Efeito de 12 semanas de treinamento sobre variáveis  antropométricas em atletas de futsal feminino Effect of 12 weeks of training on anthropometric variables in female indoor soccer players
	*Doutorado em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria com ênfase em Medidas e Avaliação / Cineantropometria (2004) Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Santa Maria Coordenadora do NEMAEF - Núcleo de Estudos em Medidas e Avaliação da Educação Física do CEFD/UFSM, do GEATAS - Grupo de Estudos em Atividades Aquáticas e ainda do GEDES - Grupo de Estudos da Dança Educação/Saúde. Orientadora **Mestrando em Cineantropometria, UFSC, Santa Catarina, Brasil. Co-autor ***Especializando em Atividade Física, Desempenho Motor e Saúde pelo CEFD/UFSM. Co-autor ****Graduado em Educação Física – Licenciatura Plena pelo CEFD/UFSM (2009) Membro do NEMAEF/CEFD/UFSM. Autor. *****Graduando em Educação Física Licenciatura Plena, CEFD/UFSM. Co-autor ******Graduando em Educação Física, Bacharelado, CEFD/UFSM. Co-autores *******Graduando em Educação Física Licenciatura e Educação Física Bacharelado,CEFD/UFSM. Co-autor	Luciane Sanchotene Etchepare Daronco* Vanderson Luis Moro** Lauriano Cecchin Warth*** Leandro Lima Borges**** Patrick Ydner Martelli***** Gabriel Salbego Cardoso****** Daniel Silva Ferro****** Lucas Rossatto Cancian******* lelimaborges@yahoo.com.br (Brasil)
	Resumo           O presente estudo objetivou avaliar o efeito de 12 semanas de treinamento sobre variáveis antropométricas de atletas de uma equipe de futsal feminino de Santa Maria – RS. A amostra foi composta por 8 atletas universitárias (idade média de 20,13±2,17 anos). O treinamento das atletas consistiu de 12 semanas de treinamento aeróbico e anaeróbico, sendo realizados microciclos quinzenais, inseridos em dois mesociclos (um básico com 4 microciclos e 1 específico com 2 microciclos). As sessões de treino forma divididas em aquecimento orgânico e alongamento (±15 minutos), desenvolvimento das variáveis físicas (entre 25 e 30 minutos) e relaxamento e alongamento (± 10 minutos). As variáveis antropométricas analisadas foram a massa corporal, a estatura, a espessura das dobras cutâneas e as circunferências da cintura e do quadril. Os dados foram analisados estatisticamente por meio de estatística descritiva e do teste t de Student para amostras pareadas. Verificou-se diferença estatisticamente significativa (p<0,05) para a massa corporal, o índice de massa corporal e o percentual de gordura. Os dados sugerem que para este grupo de atletas universitárias de futsal feminino a resposta da maioria das variáveis antropométricas estudadas sofre o efeito das 12 semanas de treinamento.           Unitermos: Futsal. Treinamento. Antropometria.   Abstract           This study aimed to evaluate the effect of 12 weeks of training on anthropometric variables of athletes from a futsal team in Santa Maria - RS. The sample consisted of eight university athletes (mean age 20.13 ± 2.17 years). The training of athletes consisted of 12 weeks of aerobic and anaerobic microcycles being held fortnightly mesocycles inserted in two (with a base 4 and a specific microcycles with microcycles 2). The training sessions divided into warm organic shape and length (± 15 minutes), development of the physical variables (between 25 and 30 minutes) and stretching and relaxation (± 10 minutes). The anthropometric variables analyzed were body mass, height, skinfold thickness and waist and hip. The data were statistically analyzed using descriptive statistics and Student t test for paired samples. There was a statistically significant difference (p <0.05) for body mass, body mass index and fat percentage. The data suggest that for this group of athletes university futsal the response of most of the anthropometric variables studied suffers the effect of 12 weeks of training.           Keywords: Futsal. Training. Anthropometry.
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, Noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O futsal é uma modalidade esportiva muito difundida no Brasil. Os adeptos desta modalidade o praticam em diversos ambientes, tais como nas escolas, universidades, clubes, instituições especializadas, seja com a finalidade de lazer, integração social ou como esporte de alto rendimento.

    A aptidão física no contexto específico do futsal refere-se a uma amplitude de características individuais composta de muitos atributos e competências, que incluem fatores antropométricos e fisiológicos.

