A influência do treinamento especializado no nível físico, técnico e tático em atletas juvenis de basquetebol La influencia del entrenamiento especializado en el nivel físico, técnico y táctico en jugadores juveniles de baloncesto |
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*Professor de Educação Física, Cruz Alta, RS **Doutora em Ciência da Educação UNICRUZ, RS (Brasil) |
Leandro Meirelles da Rosa* Maria Denise Justo Panda** |
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Resumo O estudo teve como objetivo avaliar o nível físico, técnico e tático de atletas de basquetebol submetidos ao Programa de Treinamento Especializado. Fez parte do estudo a equipe masculina juvenil do Instituto Estadual de Educação Professor Annes Dias com atletas na faixa etária de 14 à 17 anos. Para a variável física foram utilizados os testes de Cooper, de agilidade e de impulsão. Para a variável técnica os testes de passe, drible e arremesso. Para a variável tática uma ficha na escala Lickert, contendo aspectos relevantes do desempenho dos atletas durante o jogo. Foram desenvolvidas aulas durante quatro meses visando cada posição detalhadamente, quanto às movimentações ofensivas e defensivas, com e sem a posse da bola, repetindo movimentos técnicos específicos da posição. O estudo mostra que o Treinamento Especializado influência positivamente no rendimento físico, técnico e tático. Mas foi no desempenho durante o jogo que foram observados melhores resultados nos atletas juvenis de. Salienta-se que houve melhoras, mas, não estatisticamente ao nível de p<0,05. Unitermos: Treinamento especializado. Basquete juvenil.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O basquetebol é um desporto que envolve tarefas complexas baseadas em movimentos acíclicos, A sua prática requer do jogador a aplicação de movimentos que necessitam de diversas habilidades motoras, a partir de decisões que devem ser tomadas em um curto espaço de tempo. Essa situação acontece desde a fase de aprendizagem do desporto, no entanto, são nas equipes de treinamento que essa exigência psicomotora se torna mais evidente, por serem atletas habilidosos disputando uma bola com o objetivo de atingir um alvo pequeno, seguindo regras determinadas.
Normalmente os treinamentos de equipes estudantis, a preparação técnica é desenvolvida de maneira geral, ou seja, todos os atletas fazem o mesmo exercício, deixando a parte específica apenas para a preparação tática da equipe. Então, percebemos dificuldade dos atletas em aplicar no jogo o seu potencial técnico.
Para Franciscon (2005) existem três níveis de treinamento, no nível I, com atletas juvenis entre 15 e 17 anos exige-se como valência física resistência de força, resistência aeróbica e início da força explosiva máxima; no aspecto técnico o aperfeiçoamento dos fundamentos individuais e do grupo; e no tático o aperfeiçoamento nas funções específicas e os sistemas de ataque e defesa. Já no treinamento especializado nível II os atletas possuem idade entre 18 e 20 anos, como aspecto físico desenvolvimento da força máxima, velocidade máxima e resistência anaeróbica máxima; as habilidades Técnicas e Táticas, o aprofundamento dos conteúdos individuais e de grupo coletivo e o aprofundamento nas funções específicas e nos sistemas defensivos e ofensivos. No nível III atletas acima de 20 anos buscando melhores resultados de força máxima, velocidade máxima, resistência aeróbica e anaeróbica máxima; também é trabalhada a perfeição máxima na execução dos fundamentos individuais de grupo coletivo; juntamente com as capacidades de decisão individual, em grupo, e coletivamente sem necessidades de existir jogadas pré-determinadas.
Refletindo sobre as considerações do autor e sobre a realidade que é reforçada pela presença de muitos alunos que chegam no ensino médio sem possuírem capacidades técnicas suficientes para exercer habilidades complexas pertencentes ao desporto. Percebe-se na equipe alguns atletas com dificuldades na execução e controle do movimento, nas habilidades perceptivo-motoras e nas tomadas de decisões, não conseguindo executar nem mesmo os movimentos simples para a prática do basquetebol.
Então, em função das colocações acima é que este artigo tem como objetivo avaliar o nível físico, técnico e tático dos atletas de basquete do Instituto Estadual de Educação Professor Annes Dias submetidos ao Programa de Treinamento Especializado. Para especificar essa avaliação primeiramente será caracterizado a práxis do Treinamento Especializado de Basquetebol, após acontece a determinação do nível de aptidão física e técnica dos atletas antes e após o Programa de Treinamento Especializado, para finalmente analisar o desempenho dos atletas no jogo.
