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Ballness: uma nova tendência de 

prática corporal alternativa. Estudo de caso

Ballness: una nueva tendencia de práctica corporal alternativa. Estudio de caso

 

*Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte, CEPEE

Departamento de Educação Física

Universidade Federal Paraná

**Faculdade Integrado de Campo Mourão

Curso de Licenciatura em Educação Física

(Brasil)

Ragami Chaves Alves*

Mariana Keiko Okumura**

Hassan Mohamed Elsangedy*

Kleverton Krinski*

Sergio Gregorio da Silva*

Morgana Claudia da Silva**

ragami1@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Devido ao cotidiano estressante o ser humano vendo sofrendo varias mudanças, bem como a diminuição da consciência corporal e o estimulo ao sedentarismo. Atualmente estudos demonstram que o acervo de técnicas corporais, estilos e comportamentos decresceram evidenciando uma necessidade de reeducar os indivíduos corporalmente através da pratica de atividade física alternativa. As Práticas Corporais Alternativas (PCA’s) auxiliam na constituição do universo alternativo, sendo caracterizadas por um novo significado do corpo, prevenindo-o de problemas de agravo da saúde, proteção e reabilitação de uma maneira holística. Desta maneira, a prática do Ballness pode este desenvolvimento da percepção corporal melhorando assim a qualidade de vida. Assim, o presente estudo teve como objetivo realizar um estudo de caso este sendo caráter qualitativo, em alunos freqüentadores de Ballness no município de Campo Mourão. Foi utilizado como instrumentos de pesquisa um gravador, uma fita cassete, um caderno de anotações para possíveis eventualidades que ocorressem nas aulas e uma entrevista semi-estruturada com roteiro fixo. A análise de dados utilizou-se a análise de conteúdo. Os resultados obtidos apresentaram uma melhora com pratica do Ballness em relação as suas percepções. Desta maneira, o Ballness pode proporcionar a melhora na Qualidade de Vida dos praticantes, beneficiando-os para o bem-estar e melhoria na percepção corporal.

          Unitermos: Prática corporal alternativa. Ballness. Qualidade de vida.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Devido ao cotidiano estressante o ser humano vem sofrendo várias mudanças, bem como a diminuição da consciência corporal e o estímulo ao sedentarismo (PITANGA, 2004). Atualmente estudos evidenciaram que o acervo benéfico a saúde de técnicas corporais, estilos e comportamentos decresceram evidenciando uma necessidade de reeducar os indivíduos corporalmente através da pratica de atividade física (BARBANTI, 1990 & FENSTERSEIFER2001). Luz, (2005) relata em seus achados que a pratica de atividades físicas convencionais, como por exemplo musculação, seus níveis de desistência encontram-se elevados. Entretanto, outras vertentes como, as Práticas Corporais Alternativas (PCA’s) têm se mostrado eficiente nesta relação da aderência à atividade física, por propiciar uma constituição de um universo alternativo, sendo caracterizadas por um novo significado do corpo (OLIVEIRA, 2005). Tais práticas alternativas de caráter lúdico mostram-se eficientes não somente na aderência mas, também na prevenção de problemas de saúde, proteção e reabilitação, de uma maneira holística (ROSZAK, 1972).

    No âmbito da Educação Física apresentam-se diversas maneiras para praticar atividades físicas alternativas com intuito de desenvolver a consciência corporal trazendo não somente benefícios fisiológicos, mas também psicológicos refletindo diretamente na qualidade de vida do ser humano (CESANA, 2005). Atualmente uma destas pratica alternativas PCA’s é o Ballness que é uma atividade física, realizada com a bola suíça sendo dinâmica e permitindo o aumento da percepção corporal, o desenvolvimento psicomotor, cognitivo e sócio-afetivo, a melhoria das capacidades físicas (força, equilíbrio, resistência e flexibilidade), e no aprendizado das habilidades motoras (CARRIÈRE, 1999). Seu formato, volume e consistência permitem uma grande variedade de movimento com diferentes intensidades, qualquer que seja o objetivo do trabalho (VERDERI, 2008). Alem disso, a prática do Ballness, como uma modalidade alternativa, integrou-se nos últimos anos em academias, a partir do momento em que o cliente não deseja mais somente a manutenção do corpo físico, mas também, contribuir como um agente motivacional (GONÇALVES, 2004 & PARIZOTTO e MAYER, 2002). Martins e Cruz (2007), dizem que as características lúdicas da bola a promovem características motivacionais e paralelamente a socialização em todas as idades e respeitando a individualidade biológica.