    Os perfis fisiológico e antropométrico possibilitam aos cientistas do esporte, aos treinadores e aos técnicos a correta avaliação a fim de modificar e prescrever programas de treinamento (GREEN, 1992).O balanço entre esses fatores depende do nível de desempenho dos jogadores, da posição tática desempenhada por eles, do estilo de jogo, do período de treinamento, entre outros.

    O planejamento e a organização das cargas (intensidade e volume) bem como os períodos de recuperação são alguns dos elementos do treinamento que devem contribuir para o aperfeiçoamento das capacidades físicas (QUEIROGA et al., 2005).

    A melhora do desempenho esportivo deve-se a aplicação dos conhecimentos da ciência que compõe o sistema de preparação do atleta e envolve a seleção eficaz dos programas de treinamento, logo, observa-se que as avaliações físicas devem ser aplicadas em cada momento da temporada (MARIA et al., 2009).

    O treinamento físico pode provocar importantes modificações nos parâmetros da composição corporal, sendo um importante fator na manutenção da massa corporal (Bailey e Mirwald, 1988). De acordo com Maria et al., (2009) o estudo do perfil físico do jogador de Futsal tem sua relevância no exame da variabilidade entre os indivíduos, especialmente no futsal de elite. Segundo Boileau e Lohman (1977) a melhoria da performance competitiva está atrelada à baixos níveis de adiposidade subcutânea.

    Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar o efeito de 12 semanas de treinamento sobre variáveis antropométricas de atletas de futsal feminino.

2.     Procedimentos metodológicos

    A amostra foi composta por oito atletas, com idade entre 18 e 23 anos, participantes de uma equipe de futsal de Santa Maria-RS. Foram utilizados como critério de seleção da amostra atletas com no mínimo 1 ano de participação em equipes de futsal em nível universitário. As avaliações foram realizadas na primeira semana de treinamento e após 12 semanas de treinamento, sendo realizada uma periodização trimestral (Quadro 1). Esta periodização consistiu de 6 microciclos quinzenais, inseridos em dois mesociclos (1 básico com 4 microciclos e 1 específico com 2 microciclos). As sessões de treino foram divididas em aquecimento orgânico e alongamento (±15 minutos), sendo trabalhadas as capacidades físicas na parte principal do treino (entre 25 e 30 minutos) e ao final da sessão era realizado um período de relaxamento e alongamentos (±10 minutos). As variáveis de treino foram controladas conforme o período e a fase da periodização, sendo que para obter a freqüência cardíaca máxima (Fcmáx) foi utilizada a equação (Fcmáx = 220 – idade) proposta por ACSM (2006).

Quadro 1. Planejamento Trimestral (12 semanas de treinamento)

Mesociclo Básico				Mesociclo Específico
Microciclo 1 (15 dias)	Microciclo 2 (15 dias)	Microciclo 3 (15 dias)	Microciclo 4 (15 dias)	Microciclo 1 (15 dias)	Microciclo 2 (15 dias)
Resistência; Aeróbica; Coordenação; Flexibilidade.	Resistência; Aeróbica; Coordenação; Flexibilidade.	Resistência; Anaeróbica; Força.	Potência; Velocidade; Agilidade.	Velocidade; Agilidade (c/bola).	Moviment. c/ bola (tática).

    Para avaliação antropométrica foi mensurada, a massa corporal obtida a partir de uma balança digital (Fillizola), com precisão de 0,1kg e a estatura foi mensurada por meio de um estadiômetro de madeira com precisão de 0,1 cm, ambas mensurações seguiram os procedimentos de Alvarez e Pavan (2003). Para a mensuração das circunferências da cintura e do quadril foi utilizada uma fita métrica da marca Sanny, com precisão de 1 mm. O percentual de gordura (%G) foi obtido por meio da mensuração de 4 dobras cutâneas (axilar média, suprailíaca, coxa, panturrilha medial) conforme proposto por Petroski (1995). As variáveis, massa corporal e estatura foram utilizadas para calcular o índice de massa corporal (IMC) e a circunferência da cintura e do quadril foram utilizadas para calcular a relação cintura-quadril (RCQ) Para calcular tais índices antropométricos foram seguidas as padronizações da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1998). As medidas antropométricas foram realizadas por um único antropometrista experiente, no período da manhã.

