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Vivências da integralidade na atenção em saúde

no SUS: um olhar voltado para a Educação Física

Vivencias de integralidad en la atención en salud en el SUS: una perspectiva orientada a la Educación Física

 

*Fisioterapeuta, mestranda em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)

Professora substituta da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

**Educadora Física, mestranda em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)

***Fisioterapeuta, mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)

****Fisioterapeuta, doutora em Ciências Biológicas: Fisiologia (UFRGS)

Professora adjunta da UNIPAMPA

*****Educadora Física, Fisioterapeuta, Doutora em Educação (UFRN)

Professora da ESEF/UFRGS e do Programa de Pós-Graduação

em Ciências do Movimento Humano da UFRGS

(Brasil)

Aline Piccinini*

aaline-martinelli@hotmail.com

Alessandra Bueno**

alebueno2@yahoo.com.br

Marielly de Moraes***

mariellydemoraes@yahoo.com.br

Pâmela Billig Mello****

pamelacarpes@unipampa.edu.br

Vera Rocha*****

vera.mrocha@ufrgs.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo é produto da participação de estudantes e profissionais da saúde no Curso de Extensão “Integralidade da Atenção em Saúde”, promovido por um grupo de docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com o objetivo de promover a formação de estudantes de diferentes cursos de graduação da área da saúde sobre o tema integralidade na formação para o SUS. Participaram estudantes e profissionais de sete cursos da área da saúde, num total de 35 participantes, compondo grupos tutoriais. As atividades envolveram rodas de conversa e visitas ao campo de práticas em diferentes contextos de atenção à saúde, gestão e controle social. As visitas ocorreram nos serviços de saúde vinculados ao Grupo Hospitalar Conceição. Partindo dessas observações foi proposta a construção de ações com o intuito de mostrar a inserção e a função dos diferentes profissionais no Sistema Único de Saúde (SUS),. A participação no curso propiciou uma reflexão sobre a inserção de estudantes e profissionais na construção do SUS e permitiu uma interação reflexiva entre profissionais e estudantes de outras áreas da saúde. No contexto específico da Escola de Educação Física da UFRGS, local onde atualmente coexiste o Curso de Fisioterapia, houveram debates e curiosidades potencializados com a utilização de um quadro mural que permitiu informar e questionar sobre o tema integralidade na saúde e a formação de profissionais, principalmente o Educador Físico, em consonância com o SUS. Os estudantes propuseram e construíram: um blog, marcadores de página orientando a função do educador físico no SUS e as leis que regulamentam esta atuação; e, diversas outras ações nos espaços intra e extra-muros, buscando orientar, principalmente os futuros profissionais sobre o seu papel no SUS. Verificamos que tanto os estudantes como alguns profissionais desconhecem os princípios do SUS. Percebe-se que poucos educadores físicos e professores conseguem visualizar as ações da Educação Física no SUS. Com intervenções como as propostas no projeto, acreditamos que seja possível ampliar o conhecimento, favorecer ações integradas entre as profissões da saúde, ampliar as possibilidades de atuação profissional, seja da Educação Física ou de outra área ainda não inserida no sistema; interagir e aprender a trabalhar em equipe, possibilitando uma formação que permita uma atenção integral às necessidades em saúde das pessoas.

          Unitermos: Formação de recursos humanos. Educação Física. Educação em Saúde. Sistema Único de Saúde. Pessoal da saúde.

 

