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Diagnóstico sobre agressividade em escolares 

do 5º ano de uma escola municipal de Porto Velho

Diagnóstico sobre la agresividad en estudiantes de 5º año de una escuela municipal de Porto Velho

 

Coordenadora do Curso de Educação Física

do Instituto Luterano de Ensino Superior de Porto Velho, RO

Líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Física, GEPEF, RO

Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas

Especialização em Educação Física Escolar pela Universidade Federal de Pelotas

Mestrado em Educação Ambiental pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande

Adriane Corrêa da Silva

dricaacs@ig.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste artigo é fazer um diagnóstico sobre o fenômeno bullying, ou seja, sobre a agressão no contexto escolar a partir do olhar da Educação Física das três turmas de 5º ano do ensino fundamental de uma escola pública de Porto Velho/Rondônia, a partir do número de registros de agressões nas aulas de Educação Física. Para tanto, foi realizado um estudo qualitativo/descritivo que utilizou o registro dos boletins de ocorrência da escola estudada. O fenômeno bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas de maneira perturbadora, que ocorrem sem motivação de forma relevante, sendo, adotadas por um ou mais estudantes contra outros, dentro de uma relação de desigualdade de poder. Este tipo de violência se manifesta, sob a forma de brincadeiras, apelidos e trotes, gozações e agressões físicas. Para tanto, entende-se que a informação é uma das formas de combate ao bullying e através da aula de Educação Física, poderá ser mais eficiente, pois esta disciplina lida com o corpo e com o movimento humano, propiciando ao sujeito se perceber e se entender enquanto parte integrante do meio, o qual está inserido.

          Unitermos: Educação Física. Bullying escolar. Corpo.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo Fante (2005), no contexto escolar ainda há muitos tipos de exclusões, perseguições, discriminações, rejeições envolvendo as relações interpessoais. Devido a inversão de valores e a violência presentes na sociedade, a escola tem a missão de despertar o senso crítico entre os alunos visando uma sociedade mais tolerante.

    De acordo com Fante (2005), o termo bullying se refere à atitude agressiva, intencionais e que se repetem, causando dor e angústia. Pode se manifestar através de um apelido desagradável, de uma brincadeira inconveniente ou de humilhações dentro de uma relação desigual. A insistência ainda pode despertar uma revolta ou provocar uma agressão física.

    O bullying é um problema mundial presente em escolas primárias ou secundárias, públicas ou privadas, rurais ou urbanas. Infelizmente, ainda é uma minoria de escolas que admitem a ocorrência desse tipo de fenômeno entre seus alunos, por desconhecer o problema, ou por não saber como enfrentá-lo.

    No Brasil, ainda não existem programas educacionais específicos de identificação e prevenção do bullying na área da Educação Física, assim é importante que o professor conheça e utilize estratégias para a prevenção desse fenômeno.

    Tendo em vista, as colocações apresentadas, justifica-se a presente pesquisa, que tem por finalidade fazer um diagnóstico sobre o fenômeno bullying, ou seja, sobre a agressão no contexto escolar a partir do olhar da Educação Física escolar das três turmas de 5º ano do ensino fundamental de uma escola pública da cidade de Porto Velho/Rondônia.

    Fortes questões sociais como desemprego, moradia, fome, saúde e educação, abalam a estrutura familiar e consequentemente a criança reproduz o que ela vivencia. Estas questões relacionadas com a desigualdade e a exclusão social conduzem ao crescimento da delinqüência e da violência, quer na sociedade ou no interior da escola.

    Durante as atividades desenvolvidas nas aulas práticas de Educação Física surge situações em que expectativas e opiniões costumam divergir. Na busca de um melhor aproveitamento da afinidade que é observada no relacionamento entre o professor de Educação Física e a criança, é importante que se incorporem à prática docente, abordagens que possam melhor fundamentar o planejamento escolar.

    O presente estudo objetivou descrever o número de registros de agressões nas aulas de Educação Física.

Metodologia

    Segundo Marconi e Lakatos (2005), o tipo de pesquisa terá uma abordagem qualitativa, pois visa descrever de forma numérica os resultados encontrados.

    Este estudo classifica-se como descritivo que segundo Lakatos (1995), é caracterizado pela formulação de questões ou de um problema.

    A presente investigação foi realizada em uma escola pública da rede municipal de Porto Velho/Rondônia localizada na área urbana.

    Foi utilizada uma análise a partir do registro dos boletins de ocorrência de três turmas de 5ª anos do ensino fundamental.

    Os dados foram processados e analisados, utilizando-se a estatística descritiva que, segundo Picolli (2006), tem a função de ordenar, sumarizar e descrever os dados coletados e os resultados obtidos, que serão apresentados sob forma de gráficos utilizando-se o programa Excel.

Resultados e discussões

    Das três turmas de quinta série analisadas (Gráfico 1), foram investigados 11 casos de agressividade entre os alunos.

Gráfico 1. Total de alunos.

    Diante dos resultados obtidos nos boletins de ocorrência referente ao 5º ano “A” nenhum aluno sofreu agressão física ou verbal. Já no que se refere ao 5º ano “B” e “C” foi encontrado registro tanto físico, quanto verbal.