Metodologia
O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa do tipo quase-experimental, pois analisou a influência de um tratamento em determinadas variáveis (GIL, 1996). Fez parte do estudo a equipe masculina juvenil de basquetebol, do Instituto Estadual de Educação Professor Annes Dias, atletas na faixa etária de 14 à 17 anos.
O Programa de Treinamento com as atividades curriculares aconteceram duas vezes na semana terças e quintas sendo, com uma hora de duração. O estudo iniciou com um diagnóstico avaliando as variáveis do estudo que são capacidades físicas e técnica individual.
Os testes para Avaliar as Capacidades Físicas foram:
Teste de Cooper
Teste de Impulsão
Teste de Agilidade
Os testes para Avaliar a Técnica Individual foram:
Testes de Arremesso
Teste de Passe
Teste de Drible
E, para a avaliação da tática foi solicitado ao técnico da equipe um parecer referente ao desempenho dos jogadores durante a competição, ou seja, os JERGS (Jogos Escolares do Rio Grande do Sul), considerando as seguintes variáveis: posicionamento e movimentação ofensiva e defensiva em quadra, desempenho da função no jogo, equilíbrio emocional e contribuição com o resultado obtido. Para isso, foi utilizada uma ficha seguindo a escala LICKERT citada por Malhorta (2004), que determina a seguinte classificação melhorou plenamente (5 pontos), melhorou (4 pontos), não melhorou nem piorou (3 pontos), piorou (2 pontos), piorou totalmente (1 ponto).
Resultados e discussões
O Treinamento Especializado foi elaborado com o intuito de aplicar aos atletas da equipe todas suas responsabilidades, características e objetivos em relação ao jogo de basquetebol, de acordo com sua posição, melhorando seu desempenho tanto no papel tático quanto técnico e físico. Após uma ampla análise foi possível detectar as principais dificuldades de cada atleta em relação a sua posição. É importante ressaltar que no começo do treinamento, apesar de ele ser específico por posição, todos os alunos executavam o mesmo movimento independentemente de sua posição para melhor compreensão do papel tático de seus companheiros de equipe.
Tabela 1. Diferença entre os testes físicos
No primeiro teste realizado para analisar a capacidade física de resistência dos atletas através do método de Cooper no qual os atletas eram subordinados a correr em uma pista de atletismo de 250m em um tempo determinado de 12 minutos, o resultado teve como média 2885m (±125,77) no pré-teste, e no pós-teste 2922m (±177,78) o que indica uma melhora nessa valência física. Porém a melhora não foi estatisticamente significativa (p=0,09). O resultado do pré-teste já indicou uma resistência boa, então o treinamento não conseguiria determinar um grande aumento. Já no segundo teste que consistia em analisar a capacidade física de impulsão os atletas eram testados ao lado de uma parede onde o aluno estendeu o braço e marcou o ponto mais alto, diminuindo do ponto mais alto em que ele alcançou saltando, o resultado do pré-teste de impulsão teve como média 45,89cm (± 6,21), já no pós-teste a média foi de 46,55cm (± 6,30), o que indica uma melhora na impulsão dos alunos. No entanto, os resultado não foram estatisticamente considerável (p=0,82). O teste de agilidade que consistia em deslocar-se lateralmente tocando ambos os cones. Os dois cones estavam colocados a uma distância de 3m entre eles, foram contadas quantas vezes o aluno tocou os dois cones em um tempo de 60’ segundos, teve como resultado de pré-teste 12,66 vezes como média (± 1,00), e como pós-teste 13,33 vezes (± 0,86) obtendo uma melhora nessa Valencia, porém essa melhora não foi estatisticamente significativa (p= 0,15).
