VO 2 máximo e composição corporal ematletas de futebol da categoria juniors VO 2 máximo y composición corporal en jugadores de fútbol juveniles |
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*Educação Física Bacharelado. ULBRA **Educação Física, ULBRA/LAFIMED ***Educação Física, UFRGS (Brasil) |
Fernando Ângelo Pancotto Junior* Luiz Antonio Barcellos Crescente** Marcelo Cardoso*** Osvaldo Donizete Siqueira** |
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Resumo O futebol, esporte coletivo de grande popularidade nacional e mundial, segue a tendência da evolução esportiva em treinamento, fazendo uso das mais variadas ferramentas para obtenção de dados e resultados. O presente estudo tem por objetivo descrever o consumo máximo de oxigênio e o percentual de gordura de atletas de futebol de campo da categoria juniores. Para tal, faz uso de métodos já utilizados no meio esportivo, e especificamente no futebol de campo. A amostra foi constituída por 22 atletas de futebol da categoria juniores, com idade entre 16 e 20 anos, separados por posição tática. Para a mensuração do VO2 máximo foi utilizado do Yo-Yo Test Endurance Level 1, com distância de 20 metros e as medidas antropométricas: peso, estatura e percentual de gordura. Os resultados obtidos através da média e desvio padrão demonstraram que goleiros possuem média de percentual de gordura de 11,5 e VO2 máximo (ml/kg/min.) de 43,3, os zagueiros com 10,34% e 54,94, laterais de 9,42% e 56,52, meio-campistas de 10,1% e 54,24 e os atacantes com 9,51% e 56,03. Tais resultados demonstraram que estes atletas de futebol da categoria juniores, quando separados por posições táticas, possuem diferentes características físicas quanto ao percentual de gordura e o VO2 máximo. Os resultados demonstraram também uma relação inversamente proporcional entre consumo máximo de oxigênio e percentual de gordura. Estes resultados, possivelmente são decorrentes das exigências de cada função em situações de jogo e dos estímulos e sobrecargas aplicados durante as rotinas de treinamento. Unitermos: VO2 máximo. Percentual de gordura. Futebol.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O futebol é hoje o esporte mais popular do mundo e que a cada dia atrai mais e mais pessoas, sejam como praticantes, torcedores, espectadores ou investidores (MARTURELI, 2002). Esporte coletivo, com ênfase em alto rendimento, segue a tendência da evolução esportiva em treinamento, fazendo uso das mais variadas ferramentas para obtenção de dados e resultados.
O condicionamento físico para este esporte, segundo BANGSBO (1994),
representa um pré-requisito para a performance técnica, tática e psíquica estável na competição, exigindo do atleta bom nível de preparação, a qual diferencia-se mais especificamente por posição tática. Para MENEZES et al (2005) o futebol torna-se cada vez mais um instrumento de investigação cientifica, devido ao aumento de suas exigências físicas e técnicas, com isso busca-se conhecer o real comportamento de determinadas variáveis e aprimorar métodos de treinamento que possam reproduzir com fidedignidade as situações específicas de jogo. DENADAI (1999) afirma que o VO2 máx. é a variável fisiológica que melhor descreve a capacidade funcional dos sistemas respiratório e cardiovascular, sendo o índice que representa a capacidade máxima de integração do organismo em captar, transportar e utilizar o oxigênio para processos aeróbios de produção de energia durante contração muscular.
WEINECK (2000, p. 28) e REILLY, BASGSBO e FRANKS (2000, p. 672) relataram que “o desenvolvimento do sistema aeróbio pode melhorar o desempenho físico, devido ao aumento da capacidade de recuperação e favorecer a manutenção de um ritmo ótimo de deslocamento durante o jogo”.
Segundo FRISSELLI e MANTOVANI (1999) tática são ações de ataque e defesa com objetivo de surpreender ou bloquear o adversário com movimentações individuais ou coletivas, durante as partidas. Cerca de 98% das ações realizadas pelos jogadores em campo são sem posse de bola, em jogadas onde cumprem movimentações relacionadas aos seus posicionamentos táticos, que podem variar de acordo com as estratégias táticas de partida para partida ou até mesmo dentro de um mesmo jogo (CAMPEIZ, 2006).
