiais e as condições de trabalho, a violência nas instituições escolares, o esgotamento docente e a acúmulo de exigências sobre o professor, que determinam o absentismo trabalhista, o abandono da profissão docente e as doenças.

    Este estudo objetivou analisar a contribuição por meio da prática de exercícios físicos na prática pedagógica de cinco professoras pedagogas que atuam na educação infantil, após a jornada de trabalho. Para isso, foram aplicados exercícios de alongamento em professoras da educação infantil, após a jornada de trabalho, exercícios de fortalecimento muscular e realizadas massagens relaxantes, após a jornada de trabalho. Por fim, foram comparados os benefícios dos exercícios aplicados para a prática pedagógica das cinco professoras da educação infantil.

Procedimentos metodológicos

    De acordo com Michel (2009), a pesquisa qualiquanti, quantifica e percentualiza opiniões, comportamentos, afirmações, submetendo seus resultados a uma análise crítica qualitativa, permitindo assim, identificar e explicar comportamentos, atitudes.

    Já a caracterização como estudo de caso se deu devido ao foco essencial de tratar um grupo específico, seus problemas, suas práticas, sua preparação para o trabalho, etc. aprofundando a descrição e conhecimento dessa realidade. Nesse tipo de estudo, os resultados são válidos só para o caso que se estuda, uma vez que, não se pode generalizar os resultados atingidos. No entanto, esse tipo de pesquisa tem sua importância por fornecer o conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada que os resultados podem permitir e formular hipóteses para o encaminhamento de outras pesquisas (TRIVINOS, 1997).

    Os participantes deste estudo foram cinco professores, sendo todos do gênero feminino, entre 28 e 42 anos, exercendo a profissão de professoras pedagogas do Instituto Educacional Criatividade Versatilidade e Excelência - CVE do município de São Miguel do Oeste, Santa Catarina.

    Para a coleta de dados, utilizou-se do Questionário de Topografia e Intensidade da Dor (MENDES; LEITE, 2005) para diagnosticar as melhorias que se fazem necessárias para avaliar o nível de benefício que os exercícios físicos como o alongamento, o fortalecimento muscular e a massagem relaxante podem trazer na prática pedagógica dos cinco professores da educação infantil. Para a análise deste Questionário os dados foram organizados em forma de tabelas, os quais foram discutidos e analisados de acordo com o referencial adotado para esta pesquisa.

    Foi utilizado também um questionário aberto para melhor avaliação dos resultados obtidos junto as professoras. O questionário é um instrumento previamente construído, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do pesquisador (MICHEL, 2009). A opção pelo questionário aberto, se deu pela possibilidade oferecida de obter mais informações com relação a temática de pesquisa, já que o mesmo foi elaborado tendo como referencia temáticas, que posteriormente foram organizadas em categorias para a análise. Um questionário referente as práticas pedagógicas sendo aplicada no início e ao término da pesquisa, para melhor avaliarmos se ocorreu melhora na prática pedagógica dos professores da educação infantil.

    E, utilizou-se também como instrumento para a obtenção de informações um diário de campo para acompanhar o desenvolvimento e a aceitabilidade das atividades realizadas, onde foi registrada a participação e frequência dos envolvidos na pesquisa, bem como o planejamento dos exercícios.

    No primeiro momento foi realizado o contato com a escola, solicitando autorização para a realização deste estudo. Em seguida, foi conversado e explicado aos professores da educação infantil os objetivos deste estudo e entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    Daí seguiu-se para a primeira coleta de dados, o pré-teste, onde foram respondidas questões referentes à prática pedagógica destas professoras e também um questionário onde indicaram as dores presentes.

    A partir da realização do diagnóstico inicial, foi estruturada e desenvolvida a proposta de intervenção para as atividades de alongamento, fortalecimento e relaxamento muscular. O desenvolvimento das atividades se deu durante três meses, três vezes na semana, em dias alternados, onde a cada dia era planejado trabalhar uma região do corpo, de acordo com os resultados constantes no pré-teste.

    Por fim, foi realizado o pós-teste, onde foram obtidos os dados que possibilitaram avaliar o trabalho desenvolvido e as possíveis contribuições na prática pedagógica das professoras participantes.

