Soltando os bichos na Educação Física Infantil Liberando a los bichos en la Educación Física Infantil |
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*Graduada em Educação Física ** Estudante de Educação Física *** Estudante de Doutorado. Bolsista CAPES, Educação Física *** Estudante de Mestrado, Educação Física Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil) |
Heloisa dos Santos Simon* Andréia Rodrigues de Souza Cardoso** Soraya Correa Domingues*** Andrize Ramires Costa**** |
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Resumo Devido à falta de conteúdos definidos e para evitar a prática de esportes e movimentos repetidos na Educação Física Infantil, nos inspiramos na Bioginástica e Ginástica Natural, modalidades com movimentações semelhantes às dos animais, para estimular o desenvolvimento integral do ‘mundo de movimento’ das crianças. A prática envolveu representações das movimentações de algumas espécies animais em seus habitats naturais, onde sons, árvores, grama, e outros elementos eram imaginados criativamente com/pelas crianças, e quando se realizava a interdisciplinaridade com aspectos característicos de cada espécie. A proposta teve um excelente resultado, visto que as crianças aprenderam novas formas de ‘se-movimentar’ e conhecer seu corpo e o do outro, além de conhecer melhor o mundo de alguns animais. Unitermos: Educação Física. Educação Infantil. Animais.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Para uma formação mais consolidada no curso de Licenciatura em Educação Física, os estudantes realizam Estágios nas Escolas a fim de adquirir experiência e de ter, pelo menos, algum contato com a área de trabalho. Esse artigo foi construído a partir de discussões e troca de experiências entre estudantes estagiários da Graduação e da Pós-Graduação.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (Lei 9.394/96), e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) são documentos elaborados pelo Ministério da Educação que visam disponibilizar parâmetros para a definição de conteúdos usados na Educação. Infelizmente, nenhuma delas determina a obrigatoriedade da Educação Física na Educação Infantil, o que faz com que a área ainda não tenha bem estabelecido conteúdos e práticas voltados a essa faixa-etária de 0 a 6 anos, tendo que usar eixos sugeridos para outras áreas ou para a educação da criança de maneira geral. Em Florianópolis e em Santa Catarina, entretanto, a atuação do professor de Educação Física na Educação Infantil já foi legitimada, portanto, pelo campo ser uma Escola Estadual de Santa Catarina seria possível realizar a intervenção pedagógica na Educação Infantil. Com isso, optou-se pela realização da intervenção na Educação Infantil.
Observando a Educação Física Escolar na Escola em questão, não se quer persistir com um modelo esportivizado, o qual era a realidade daquela escola, mas buscaram-se nos Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil alguns requisitos e condições para um desenvolvimento integral da criança, sendo assim incentivadas a:
“Brincar;
Movimentar-se em espaços amplos e ao ar livre;
Expressar sentimentos e pensamentos;
Desenvolver a imaginação, a curiosidade e a capacidade de expressão;
Ampliar permanentemente conhecimentos a respeito do mundo, da natureza e da cultura apoiadas por estratégias pedagógicas apropriadas;
Diversificar atividades, escolhas e companheiros de interação...” (BRASIL, 2006a, p. 19).
Procurando possibilitar às crianças uma melhor conscientização do corpo e seus movimentos através da imitação dos movimentos dos animais no meio ambiente de forma diversificada, lúdica e contextualizada, buscou-se inspiração em duas modalidades ainda sem relatos de experiências em escolas, as chamadas Bioginástica e a Ginástica Natural, ambas com grande potencial para desenvolver habilidades em variadas idades. Através das particularidades dos animais trabalhadas durante as aulas pode-se realizar a interdisciplinaridade, devido à abordagem de temas disciplinares, transdisciplinares e transversais como meio ambiente, geografia, política, biologia e uma série de assuntos relacionados ao contexto dos animais e seus movimentos que estavam sendo realizados e inclusive no local onde eles estavam sendo praticados, quer no campo, na quadra poliesportiva ou dentro da sala de aula.
Objetivo geral
Realizar as aulas de forma lúdica, porém, contextualizada e conjunto a outras áreas do conhecimento possibilitando a formação de crianças emancipadas, conhecedoras de si, dos outros e do mundo que as rodeia e dos saberes aprendidos, compreendendo a razão e a integração de tais.