Em campo, tanto em treinamento quanto em partidas, grande parte dos jogadores atuam de forma específica por posição, onde alguns tem ações mais limitadas, e ainda com exigências tanto físicas como técnicas diferentes.
Desta forma, o objetivo deste estudo foi descrever a composição corporal e o VO2 máximo em jogadores de futebol da categoria júnior separados por posição tática.
Material e métodos
Amostra
A amostra foi constituída por 22 atletas de futebol da categoria juniores, com idade entre 16 e 20 anos, de um clube de futebol da cidade de Bento Gonçalves, R.S. Brasil. A coleta foi realizada durante o período competitivo. O período caracterizou-se por ter um volume de treinamento de aproximadamente 10 a 12 horas semanais.
Os atletas foram separados em cinco grupos, de acordo com as posições táticas, sendo: goleiros (n=2), zagueiros (n=5), laterais (n=4), meio campos (n=5) e atacantes (n=6). Os critérios para participação da pesquisa foram ausência de lesões recentes, e participação freqüente em treinos. Antes do início das avaliações, todos os indivíduos preencheram um termo de consentimento.
Procedimentos
Para fins de avaliação antropométrica, foi necessário determinar a estatura e peso dos indivíduos (PROESP, 2009).
Para estimativa da composição corporal foi utilizado o modelo de dois compartimentos (massa gorda e massa magra) adotando-se de medida de dobras cutâneas, utilizando-se um plicometro cientifico marca CESCORF com escala de medida de 1 mm.
O Protocolo utilizado foi de FAULKNER, 1968, estabelecido em 4 dobras cutâneas: Tríceps; subescapular; supra-ilíaca e abdômen.
Para a mensuração do VO2máx foi utilizado o teste indireto Yo-Yo Test Endurance Level 1, através da distância de 20 metros, segundo JENS BANGSBOO (1994).
O teste foi aplicado em ginásio poliesportivo, com acompanhamento, monitoramento e registro dos índices por 5 profissionais da comissão técnica do clube.
Os dados foram analisados através da estatística descritiva (média e desvio padrão) de acordo com o Programa SPSS, 17.0.
Resultados
Os resultados serão apresentados através dos quadros 1, 2, 3, 4 e 5 separados por posição, descrevendo os valores individuais, médias e desvio padrão referente aos dados antropométricos, níveis de Yo-Yo, distância percorrida e VO2 máximo. Também apresentaremos os resultados em gráficos, com valores médios de percentual de gordura e VO2 máximo por posição tática, e as suas relações entre eles.
Discussão
O percentual de gordura corporal da equipe de juniores demonstrou através do gráfico 1, valores similares entre as posições táticas, tendo como percentual mais elevado os goleiros, seguidos dos zagueiros, meio-campistas, atacantes e o menor valor médio para os laterais.
Gráfico 1. Valores médios do percentual de gordura dos atletas separados por posição tática
A separação dos grupos por posições táticas demonstrou que os goleiros obtiveram um consumo de oxigênio inferior, conforme o gráfico 2. No entanto o melhor consumo de oxigênio foram os laterais, seguidos dos atacantes, atacantes, zagueiros e meio-campistas. Estes, segundo BARROS; LOTUFO; MINE, 1996, relacionam-se com as exigências diferenciadas dos goleiros, diferentes das solicitadas em outras posições, tendo o metabolismo anaeróbio como principal fonte de energia. A maior média, embora com pouca diferença também foi dos laterais.
Gráfico 2. Média de VO2 máx.(ml/kg/min.) dos atletas da categoria juniores por posição tática
Quando comparados os dois índices, percentual de gordura e VO2 máx.(ml/kg/min), parece haver uma relação inversamente proporcional, embora que pequena, entre consumo máximo de oxigênio e percentual de gordura, como demonstra o gráfico 3.
