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Jogos cooperativos no ensino médio 

e sua contribuição para a formação humana

Juegos cooperativos en la escuela secundaria y su contribución a la formación humana

Cooperative games in high school and its contribution to human development

 

Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio

(Brasil)

Rita de Cassia Fernandes

rita.fernandes@aes.edu.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste trabalho é discutir possibilidades de aplicação dos jogos cooperativos no Ensino Médio, bem como verificar se os professores de Educação Física de escolas da cidade de Sorocaba, SP desenvolvem este conteúdo. Analisamos a relevância de práticas cooperativas que estimulem a autonomia e o pensamento crítico-reflexivo. A pesquisa foi realizada em trezes escolas das redes municipal, estadual e particular que atendem ao Ensino Médio. Foram pesquisados através de questionário treze professores de Educação Física atuantes há mais de dois anos nas instituições. Os resultados da pesquisa mostraram que os professores afirmam aplicar este conteúdo nas aulas, defendendo sua contribuição para a formação humana no processo educacional.

          Unitermos: Jogos. Jogos cooperativos. Formação humana. Educação Física.

 

Resumen

          El objetivo de este trabajo es discutir las posibilidades de aplicación del juego cooperativo en la escuela secundaria, y para verificar si los profesores de Educación Física de las escuelas en la ciudad de Sorocaba, SP, desarrollan este contenido. Se analiza la pertinencia de las prácticas de cooperación que promueven el pensamiento auto-reflexivo y crítico. La encuesta se realizó en trece escuelas en el nivel municipal, estatal y privado en el nivel medio. Se realizó un cuestionario a trece profesores de educación física que trabajan hace más de dos años en las instituciones. Los resultados del estudio mostraron que los maestros dicen que aplican estos contenidos en clase, defendiendo su contribución al desarrollo humano en el proceso educativo.
          Palabras clave: Juegos. Juegos cooperativos. Desarrollo humano. Educación Física.

 

Abstract

          The aim of this paper is to discuss possibilities of applying cooperative games in high school, and to verify that the Physical Education teachers from schools in the city of Sorocaba, SP develop this content. We analyse the relevance of cooperative practices that encourage self-reflective and critical thinking. The survey was conducted in thirteen schools in the municipal, state and private attending high school. Were surveyed by questionnaire thirteen Physical Education teachers who work for more than two years in institutions. The survey results showed that teachers say apply this content in class, defending their contribution to human development in the educational process.

          Keywords: Games. Cooperative games. Human development. Physical Education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O objetivo geral deste trabalho é discutir possibilidades de aplicação dos jogos cooperativos no Ensino Médio destacando sua contribuição para a formação humana, bem como, verificar se os professores de Educação Física de escolas da cidade de Sorocaba S/P aplicam os jogos cooperativos neste segmento de ensino.

    Entendemos que a Educação Física escolar tem como objetivo formar cidadãos críticos e reflexivos. Neste contexto, os jogos cooperativos podem contribuir para a formação humana, ou seja, o aprendizado de valores, normas e atitudes como: respeito, solidariedade, amizade, autonomia, para que os alunos se desenvolvam e aprendam a conviver em sociedade (PEREZ GALLARDO, 2003).

    Para Brotto (1997) nos jogos cooperativos o trabalho em grupo é altamente valorizado e o respeito ao outro é fundamental. Todos entram com as mesmas chances em busca de um objetivo comum, não importando as condições físicas e as habilidades que o aluno possui.

    Brown (1995) discute as estruturas de cooperação como condição necessária para transformar as desigualdades geradas no âmbito social nas relações humanas. Desta maneira, levanta-se uma reflexão sobre vitória, derrota, a importância do trabalho em grupo e seus valores morais, mostrando que os professores têm muito a ensinar através de diferentes procedimentos voltados para a cooperação.