Objetivos específicos
Possibilitar à criança a prática de movimentos desconhecidos e inusitados, promovendo reflexão a respeito;
Compreender as relações entre a consciência corporal e o contexto onde está inserida;
Permitir que as crianças se relacionassem umas com as outras para conhecer, reconhecer e compreender suas semelhanças e diferenças;
Oportunizar a participação da criança de maneira que ela pudesse introduzir na aula gestos do dia a dia, brincadeiras que faz fora do ambiente escolar, além de todo o conhecimento que ela possuía sobre os temas discutidos durante as aulas, ou seja, permitir à criança a construção do conhecimento a partir das suas próprias referências.
Justificativa
A Educação Física Infantil tem como função auxiliar no desenvolvimento integral das crianças. Como já mencionado, para isso o professor utiliza as brincadeiras, como uma maneira lúdica e natural de estimular inúmeras capacidades ao mesmo tempo, tais como “a atenção, a memória, a imaginação, a criatividade, identidade, autonomia, habilidades motoras e outras” (BRASIL, 1998, p. 22). Procurando solidificar-se como uma área diferente da Educação Física Escolar convencional na qual esportes ainda são as temáticas principais do Projeto Político Pedagógico da maioria das Escolas, a Educação Física Infantil vem desenvolvendo métodos próprios para trabalhar o desenvolvimento das crianças.
Cientes de tais preocupações, procurou-se uma metodologia que desenvolvesse a percepção, estimulasse o desenvolvimento integral da criança, além de melhorar e desenvolver as mais diversas capacidades necessárias à vida diária. Para tais propósitos, acredita-se que atividades que utilizam técnicas de meditação, expressão corporal, alongamento, relaxamento, consciência corporal, movimentos que lembram animais, respiração e yoga – de maneira lúdica – podem ser utilizadas na Escola.
Bioginástica e Ginástica Natural: inspiração nos animais
As Ginásticas reportadas no texto são como “irmãs de uma grande família”. Cada uma apresenta suas características próprias, mas a mãe que gerou essas filhas é única. Por esta razão considera-se a origem da Ginástica como uma só. Entendendo isto, a Ginástica passa a ser de muita relevância na Educação Física como conteúdo da cultura corporal.
O termo Ginástica é de origem grega e significa “a arte de exercitar o corpo nu”. Conforme Publio (1998), a Ginástica existe há milhares de anos como uma prática educativa que visa a formação do corpo, conhecida também como Educação Física ou Ginástica Médica ou Terapêutica, praticada nas antigas civilizações com objetivos de manter e melhorar a saúde. Conforme Nonomura & Tsukamoto (2009), na idade média todas as atividades físicas foram relegadas ao plano de total repúdio. No ocidente esse período pode ser considerado como um “período negro” para a Educação Física. Na época do renascentismo, observa-se um grande avanço da humanidade em diversos âmbitos, inclusive na Ginástica; neste momento a Ginástica surge com o intuito de recuperar o corpo macerado pelas guerras, pelos jejuns prolongados e pelos descuidos impostos pela religião.1
As bases pedagógicas da Ginástica só foram estabelecidas e sistematizadas no século XVIII, com formas distintas de encarar o exercício físico, encontrados na época somente na Europa e que ficaram mundialmente conhecidos como “Métodos Ginásticos”. As escolas de maior expressão foram a Alemã, Sueca, Francesa e Inglesa. Conforme Soares (2001) nesse período a Ginástica se consolidou por ter um caráter fortemente ligado a medicina, disciplina e também um forte intuito em fortalecer a juventude para o combate na guerra.
A partir de 1893 a ginástica foi perdendo seu espaço, pois suas diversas ramificações em especial a Ginástica como Esporte foram se tornando hegemônicas no contexto da Educação Física. Porém, acredita-se nos benefícios da prática da Ginástica na formação do ser humano, por isso se segue o incentivo à prática dessa, não como única, mas como uma atividade que venha a somar as diversas possibilidades de um livre “se-movimentar” conforme proposto por KUNZ (2004).
É importante salientar a não réplica indiscriminada dos métodos utilizados pela Ginástica Natural e Bioginástica na Escola, mas explicitar uma aproximação crítica dos conteúdos temáticos utilizados por essas Modalidades Ginásticas modernas e outras, como a Ginástica Geral e a Ginástica Natural de Georges Hébert e principalmente, não esquecer os movimentos próprios dos animais (SOARES, 2003). A Ginástica Natural de Hébert teve como base utilizar os movimentos naturais do Homem primitivo utilizando os ensinamentos da Natureza, como o clima e o meio ambiente para realizar exercícios que fortaleceriam o corpo físico e mental. Soares traz que ele acreditava na eficiência do treinamento de movimentos simples e cotidianos do Ser Humano como marchar, correr, saltar, trepar, lançar, transportar, nadar, e movimentos de quadrupedia, equilíbrio e defesa “acrescidos de atividades ligadas à vida prática e aos divertimentos”, elementos que também integram a sistematização da Ginástica Geral. (Idem, p. 26). Trazendo à luz o que abordam as modalidades as quais nos aproximamos para esse projeto, salientaremos aspectos da Bioginástica e da Ginástica Natural, que se inspiram na temática dos animais.
