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Atividades de brincadeiras tradicionais: 

uma proposta em programas intergeracionais

Actividades de juegos tradicionales: una propuesta de programas intergeneracionales

 

*Graduada em Educação Física, UNICEP

**Doutora em Educação e Professora

do Curso de Educação Física da UNICEP

(Brasil)

Daniela Silva Pedrazzani*

dspedra@hotmail.com

Raquel Jalantonio**

quequel.ed.fisica@hotmail.com

Dijnane Fernanda Vedovatto Iza***

dijnane@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A forma de brincar mudou, com o passar dos anos os objetos, o tempo, os espaços de brincar e os brincantes foram se transformando. Apesar das mudanças as brincadeiras atravessaram fronteiras e épocas procurando manter-se viva perpetuar-se pela transmissão de geração e geração confirmando assim sua essência apesar das mudanças inerentes da sociedade. Dessa forma, o objetivo deste estudo é o resgate das brincadeiras tradicionais, e a elaboração de atividades lúdicas visando proporcionar vivencias intergeracionais, assim como oferecer subsídios, os quais venham enriquecer e aperfeiçoar o profissional de Educação Física para esta prática educativa. Contudo, este estudo foi realizado por meio de uma revisão bibliográfica e por um questionário semi-estruturado, onde com base na analise dos questionários foram elaboradas vivencias as quais visam reforçar a importância do resgate das brincadeiras antigas, assim como a utilização das brincadeiras tradicionais como uma atividade intergeracional, com o intuito de manter vivo a cultura infantil e o lúdico dentro de cada um.

          Unitermos: Intergeracionalidade. Jogos e brincadeiras tradicionais. Idosos.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Numa sociedade cada vez mais industrializada os jogos de computadores e brinquedos eletrônicos passaram a ser mais constante na vida das crianças o que torna o brincar mais individualizado.

    O Brincar possibilita o resgate de valores sociais essenciais, é uma forma de comunicação entre as gerações, um instrumento de aprendizagem e de valorização do patrimônio lúdico-cultural em diferentes contextos.

    Por meio das brincadeiras podemos compreender a cultura de um povo, e é brincando que a criança começa a ter contato com o mundo a sua volta (KISHIMOTO 2006).

    Ainda hoje nos lembramos das brincadeiras que fizeram parte de nossa infância, pois, por meio destas brincadeiras, aprendemos a dividir, cooperar, ganhar ou perder.

    Valorizar a história e a cultura das brincadeiras das gerações anteriores pode vir a ser uma forma de apresentar as crianças de hoje um conhecimento que lhe proporcionará o desenvolvimento físico, social e corporal, promovendo assim uma reflexão sobre o papel do idoso e o que ele pode contribuir para as novas gerações.

    Assim, os idosos são hoje portadores de uma grande sabedoria que muitas vezes não é valorizada pelas crianças, as quais preferem assistir desenho animado ou jogar vídeo game ao invés de escutar as histórias e brincadeiras de seus avôs.

    Pretendemos então, promover o resgate das brincadeiras por meio de uma proposta intergeracional que possibilite a elaboração de vivencias e a exploração de brincadeiras tradicionais, visando a valorização do conhecimento do idoso.

Jogos e brincadeiras tradicionais

    As brincadeiras tradicionais fazem parte do folclore infantil, trazem consigo parte da cultura popular, pois são transmitidas oralmente, guardam a produção espiritual de um povo em certo período histórico, estando sempre em transformação, incorporando criações de novas gerações que venham a sucedê-las (KISHIMOTO 2006).

    Ainda segundo Kishimoto (2006), essa tradicionalidade e universalidade característica das brincadeiras nos mostram que até os povos antigos como os gregos já brincavam de amarelinha, empinar papagaio, jogar pedrinhas, brincadeiras essas ate hoje vivenciadas pelas crianças. As brincadeiras preservam muitas vezes sua estrutura inicial por conta de sua expressão oral, sendo passadas de geração em geração, de forma espontânea, perpetuando assim a cultura infantil.

    Nas brincadeiras as crianças começam a vivenciar conteúdos culturais os quais ela ira reproduzir e transformar, apropriando-se deles e lhe dando uma significação. Assim a brincadeira é a entrada da criança na cultura, tal como ela existe em determinado momento, mas também com todo um peso histórico pertencente a aquela sociedade (BROUGÉRE 1995).

    Para Kishimoto (2006), a brincadeira é “a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica”.

    A cultura lúdica esta impregnada de tradições, brincadeiras que se mantém em nossa sociedade e variam de uma região para outra, o prazer pelo brincar livre, por reproduzir gestos e ações, garantem o desenvolvimento físico, o controle da agressividade, proporcionando habilidades diversificadas, a realização de desejos, a superação de dificuldades individuais, a interação e adaptação a um grupo sempre através de ações simbólicas como ressalta Nallin (2005).