    Na seqüência, discutiremos a função sociocultural do jogo confirmando sua relevância para o desenvolvimento humano. Além disso, teceremos reflexões sobre os jogos cooperativos no Ensino Médio. E, por fim, a estruturação e desenvolvimento da pesquisa de campo, a partir da análise de dados do discurso dos professores da rede municipal, estadual e particular de ensino da cidade de Sorocaba S/P.

1.     A função sociocultural do jogo

    Na nossa sociedade, o jogo como manifestação da cultura corporal e como forma de conhecer o mundo tem um papel fundamental que muitas vezes não é devidamente valorizado. Huizinga (2001) afirma que a sociedade não dispensa a devida atenção ao jogo. No entanto, através dele podemos trabalhar com os alunos os valores humanos necessários a convivência. O mesmo autor afirma ainda que para a prática ser considerada jogo, tem que contar com a ludicidade e a imprevisibilidade.

    Quando jogamos, a realidade passa a ser o jogo em si, o mundo se transforma em um ambiente divertido, descontraído e lúdico. Tais elementos são essenciais para o desenvolvimento humano. Na vivência do jogo podemos superar nossos medos, sermos super-heróis, experimentar algo que realmente gostaríamos de ser. Espaço este que permite o aflorar da imaginação, onde o fictício torna-se real. Para Rocha (2000), o jogo é uma das formas com que a criança se apropria do mundo.

    Entre outras características, concordamos com Callois apud Darido e RANGEL (2005) que aponta o jogo como uma atividade livre de caráter incerto, regulamentado e fictício.

    O jogo expressa também a cultura das civilizações, pois o ato de jogar está carregado de sentidos e significados. Podemos entender que este é criado e interpretado de acordo com a cultura na qual está inserido, pois para Venâncio e Freire (2005, p. 141) “o jogo nasce da sua completa interação com a cultura”.

    Freire (2003) afirma ainda que muitos professores não compreendem a função social do jogo, apenas o aplicam em suas aulas numa perspectiva restrita, com o objetivo de “segurar” o aluno nas aulas de Educação Física. Contudo, o objetivo é ensinar para transformar. Com este caráter didático, o mesmo torna-se um rico conteúdo de ensino nas aulas.

    A Educação Física escolar tendo como objetivo socializar e sistematizar os conhecimentos da cultura corporal construídos historicamente, dando o tratamento pedagógico ao jogo, deverá possibilitar ao aluno reconhecer, recriar, ressignificar diferentes práticas corporais de modo significativo, a fim de questionar seus valores culturais e aqueles veiculados pela mídia.

    Devemos estar atentos a fim de problematizar com os nossos alunos os objetivos da mídia, fazendo também uma apropriação e discussão das práticas da cultura corporal como patrimônio histórico. Entendemos que a cultura de um povo é influenciada também pela mídia que “determina” o esporte do momento, o que vestir, hábitos de consumo, estendendo seu alcance até o contexto escolar.

    O professor de Educação Física tem o papel de resgatar a ludicidade dos jogos competitivos e transformá-los em jogos lúdicos com alto grau de cooperativismo, valorizando o ser humano como tal, apropriando-se, assim, de meios que a própria mídia não trabalha, pois para Soler (2002), infelizmente, a sociedade valoriza aquilo que é veiculado pela mídia e as pessoas “perdedoras” são consideradas, muitas vezes, menos capazes, deixando os valores humanos em segundo plano.

    Podemos observar atualmente a descaracterização do jogo em virtude de aspectos econômicos, sendo considerado um bem de consumo na dinâmica da indústria cultural. A competição tornou-se algo compensador, minimizando o seu caráter lúdico. Até mesmo nas escolas, em muitos momentos, são aplicadas metodologias próprias do esporte profissional sem fazer as necessárias adaptações aos objetivos pedagógicos.