Apresentação e discussão dos resultados

    Inicialmente foi realizado o pré-teste, sendo entregue o questionário e explicado, sucintamente, a elas os procedimentos para responder ao mesmo. Sendo que, estes, foram respondidos sem a interferência dos pesquisadores, já que não foi respondido no momento da entrega.

    Após a devolução dos questionários respondidos, pode-se realizar o diagnóstico inicial sobre as possíveis dores causadas pela prática pedagógica desenvolvida pelas professoras. Estes dados podem ser observados na Tabela 1.

Tabela 1. Dados referentes ao pré-teste

Fonte: As autoras.

    Considerando os dados da Tabela 1, pode-se observar que a Professora A afirmou sentir dores no ombro e lombar, que podem ser classificadas, conforme Mendes e Leite (2005) como leve a moderada. Essas dores podem estar associadas às atividades desenvolvidas durante a prática pedagógica dessa Professora, já que, a mesma afirmou no questionário aberto realizar movimentos como abaixar com frequência e correr com os alunos, jogar bola. Ainda afirma que sente-se cansada no fim da semana (sexta-feira), porém sempre têm disposição para iniciar as atividades pedagógicas na escola.

    Quando inseridos no contexto do trabalho, os professores, de acordo como ciclo da carreira docente, podem apresentar diferentes comportamentos, ações e atitudes que caracterizam uma etapa da sua trajetória profissional. (LEMOS; CRUZ, 2005; JESUS, 2007, apud FARIAS et al., 2008, p. 15).

    “O educador deve conhecer não só teorias sobre como cada criança reage e modifica sua forma de sentir, pensar, falar e construir coisas, mas também o potencial de aprendizagem presente em cada atividade realizada [...]” (Oliveira, 2002, 124).

    Analisando a Tabela 1, pode-se observar que a Professora B afirmou sentir dores nas regiões do joelho e lombar, que são classificadas segundo Mendes e Leite (2005) como moderado. As dores indicadas podem estar associadas às atividades desenvolvidas durante a prática pedagógica dessa professora, onde, a mesma afirmou no questionário aberto realizar movimentos como abaixar e levantar com frequência (pegar alunos no colo), correr e ficar em pé. Afirmou ainda que normalmente têm disposição para iniciar suas atividades, mas quando as crianças estão muito agitadas e ou irritadas por motivos diversos sente-se cansada durante a sua prática pedagógica. E ao término da sua jornada de trabalho afirmou não sentir disposição física para executar outras atividades, porém, tem casa para atender.

    Para GUISELINE (2006, p. 35) quando o objetivo é aumentar ou desenvolver as capacidades neuromotoras, relacionadas à saúde, performance (força, resistência muscular localizada e flexibilidade), ou promover a correção postural, consciência corporal e descontração, os exercícios de efeito localizado são os mais recomendados, ocorrendo por meio de métodos de treinamento específicos.

    Na Tabela 1 a Professora C indicou sentir dores nas regiões dos cotovelos, tornozelos, pescoço e lombar, que segundo Mendes e Leite (2005) classificam-se como leve a moderadas. Podendo estar associadas às atividades desenvolvidas durante a prática pedagógica dessa professora, já que, a mesma afirmou no questionário aberto que durante a prática pedagógica na escola sente cansaço físico, falta de ar, dor nas pernas, ainda fala que nem sempre tem disposição física para iniciar as atividades, mas tendo ou não realiza igual, pois é o trabalho que escolheu.

    A dor de acordo com Ferreira (1977, p.169 apud MARTINS, 2008, p. 51), é uma “impressão desagradável ou penosa, proveniente de lesão, contusão ou estado orgânico anômalo”. Souza (2002 apud MARTINS, 2008, p.51) diz que dor é uma experiência subjetiva que pode estar associada a dano real ou potencial nos tecidos e que pode ser descrita tanto em termos destes danos quanto por ambas as características. Ainda, a dor diversifica-se tanto na qualidade quanto na intensidade sensorial, sendo afetada por variáveis afetivas e motivacionais.