Abstract

          This study is product of participation of health students and professionals in the Extension Course "Integrality of Attention in Health," promoted by a group of teachers at the Federal University of Rio Grande do Sul aiming to promote the training of different undergraduate health courses students on the subject integrality in training for the Single Health System (SUS). Students and professionals attended seven courses in the health area participated, composing 35 participants in tutorial groups. Activities involved conversing groups and visits to the practice field in different contexts of health attention, management and social control. The visits occurred in health services linked to the Grupo Hospitalar Conceição. Based on these visit observations was proposed the construction of actions in order to show the insertion and function of different professionals in the SUS. Participation in the course provided a reflection about the inclusion of students and professionals in the construction of SUS and allowed a reflexive interaction between professionals and students in other health areas. In the specific context of the School of Physical Education at UFRGS, where currently coexists the Physiotherapy course, there were debates and trivia potentiated with the use of a bulletin board enabled us to inform and question on the subject integrality in health and training professionals, especially Physical Educator, in line with SUS. The students have proposed and built: a blog; bookmarks, directing the function of physical educator in SUS and the laws that governing this activity; and, several other actions in spaces within and outside the walls in Physical School, seeking guidance, especially the future professionals about its role in the SUS. We found that both students and some professionals do not know the principles of the SUS. It is noticed that few physical educators and teachers can view the actions of Physical Education in SUS. With interventions such as those proposed in the project, we believe that is possible to expand knowledge, encourage integrated actions among the health professions, expand the scope of professional practice, either physical education or other area not yet included in the system; interact and learn teamwork, enabling a training to enable a integral attention to the needs in people health.

          Keywords: Human resources formation. Physical Education. Health education. Single health system. Health personnel.

 

O presente trabalho não contou com apoio financeiro de nenhuma natureza para sua realização.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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O início de nossas ações

    Este estudo relata uma experiência de um curso de extensão realizado na Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS) intitulado “Integralidade da Atenção em Saúde”. O curso teve como objetivo promover a formação de estudantes de graduação sobre o tema integralidade na formação e na atenção em saúde a fim de contribuir para a mudança nos cursos de graduação das profissões da área da saúde no sentido de aproximá-los do campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) de forma a prepará-los para o trabalho em equipe interdisciplinar e promoção de práticas integrais.

    A partir das experiências vivenciadas durante o curso emergiram algumas idéias de realização de ações que envolvessem os estudantes e profissionais de educação física no sentido de sensibilizá-los para um olhar da práxis no SUS, uma vez que estes eram os profissionais que mais tinham dificuldade de visualizar sua atuação na equipe interdisciplinar do SUS.

    O Sistema Único de Saúde nasceu a partir do Movimento pela Reforma Sanitária, um movimento social que surgiu durante os anos de 1970 e 1980, como parte integrante e ativa das lutas contra a ditadura militar, tendo como bandeira principal a defesa do direito cidadão à saúde (Ceccim, 2007). O país vivia o período de transição democrática da ditadura para a Nova República, sendo o fato político marcante desta fase, a preparação da nova Constituição. Foi convocada a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que tinha por objetivo discutir a nova estrutura e política de saúde nacional (ANDRADE, 2001).

    A realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986 contou com ampla participação de diversos setores da sociedade, profissionais de saúde e organizações não governamentais, representando um momento de grande relevância para o projeto da Reforma Sanitária Brasileira (SOWEK, 2007). No relatório aprovado na 8ª Conferência continham os pontos fundamentais para a criação do SUS.

    Ainda em construção hoje, o SUS é a maior política de inclusão social do Brasil; segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizacionais em todo o país, sob responsabilidade dos governos federal, estadual e municipal. É considerado um sistema porque é formado por um conjunto de unidades, serviços e ações que interagem para um fim comum, com atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde (SILVEIRA, 2006).

    O profissional da Educação Física, quando voltado para a saúde, pode ser um membro da equipe tal como o médico, o enfermeiro, o fisioterapeuta, o nutricionista e outros, participando ativamente da construção das práticas de cuidado. Atualmente a Educação Física tem alguma presença no setor educacional, através da rede escolar, mas muito pouco dessa presença influirá realmente na vida adulta dos alunos. A presença deste campo nas áreas de saúde e educação, entretanto, faz-se muito importante, diante do quadro sanitário mundial, em que a maior parte das doenças crônicas da população está associada ao regime alimentar e ao sedentarismo, desde a infância (LUZ, 2007).