    Montagner; Souza e Scaglia apud Venâncio e Freire (2005) discutem que ao trazer o esporte competitivo para o âmbito escolar ocorre a incompreensão das diferenças e possibilidades de intervenção pedagógica. Por isso, o professor deverá saber trabalhar com o esporte da escola, pois não podemos ignorar apenas o problema da competição, mas devemos usá-lo como meio de transformação social, descaracterizando a ênfase competitiva e transformando as práticas em atividades lúdicas e cooperativas nas aulas.

    Venâncio e Freire (2005, p. 154) afirmam que “se apenas ‘reproduzir’ fosse suficiente já teríamos prontos nossos modelos. Se quisermos uma vida melhor nessa sociedade, será preciso refletir muito sobre jogo, esporte e, principalmente, competição para jovens e crianças.”

    Se nossa intenção é contribuirmos para a construção de uma sociedade crítica e reflexiva, precisamos repensar as metodologias de ensino aplicadas especialmente quanto ao conteúdo jogo nas aulas de Educação Física escolar.

2.     Os jogos cooperativos no ensino médio

    Segundo dados dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) setenta por cento dos alunos deste segmento de ensino estão excluídos das aulas de Educação Física escolar. Tal cenário suscita várias reflexões no sentido de afirmarmos que a nossa área do conhecimento que visa à apropriação crítica da cultura corporal tem sido negada à grande parte dos alunos dessa etapa (BRASIL, 2000).

    O mesmo documento discute também que é tarefa do professor de Educação Física valorizar todos os alunos, independentemente da sua classe social, sexo ou nível de habilidade, promovendo a discussão de temas polêmicos e seus significados, dentre eles, o preconceito, a discriminação e a exclusão social (BRASIL, 2000).

    No mundo atual, vivemos o contexto multicultural em que os conflitos acontecem a todo o momento. Segundo Brotto (1997), os jogos cooperativos vêm com a intenção de unir em liberdade, criando ambientes de amizade permeados pela ludicidade. O autor aponta que o mesmo passa a ser conseqüência de nossas ações, visões e relações, e que o comportamento cooperativo é um aspecto fundamental em qualquer fase da vida.

    É com este olhar que os jogos cooperativos podem ser trabalhados na Educação Física escolar no Ensino Médio. De acordo com Brotto (1997) enfoca-se essencialmente o respeito mútuo, abdicando de quaisquer formas de discriminação, pois nos jogos todos têm sua função social.

    No entanto, Mattos e Neira (2000, p.82) refletem sobre o papel da escola, afirmando que esta tem reforçado “os valores da sociedade e que o sentimento de inferioridade, de submissão, o respeito pela ordem estabelecida e o aprendizado de cada um por si, da competição e do individualismo são valores impostos por certas práticas pedagógicas “.

    Vislumbramos uma escola que trabalhe mais os aspectos da cooperação, do amor ao próximo, da alteridade, estimulando a convivência pautada em valores humanos. Tomando emprestadas as palavras de Perez Gallardo (2003, p.132):

    Os valores de cooperação não devem ser discutidos dentro da escola. Eles devem ser vivenciados no recinto escolar. A preocupação não deverá ser a de formar cidadãos úteis e responsáveis e, sim, pessoas que respeitem a si próprias e aos outros. Também não deve ter a preocupação em preparar o aluno para o futuro, mas sim propiciar que ele cresça integrado à sua comunidade.

    Na mesma direção, Orlick (1989) faz uma reflexão sobre o sistema educacional, afirmando que, tradicionalmente, este tem se mostrado competitivo. Diz ainda que os professores não ensinam os alunos a amarem o aprendizado, mas a tirarem notas altas. Em outro sentido, não temos ensinado as crianças a gostarem do esporte e sim a vencer jogos.

    Contudo, é fundamental discutirmos que os resultados de um trabalho com os jogos cooperativos não são imediatos nem tampouco diretos, lineares. São aspectos a serem desenvolvidos em longo prazo e que não garantem que a cooperação em si aconteça. Faz-se necessário que o professor de Educação Física estimule os alunos do Ensino Médio a reflexão crítica sobre os valores implícitos nas práticas corporais por eles vivenciadas no cotidiano, fazendo com que os jovens se reconheçam como agentes e transformadores de sua cultura.