    Assim, o presente estudo teve como objetivo mostrar a relevância da pratica corporal alternativa buscando identificar os benefícios promovidos por tal pratica e se o Ballness proporcionaria melhora na qualidade vida dos seus praticantes.

Metodologia

    Esta pesquisa teve caráter qualitativo enfatizando a essência do fenômeno. Foi realizado um estudo de caso com dois indivíduos do sexo masculino e um individuo do sexo feminino praticantes de Ballness na academia Viva mais Personal Trainer do município de Campo Mourão. Os instrumentos utilizados foram: gravador, fita cassete, caderno de anotações e uma entrevista estruturada com roteiro fixo. O procedimento para a coleta de dados foram três momentos:

  • o primeiro momento correspondeu à escolha de três praticantes que possuíam as características exigidas pela pesquisadora, que foi selecionar entre os praticantes de Ballness aqueles que realizavam esta atividade há mais de 6 meses, e também buscamos nas anamnese feita no primeiro dia das sessões para a devida matrícula de cada aluno, aqueles que se autodenominaram sentirem algum tipo de estresse.

  • Em seguida, realizamos uma explicação sobre quais os objetivos deste estudo, onde após os esclarecimentos foi lido o Termo de Livre Consentimento (TLC), para que pudéssemos obter a autorização dos três praticantes. Após a leitura do TLC, e entendimento do mesmo, os praticantes concordantes assinaram o termo.

  • No terceiro momento foram marcadas as entrevistas de acordo com a disponibilidade de cada participante no local da atividade, por entendermos ser este um lugar conhecido para todos e que poderia possibilitar uma “conversa” mais solta entre pesquisadora e praticantes. Depois de feito às entrevistas realizamos as transcrições onde tomamos o cuidado de neste momento se manter a fidedignidade da fala dos participantes, que de acordo com Votre (1983, p.64) “a transcrição é um meio de representar fielmente a fala do ator social, com todas as características de discurso produzido na interação face a face, ainda que a fidelidade ao texto do entrevistado nos impeça de editar, aprimorar ou corrigir o que ele disse”. A análise dos dados se deu através da análise de conteúdo, que foram categorizadas de acordo com as respostas. Segundo Gil (2007), consiste na organização dos dados de forma em que o pesquisador consiga tomar decisões e tirar conclusões a partir deles, que podem ser fundamentas no referencial teórico da pesquisa.

    Utilizou-se por fim a técnica de análise do conteúdo, que para Merrian (1988, apud THOMAS, NELSON e SILVERMAN, 2007, p.328) a análise de conteúdo, serve para categorizar os dados, “as categorias podem variar em complexidade de unidades relativamente simples de tipos de comportamento, até tipologias conceituais ou teorias”. Onde os dados necessitam ser estudados e categorizados de forma que o pesquisador “possa resgatar e analisar a informação por meio de categorias, como parte do processo indutivo”.

Resultados e discussão

    A tabela 1 apresenta os aspectos físicos, mental, condições de estresse, saúde física e disposição após a realização de uma sessão de Ballness.

Tabela 1. Benefícios da prática do Ballness

Físico

Mental

Condições de estresse

Melhora o corpo e a condição diária.

Sensação de bem-estar.

Aumento da disposição dos afazeres do dia-a-dia.

Mais disposição.

Relaxamento.

Diminui a tensão.

Saúde física.

Mais disposição.

Aparece em nível forte quando relacionado ao trabalho.

Não sentir dores.

Mais energia.

Menos dores.

Mais energia.

Mais empolgação.