    O profissional de educação física, além de sua atuação na área educativa, tem um papel importante no SUS, tanto na atenção básica como também nos Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs), no atendimento de grupos restritos e na área hospitalar. Faz-se necessária, sobretudo, a discussão do fazer deste profissional nos serviços de saúde.A saúde está diretamente vinculada às condições sociais, econômicas e políticas (LUZ, 2007), e a formação do profissional de Educação Física parece estar voltada em sua maioria, para a dimensão biológica (CARVALHO, 2001, BAGRICHEVSKY,2005), na qual o corpo (o orgânico) é o determinante, em detrimento a outros elementos importantes no processo saúde-doença. A prática formadora atual parece ser direcionada para o setor privado (clubes, hotéis, academias, etc.) que reproduzem a política voltada para o consumo e para os interesses das indústrias de cosméticos, de equipamentos, de beleza e de lazer (CARVALHO, 2001).

    As diretrizes curriculares apresentam grande relevância para na graduação desses futuros profissionais educadores físicos atuarem de acordo com o SUS,

    Aprovadas, em sua maioria, entre 2001 e 2002 as diretrizes curriculares nacionais dos cursos de graduação em saúde (exceto Medicina Veterinária, Psicologia, Educação Física e Serviço Social) afirmaram que a formação do profissional de saúde deve contemplar o sistema de saúde vigente no país, o trabalho em equipe e a atenção integral à saúde (formação de biomédicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, odontólogos e terapeutas ocupacionais (CECCIM, 2008; CECCIM e FEUERWERKER, 2004).

    A falta de orientação das diretrizes curriculares para que a Educação Física também seja formadora dentro da lógica do sistema de saúde vigente demonstra alguma fragilidade no entendimento da função deste profissional no SUS. Bagrichevski (2007 p.39) coloca que o fato da Educação Física figurar timidamente nas esferas de formulação de políticas públicas de saúde e educação no Brasil pode ser justificada epistemologicamente:

    (...) mesmo para aquele movimento intelectual crítico emergente da educação física na década de 1980, discutir aptidão física significava, por extensão, preocupar-se com saúde. Apesar dos referenciais teóricos incorporados das ciências sociais, não houve nem uma só voz na educação física, na época, que colocasse sob suspeita as dimensões exclusivamente individualistas às quais se reportava o “paradigma” da aptidão física.

    Seguindo o pensamento de Bagrichevski, será que hoje, 30 anos depois existem “vozes” egressas da universidade, ou ainda nela, prontas para escrever a história da Educação Física no Sistema Único de Saúde?

    A mudança na graduação é necessária para que a resolutividade das práticas de saúde seja direcionada às pessoas, sua história individual e coletiva, sendo que a integralidade responde a uma necessidade de os profissionais perceberem que estão sempre lidando com histórias familiares, de vida, e não eventos patológicos (CECCIM, 2004).

    A integralidade é um eixo estruturante de grande importância da formação e da atenção à saúde, faz-se necessário compreender que a integralidade do cuidado não é uma simples junção técnica das atividades preventivas e curativas, individuais e coletivas; mas sim, necessita do reconhecimento e da valorização do encontro “’único” entre as pessoas, que se processa no necessário convívio do ato cuidador (ROCHA e CENTURIÃO, 2007).

    A formação para a área da saúde deveria ter como objetivos a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho, e estruturar-se a partir da problematização do processo de trabalho e sua capacidade de dar acolhimento e cuidado às várias dimensões e necessidades de saúde das pessoas, dos coletivos e das populações (CECCIM e FEUERWERKER, 2004).

    Para Rocha e Centurião (2007) a formação de profissionais da saúde deve ter como finalidade a qualidade da atenção à saúde das pessoas, não podendo, dessa forma, ficar restrita ao ambiente educacional ou hospitalar. Os espaços de serviço, gestão e do controle social passam a ser cenários de ensino, aprendizagem, e de práticas de saúde e produção de conhecimento.

    O crescimento das intervenções e as inúmeras publicações da Educação Física, tanto para a promoção da saúde quanto para prevenção de doenças, bem como a ampliação de suas ações para além da área escolar, têm nos colocado numa situação de reconhecimento para iniciativas da atenção básica (GOMES, 2008).

    O Ministério de Saúde do Brasil criou, em 2008, o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), a fim de ampliar as ações da Estratégia Saúde da Família por meio da inserção de outros profissionais de saúde, tendo entre estes o professor de educação física.