    A Professora D, na Tabela 1, afirmou sentir dores nas regiões do pescoço e ombros, onde Mendes e Leite (2005) classificam como leve a moderada. Essas dores podendo estar associadas às atividades desenvolvidas durante a prática pedagógica dessa professora, já que, a mesma apresentou no questionário aberto realizar movimentos de agachamento várias vezes no dia, que sempre têm disposição para iniciar suas atividades pedagógicas. E ainda salienta que as vezes ao final da semana sente cansaço físico e ou mental. Salienta que ao término de suas atividades pedagógicas, geralmente, sente-se disposta fisicamente para executar outras atividades.

    De acordo com Couto (1995 apud MARTINS, 2008, p.52) as dores musculares comuns em trabalhadores com fadiga cognitiva podem ser consequência tanto do quadro de tensão por ansiedade quanto de uma forte concentração mental que gera alto grau de imobilidade. Segundo este autor, a musculatura nutre-se durante o período de relaxamento, mas “a tensão muscular excessiva compromete a nutrição dos músculos mesmo durante o repouso, levando ao acúmulo de ácido lático” (p.299), e assim, as situações de trabalho excessivamente tensas podem culminar tanto em fadiga quanto em dor muscular. Convém ressaltar que a postura corporal inadequada que exige esforço pode ocasionar dor (MARTINS, 2008, p. 52).

    Por fim, a Professora E afirmou sentir dor na região lombar, onde Mendes e Leite (2005) classificam como moderada. Essas dores podendo estar associados às atividades desenvolvidas durante a prática pedagógica dessa professora, já que, a mesma apresentou no questionário aberto pegar as crianças no colo várias vezes a dia (movimentos de abaixar e levantar). Afirmou ainda que geralmente ao término da jornada de trabalho quer ficar em casa descansando. E que apesar de sentir dores sente-se disposta para desenvolver as atividades necessárias nas práticas pedagógicas.

    Na primeira prática foi realizada a massagem relaxante na região lombar e cervical, sendo que a cada dia da semana era trabalhado um tipo diferente de atividade, alternando exercícios de fortalecimento muscular( flexão e extensão do punho e braços; flexão e extensão do pé; com breve alongamento nestas regiões, incluindo alongamento na cervical), alongamentos ( cervical, punho, braços, lombar, pernas e pé), e relaxamento ( massagem na lombar, cervical, braços e mãos, relaxamento mental: contar uma história). Estas foram as atividades realizadas durante todas as práticas de exercícios, porém conforme passou, aproximadamente, vinte e quatro (24) práticas, passou-se as práticas combinadas, onde eram combinados dois tipos de exercícios diferentes em uma aula, como exemplo, massagem cervical com alongamento na cervical; ou fortalecimento do punho e braços com alongamento geral ou ainda elas mesmas se aplicando a massagem, onde trabalham o fortalecimento do punho, entre outros. Todas as aulas eram pré- elaborados e combinados de acordo com as necessidades das professoras pedagogas.

    As práticas pedagógicas foram efetivamente realizadas, tendo aprovação, apoio e companheirismo de todas as praticantes, também tendo depoimentos, de que com a prática dos exercícios as dores diminuíram efetivamente e que se sentem mais dispostas para a prática pedagógica.

    Após a realização das atividades durante o período de intervenção, foi novamente realizado o teste para obtenção de um diagnóstico sobre as possíveis contribuições das atividades para a melhoria do estilo de vida e da prática pedagógica das professoras, bem como para diminuição das dores mencionadas por elas.

    Relacionando os dados da Tabela 1, com os obtidos no pós-teste, apresentados na Tabela 2, pode-se comparar os dados obtidos com o pré e o pós-teste.

Tabela 2. Dados referentes ao pós-teste

Fonte: As Autoras.

    Considerando os dados obtidos com o pré e pós-testes da Professora A, verificou-se que as dores nas regiões do corpo indicadas antes da intervenção, ou seja, no ombro e lombar, não foram indicadas após a intervenção. No entanto, esta mesma Professora afirmou sentir dores classificadas como leves no pescoço. Argumentou que se sente disposta no início e durante a prática pedagógica e que raras as vezes sente cansaço na sexta-feira, porém tem disposição para executar outras tarefas.