    Para Betti (1998), o professor precisa atuar para fomentar a descoberta da cultura de movimento. Seu papel é o de mediador, mostrando aos educandos a importância do aprendizado, viabilizando a todos os mesmos direitos.

    Segundo Mattos e Neira (2000), o esporte que valoriza a competição exacerbada leva o aluno a se adaptar à sociedade capitalista, pois não forma consciência crítica nem a sensibilidade com a realidade que o cerca. Argumentam que se apropriando dos esportes de alto rendimento e os reproduzindo nas escolas, reforçaremos valores capitalistas, os quais seriam considerados normais e desejáveis para a sociedade como um todo. Desta forma, segundo os autores, não seria possível a realidade do coletivismo e da cooperação, nem mesmo a discussão de estratégias que garantam a participação de todos, pois o professor estaria ocupado em apresentar as regras oficiais do esporte profissional. A exclusão seria predominante nas aulas, e poucos alunos teriam chances de participar

    Corroboramos com Oliveira apud CORREIA (2006) que não se trata de eliminarmos a competição e menos ainda o esporte das aulas de Educação Física. Importa possibilitarmos sua ressignificação, construindo outros sentidos e significados, repensando os valores da competição exacerbada e o quanto esta pode ser um fator prejudicial, pautada na lógica do vencer a qualquer custo. Podemos com ênfase na ludicidade e na cooperação, encontrar caminhos para incluir os alunos nas aulas de Educação Física escolar em qualquer segmento de ensino.

3.     Aspectos metodológicos

3.1.     Natureza da pesquisa

    Esta pesquisa é de caráter qualitativo que segundo Oliveira (1999) se volta para a descrição e análise da complexidade de uma hipótese ou problema, a fim de compreender processos dinâmicos experimentados por grupos sociais. Este trabalho utilizou-se da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo.

    A pesquisa bibliográfica consiste em analisar parte do material que se tornou público a respeito do tema escrito. Segundo Lakatos e Marconi (1999), esta oferece meios para a resolução de problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se tornaram concretos. Para a redação deste trabalho, foram utilizados livros, artigos científicos, teses, monografias, dissertações sobre o tema dos jogos cooperativos.

3.2.     Local

    Foram pesquisadas treze escolas, sendo nove escolas estaduais, três particulares e uma municipal que atendem ao Ensino Médio das redes de ensino Estadual, Municipal e Particular da cidade de Sorocaba/ SP. Selecionamos de forma aleatória através de sorteio, a partir da lista de escolas fornecida pela Diretoria de Ensino de Sorocaba (DE)1, um conjunto de 20 % (vinte por cento) do número total de escolas que atendem ao Ensino Médio.

3.3.     Sujeitos

    Para análise das possíveis aplicações dos jogos cooperativos foram pesquisados treze professores de Educação Física no Ensino Médio de ambos os sexos, sendo um de cada escola selecionada que já trabalhassem nas instituições de ensino há pelo menos dois anos. Participaram do estudo somente os professores que foram devidamente informados sobre os propósitos da pesquisa e que aceitaram participar, assinando o Termo de Consentimento Formal. Contudo, cabe esclarecermos que tivemos dificuldade com este documento, pois alguns professores aceitavam participar, mas se recusavam a assiná-lo, justificando que teriam certo receio de se comprometer ao assinarem tal documento. Tal fato reduziu o número de participantes da pesquisa.

