O preconceito da dança nas escolas El prejuicio acerca del baile en las escuelas The preconception in schools of dance |
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Faculdade Governador Ozanam Coelho Ubá, Minas Gerais (Brasil) |
Vinicius Giacomini de Castro Diogo Santos Silva Marli das Graças Júlio |
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Resumo Introdução: A dança está ligada ao homem desde os tempos de seu surgimento. Ela proporciona ao aluno um grande desenvolvimento na criatividade, expressão corporal, convívio social, comunicação corporal, cultura e valores. Objetivo: Verificar o preconceito da dança na escola, por que professores não trabalham a dança como conteúdo da Educação Física. Metodologia: Realizou-se uma pesquisa bibliográfica, de cunho informativo e também um questionário, respondido por 6 professores sobre a dança na escola. Resultado: Percebeu-se que 66,67% dos professores formaram após ano de 2003 e 33,33% antes de 1985. Apenas, 16,66% incluem a dança como conteúdo e 83,34% não incluem. Mas, pelo menos em algum momento 66,67% dos professores trabalharam com dança e 33,33% não, a principal época desse trabalho está relacionado na época das quadrilhas com 33,34% e 66,66% nas comemorações de folclore. Identificou-se ainda, grande dificuldade de 83,34% com conteúdo e a maior dificuldade é a falta de conhecimento 60% e 40% infra-estrutura da escola. Conclusão: Confirmou-se que os professores de Educação Física não inclui a dança como conteúdo em seu planejamento, bem como sua presença na escola é restrita a eventos e datas comemorativas. Unitermos : Dança. Ensino-aprendizagem. Preconceito.
Abstract Introduction: The dance is linked to man since the time of its inception. It provides the student with a great development in creativity, body expression, social interaction, communication, body, culture and values. Objective: To assess the bias of the school dance, that dance teachers do not work as the content of Physical Education. Methods: We conducted a literature search, of matrix informative and a questionnaire answered by six teachers of dance at school. Result: It was found that 66.67% of teachers formed after 2003 and 33.33% before 1985. Only 16.66% include dance as content and do not include 83.34%. But at least sometime in 66.67% of the teachers worked with dance and 33.33% did not, the main time of this work is related at the time of the gangs with 33.34% and 66.66% in celebration of folklore. It was also found, very difficult to 83.34% with content and greater difficulty is the lack of knowledge 60% and 40% of school infrastructure. Conclusion: It was confirmed that the physical education teachers does not include dance as content in their planning and their presence in school is restricted to events and anniversaries. Keywords: Dance. Teaching-learning process. Preconception.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, Noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Ao analisar a origem de qualquer civilização, desde os mais antigos até os dias de hoje encontraremos atividades culturais como jogos, desportos e dança. Para manifestar suas emoções, o homem recorreu ao movimento, ao gesto, que de acordo com Fahlbusch (1990) citado por Gariba (2005) é a dança, em sua forma mais elementar. A dança faz parte da civilização humana desde os tempos de seu surgimento, quando ainda não se comunicavam verbalmente e sim só por gestos e movimentos expressivos. Era por meio da dança que o homem se comunicava, caçava, agradecia seus deuses e se expressava.
Com o passar do tempo, a dança tornou uma atividade elitista (academia), ou dançada esporadicamente em datas comemorativas nas escolas.
Hoje o ser humano necessita de se comunicar e se expressar dentro da sociedade, mas essa capacidade de expressão precisa ser trabalhada.
Educação Física na escola é uma área do conhecimento diretamente relacionada com a corporeidade do educando, ou seja, com o movimento humano consciente e com a sua capacidade de movimentação, a dança pode trazer ao aluno uma experiência excelente de conhecimento do seu corpo e de seus movimento, por que na maioria das vezes a dança só é trabalhada nas escolas perto de datas ou eventos comemorativos? E não nas aulas de educação física como conteúdo da área?
Tomando como referencia os estudos de Gariba (2005), este autor traz em seus artigos os grandes benefícios da dança e relata que é uma das atividades mais complexas por trabalhar o indivíduo de forma integral, ou seja, faz com que trabalhe o corpo e mente, juntos, tornando o indivíduo criativo, expressivo, participativo, conhecedor de seu próprio corpo e extremamente social.
Entretanto, no desenvolvimento da dança são encontrados vários descaminhos, entre eles estão os fatores que apontam para a exclusão da dança nos planejamentos de educação física, que muitas vezes está relacionada com falta de conhecimento, ou no desinteresse dos professores da área, ou no preconceito quanto a este conteúdo.
É importante rever na escola os conteúdos da dança, pois é uma forma simples dos alunos conhecerem melhor seu corpo ao executarem os movimentos, movimentos esses que são realizados espontaneamente com um conjunto de sentimentos que a música proporciona. Com liberdade de expressão, cada aluno é motivado a buscar, dentro de si próprio, a fonte inspiradora de sua movimentação, ocorrendo uma liberdade de espírito, sentimentos e pensamentos, se tornando cidadãos capazes de viver numa sociedade onde poderá expressar seu sentimento e emoções junto com suas críticas (BREGOLATO, 2006).
Nas palavras de Barreto (2004) a nova visão da dança é um conteúdo que os professores de educação física precisa mudar nas escolas, para que os alunos tenham a possibilidades de uma nova experiência.
A dança é uma grande fonte de expressão corporal que deve ser bem trabalhada para que haja um grande desenvolvimento das potencialidades humanas, devido a seus métodos criativos e expressivos. É também grande fonte de riqueza quando tratamos de costumes e culturas entre os povos, fazendo com que as pessoas conheçam e aprendam culturas diferentes (SILVA, 2007).