    Segundo Brougére (1998) a cultura lúdica é “conjunto de regras e significações próprias do jogo onde o jogador adquiriu e domina o contexto de seu jogo”, é um conjunto de procedimentos que permitem tornar o jogo possível, pertencente ao meio e a cultura onde a criança esta inserida, para assim aclimatá-la ao jogo.

    Através das brincadeiras a criança vai, pouco a pouco, organizando suas relações emocionais e sociais, aprendendo a conhecer e aceitar a convivência com outros, onde a ação lúdica é a principal influencia no desenvolvimento social da criança (CASTRO 2005).

    Portanto a brincadeira pressupõe um aprendizado social, pois aprendemos formas, regras, habilidades para assim brincarmos (BROUGÉRE 1998).

    Assim a cultura da brincadeira é um fenômeno de grupo, pois é através do conjunto de sujeitos que mutuamente se regulam, com uma identificação própria e com um modo de organização típico que a brincadeira tradicional se mantém e é passada (PONTES; MAGALHÃES 2003).

    O resgate das brincadeiras tradicionais seria uma forma de valorizar a cultura lúdica infantil, promovendo o desenvolvimento físico, psicológico e social tanto das crianças, como de adultos e idosos, aproximando assim diferentes gerações.

Cultura intergeracional

    Brincar é inerente ao ser humano: brincamos quando crianças, quando adultos e quando idosos, pois brincar é uma ação contínua que envolve pensamento-ação-reação. O universo infantil está presente em cada um de nós. As experiências da infância deixam profundas marcas em nossas vidas e, mesmo sem sabermos disso, as trazemos nos gestos, nas falas e nos costumes. Os brinquedos, as brincadeiras e o brincar integram esse leque de experiências vividas por nós, seres humanos (FORTUNA 2004).

    O crescimento acelerado das grandes cidades, a nuclearização familiar e a difusão dos meios de comunicação especialmente à televisão, vêm cada vez mais consolidando novos valores culturais, promovendo um distanciamento entre as gerações assim enfraquecendo a transmissão de conhecimento entre as gerações (MIRANDA 2003).

    O conceito de geração não envolve somente o caráter cronológico de um determinado individuo Goldman e Paz (2002) apud Souza (2004) colocam que “Cada geração tem um sentido próprio decorrente não só das vontades dos indivíduos, mas também das influencias políticas, econômicas, sociais e culturais”, possuindo assim características próprias que situadas em diferentes contextos podem ser compartilhadas por toda a sociedade, possibilitando assim um convívio sócio-cultural semelhante em uma geração inteira.

    Atualmente o que vemos é que existe uma separação entre as faixas etárias, com papeis pré-determinados para a criança, jovem, adulto e o idoso, com áreas reservadas para cada um como as creches, escolas, oficinas, escritórios, entre outros locais. Sendo a família o único espaço propício para esse encontro entre gerações, nem que seja apenas pela aproximação física (MIRANDA 2003).

    Procurando falar um pouco do idoso, a velhice é sinônimo de decadência, no qual inúmeros fatores culturais contemporâneos vem a rarear os contatos sociais, promovendo assim um progressivo esvaziamento de papeis, levando o idoso a um crescente isolamento ou recolhimento domiciliar (MIRANDA 2003).

    Portanto é importante resgatar a participação social ativa por parte do idoso, reaproximando-os de outros indivíduos, promovendo uma convivência social positiva tanto entre seus pares como entre outras gerações (SOUZA 2004).

    Assim, as crenças referentes à velhice contribuem para que as novas gerações vejam a velhice com outro olhar, diferente do que é na verdade, o que vem a prejudicar a interação entre as diferentes gerações por causa dos preconceitos, estereótipos e a marginalização dos idosos de forma a torná-los rejeitados e excluídos no meio social em que convive (LIMA 2007).

    Ainda segundo Lima (2007), para que possamos promover essa igualdade entre as gerações, a ação intergeracional é importante para proporcionar mudanças na mentalidade das diferentes gerações, reforçando assim a cidadania e envolvendo valores étnicos, de igualdade social, justiça e dignidade entre todos.

    Uma ação intergeracional possui relações entre diferentes grupos etários os quais possuam características próprias de sua época, e encontram-se unidos pela historia, interesses e experiências sociais comuns (SOUZA 2004).

    Portanto, a educação física pode vir a ser uma importante área integradora, pois criar um espaço participativo, tanto em instituições escolares, como em grupos etários variados unindo-os em torno de uma atividade comum, compartilhando interesses, desafios e prazeres em diferentes atividades (SOUZA 2004).