3.4.     Instrumentos

    Para a coleta de dados, escolhemos como instrumento o questionário com perguntas fechadas, contendo quatro questões de múltipla escolha, além dos dados gerais dos participantes (sexo, tempo de exercício da docência). As vantagens do uso do questionário são a economia de custo, tempo, viagens com obtenção de uma amostra maior, o fato de ter menos pessoas envolvidas e também a não- influência do entrevistador. Dentre as desvantagens podemos citar o baixo índice de devolução, a grande quantidade de perguntas em branco, a dificuldade de conferir a confiabilidade das respostas, a demora na devolução do questionário e a impossibilidade do respondente tirar dúvidas sobre as questões o que pode levar a respostas equivocadas. (LAKATOS e MARCONI, 1999).

4.     Análise e discussão dos dados

    Na seqüência apresentaremos através de tabelas e gráficos os resultados da pesquisa de campo realizada.

Informe o Sexo

Escolas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

Qtdade.

Total %

Masculino

  

  

X

  

  

  

X

  

X

X

  

X

  

5

38

Feminino

X

X

  

X

X

X

  

X

  

  

X

  

X

8

62

Tabela 1. Sexo dos participantes

 

Gráfico 1. Sexo dos participantes

    No total de professores participantes da pesquisa, 62% (sessenta e dois por cento) são do sexo feminino e 38% (trinta e oito por cento) do sexo masculino.

Há quanto tempo você ministra aulas de Educação Física?

Escolas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

Qtde.

Total %

Menos de cinco anos

X

X

X

  

  

  

X

  

  

X

  

X

  

6

48

De cinco a dez anos

  

  

  

X

  

  

  

  

  

  

X

  

  

2

15

De dez a quinze anos

  

  

  

  

  

X

  

  

  

  

  

  

  

1

7

De quinze a vinte anos

  

  

  

  

  

  

  

X

X

  

  

  

  

2

15

Mais de vinte anos

  

  

  

  

X

  

  

  

  

  

  

  

X

2

15

Tabela 2. Tempo de exercício da docência

 

Gráfico 2. Porcentagens do tempo de exercício da docência

    No total de participantes, 48% (quarenta e oito por cento) ministram aulas de Educação Física há menos de cinco anos, 15 % (quinze por cento) entre cinco e dez anos, 7% (sete por cento) de dez a quinze anos, 15% (quinze por cento) de quinze a vinte anos, e outros 15% (quinze por cento) tem mais de vinte anos de exercício na docência.

Questões específicas

Você trabalha com os Jogos Cooperativos?

Escolas

11

22

33

44

55

66

77

88

99

10

11

12

13

Total

%

Sim

X

 

X

X

X

X

 

X

X

X

 

X

X

10

77

Não

 

X

 

 

 

  

X

 

 

 

X

 

 

3

23

Tabela 3. Professores que afirmam trabalharem com os jogos cooperativos

 

Gráfico 3. Porcentagens de professores que afirmam trabalharem com os jogos cooperativos

    Dos professores participantes da pesquisa de campo, 77% (setenta e sete por cento) afirmam trabalhar com este conteúdo e 23% (vinte e três por cento) afirmam não trabalharem com os jogos cooperativos.

    Considerando que a maioria dos professores afirma trabalhar com os jogos cooperativos, podemos resgatar o trabalho de Correia (2006). Este autor aponta a necessidade da Educação Física escolar enfatizar os valores como solidariedade, respeito, inclusão, trabalhados a partir dos jogos cooperativos, podendo contribuir de maneira expressiva na formação de valores humanos essenciais para o convívio social.

Com que freqüência você trabalha com os jogos cooperativos?

Escolas

11

22

33

44

55

66

77

88

99

10

11

12

13

Fr.