    Diante da complexidade nas ações da saúde e as especificidades de cada profissional, caberá a cada um desenvolver a sensibilidade para uma atuação transformadora, autônoma e crítica da realidade, respeitando a integralidade de cada sujeito. Mas, o que queremos é suscitar o diálogo de algumas estratégias e conceitos que são essenciais para compreensão do professor de educação física e sua atuação na saúde pública (GOMES, 2008).

    Gomes (2007) reconhece que apesar das ações que já ocorrem por meio de iniciativas pontuais e promocionais em todo país, existe a necessidade de refletir sobre as questões metodológicas e pedagógicas para atuação do professor de Educação Física nas políticas públicas de saúde.

    Diante deste quadro, o objetivo principal deste estudo foi instigar o interesse de estudantes e docentes da educação física e dos profissionais da saúde através de informações relevantes sobre a inserção e a atuação do educador físico no Sistema Único de Saúde através do Curso de Extensão “Integralidade da Atenção em Saúde”.

Aspectos metodológicos

    Trata-se de um estudo de caráter descritivo, natureza qualitativa, que envolveu estudantes e profissionais de sete cursos da área da saúde, num total de 35 participantes, compondo 7grupos tutoriais.

    As ações foram realizadas junto à Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, local onde coexistem os cursos de Educação Física e Fisioterapia.

    As atividades envolveram:

  1. Rodas de conversa: Realizadas com duas turmas de primeiro semestre do curso de Educação Física e uma turma de quinto semestre do mesmo curso. A atividade foi facilitada por duas alunas do curso de extensão referido neste relato e mediada pelos professores das disciplinas onde foram realizadas as rodas de conversa.

  2. Visitas ao campo de práticas em diferentes contextos de atenção à saúde, gestão e controle social. As visitas ocorreram nos serviços de saúde vinculados ao Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre e, a partir das mesmas, construiu-se um diário de campo relatando as vivências e observações nas unidades de saúde, junto às Equipes de Saúde na Família, Pronto Atendimento, Internação e demais setores.

  3. Construção de um blog: Os estudantes de educação física do curso de extensão propuseram e construíram: um blog: http://www.ufrgs.br/integrasaudeducacao.blogspot.com/, hospedado no servidor da Universidade, aberto a todos interessados no tema

  4. Divulgação do papel do educador físico no SUS: Foram confeccionados 1.000 marcadores de página orientando a função do educador físico no SUS e as leis que regulamentam esta atuação, distribuídos em na Escola de Educação Física da UFRGS, bem como em diversasoutras ações nos espaços intra e extra-muros.

    Estas ações foram executadas durante as duas últimas semanas do curso de extensão e apresentadas em forma de relato oral, aos alunos dos outros cursos da saúde participantes do curso de extensão, aos professores e aos convidados presentes, no último encontro da turma, realizado através de uma confraternização no espaço da Escola de Educação Física da UFRGS. Outros relatos, além das experiências dos estudantes de Educação Física, também foram compartilhados no mesmo encontro.

Considerações finais

    Todos podemos observar que na primeira distribuição do material que relatava o papel do educador físico no SUS, o que mais chamou a atenção das pessoas foi o colorido do material - um primeiro passo para que essas pessoas o aceitassem. Após uma rápida leitura “do que queriam dizer” aqueles marcadores, algumas pessoas se surpreenderam com a possibilidade de existir um diálogo sobre a Educação Física e SUS na universidade embora outras, achavam este diálogo estranho ou irrelevante.

    Não encontramos muitas diferenças de entendimento sobre o SUS entre as turmas dos diferentes semestres. O que podemos perceber de forma geral é que a turma de primeiro semestre se propunha a uma maior abertura para o diálogo e curiosidade nas questões relativas ao funcionamento do SUS e as possíveis intervenções que a Educação Física poderá construir na Atenção Básica, quando comparada às turmas dos semestres mais adiantadas. Isto pode ser reflexo do atual processo de formação dos profissionais da educação física, que não considera o SUS como campo de atuação profissional. Os alunos de primeiro semestre parecem estar “sedentos” por conhecer as diversas possibilidades de atuação da Educação Física enquanto os alunos de quinto semestre parecem já envolvidos com uma proposta de formação que não os instiga a se colocarem como futuros profissionais do SUS.