Tabela 2. Diferença entre os testes técnicos
No aspecto técnico de arremesso, o aluno deveria se posicionar na linha do lance livre e executar 10 arremessos calculando ao seu final o percentual de acertos. Teve como resultado em seu pré-teste a média de 25,55% de acertos (±24,03), e em seu pós-teste 41,11% de acertos em média (±14,53), obtendo uma melhora no desempenho dos alunos, porém esse resultado não é estatisticamente considerável (p= 0,12). Quanto ao passe no qual foi analisado através de um teste em que os alunos tinham que executar 10 passes, em um alvo, a uma distância de 3m calculando ao seu final o percentual de acertos. Esse teste teve como média no seu pré-teste 64,44% de acertos (± 18,78), e em seu pós-teste 73,33% de acertos em média (± 18,02) ocorrendo uma melhora dos atletas na execução do passe, mas não significativa estatisticamente (p= 0,32). No teste de drible os alunos utilizando 8 cones perfilados a uma distância de 1 metro entre um e outro, driblaram em zig-zag indo e voltando no menor tempo possível. Esse teste teve como média em seu pré-teste 9,29 segundos (± 1,20), e em seu pós-teste teve a média de 9,06 segundos (± 1,19), ocorrendo uma melhora em suas habilidades técnicas, porém essa melhora não é estatisticamente considerável (p= 0,68).
O quadro abaixo representa o desempenho dos atletas, segundo sua técnica, nas variáveis que representam o aspecto tático no jogo que são: Posicionamento e Movimentação Ofensiva (1), Posicionamento e Movimentação Defensiva (2), Desempenho da Função no Jogo (3), Equilíbrio Emocional (4) e Contribuição com o Resultado Obtido (5).
Quadro 1: Desempenho dos atletas
Observando os resultados mostrados no quadro 1 podemos verificar que:
O Atleta A foi considerado como desempenho na classificação que ele Melhorou no seu papel tático da partida de acordo com os critérios estipulados. Ele desempenhava o papel na posição 1 de armador da equipe sendo obrigado a dar ritmo do jogo ao time, tendo que saber executar corretamente a leitura do jogo para cadenciar a equipe ou fazer com que ela jogue em velocidade. Ele como atleta da posição 1 sentiu muita dificuldade no começo para exercer essa posição pois ela exige muita responsabilidade pelo fato de ser o jogador que carrega a bola em direção ao ataque e decide que jogada executar. E justamente neste aspecto foi que ele melhorou consideravelmente aumentando sua personalidade e autonomia em relação ao jogo.
O Atleta B foi considerado como desempenho na classificação que ele Melhorou Plenamente no seu papel tático da partida de acordo com os critérios estipulados. Ele desempenhava o papel na posição 3 de ala, que jogava “desafogando” o jogo, dando opção a seus companheiros, tanto os armadores quanto os pivôs, caso a marcação ficasse mais rígida. Além de ser o jogador da transição saindo em velocidade da troca da defesa para o ataque. Foi o atleta que melhor compreendeu o seu papel tático tanto ofensivo quanto defensivo, essencial para a equipe, pois era o primeiro jogador a executar a movimentação pré-estabelecida no ataque. Uma das maiores dificuldades desse atleta era o Equilíbrio Emocional e Contribuição com o Resultado do Jogo por ser tratar de uma pessoa muito introvertida, e justamente nestes aspectos ele recebeu nota máxima.
O Atleta C foi o atleta de pior resultado se é que pode ser considerado assim, pois teve como desempenho na classificação que ele Não Melhorou Nem Piorou de acordo com os critérios estipulados. Ele poderia no jogo de acordo com o objetivo executar as funções 3 e 4 de ala e ala-pivô, um dos fatores que contribuíram para o seu baixo rendimento por se tratar de muita informação para assimilar, mas os principais fatores que acarretaram este resultado foram sua baixa faixa etária em relação aos outros e sua falta de qualidade técnica, que influenciava no seu equilíbrio emocional e afetou seu desempenho tático.
O Atleta D foi considerado como desempenho na classificação que ele Melhorou seu papel tático de acordo com os critérios estipulados, ele executava as funções 2 e 3 no jogo, sendo elas ala-armador e ala, o que pode ter contribuído para não obter um resultado melhor, Apesar de ele não ser um exímio jogador técnico, ele se equivalia taticamente executando suas funções e auxiliando fora de quadra no desempenho do seus companheiros.