Total%

Duas vezes por mês ou mais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

X

 

 

 

1

8

Quatro vezes por mês ou mais

 

 

X

 

X

 

 

 

 

 

 

 

 

2

17

Duas vezes por bimestre ou mais

 

 

 

 

 

 

 

X

 

 

 

 

X

2

17

Duas vezes por ano ou mais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

0

0

Na maioria das aulas

X

 

 

X

 

X

 

 

X

 

 

X

 

5

41

Só em casos especiais / Não Trabalha

 

X

 

 

 

 

X

 

 

 

 

 

 

2

17

Tabela 4. Freqüência de trabalho com os jogos cooperativos

 

Gráfico 4. Porcentagens da freqüência com que os professores afirmam trabalharem com os jogos cooperativos

    Na pesquisa realizada, 41% (quarenta e um por cento) dos professores afirmaram que os jogos cooperativos são trabalhados na maioria das aulas, 17 % (dezessete por cento) trabalham os jogos quatro vezes por mês ou mais, outros 17% (dezessete por cento) trabalham os jogos duas vezes por bimestre ou mais, novamente 17% (dezessete por cento) trabalham apenas em casos especiais ou não trabalham e 8% (oito por cento) trabalham com os jogos cooperativos apenas duas vezes por mês. O professor representante da escola 11 (onze) não respondeu a questão.

    Através dos dados, considerando o discurso dos professores, pudemos inferir que a maioria aplica os jogos cooperativos com freqüência nas aulas. Pudemos verificar que estes fazem parte de um processo de ensino e aprendizagem, e como processo tem que ser contínuo para poder enfatizar práticas cooperativas.

Você acredita que os jogos cooperativos poderiam contribuir para a formação humana dos alunos em relação a valores, por exemplo, respeito, solidariedade, tolerância, entre outros?

Escolas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

Qtde.

Total %

Sim

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

  

X

X

12

92

Não

  

   

   

   

  

   

   

   

   

  

X

  

  

1

8

Tabela 5. Professores que afirmam que os jogos cooperativos podem contribuir para a formação humana

 

Gráfico 5. Porcentagens dos professores que afirmam que os jogos cooperativos podem contribuir para a formação humana

    Dos professores pesquisados, 92% (noventa e dois por cento) afirmam que os jogos cooperativos poderiam contribuir para a formação humana dos alunos, em relação a valores como respeito, solidariedade, tolerância e 8% (oito por cento) dizem não acreditar. Embora os professores 2, 7 e 11 responderam que não trabalham com os jogos cooperativos, apenas o professor 11 (onze) respondeu negativamente a esta questão.

    Neste sentido, os jogos cooperativos favorecem a participação de todos, através do desenvolvimento de competências interpessoais, especialmente no que diz respeito à promoção de valores humanos essenciais. (BROTTO, 2001, p. 4). Além disso, devemos nos ater aos métodos utilizados para o aprendizado desses valores durante as aulas de Educação Física. Entendemos que cada professor tem sua concepção de ser humano, de sociedade, de educação e de Educação Física, e é com base nessas concepções que desenvolverá sua prática pedagógica, trabalhando valores que julga importante.

Em sua opinião, qual(is) são o(s) objetivo(s) dos jogos cooperativos?

Escolas

11

22

33

44

55

66

77

88

99

10

11

12

13

Qtde.

Total %

Inclusão Social.

 

X

X

X

 

X

X

X

X

X

 

X

X

10

42

Conscientização sobre a importância da cooperação.

X

X

X

X

X

X

 

X

X

X

 

 

X

10

42

É apenas mais uma prática alternativa para as aulas de Educação Física.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

0

0

Serve apenas para fins recreativos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

X

1

4

Formação de Valores / Socialização

 

 

 

 

X

 

 

 

 

X

 

 

X

3

12

Tabela 6. Objetivos dos jogos cooperativos na concepção dos professores pesquisados

Obs.: Nesta questão poderia ser assinalada mais de uma alternativa.

 

Gráfico 6. Porcentagens dos objetivos dos jogos cooperativos

    Considerando o total de participantes da pesquisa, 42% (quarenta e dois por cento) afirmaram que o objetivo dos jogos cooperativos é a inclusão social, outros 42% (quarenta e dois por cento) justificaram que seria a conscientização sobre a importância da cooperação, 12% (doze por cento) como formação de valores e socialização e 4% (quatro por cento) assinalaram que os jogos têm como objetivos apenas fins recreativos. Nenhum dos professores respondeu que os jogos cooperativos são apenas mais uma prática alternativa para as aulas de Educação Física. O professor representante da escola 11 (onze) não assinalou esta questão.