A Bioginástica é um método de exercícios que faz parte de uma pesquisa desenvolvida ao longo de 40 anos por Orlando Cani. Utiliza técnicas de meditação, kempô, tai-chi-chuan, expressão corporal, alongamento, relaxamento, consciência corporal, movimentos de animais, respiração e muito yoga. Através das atividades, o praticante aprende a usar e descobrir sua força, resistência e coordenação neuromuscular, de uma forma prazerosa, proporcionando autoconhecimento do corpo. A cada aula, são realizados novos movimentos e variações, sem cair nas exaustivas séries repetidas das aulas de ginástica calistênica ou jogos competitivos onde podem ocorrer valorização e premiação dos mais aptos. Os resultados são percebidos rapidamente – como ganho de força, equilíbrio corporal, flexibilidade, melhoria na coordenação motora e sociabilidade. Os exercícios podem ser realizados por pessoas de qualquer faixa-etária – crianças, adultos e idosos (CANI, 2007).
A Ginástica Natural tem algumas diferenças em relação à Bioginástica, principalmente o objetivo. Álvaro Romano estudou diversas técnicas orientais, tendo como objetivo melhorar o seu desempenho como atleta. Então foi idealizado um trabalho voltado para o treinamento desportivo, e iniciando o desenvolvimento de um trabalho próprio, influenciado pela movimentação de solo do jiu-jitsu. A Ginástica Natural fundamenta-se nos movimentos naturais do Homem primitivo e nas atividades em contato com a natureza, e seus exercícios foram desenvolvidos com influências dos diversos esportes praticados por Álvaro Romano, jiu-jitsu, Hatha-Yoga e triathlon (natação, ciclismo e corrida). Com uma movimentação constante e várias combinações de movimentos, a Ginástica Natural também tem como base os exercícios de força com o peso do próprio corpo, técnicas de alongamento de forma dinâmica e técnicas de respiração. É um trabalho que desenvolve diversas qualidades físicas como força, flexibilidade, coordenação, e outras; e através de técnicas de respiração proporciona ao praticante uma grande evolução no seu controle motor e mental (ROMANO, 2007). A prática de ambas as modalidades não requerem um tipo específico de espaço ou material, nem equipamentos modernos e caros. É uma atividade que, como qualquer outra, requer cuidados e planejamentos em ambientes abertos com diferentes condições climáticas, como sol forte ou ambiente escorregadio devido às chuvas, mas que tais condições também podem fazer parte do tema da aula dependendo da proposta objetivada. Essas técnicas podem ser praticadas em academias, centros de fisioterapia, em clubes, ambientes abertos, parques, praças, praias, escolas públicas ou particulares. Embora ambas as modalidades tenham sido criadas para treinamento corporal, sem fins educativos, nosso propósito vai muito além de simplesmente movimentar-se como animais, mas sim através da temática escolhida, contribuir para a formação de cidadãos socialmente críticos, que é uma das funções da Escola (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
É importante salientar que a prática educativa vai além de modismos impostos pelo mercado e nesse sentido foi necessária uma leitura crítica para encontrar o ponto de intersecção entre as modalidades de Ginástica apresentadas e a prática pedagógica, e assim possibilitar o desenvolvimento dos alunos de forma integral e lúdica. Para tal desenvolvimento mais amplo, partimos da premissa de que alguns aspectos deveriam ser considerados: a relevância sociocultural dos conteúdos das aulas, sua contemporaneidade e sua adequação às características individuais das crianças, além dos tradicionais âmbitos motores e psicossociais. Também ansiamos que as crianças confrontassem os saberes do senso comum com o conhecimento científico, para ampliar o seu conhecimento de mundo, valorizando a contextualização dos fatos e o resgate histórico. Essa percepção é fundamental na medida em que possibilita a compreensão, por parte da criança, de que a produção da humanidade expressa uma determinada fase e que houve mudanças ao longo do tempo, e que elas também são sujeitos envolvidos no processo de produção de conhecimento. Para isso, a Educação Física desenvolve o mundo de movimento da criança, utilizando o jogo, a ginástica, o esporte e a capoeira, englobando também questões de sociabilidade, limites, gênero, imaginação e criatividade utilizando brincadeiras e atividades lúdicas como principal meio na Educação Física Infantil (BRASIL, 2006b).