    Nos dados obtidos com pré e pós-testes na Professora B, verificou-se que as dores nas regiões do corpo indicadas antes da intervenção, ou seja, joelho e lombar, o joelho não foi indicado após a intervenção. Já na região lombar ocorreu uma diminuição de moderado passou-se a leve. No entanto, esta mesma Professora afirmou sentir dores classificadas como leves na região do pescoço. Colocou ainda no questionário aberto que normalmente tem disposição para iniciar as atividades pedagógicas. E que eventualmente sente dores.

    Concordando com a colocação de Martins (2008, p.101) a fim de que, qualquer exercício físico proporcione o maior número de benefícios ao indivíduo, a aderência à atividade deve ser otimizada. Conforme Barbanti (1994 apud MARTINS, 2008, p.101), esta aderência relacionada ao exercício físico é a manutenção da participação no programa, independente se é individual ou grupal, estruturado ou desestruturado, sendo geralmente medida pelo número de ausências consecutivas nos treinos ou aulas.

    Com os dados obtidos no pré e pós-testes da Professora C, verificou-se que as dores nas regiões do corpo indicadas antes da intervenção, ou seja, cotovelos, tornozelos, pescoço e lombar classificadas como leve a moderada. No entanto, a única região do corpo, das quatro citadas acima, que permaneceu foi a região dos cotovelos e com diminuição, passou-se então após a intervenção para leve. Ainda salienta, no questionário aberto, que sente um pequeno desconforto em atividades físicas, como pular e correr.

    Para Couto (1995 apud MARTINS, 2008, p.66) a fadiga, por si só, não se constituiria numa condição mais grave, mas a fadiga por tensão cognitiva teria a capacidade de afetar a produtividade por causa da ansiedade e tensão muscular geradas.

    Os dados obtidos no pré e pós-testes da Professora D verificou-se que as dores nas regiões do corpo indicadas antes da intervenção, ou seja, pescoço e ombros classificados como leve a moderado, após a intervenção, a região do pescoço não foi indicada, no entanto, esta mesma Professora afirmou sentir dor na região dos ombros, porém com a classificação leve, após a intervenção. Relatou no questionário aberto que, as vezes, sente cansaço ao fim do expediente, ainda salienta que “quando estava fazendo aos exercícios sentiu-se melhor, quando paramos de realizá-los as dores estão começando a voltar.

    Ilda (1990 apud MARTINS, 2008, p. 67) ostenta que os sintomas da fadiga psicológica são dispersos e manifestam-se de maneira ampla, como o sentimento de cansaço geral, a irritabilidade aumentada, o desinteresse e a maior sensibilidade a estímulos como fome, calor, frio ou má postura. Também devem ser consideradas as diferenças individuais na questão da fadiga, visto que alguns indivíduos se fadigam com mais facilidade do que outros ou demonstram maior tolerância a certos tipos de tarefa, ou ainda, que ficam mais suscetíveis à fadiga em dias específicos ou em determinadas fases da vida.

    Allsen (2001, p.10) salienta que “o exercício atua de maneira positiva no estado de espírito, na ansiedade, na depressão e no estresse psicológico. Além disso, é capaz de melhorar a função cognitiva”.

    Nieman (1999, p.4) diz que “a saúde é definida como um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual, e não somente a ausência de doenças ou enfermidades”.

    Analisando os dados obtidos no pré e pós-testes da Professora E, verificou-se que a dor na região do corpo indicada antes da intervenção, ou seja, lombar, com classificação moderada, não foi indicada após a intervenção, bem como nenhuma outra parte do corpo. Citou ainda no questionário aberto que ”antes dos exercícios desenvolvidos sentia desconforto, porém com o desenvolver das atividades as dores foram diminuindo e hoje não sinto dor”.

    Ao pensar na saúde e no desconforto do trabalhador, cujas tarefas podem ocasionar a sobrecarga da musculatura, torna-se aparente a necessidade das pausas. Segundo a Norma Regulamentadora 17- NR17, que discorre sobre a ergonomia, “nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso, e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, [...] devem ser incluídas pausas para descanso” ( MANUAL DA NORMA REGULAMENTADORA n°17, 2002, P.56-58 apud MARTINS, 2008, p.65).