    Os dados foram analisados estatisticamente por meio de análises descritivas, que compreenderam valores de média e desvio padrão. A normalidade dos dados foi confirmada mediante teste de Shapiro Wilk. A comparação entre o pré-treinamento e pós-treinamento foi feita por meio do teste t de Student para amostras pareadas. O nível de confiança adotado foi de 95 %. Utilizou-se o pacote estatístico SPSS for Windows versão 15.0 (SPSS Inc., Chicago IL, EUA).

3.     Resultados e discussões

    Na Tabela 1 são apresentados os valores referentes aos dados antropométricos avaliados no período de pré e pós treinamento.

Tabela 2. Parâmetros antropométricos do pré e pós teste

    Os resultados mostram que houve um aumento estatisticamente significativo (p<0,05) após o período de treinamento, para a massa corporal, entretanto o %G apresentou valores menores e estatisticamente significantes (p<0,05) ao final do período de treinamento. Isso pode estar relacionado ao efeito do treinamento sobre a composição corporal, o qual reduziu a gordura corporal e aumentou a massa muscular e conseqüentemente aumentou-se a massa corporal.

    Em estudo de Cyrino et al., (2002) importantes modificações foram investigadas após um período regular de treinamento de futsal com duração de 24 semanas apresentando uma elevação da massa magra e tendência a redução da gordura corporal relativa %G.

    Para esses mesmos autores o controle de aspectos relacionados à composição corporal principalmente a gordura corporal possibilita um melhor desempenho de jogadores durante uma partida de futsal considerando as dimensões reduzidas da quadra e aumentando as exigências de deslocamento, prejudicando assim os indivíduos com maiores depósitos de gordura corporal.

    Campos et al., (2010) investigaram o efeito de 4 semanas de pré-temporada sobre parâmetros de VO2 e composição corporal em atletas de futsal da categoria infantil. Os autores observaram modificações apenas no VO2máx sendo que o percentual de gordura manteve-se inalterado onde observou uma modificação apenas do Vo2máx, onde o percentual de gordura manteve-se inalterado. Pode-se ter como um fator de manter-se inalterado o percentual de gordura o período de treinamento observado. Em contrapartida, caso a investigação destes autores se estendesse para um período mais longo, poderia obter resultados semelhantes ao presente estudo.

    Em estudo de Nogueira Filho e Boas (2006) com jogadores profissionais de elite do futsal brasileiro, chegaram aos valores de 11,2% e 8,5% de gordura para pré e pós-preparação, respectivamente, tendo duração de cinco semanas essa fase preparatória e Santi Maria e Arruda (2007), em estudo com jogadores da categoria sub-20, mostraram que, após seis semanas de pré-temporada, houve uma diminuição significante no percentual de gordura (%G) dos jogadores, que inicialmente estava a 18,5% e ao final do programa de treinamento passou a 12,3%, demonstrando que apesar do pouco tempo de treinamento, os resultados obtidos tornaram-se bastante significativos para o restante da preparação das equipes.

4.     Conclusão

    A avaliação antropométrica mostra-se como um importante atributo no auxílio da preparação de atletas, levando em consideração aspectos individuais de cada atleta e contribuindo para desenvolvimento de suas capacidades físicas. Os dados sugerem que para este grupo de atletas universitárias de futsal feminino a resposta da maioria das variáveis antropométricas estudadas sofre o efeito das 12 semanas de treinamento.

Referências bibliográficas

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• MARIA, T. S. Mudanças na composição corporal após 6 semanas de pré-temporada em jogadores de futsal sub-20. Rev. Bras. De Med. Esporte, v. 13, supl. 1, p.8, 2007.

• MARIA, T. S.; ARRUDA, M. de; ALMEIDA, A. G. de Futsal: treinamento de alto rendimento. - São Paulo: Phorte, 2009.

• PETROSKI, E. L. Desenvolvimento e Validação de Equações Generalizadas para Predição da Densidade Corporal. 1995. (Tese de Doutorado), Doutorado em Educação Física, UFSM, Santa Maria, RS.

• QUEIROGA, M. R.; FERREIRA, S. A.; ROMANZINI, M. Perfil antropométrico de atletas de futsal feminino de alto nível competitivo conforme a função tática desempenhada no jogo. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho humano. 7(1): 30-34. 2005.

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