Metodologia e resultados
A intervenção envolveu um grupo pré-escolar de cinco a seis anos composto por dezesseis crianças, sendo oito meninos e oito meninas, de uma Escola Estadual do Município de Florianópolis (SC) durante um período de setenta e cinco dias. Na escola em questão ainda não vigorava o Ensino de Nove anos, por isso a Escola disponibilizava Pré 1 e Pré 2 para crianças de quatro a cinco anos e cinco a seis anos, respectivamente, das quais a turma escolhida para a intervenção foi a Pré 1.
A intervenção ocorreu em três etapas: Período de observação durante quatro semanas, período de planejamento durante uma semana e período de intervenção durante sete semanas.
O período de observação permitiu uma aproximação maior ao campo de investigação, possibilitando a certeza de que era possível a realização do projeto com o grupo de crianças da turma escolhida, quais modificações seriam necessárias e como fazer a integração da proposta com o contexto no qual as crianças já se encontravam. A observação mostrou-se necessária, útil e muito enriquecedora, já que comprovou a falta de estímulos para uma gama mais variada de movimentos e consciência corporal.
Durante o período de planejamento foram realizadas as modificações e adaptações consideradas adequadas para as necessidades específicas observadas nas aulas, por exemplo, a falta de contexto e estímulos à imaginação nas aulas de Educação Física, sendo que eles são um pré-requisito para a Educação Infantil, quando as crianças, através do brincar, comunicam-se consigo mesma, com os outros e com o mundo e assim desenvolvem-se integralmente (KUNZ, 2004). “Quando utilizam a linguagem do faz-de-conta, as crianças enriquecem sua identidade, porque podem experimentar outras formas de ser e pensar, ampliando suas concepções sobre as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis sociais ou personagens” (BRASIL, 1998).
O período de intervenção envolveu aulas inteiramente ministradas pelas estagiárias, que criaram um contexto para os espaços, os tempos e os agentes pedagógicos. Nesse período os temas foram divididos por semana, a cada semana um animal-tema era proposto e desenvolvido em três aulas consecutivas onde todos imaginavam ser animais da espécie da semana e o ambiente era “a mata”. Ali os sons, árvores, grama, e outros elementos eram imaginados criativamente pelas/com as crianças, e era quando traziam-se conteúdos da história, localização geográfica, movimentação realizada por tal espécie, e outros aspectos característicos de forma interdisciplinar. Semanalmente nos transformamos em alguma espécie animal previamente estabelecida de acordo com as possibilidades apresentadas pela espécie para trabalhar habilidades necessárias, iniciando com o canguru “Aitu” (que saltava de diferentes maneiras e até “virava estrelinha”), e seguido por gaviões (que, com muito equilíbrio, voavam sem sair do lugar), macacos (que andavam de um lado para o outro pendurados em árvores ou brinquedos, ou como quadrúpedes, ou rolando pela mata [em colchonetes]), cobras (rastejando de diferentes maneiras), sapos (pulando para todos os lados) e a “Trintopéia” (trinta pezinhos juntos andando pela escola). Com isso, procuramos estimular diferentes aspectos do mundo de movimento das crianças utilizando animais que nos possibilitaram atuar nos diferentes planos: ar, terra e água, e das mais variadas maneiras – correndo, rastejando, pulando, trepando, sozinho, com o colega e em grupo.
Foi importante, quase fundamental a contextualização nas aulas, pois se o imaginário não fosse estimulado e a aula começasse sem o clima da floresta, não se conseguiria “caracterizar” a todos como animais. Com isso, aprende-se que o “vestir o personagem” é um aspecto fundamental para a atuação na Educação Infantil, onde o imaginário e a criatividade são o caminho para a aprendizagem das crianças e o sucesso nas atividades. Foram escolhidas práticas não esportivas, brincadeiras com sentido, com contexto e preferiu-se a criação de histórias com as crianças, dando nomes aos bichos nos quais o grupo transformou-se. O canguru Aitu que gosta de pular amarelinha, foi lembrado até o último dia de aula e talvez seja lembrado por mais algum tempo pelos alunos e talvez para sempre pelas estagiárias.