    Weineck (2003, p.14) diz que “precisamos de pouca atividade física e treinamento, porém, estes devem ser realizados de forma regular e direcionados para manter um alto nível de aptidão psicofísica até uma idade avançada, permitindo levar uma vida normal e independente”.

    De acordo com Ilda (1990 apud MARTINS, 2008, p. 66) a sobrecarga pode acontecer em qualquer ambiente ocupacional, desde que as solicitações feitas sobre o trabalhador extrapolem sua capacidade de resposta, que depende do grau de liberdade de que o sujeito dispõe para solucionar o problema, da tática adotada para resolver o problema e das habilidades/ conhecimentos do indivíduo. Assim, a fadiga pode ser entendida como resultado de um contínuo trabalho, que propicia a diminuição reversível da capacidade orgânica e a degradação qualitativa deste trabalho, originada por uma série de fatores complexos, cujos efeitos são cumulativos. Estes fatores podem ser fisiológicos, psicológicos, ambientais e sociais.

Conclusões

    Diante dos resultados obtidos podemos dizer que foi possível contribuir por meio da intervenção realizada na prática pedagógica de professores, sendo fundamental para o cotidiano de vida, pois é uma estimulação para a prática de exercícios regulares. Como constatou-se nos questionários que as dores estão presentes na prática pedagógica deles e seria uma das formas de estarem praticando um exercício regular e planejado, onde os resultados deste estudo indicam sim os benefícios, não somente na prática pedagógica, mas também disposição e motivação para outras atividades do cotidiano de vida, sendo de grande valia para o bem-estar físico e psicológico desta população.

    Sendo de grande importância uma continuação destes exercícios regularmente, pois as dores diminuíram após três meses de prática de exercícios. Deixando assim, a sugestão de reavaliação destas dores indicadas no pós-teste reestruturar os exercícios direcionando as dores indicadas neste teste. E assim obter continuidade no processo trazendo benefícios diariamente para esta população.

Referências

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  • ANDERSON, Bob. Alongue-se no trabalho: exercícios de alongamento para escritório e computador. São Paulo: Summus editorial, [19- -?]. 108p.

  • BARBANTI, Valdir José. Aptidão física: um convite à saúde. São Paulo: Manole, 1990. 146p.

  • CHRISTOFF, Juliane C. P. PEAS – Produtividade na empresa com atividade e saúde. Monografia (graduação em Educação Física). UNOESC – Universidade do Oeste de Santa Catarina. São Miguel do Oeste, SC, 2002. 49p.

  • FARIAS, Gelcemar Oliveira, et. al. Carreira docente em Educação Física: uma abordagem sobre a qualidade de vida no trabalho de professores da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul. Revista da Educação Física/UEM, VV.19, n.1, p.11-12. Maringá, 2008.

  • GUISELINI, Mauro Antonio. Qualidade de vida: um programa prático para um corpo saudável. 2. ed. São Paulo: Gente, 1996. 116 p.

  • KOSLOWSKY, Marcelo. Influências da atividade física no aumento da qualidade de vida. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 10, n° 69, fev. 2004. http://www.efdeportes.com/efd69/af.htm

  • LIMA, Valquiria de. Ginástica laboral: atividade física no ambiente de trabalho. São Paulo: Phorte Ed., 2003. 240p.

  • MARTINS, Caroline de Oliveira. PPST: programa de programação da saúde do trabalhador. 1. ed. São Paulo: Fontoura, 2008. 223 p.

  • MENDES, Ricardo Alves; LEITE, Neiva. Ginástica laboral: princípios e aplicações práticas. São Paulo: Manole, 2005. 208p.

  • MICHEL, Maria Helena. Metodologia e pesquisa cientifica em ciências sociais. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2009.

  • MOREIRA, Carlos Alberto. Atividade Física na Maturidade: avaliação e prescrição de exercícios. Rio de Janeiro: Shape, 2001. 138p.

  • NAHAS, Markus V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf, 2003.

  • NIEMAN, David C.. Exercício e saúde. 1. ed. São Paulo: Manole, 1999. 317 p.

  • OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. 255p.

  • TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: 1997. Atlas, 175 p.

  • WEINECK, Jurgen. Atividade física e esporte: para quê? São Paulo: Manole, 2003. 254p.

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