Importância do feedback no processo da escrita Importancia de la retroalimentación en el proceso de escritura |
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil) |
Benhur Eidelwein Carla Borges Cristiane de Lorenzo Ester Maria Bervian Eidelwein Gisele Corrêa de Abreu Ruy Jornada Krebs |
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Resumo Dentro da área da aprendizagem motora, escolhemos a temática que analisa a importância do feedback no processo de escrita e como esta ferramenta pode ser influente na aprendizagem da grafia. O trabalho busca definições de feedback, bem como tratar do fenômeno da escrita e ainda experiências de sala de aula. Com nossa experiência podemos afirmar que o feedback é de importância fundamental neste processo crucial para o aprendiz. Este trabalho pode ser rediscutido e aproveitado principalmente por pedagogos e profissionais que trabalham diretamente com o ensino da escrita. Unitermos: Feedback. Aprendizagem. Escrita.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Ao estudar a aprendizagem motora percebeu-se a importância de observar o que a literatura apresenta, relacionando com as experiências práticas dos pesquisadores. E nos diversos estudos que envolvem a área de aprendizagem motora, escolhemos a temática que analisa a importância do feedback no processo de escrita e nas formas como esta ferramenta indispensável pode ser influente na aprendizagem da grafia. Buscamos definições de feedback, bem como do fenômeno da escrita e ainda experiências de sala de aula.
Como traz MACEDO (2000) em seu trabalho, o conhecimento não resulta de uma interação direta do sujeito com o objeto, mas sim através da interação por materiais e símbolos. Portanto, o feedback como ferramenta de linguagem adquire uma importância especial.
O estudo sobre este assunto é relevante por se tratar de um tema que é presente na área da educação, a escrita. E ao estudarmos mais sobre feedback, decidimos por abordar estas duas áreas no nosso ensaio.
Importância do feedback no processo da escrita
Considerações sobre feedback
Schmidit (2001, p270) aborda o termo feedback como “uma informação sensorial que indica algo sobre o estado real do movimento de uma pessoa”. Para Magill (2000), feedback apresenta-se de forma mais prática: há uma situação em que é realizada um tipo de aprendizagem motora e uma informação é fornecida ao aprendiz a respeito de sua performance. Por isso é possível que se entenda o feedback como o que consiste na informação recebida pela pessoa a respeito de sua performance em determinada tarefa.
Segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras (2008 p580): feedback representa “dentro de um sistema ou processo, a reação a um estímulo que, por sua vez, provoca novo estímulo, realimentando assim o processo”. Com isso, acredita-se que feedback é uma informação primordial para a aprendizagem auxiliando o indivíduo a diminuir seus erros, melhorando assim seu desempenho.
Existem alguns tipos de feedback para diferentes momentos da aprendizagem. São eles: intrínseco, extrínseco, descritivo, prescritivo, aumentado, do programa, do parâmetro, síntese e médio. Destacamos dois tipos: prescritivo e descritivo. O prescritivo descreve os erros cometidos pelo indivíduo durante a performance da habilidade e sugere algo que deveria ser corrigido. Já o descritivo apenas aponta os erros. Os dois tipos são mais utilizados na forma extrínseca quando a resposta parte do professor para o aluno.
Processo motor da escrita
Segundo Pellegrini e Tinós (2005) a escrita é o domínio de uma tecnologia que dá a possibilidade da expressão e da comunicação; e mesmo sendo considerada a escrita como expressão, é importante perceber que o ato motor é o que possibilita o registro gráfico. Além disso, é importante ressaltar que a aquisição de elementos para desenvolver as habilidades motoras de escrita e de leitura iniciam antes da instrução formal. As competências cognitivas e habilidades motoras precisam ser observadas na aprendizagem da escrita para dar suporte aos saberes essenciais da língua. Há também a percepção e a memória visual como influência na aprendizagem escrita.
As habilidades motoras da escrita, referentes a espaço e tempo são importantes à medida em que o esquema corporal, a estruturação espacial e a orientação direcional estão intimamente interrelacionadas e combinam-se para auxiliar as crianças a entender suas dimensões espaciais (Gallahue e Ozmun, 2005 p316/317) ao contrário das dimensões temporais que se relacionam a aquisição de uma estrutura temporal adequada em crianças, sendo despertada e refinada ao mesmo tempo em que se desenvolve seu mundo espacial.
Também se faz necessário para o ato de escrever, além dos processos cognitivos, os fatores visual, temporal, espacial, motivacional, concentração, memória, boa audição, boa fala, coordenação motora fina; conhecimento e controle do próprio corpo e sistema lateral em relação ao espaço disponível para a ação motora.
Em relação à coordenação motora fina é importante salientar a sinergia simples: aquilo que envolve todo o movimento da mão (as ações de todos os dedos é semelhante).