Ao final, chegou o dia da “avaliação”! Foi solicitado às crianças que desenhassem todos os animais que haviam sido abordados durante as aulas, podiam representar as atividades feitas, ou somente os animais, ou o que lembrassem, o que quer que tenham aprendido durante as aulas. Grande parte dos alunos lembrou todos os animais que haviam sido trabalhados, inclusive lembrando atividades realizadas com os movimentos deles, assim como informações a respeito dos animais; mostrando assim um aspecto positivo na forma lúdica como foi apresentada a temática da Ginástica e os Animais.
Considerações finais
Apesar de parecer revolucionário, percebeu-se que esse método pode ter falhas no processo de introspecção das crianças, pois o ensino e aprendizagem da consciência corporal ocorrem através da experimentação do próprio corpo e por ser algo novo, pode causar constrangimento, que pode ser evitado com boa elaboração e desenvolvimento. Portanto, deve-se ter uma especial atenção às reações das crianças, por exemplo, se constrangida caso não consiga realizar as movimentações corretamente, ou desinteresse pelo pleno domínio das habilidades exigidas ou falta de desafios para a aprendizagem na atividade.
O projeto teve limitações também por ter sido a primeira atuação das estagiárias como professoras na Educação Física Infantil, demonstrando que a formação do profissional requer mais experiências pedagógicas no mundo da Escola durante a graduação. Também se encontrou dificuldades por ser inspirado em métodos nunca inseridos no ambiente escolar até então e com poucas referências relevantes.
2 Entretanto, a possibilidade de mudanças e adaptações de acordo com a realidade é um dos fatores no qual o projeto foi baseado.Contudo, mesmo com os problemas encontrados pode-se dizer que a aplicação prática do projeto foi realizada com êxito uma vez que durante a avaliação os alunos mostraram que tinham aprendido algo durante todo o processo. Acreditamos que a forma de desenvolvimento das aulas teve papel importante nessa intervenção. Apontamos aqui para a necessidade de utilizar a linguagem própria das crianças nas aulas, contextualizando os temas e permitindo a contribuição e interação das crianças. Fica uma recomendação sobre possíveis pesquisas na Educação Física Infantil para avaliar a linguagem e os contextos utilizados nas aulas. Nesse sentido, na esperança de evitar uma simples implantação da Educação Física Escolar com sua tradição em esportes e movimentos ginásticos repetidos na Educação Física Infantil, procurou-se trabalhar o mundo de movimento das crianças de maneira lúdica, como as crianças tanto necessitam e apreciam (KUNZ, 2004), e para isso foi realizada uma aproximação aos personagens que protagonizam tantas histórias e devaneios infantis – os animais, permitindo às crianças novas formas de experimentar-se, de soltar-se, desenvolver-se integral e livremente, enfim ‘se-movimentar’.
Notas
Conforme Marinho (1982), na época a prática corporal era vista como uma forma de luxúria e de pecados.
Foi realizada pesquisa nos principais periódicos de Educação Física procurando referências na área, porém resultando em poucas informações.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental Referencial curricular nacional para a educação infantil. Volume 2. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Fundamental, 1998. 85 p.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil. Volume 1. Brasília: Secretaria de Educação Básica, 2006a. 64p.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de zero a seis anos à Educação. Brasília: Secretaria de Educação Básica, 2006b. 32p.
CANI, Orlando. Bioginástica. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://www.orlandocani.com.br/main.htm, Acesso em: 06 de abril de 2010.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Autores Associados, 1992.
KUNZ, Elenor. Educação Física: Ensino e Mudança. 3ª ed. Ijuí: Unijuí, 2004. 208p.
MARINHO, Inezil Penna. A Ginástica Brasileira. Brasília, 1982.
NONOMURA, M.; TSUKAMOTO, M.H.C. Fundamentos das Ginásticas. Jundiaí: Editora Fontoura, 2009.
PUBLIO, N. S. A evolução histórica da Ginástica Olímpica. 2ª ed. São Paulo: Editora Phorte, 2002.
ROMANO, Álvaro. Ginástica Natural. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://www.ginasticanatural.com.br/ Acesso em: 06 de abril de 2010.
SOARES, C. L. Educação Física: raízes européias e Brasil. Campinas: Editora de Autores Associados, 2001.
SOARES, C. L. Georges Hébert e o Método Natural: nova sensibilidade, nova educação do corpo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v.25, n.1, p. 21 - 39, set. 2003.
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