    Uma observação interessante a fazer diante do material coletado é de que no 5º ano “B” todas as ocorrências registradas são referentes ao gênero masculino e no 5ª ano “C” obtive-se apenas um registro do gênero feminino entre alguns do gênero masculino, ou seja, constatou-se que os meninos são mais agressivos que as meninas.

    Para um melhor esclarecimento dos resultados dos 33 alunos no 5º ano “B”, 17 alunos são do gênero masculino e destes, 5 alunos praticaram agressão física e verbal, ou seja, 15,15% da turma.

    Entre as agressões, transcreveram-se os registros encontrados no livro de registros da escola, tais como segue: “Perturba os colegas”, “Atirou uma liga de balão”, “Foi agressivo” (dois registros), “Briga com os colegas” e “Falta de respeito”. Observou-se que tem alunos com mais de um registro de agressão, ficando visível que sua passagem pelo livro de ocorrências é seguida.

    No 5º ano “C”, foram coletados 4 registros de uma turma, e destes registros um é de menina. A turma é representada em sua totalidade por 27 alunos, sendo que 13 alunos são do gênero feminino e 14 do gênero masculino, ou seja, 14,81% dos alunos praticaram agressões. Entre as agressões praticadas temos: “Agrediu o colega com uma bola”, “Chamou a colega de cachorra”, “Agrediu com um soco na barriga” e “Deu um tapa no rosto”.

    Essa agressividade demonstra os significados dado a certas partes do corpo e aos discursos dos sujeitos agressores.

    Para Louro (2003) ao longo dos séculos, os sujeitos vêm sendo examinados, classificados, ordenados, nomeados e definidos pelas marcas que são atribuídas aos seus corpos. Sendo assim, os significados de suas marcas não apenas deslizam e escapam, mas são também múltiplos e mutantes.

    Diante do exposto observou-se também, que o contexto ao qual se enquadram esses alunos não muda, acredita-se que seja porque são de baixa renda, moram em bairros da periferia, são filhos/as de pais separados, de pais viciados e sem renda definida.

    Para Silva (2005), nossos corpos são como sistemas vivos em inter-relações com os ambientes que os inscrevem, estando intimamente inseridos na trama social que os corporifica. Desta forma, as práticas culturais e suas relações de poder na produção do sujeito, identificam as relações de poder e como elas influenciam e moldam as práticas culturais e consequentemente os sujeitos.

    Sendo assim, as contribuições da virada lingüística são importantes para o entendimento de linguagem, que passa a ser entendido, não mais como veículo neutro e transparente de representação da ‘realidade’, mas como constituidora de ‘realidades’, ou seja, mais do que mediatizar, isso é, intermediar ou representar para nós o que é o mundo, a linguagem constrói o mundo (...) a linguagem constrói o que interessa do mundo, isso é, constrói os sentidos que damos ao mundo (VEIGA NETO, 1996).

    Tal fala, remete ao que é produzido e transmitido a partir do que se vivencia, pois a linguagem marca e cria suas marcas, produzindo e reconstruindo cotidianamente os sujeitos e suas identidades.

Considerações finais

    A realidade escolar mostra que há uma incidência relevante de casos de bullying escolar entre os alunos do 5ª ano.

    Mesmo sabendo que cabe a direção, a coordenação escolar e aos pais esta tarefa de acompanhamento, fica aqui registrada que a Educação Física, também deve desempenhar este papel de auxílio àquelas crianças que considera-se estar fora dos padrões normais de comportamento, para que assim possamos identificar e combater o bullying.

    O que se pode fazer diante do exposto é a partir deste trabalho e de outros informar, alertar e demonstrar, aos adultos diretamente envolvidos, as teorias conhecidas sobre as práticas do bullying que atingem a sala de aula, tais como: preconceitos, racismo, uso de drogas, problemas físicos e verbais, etc. Assim como, elaborar alternativas para que estes problemas sejam trabalhados em sala de aula.

    A informação é uma das formas de combate ao bullying e através da aula de Educação Física, poderá ser mais eficiente, pois esta disciplina lida com o corpo e com o movimento humano, propiciando ao sujeito se perceber e se entender enquanto parte integrante do meio.

Referências

  • FANTE, C. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas – SP: Verus, 2005.

  • LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. 3 ed.São Paulo: Atlas, 1995. 

  • LOURO, Guacira Lopes. Corpos que escapam. Labrys: estudos feministas, n. 4, ago/dez, 2003. Disponível em: http://unb.br/ih/his/gefem. Acesso em 03/5/2003.

  • MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da metodologia científica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005.

  • PICCOLI, J. C. Normatização para trabalhos de conclusão em educação física. Canoas: Ulbra, 2006

  • SILVA, Adriane Corrêa da. Representações de corpos e seus discursos: pintando a tela a partir dos olhares d@s acadêmic@s de Educação Física. Dissertação de Mestrado – Fundação Universidade Federal do Rio Grande. 2005.

  • VEIGA-NETO, Alfredo. A didática e as experiências de sala de aula: uma visão pós-estruturalista. Educação e Realidade, v. 21, n. 2, p. 161-176, jul-dez, 1996.

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