    Assim, possibilitar o convívio e a interação entre os idosos e as crianças desde cedo, pode ser um fator determinante para que a forma como a velhice é vista e encarada possa ser modificada gradativamente, promovendo assim uma aproximação através da vivencia e a valorização cultural das diferentes gerações.

Metodologia

    Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, onde os procedimentos metodológicos foram divididos em três etapas, revisão de literatura, elaboração do questionário semi-estruturado com perguntas fechadas e abertas, e por fim elaboração de possíveis vivencias intergeracionais.

    A seleção dos voluntários da pesquisa ocorreu de forma voluntária, trata-se de uma amostra não probabilística, onde 20 idosos com media de idade de 67 anos aceitaram participar da pesquisa.

    Esses idosos participam das atividades da Universidade Aberta a Terceira Idade de São Carlos (UATI), onde dos 20 participantes, 16 mulheres e 4 homens, todos com o interesse em favorecer ao estudo, proporcionando vivencias de seu dia-a-dia e auxiliando no andamento deste estudo.

    O questionário foi aplicado nos dias 27 de março e 3 de abril de 2009, sempre antes ou após as aulas de revitalização da UATI.

Resultados

    Quando perguntado se os idosos vêem diferença nas brincadeiras dos dias de hoje em comparação com a de sua infância, 100% dos entrevistados responderam que sim, há muita diferença e em sua maioria justificaram o surgimento de brinquedos eletrônicos e da Internet como uma das causas que levam as crianças a brincarem individualmente e mais dentro de casa. Como podemos ver na citação abaixo:

    “Na minha infância, brincávamos muitas vezes na rua e quintal, as crianças estavam sempre juntas. Hoje há muita tecnologia“. (M.L.C.S.)

    Assim, podemos considerar que há diferenças no brincar de antigamente comparado aos dias de hoje, podemos notar que os idosos colocam a importância do coletivo e das brincadeiras em grupo como atividades freqüentes em sua infância.

    Quando questionados sobre quais brincadeiras e brinquedos que mais gostavam de realizar durante sua infância, foram citadas 35 atividades, as quais para melhor divisão das brincadeiras e brinquedos citados foram divididas em cinco grupos de brincadeiras/brinquedos de acordo com os seus objetivos.

    Algumas dessas brincadeiras podem ser do conhecimento das crianças de hoje, mas muitas delas caíram no esquecimento ou são pouco vivenciadas nos dias de hoje, como a construção do próprio brinquedo, carinho de rolimã, pião, as brincadeiras de rodas (cirandas), chincha ou três Marias entre outras.

1. Brincadeiras que os participantes mais gostavam de realizar durante a infância

Temas

Atividades (nº. de citações)

Expressão Corporal

Teatro (2), Estátua (1), Mímicas (1), Rodas Cantadas / Ciranda (13), Circo (1), Recitar poesias (1).

Correr

Pique Bandeira (1), Pega-pega (4), Lenço atrás (3), Barra-manteiga (2), Brincadeiras de bola (9), Apostar corrida (2).

Esconder

Esconde-esconde (9), Balança caixão (1).

Materiais alternativos/ confecções de brinquedos

Bola de gude (2), Queimada com bola de meia (6), Peteca (5), Amarelinha (9), Pular corda (3), Passa anel (5), Soltar pipa (2), Chincha ou jogo das pedrinhas (3), Pula Pau (1), Rodar pneu (1).

Brinquedos

Casinha (5), carinho de rolimã (2), Patinete (1), boneca (9), trilha (Jogos de tabuleiro) (2), Bola (6), Estilingue (1), Bicicleta (1), Pião (1), Bambole (1), Jogo de panela e fogão (2), espiga de milho (brinquedos artesanais) (7), escolinha (1), carrinho/caminhão (1).

    Ao ser perguntado se os idosos gostariam de vivenciar algumas das brincadeiras citadas com as crianças de hoje em dia, 95% deles disseram que sim justificando ser necessário manter as brincadeiras antigas, 5% disseram não, alegando não ter condição de participar dessas atividades.

    Os idosos também relataram que costumavam brincar com mais freqüência na rua ou em casa e com menos freqüência em clubes. Outros lugares também foram relatados como a área da igreja e a fazenda.

    No momento que foram questionados sobre com quem brincava amigos, primos, avos, irmãos, vizinhos e pais, e com que freqüência brincava, a grande maioria brincava com amigos e irmãos, o que nos leva a uma relação de brincadeira em grupo, como é relatada anteriormente por um dos sujeitos da pesquisa, e também por conta do tamanho das famílias que eram maiores com relação a irmãos, primos, tios, se comparados a famílias de hoje em que as famílias têm entre 1 a 3 filhos.