O Atleta E foi considerado como desempenho na classificação que ele Melhorou Plenamente seu papel tático de acordo com os critérios estipulados, ele executava as funções 3 e 4 no jogo sendo elas de ala e ala-pivô, apesar de sua pouca idade mostrou-se muito maduro, equilibrado, consciente e dedicado no seu papel tático o que contribuiu para o resultado alto na sua avaliação.
O Atleta F foi considerado como desempenho na classificação que ele Melhorou Plenamente sua função tática de acordo com os critérios estipulados, ele exercia a função 2 no jogo sendo ela de ala-armador, sendo um dos jogadores mais experientes da equipe não teve muitas dificuldades em assimilar seu papel tático no jogo, principalmente o equilíbrio emocional e contribuição com o resultado obtido.
O Atleta G foi considerado como desempenho na classificação que ele Melhorou Plenamente sua função tática de acordo com os critérios estipulados, ele executava a função 1 de armador, apesar de sua baixa faixa etária e altura em relação aos adversários demonstrou além de exercer corretamente seu papel tático uma grande personalidade e empenho contra as dificuldades e obstáculos que apareceram durante os jogos da competição o que contribui para o seu alto desempenho tático.
O Atleta H foi considerado como desempenho na classificação que ele Melhorou seu papel tático de acordo com os critérios estipulados, ele exercia as funções 4 e 5 de acordo com o objetivo do jogo, sendo elas ala-pivô e pivô. Por se tratar de um atleta grande possuía pouca mobilidade o que dificultava sua função tática o que contribui para não obtenção de um resultado melhor, mas ele se equivalia pelo empenho em quadra e auxiliando fora de quadra no desempenho dos seus companheiros.
O Atleta I foi considerado como desempenho na classificação que ele Melhorou Plenamente sua função tática de acordo com os critérios estipulados, ele executava as funções 3, 4 e 5 do jogo, sendo elas ala, ala-pivô e pivô. Por se tratar do atleta mais experiente da equipe não teve muitas dificuldades em assimilar seu papel tático no jogo, principalmente na contribuição com o resultado obtido. É importante ressaltar o resultado em relação ao equilíbrio emocional que foi considerado que ele piorou, pois por se tratar do atleta mais experiente da equipe ele não soube lidar com seu ego o que acabou o prejudicando nesse critério.
No geral a os atletas tiveram como média: 20,33 pontos, mostrando com esse resultado uma melhora plena em relação ao seu papel tático. Muito se deve ao respeito pelo professor, ao respeito pelos seus adversários e ao respeito ao jogo de basquete em si. Por se tratar de uma escola eles eram tratados como alunos/atletas possuíam apenas dois dias semanais de treinamento, o que influenciou no rendimento final, pois apesar da equipe estar em busca de um melhor resultado na competição não era esse o objetivo predominante, mas a ludicidade do esporte e a formação de atitudes e valores.
Conclusão
O treinamento especializado consiste em aperfeiçoar as características de acordo com cada posição em quadra, tanto no aspecto técnico quanto no tático e, esta melhora no rendimento físico e técnico servirá de base para o desempenho pessoal no jogo e no aspecto tático da equipe.
Quanto ao nível de aptidão física houve uma melhora no rendimento dos atletas, porém essa melhora não foi evidenciada sob níveis estatísticos.
Em relação às valências técnicas ocorreu uma melhora em todos os aspectos, mas essa melhora também não foi estatisticamente considerável.
Finalizando com a avaliação do desempenho no jogo, os resultados mostraram que os atletas juvenis melhoraram plenamente, sendo esta variável muito importante para a equipe pelo fato de ser o aspecto tático o principal objetivo a ser trabalhado na faixa etária em que eles se encontravam.
Portanto, o estudo mostra que o Treinamento Especializado influência positivamente no rendimento físico, técnico e tático, mas, foi no desempenho durante o jogo que foi observado melhores resultados nos atletas juvenis de basquete do Instituto de Educação Professor Annes Dias.
Referências
FRANCISCON, C. A. Planejamento das Tarefas de Treinamento e Competição no Basquete. 2005. Disponível em: http://www.fbp.com.br/_dynamics/publicacoes, Acessado em: 14 maio 2009.
GIL, Antonio C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1996.
MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de Marqueting: Uma Orientação Aplicada. Trad: Nivaldo Montingelli Jr. E Alfredo Alves de Faria. 3ª ed. PoA: Brookman. 2001
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