 

Fortalecimento muscular

Melhora a paciência

 

    Foi Identificado na fala dos entrevistados referente aos benefícios da prática do Ballness para os praticantes, que os mesmos apresentam três momentos em sua fala, onde apontaremos aqui como aspecto do corpo físico, corpo mental e condições para o estresse.

    Não há como fazer uma explanação tendo estes benefícios separadamente, pois cada um deles é uma inter-relação do outro. Pois a Educação Física prioriza entender o homem integralmente, buscando não mais a dualidade de corpo e mente, e sim como todos os aspectos podem interferir e possibilitar o conhecimento de si através deste corpo, permitindo então que conheça a sua corporeidade.

    A tabela 2 apresenta a percepção da PCA’s em relação a pratica e uma sessão de ballness obtida através do questionário, descrevendo quais foram às melhoras (qualitativas).

Tabela 2. Percepção da prática corporal do ballness

O que é participar das aulas

Atividade física

Melhora da qualidade de vida

É bom.

É uma atividade física.

Saúde é bem estar.

Eu gosto.

Melhora das dores da coluna, postura, tensões principalmente nos ombros.

Me sinto relaxada.

Mais motivação para trabalhar.

 

Saio melhor das aulas.

Ajuda a diminuir o estresse.

 

Saúde é bem-estar, estar bem disposto.

    Em relação à percepção da prática corporal do Ballness, foi categorizado falas, onde foi verificado que os praticantes consideraram sua participação nas aulas como boas. Ou seja, gostam, identificam em sua corporeidade uma motivação a mais para trabalhar, assim como perceberam a diminuição do estresse. Segundo Carrière (1999) a dinâmica proporcionada pela bola suíça e os exercícios praticados sobre as bolas de vinil, permitem o aumento da percepção corporal. Dentro desta percepção pudemos categorizar as repostas destes em 3 esferas: a) do que é participar das aulas, b) atividade física e c) instrumento de melhora da qualidade de vida.

Conclusão

    Sabe-se que a atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzida pelos músculos esqueléticos, que resulte em gasto energético maior que os níveis de repouso de acordo com Barbanti (1990 A). É qualquer esforço muscular predeterminado seja de qualquer realização de tarefa, referindo-se em especial aos exercícios executados com o fim de manter a saúde física, mental e espiritual. Está associado diretamente a melhorias da saúde e condições físicas dos praticantes. Assim sendo o Ballness, é uma atividade física que engloba as condições físicas e mentais.

    Em face do que foi abordado e discutido nesta pesquisa, cabe agora apontar algumas considerações finais, não no sentido de encerrar com as discussões sobre o tema, mas para evidenciar que o universo das Práticas Corporais Alternativas podem ser inserido em academias de ginástica, para a exacerbação da corporeidade.

    Este trabalho verificou os possíveis benefícios que a prática do Ballness pode proporcionar na qualidade de vida dos praticantes, sendo que, as categorias da análise de conteúdo dos participantes apresentaram-se em três aspectos:

  1. a prática do Ballness, no aspecto físico melhora a condição do corpo, fazendo com que os praticantes sintam-se bem, tendo mais disposição, não sentindo mais disposição, assim como mais energia;

  2. as aulas de Ballness beneficiam no aspecto mental, os praticantes sentem-se mais relaxados, com sensação de bem-estar e,

  3. o aspecto da condição de estresse, como a última categoria de benefícios da prática do Ballness, diminuindo a tensão, que aparece somente relacionado a aspectos ambientais. Somente uma praticante encontra-se em estado de estresse.

    E também identificamos a percepção dos praticantes em relação a pratica corporal do Ballness, nos aspectos de:

  1. participar das aulas de Ballness é considerado por eles como bom, é um motivo de estarem mais empolgado, e ajudando a diminuir o estado de estresse, proporcionando assim melhoras como um todo;

  2. eles consideram o Ballness como uma atividade física que melhora as dores causadas pela tensão do dia-a-dia e,

  3. as aulas de Ballness melhoram a qualidade de vida dos praticantes, mudando seus estilos de vida.

    Desta forma, constatamos que o Ballness, está inserido nas Práticas Corporais Alternativas, está relacionada a consciência corporal, resgatando a corporeidade, tendo uma busca constante a reeducação do corpo.