Gráfico 3. Relação entre médias de consumo máximo de oxigênio (ml/kg/min.) e percentual de gordura de atletas juniores de futebol de campo
Existem características fisiológicas especificas para o futebol; as posições também apresentam características e demandas fisiológicas diferenciadas que variam com a taxa de trabalho de cada posição (BARBANTI, 1996).
De acordo com SANTOS e SOARES (2001), têm sido descritas diferenças acentuadas na performance aeróbia nos jogadores conforme a sua função em campo. No entanto, a quase totalidade destas pesquisas e investigações tem sido conduzida em laboratório, razão pelas quais os resultados obtidos têm pouca aplicabilidade no trabalho de campo do atleta. Sabe-se que os vários elementos de uma equipe percorrem distâncias bem diferentes de acordo com sua função no jogo, assim como tem desempenho distintos revelando diferenças de resistência entre laterais, meio-campistas e centrais avançados.
De acordo com os estudos de BALIKIAN (2002) os jogadores de diferentes posições, demonstram níveis de condicionamento aeróbio distintos, de acordo com os valores em testes de VO2 máx.(ml/kg/min) , em que os goleiros apresentam menores índices (52,68 ml./Kg/min.), em relação aos demais grupos: zagueiros (60,28), laterais (61,12), meio-campistas (61,01) e atacantes (59,94).
SILVA, ROMANO, VISCONTI (1998) também apontam os laterais e meio-campistas como os jogadores com maior desenvolvimento da capacidade aeróbia, em resposta as exigências de suas funções em que percorrem uma faixa mais extensa do gramado, sofrendo estímulos de curta duração, seguidos de estímulos moderados e de maior duração.
Devido à evolução tática que torna o futebol cada vez mais dinâmico, e os diversos tipos de esforços realizados em um jogo, torna-se muito complexo determinar as exigências metabólicas decorrentes de cada ação dos jogadores. Observando as movimentações, em termos energéticos torna-se notória a sustentação dos movimentos pelo metabolismo oxidativo, havendo um predomínio do sistema aeróbio. A distância média total percorrida pelos jogadores durante os jogos é de 11 km, enfatizando a necessidade dos futebolistas possuírem uma boa preparação aeróbia (SANTO; SOARES, 2001).
VIANA et al (1987) afirma que além das variáveis físicas, técnicas, táticas e psicológicas, as análises antropométricas também se tornam imprescindíveis para melhora do desempenho desportivo, classificando a antropometria como o uso da medida no estudo do tamanho, da forma, da proporcionalidade, da composição e maturação do corpo humano.
Segundo o autor existe a necessidade de um monitoramento sobre aspectos antropométricos dos atletas, a respeito da antropometria é "[...] a necessidades de estudos sobre a composição corporal em futebolistas se justifica à medida que, para o desenvolvimento de uma avaliação mais criteriosa sobre os efeitos do treinamento no organismo humano, existe a necessidade de fracionar o peso corporal em seus diferentes componentes, procurando analisar em detalhes as variações nas constituições de cada um desses componentes".
Estudos realizados por FONSECA et al (2004) mostram diferenças nas características antropométricas e na composição corporal de jogadores que atuam em distintas posições no futebol.
As exigências e estímulos físicos específicos podem resultar em diferentes adaptações no que se diz respeito à composição corporal, nesse sentido PRADO et al (2006) sugere que as ações, assim como o gasto energético são variáveis de acordo com as posições dos jogadores em campo e padrões táticos da equipe, com isso a intensidade e sobrecarga impostas aos atletas são de diferentes níveis, resultando em adaptações fisiológicas distintas, assim como na composição corporal.
Conclusão
Com base nos dados pesquisados pode-se concluir que os jogadores de futebol da categoria juniores, de diferentes posições táticas, possuem características físicas e níveis de condicionamento distintos em relação à composição corporal e capacidade aeróbia. Estes, possivelmente são decorrentes das exigências de cada função, dos estímulos e sobrecargas sofridos durante os jogos e treinamentos, das suas características e ações em campo. Foi encontrada ainda uma relação inversamente proporcional entre consumo máximo de oxigênio e percentual de gordura.
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