    Segundo Brotto (1997), os objetivos dos jogos cooperativos estão voltados para o respeito mútuo, a coletividade e a liberdade que a cooperação pode proporcionar. Desta forma, podemos afirmar que os jogos cooperativos poderão ser uma ferramenta de transformação social, contribuindo para a emancipação das pessoas e para a autonomia. Contudo, não tivemos a pretensão de afirmar ingenuamente que os jogos cooperativos podem resolver problemas sociais, conflitos e dificuldades nas aulas de Educação Física.

Considerações finais

    Retomando os objetivos da pesquisa voltados para a discussão da aplicação dos jogos cooperativos no Ensino Médio, bem como a verificação de sua inserção neste segmento de ensino, pudemos constatar que nas escolas pesquisadas, os professores, de um modo geral, afirmam aplicar este conteúdo nas aulas, além de defenderem sua relevância para a formação humana no processo educacional.

    Contudo, em conversas informais com os professores que responderam aos questionários, alguns deles afirmam que há resistência por parte dos alunos para tais tipos de jogos, pois segundo os professores grande parte deles é estimulado a competir desde cedo, tendo dificuldades de trabalhar a cooperação nas aulas.

    Temos a clareza de que nesta pesquisa não analisamos o planejamento dos professores nem tampouco um conjunto de aulas para verificar a real aplicação deste conteúdo. Do mesmo modo, entendemos que nossas análises estiveram pautadas no discurso dos professores que reconhecem que este conteúdo de ensino pode ser desenvolvido no Ensino Médio, apesar da predominância dos esportes.

    Esperamos que esta pesquisa possa contribuir no sentido de apresentar elementos para uma reflexão sobre a prática pedagógica em Educação Física, chamando a atenção para a necessidade de desnaturalizar valores cristalizados na nossa sociedade, a fim de incentivarmos no contexto escolar práticas corporais mais solidárias, mais cooperativas e, portanto, mais humanizadas.

Notas

  1. De acordo com as informações obtidas da Diretoria de Ensino de Sorocaba, há 42 escolas estaduais, 15 escolas particulares e 4 escolas municipais que atendem o segmento de Ensino Médio, perfazendo o total de 61 escolas. Disponível em: http://www.desorocaba.edunet.sp.gov.br/relacao.html. Acesso em 05/12/2007. .

Referencias

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  • BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio / Secretaria de Ensino Médio. Brasília, MEC/SEM, 2000.

  • BROTTO, F. O. Jogos Cooperativos: Se o Importante é Competir o Fundamental é Cooperar!. 7ª ed. Santos: Renovada, 1997.

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  • BROWN, G. Jogos Cooperativos: Teoria e prática. 2ª ed. São Leopoldo: Sinodal, 1995.

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  • FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. 4ª ed. São Paulo: Scipione, 2003.

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  • MATTOS, M. G.; NEIRA, M. G. Educação física na adolescência: construindo o conhecimento na escola. São Paulo: Phorte Editora, 2000.

  • OLIVEIRA, S. L. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. 2.ed., São Paulo: Pioneira, 1999.

  • ORLICK, T. Vencendo a Competição: como usar a cooperação. São Paulo: Círculo do Livro, 1989.

  • PEREZ GALLARDO. J. S. (org). Educação Física escolar: do berçário ao ensino médio. Lucerna. Rio de Janeiro, 2003.

  • ROCHA, M. S. P. M. L. Não Brinco Mais: a (des) construção do brincar no cotidiano educacional. Ijuí: Unijuí, 2000.

  • SOLER, R. Jogos Cooperativos. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.

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