    Diferente das práticas corporais convencionais, o Ballness relaciona a atividade física entre corpo e mente, ligada a um trabalho corporal. Verificamos então, que os possíveis benefícios que a prática do Ballness pode proporcionar na qualidade de vida dos praticantes, assim como identificamos a percepção dos praticantes em relação a prática corporal do Ballness.

    O Ballness, não se trata de uma prática corporal de atividade física nem melhor nem pior que as práticas corporais tradicionais. Apenas tratamos neste trabalho de uma atividade física de prática corporal alternativa que exacerba a a corporeidade em uma totalidade contínua. A bola suíça pode ser inserida nas academias, como um acessório para intensificar a atividade física.

    Sugerimos então, que por sua versatilidade, o Ballness ou até mesmo a bola suíça, seja adotado nas academias com o objetivo de alongar o corpo, fortalecer a musculatura, corrigindo a postura e relaxando os praticantes, proporcionando uma prática alternativa. Uma atividade diferente de fazer ginástica, para alivio de tensões e mudanças de estilos de vida. As aulas não possuem contra-indicação, podem ser feitas mesmo por pessoas com problemas de coluna, hérnia de disco, gestantes, crianças e idosos. O nome da prática pode variar, mas a proposta da aula é a mesma, especificamente não visa um gasto calórico, mas o alongamento, fortalecimento, equilíbrio e relaxamento. A maioria dos movimentos são feitos lentamente para aliviar as tensões e proporcionar bem-estar.

Referências

  • BARBANTI, Valdir. Aptidão Física: Um convite à Saúde. São Paulo: Manole, 1990.

  • CARRIÈRE, Beate. Bola Suíça: teoria, exercícios básicos e aplicação clínica.São Paulo: Manole, 1999.

  • CESANA, Juliana. O profissional de Educação Física e as Práticas Corporais Alternativas. Interações ocupacionais. Rio Claro, 2005; Dissertação Mestrado – Univ. Estadual Paulista, Instituto Biociências de Rio Claro.

  • FENSTERSEIFER, P. E. A Educação Física na crise da modernidade. Ijuí: Unijuí, 2001.

  • GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

  • GONÇALVES, Aguinaldo, VILARTA, Roberto. Qualidade de vida e atividade física – explorando teorias e práticas / (organização). Barueri, São Paulo: Manole, 2004.

  • LUZ, Madel T. Novos saberes e práticas em saúde coletiva: estudos sobre racionalidades médicas e atividades corporais. 2 ed. São Paulo: Hucitec, 2005.

  • MARTINS, Daniela S.; CRUZ, Ticiane Marcondes Fonseca da. Exercícios com a bola: um guia prático. São Paulo: Phorte, 2007.

  • MATTOS, Mauro Gomes de, JÚNIOR, Adriano José Rosseto, BLECHER, Shelly. Teoria e prática da metodologia da pesquisa em educação física: Constuindo seu trabalho acadêmico: monografia, artigo científico e projeto de ação. São Paulo: Phorte, 2004.

  • OLIVEIRA, Ricardo Jacó de. Saúde e atividade física: algumas abordagens sobre atividade física relacionada à saúde. Rio de Janeiro: Shape, 2005.

  • PARIZOTTO, Daniela. MAYER, Bruna Roberta. CAVASSIM, Daiane. ROSSA, Fernanda Liparotti. Obesidade e sua influência na qualidade de vida. Revista Pró-Saúde: Veículo Digital de Comunicação Científica. Curitiba-PR, v. 1, nº 1, 2002.

  • PITANGA, Francisco José Gondim. Epidemiologia da atividade física, exercício físico e saúde. 2. ed. – São Paulo: Phorte, 2004.

  • ROSZAK, T. A contracultura: reflexões sobre a sociedade tecnocrata e a oposição juvenil. Trad. Donaldson M. Garschagen. Petrópolis: Vozes, 1972.

  • THOMAS, Jerry R.; NELSON, Jack K., SILVERMAN, Stephen J. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

  • VERDERI, Erica. Treinamento funcional com bola. 1 ed. São Paulo: Phorte, 2008.

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