Os processos da Lei de Fitts e Posner (1967)
Durante o processo de aprendizagem de uma habilidade específica ocorrem três estágios: cognitivo, associativo e autônomo. No primeiro dos três estágios definidos por Fitts e Posner (1967) está o cognitivo, neste estágio é grande a dificuldade do aluno identificar erros e realizar ajustes, pois o mesmo está muito comprometido com os objetivos da tarefa proposta e, segundo Ladewig (2000), acarreta uma sobrecarga nos mecanismos de atenção proporcionando “performance” inconsistente. Grande parte das atividades cognitivas se dá através de instruções e feedbacks, facilitando a compreensão. No segundo estágio, que é o associativo, a criança consegue manter esta “performance” mais estável, que lhe permite inclusive detectar alguns erros na sua prática. O sucesso na execução da tarefa já é bastante notório e existem poucos erros grosseiros, pois já consegue associar a variação ambiental com os seus movimentos. O foco está no refinamento da habilidade. O feedback já não é tão importante, mas caso seja usado, deverá ser mais preciso e objetivo. No terceiro e último estágio, o da autonomia, o indivíduo executa a tarefa com pouca atenção nos seus movimentos, isso porque praticou bastante e é capaz de perceber e corrigir seus erros (sendo nenhum grosseiro) e encontra então a “performance” esperada no processo de ensino/aprendizagem.
Experiências da prática
Primeiro caso
Em uma turma de 2º ano, equivalente à 1ª série, um aluno ao fazer um cartão para o dia dos pais escreveu: “Pai eu Teamo”. A professora orientou-o dizendo:
- Aqui não está certo. Teamo são duas palavras, é te amo, elas são escritas separadas e o ’”te” é escrito com letra minúscula; só usamos letra maiúscula no começo de frases e em substantivos próprios.
O aluno fez a correção necessária a partir do feedback prescritivo feito pelo professor.
Segundo caso
Em uma turma de 4ª série, a partir da sugestão do professor para que os alunos fizessem uma redação relacionada às férias escolares, a aluna não usou letra maiúscula em substantivo próprio e no mesmo parágrafo não fez a separação silábica adequada de uma palavra.
A professora falou:
- “Iguatemi” está escrito errado e a palavra “comprou” não está separada conforme a regra.
Neste caso, como é uma criança que está em um nível mais avançado, só foi necessário o uso do feedback descritivo para que fizesse a correção adequada,
Terceiro caso
A atividade proposta para a turma (2º ano) era recortar gravuras de uma revista, após o recorte a professora pediu para colarem as gravuras e escrever os nomes de cada desenho representado. Como alguns alunos escreveram “caza” ao invés de “casa” a professora falou:
- A palavra casa não se escreve assim, apesar de ouvirem o som de “z” se escreve com “s”. Estão lembrados que entre duas vogais o “s” fica com som de “z”?
Como são alunos que estão na faixa etária dos 08 anos foi utilizado o feedback prescritivo, por ser mais apropriado.
Conclusão
Para aprender uma habilidade necessitamos de prática e de tempo. Para evoluir de condição de iniciante para a de um praticante hábil, o individuo passa por diversos estágios que conforme Fitts e Posner (1967) essa aprendizagem de habilidades especificas de iniciantes tem três estágios: o cognitivo, o associativo e o autônomo.
O desenvolvimento motor também é um processo que necessita de prática e tempo, sendo um processo contínuo e demorado. Para Gallahue e Ozmum (2005) o desenvolvimento motor pode ser observado através do comportamento do sujeito. Um exemplo disso são os movimentos manipulativos finos, usados na escrita, pois é compreendido que a habilidade para escrever se apresenta como um processo complexo cujo envolve muitos fatores. Por isso é comum encontrarmos alunos com dificuldades relacionadas à habilidade de escrever e para ajudar o aluno a resolver suas dificuldades na grafia é usado freqüentemente o feedback.
Nossa experiência nos auxilia a afirmar que o feedback é de importância fundamental neste processo crucial para o aprendiz. Sendo usado com mais freqüência o feedback prescritivo nos primeiros anos escolares, para a melhora da performance pretendida. Na seqüência, o feedback prescritivo é mais utilizado por priorizar a autonomia do individuo em resolver problemas relacionados à tarefa.
Referencial bibliográfico
FITTS, P.M.; POSNER, M.I. Human performance, Belmont: Brooks/Colemann, 1967.
GALLAHUE, D.L.;OZMUN, J.C. Compreendendo o desenvolvimento motor, São Paulo: Phorte, 2005.
LADEWIG, I. A importância da atenção na aprendizagem de habilidades motoras, Revista paulista de Educação Física: supl.3, 2000, p 62-71.
MACEDO, M.S.A.N.; MORTIMER, E.F. A dinâmica discursiva na sala de aula e a apropriação da escrita, Educação e Sociedade: v.21, n.72, 2000.
MAGILL, R.A. Aprendizagem motora, São Paulo: Edgard Blucher, 2000.
SCHMIDT, R.A.; WRISBERG, C.A. Aprendizagem motora e performance motora, Porto Alegre: Artmed, 2001.
TINÓS, S.H; PELLEGRINI, A.M. Desenvolvimento motor de crianças com dificuldades motoras da escrita, Psicologia da Educação: n. 20, Rio Claro, 2005.
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