    Ao realizar uma ação no Congresso de Língua Portuguesa, que ocorreu nas dependências da UFRGS, na cidade de Porto Alegre-RS, com a distribuição dos marca-páginas que informavam o papel do educador físico no SUS para os participantes do evento, percebemos que algumas pessoas ficaram muito interessadas e vieram conversar conosco fazendo perguntas sobre as ações desenvolvidas por nós ou ainda contar algumas experiências bem sucedidas em suas cidades referentes à atuação dos profissionais de Educação Física no SUS. Ainda, alguns professores de outras instituições de ensino superior comentaram sobre a ação desenvolvida de forma positiva e reforçaram a importância deste diálogo em suas falas. Embora a maioria das pessoas demonstrasse boa receptividade, ouvimos alguns comentários que não estão restritos aos profissionais da educação física como, por exemplo: “SUS? Eu é que não vou trabalhar para pobre”, ou ainda “É para ser personal trainer na vila?”. Pode-se perceber, a partir desses comentários, a falta de informação destas pessoas e até mesmo uma certa limitação para o “pensar” sobre uma outra prática de atuação para a Educação Física que não aquela relacionada ao marketing que controla nossa sociedade, mas aquela que pode promover e construir políticas públicas.

    Quanto ao blog, percebe-se que poucas pessoas têm acessado e deixado algum depoimento ou comentário. Nossa intenção com esta ferramenta era proporcionar canal de troca e discussão, o que acabou por não acontecer da forma que esperávamos. Uma possibilidade de não conseguirmos esse diálogo on-line talvez seja pelo conteúdo das postagens. Talvez estas postagens não tenham gerado questionamentos para os visitantes, ou ainda, o fato de os estudantes terem demonstrado saber pouco sobre o SUS faça com que eles necessitem de mais informações para que antes se apropriem de algumas questões.

    Nos murais distribuídos pela Escola de Educação Física foram colocadas informações como as três principais diretrizes do SUS: Integralidade, Universalidade e Eqüidade, bem como o acolhimento realizado pelos profissionais na recepção e atendimento dos usuários nas comunidades, nos ambulatórios, em hospitais ou demais unidades de serviço de saúde. Foram colocadas informações referindo a aproximação dos profissionais de Educação Física (estudantes, professores e demais interessados) com o SUS, textos sobre atividade física e práticas corporais e os espaços de atuação na promoção, recuperação e prevenção da saúde nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs), textos sobre os 20 anos do SUS e a importância da contínua construção, sobre os 5 anos da Política Nacional de Humanização (PNH), vinculado a Mostra Interativa Humaniza SUS, o SUS que dá certo, etc.

    Na confecção do mural fomos abordadas por poucos alunos que nos perguntavam de forma curiosa o que estávamos fazendo naquele espaço. Alguns pediram informações sobre possíveis grupos de pesquisa ou “outras aulas” que poderiam participar. Percebe-se aí o interesse dos alunos na busca por informações que possam construir uma crítica sobre a relação da Educação Física com o SUS o que pode demonstrar que, até aquele momento, as aulas do curso de Educação Física não eram suficientes para uma aproximação com o sistema sanitário brasileiro.

    Em suma, verificamos que, tanto os estudantes como alguns profissionais da saúde, desconhecem os princípios do SUS. Poucos educadores físicos e professores conseguem visualizar as ações da Educação Física no SUS e, ainda, a legislação que regulamenta essa ação é praticamente desconhecida. Com intervenções como as propostas neste trabalho, acreditamos que seja possível ampliar o conhecimento, favorecer ações integradas entre as profissões da saúde, ampliar as possibilidades de atuação profissional, seja da Educação Física ou de outra área ainda não inserida no sistema; além de interagir e aprender a trabalhar em equipe, possibilitando uma formação que permita uma atenção integral às necessidades em saúde das pessoas.

Referências bibliográficas

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  • ROCHA, Vera M. e CENTUARIÃO, Carla Haas. Profissionais da saúde: formação, competência e Responsabilidade Social. IN: FRAGA, Alex e WACHS, Felipe. Educação Física e Saúde Coletiva. 2° ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007.

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