    Quando perguntados para os idosos se participavam de alguma atividade que envolvia brincadeiras, 15% responderam que não e 85% relataram que sim, que participam de atividades recreativas, brincadeiras lúdicas e de lazer. Sendo as atividades mais citadas Ciranda na Universidade Aberta Terceira Idade (UATI), Atividades nas creches da cidade, aulas na UATI no grupo de atividade física e também com netos em casa.

    Os idosos entrevistados consideram que o que falta para que as brincadeiras tradicionais sejam vivenciadas com mais freqüência por eles como também pelas crianças hoje em dia, é a falta de incentivo (58%) uma das principais causas, como relatado na resposta abaixo:

    “Maior incentivo nas brincadeiras tradicionais, hoje as crianças preferem vídeo game, computador e acham as brincadeiras antigas cafonas...“. (P.L.M.)

    Já 8% relataram falta de tempo para as crianças, que hoje em dia tem muitas coisas para fazer, aula disso e daquilo, cursos, treinos e muito pouco tempo para brincar ou vivenciarem tais atividades. Assim como 8 % também relatam a falta de divulgação, 8% colocaram haver necessidades de troca entre as gerações, 8 % relataram que a falta de espaço próprio.

    “Espaço próprios, incentivos a serem dados por professores, maior participação de pais, avós ou de quem cuide das crianças“. (S.A.)

    E por fim 12% disseram não ter oportunidades para se conhecer e praticar estas brincadeiras tradicionais.

    Ao perguntarmos o que falta para que as brincadeiras sejam vivenciadas tantos pelos idosos como pelas crianças, o que podemos constatar é que há sim interesse por parte dos idosos de interação com outras gerações, através de pratica de atividades lúdicas entre eles, e o que falta para a maioria deles é o incentivo e oportunidade para vivenciar tais atividades.

    Por isso, através das brincadeiras citadas pelos idosos no questionário, procuramos identificar atividades que possam ser adaptadas para serem vivenciadas pelos idosos, e também vivenciadas juntamente crianças.

    As brincadeiras foram divididas em cinco grupos temáticos, sendo atividades de expressão corporal, de correr, de esconder, confecção de brinquedos/atividades com materiais alternativos e por último brinquedo.

    As vivencias elaboradas foram descritas com tema da aula, conteúdo e atividade. Muitas brincadeiras citadas também possuem diferentes formas de brincar de acordo com a região onde é ela ocorra, por isso as atividades aqui propostas podem e devem ser vivenciadas de acordo com a forma mais conhecida de brincar, assim como da criatividade de cada grupo.

    Foram elaboradas cinco atividades que visam uma proposta de interação e participação das crianças e dos idosos em conjunto uns ensinando os outros.

    As atividades aqui expostas ressaltam a importância do resgate e da valorização do lúdico e das brincadeiras antigas, tanto para as crianças como forma de valorização da cultura infantil, assim como para o idoso como uma possibilidade de vivencia intergeracional.

Conclusões

    O regaste das brincadeiras realizadas nesse trabalho, nos leva a refletir sobre a importância das atividades lúdicas na vida do idoso e das crianças de hoje, as quais estão cada vez mais presas a brinquedos eletrônicos e a Internet.

    Muitas dessas brincadeiras tradicionais estão sendo esquecidas e pouco vivenciadas pelas crianças, a nossa proposta de promover uma vivencia intergeracional teve como objetivo valorizar essas brincadeiras, propondo o contato entre as gerações através das experiências e brincadeiras citadas pelos idosos.

    Assim, o que pudemos verificar é que as atividades lúdicas e recreativas são do interesse dos idosos, os quais nos parecem predispostos a tais atividades, assim como na interação e no convívio entre as gerações, promovendo assim uma troca de conhecimento, pois sabem da importância do brincar e das diferenças existentes no brincar de hoje em dia.

    Sendo o que mais falta para esse maior envolvimento segundo os idosos é oportunidade e oferecimentos de tais atividades que possam vir a promover esse contato intergeracional. De modo que esse estudo enfatizou a necessidade de oportunizar esses contatos intergeracionais e de novas estratégias que busquem essa interação, bem como a utilização das brincadeiras tradicionais independente da faixa etária crianças, jovens, adultos, e idosos, com o intuito de manter vivo a cultura infantil e o lúdico dentro de cada um.

    Esperamos que esse estudo possa ser útil para profissionais de Educação Física assim como para outros profissionais que lidam com idosos, crianças, jovens, os quais poderão usufruir as atividades aqui resgatadas e também elaborarem novas vivencias intergeracionais e praticas pedagógicas que levem em consideração a necessidade de promover atividades lúdicas entre diferentes gerações.

Referencias bibliográficas

Outros artigos em Portugués

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