Portanto, o objetivo desta pesquisa é verificar o preconceito da dança na escola, por que professores não trabalham a dança como conteúdo da Educação Física
2. Metodologia
Este estudo caracteriza-se por uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo de caráter qualitativo que utiliza a técnica de levantamento como procedimento de investigação.
Foi aplicado um questionário semi-estruturado entre 6 professores de Educação Física. O mesmo foi aplicado aos professores durante as aulas de Educação Física.
Gil (1999) citado por Santos (2005) define questionário como um instrumento de investigação apresentado por escrito às pessoas, composto por um número de questões que têm por objetivo o conhecimento de opiniões, sentimentos, crenças, interesses, situações vivenciadas, expectativas etc. O mesmo autor entende como questionário semi-estruturado aquele onde os indivíduos podem expressar suas opiniões através das questões abertas e onde os mesmos escolhem a resposta que melhor representa sua opinião através de questões fechadas.
O questionário teve como objetivo verificar se há o trabalho do conteúdo dança nas aulas de Educação Física, quais os mecanismos que levam a este preconceito para o professor trabalhar e se há interesse dos alunos pelo conteúdo.
3. Resultados e discussão
Os questionários foram respondidos pelos professores, sendo que deram sua contribuição para que se chegasse aos resultados esperados.
A seguir, temos as análises desenvolvidas a partir dos dados coletados, que estão organizados nas seguintes categorias:
Grade curricular das faculdades de Educação Física;
Inclusão da dança no planejamento dos professores;
Dificuldades encontradas pelos professores em ministrar a dança;
Preconceitos por parte dos alunos;
a. Grade curricular das faculdades de Educação Física
Com relação à existência de matérias que contemplam o conteúdo “dança” durante a formação profissional, em especial na graduação, as professoras em sua totalidade confirmam a presença dessas disciplinas 66,67% dos professores formaram depois do ano de 2003; 33,33% foram antes de 1985. Isso mostra que os professores estão em sua maioria, recém formados.
Os professores foram questionado sobre o conteúdo dança na grade de formação acadêmica, no qual 66,67% dos professores afirmaram não ter tido este conteúdo na sua formação 33,33% tiveram em sua formação o conteúdo dança.
Marques (1997) coloca que na maioria das vezes professores de Educação Física não trabalha a dança pelo simples fato de não terem tido este conteúdo na sua grade curricular, ainda completa que na maioria das instituições de ensino superior a dança não está inserida na formação dos alunos de Educação Física e quando são vista é de forma bem superficial.
Minfio e Paim (2008) concluíram em suas pesquisas que com professores que ministram aulas de dança como conteúdo trabalhado nas aulas de Educação Física coloca tal conteúdo de forma bem superficial, sem muita importância.
b. Inclusão da dança no planejamento dos professores
Quando perguntamos se a dança está incluída como conteúdo no planejamento escolar para ser trabalhada com os alunos nas aulas de educação física 83,34% dos professores não inclui a dança em seus planejamentos, com uma pequena porcentagem 16,66% inclui este conteúdo no seu planejamento.
Mas, porque será que professores não incluem em seus planejamentos o conteúdo dança para ser trabalhado nas aulas de Educação Física? A dança é um dos conteúdos para ser ministrado nas aulas de Educação Física e completando Brasileiro (2003) afirma ser um conteúdo presente desde 1971 a ser trabalhado com os alunos nas escolas como conteúdo curricular, presente nos PCN’s.
Os professores foram perguntados se a dança foi trabalhada em algum momento em suas aulas, 66,67% dos professores responderam que sim e 33,33% disseram que não, e a principal época desse trabalho está relacionado na época das quadrilhas com 33,34% e 66,66% nas comemorações de folclore.
Os professores trabalharam a dança mais não há tem como conteúdo a ser ensinado no seu planejamento. Esse tipo de trabalho com dança Brasileiros (2003) coloca ser um trabalho extra-curricular e que a dança não pode apenas ser trabalhada em datas comemorativas e sim desenvolvidas no dia - a - dia nas aulas de educação física dos alunos.
c. Dificuldade encontradas pelos professores em ministrar a dança
Ao responderem uma questão, 83,34% dos professores disseram ter dificuldade de ministrar aulas de dança nas aulas de educação física e dessa resposta deixamos em aberto para que os professores colocassem suas respostas, e 40% deles escreveram que a escola tinha pouca estrutura e 60% por falta de conhecimento.
Para ser um professor de Educação Física será que precisamos ser excelentes atletas, campeões implacáveis de jogos e brincadeiras ou até um senhor resistência para praticar lutas e ginásticas? A resposta é obvio que não, então porque que professores de Educação Física acham que precisam ser excelentes dançarinos para ministrar aulas de dança nas escolas (MANFIO e PAIM, 2008).
Silva (2007) ressalta que os professores não podem ficar presos a reproduções de passos ou apresentação técnica, mas sim favorecer aos educando condições de poderem refletir sobre o que é passado pelos meios que regem o “poder” da informação, e assim, perceber o que pode ser bom e ruim, para ser incorporado na sua vida.
Se o objetivo da escola é a construção de seres criativos, com socialização dos conhecimentos, porque não os professores buscarem superar suas limitações e a falta de infra-estrutura da escola com criatividade? Tornando o aluno um ser humano mais crítico e criativo, muito mais consciente, extrapolando os valores aprendidos na dança, para sua vida. Porque não estabelecer um elo entre aluno e professor de modo que as aulas possam ter a participação na construção do conhecimento.
d. Preconceitos por parte dos alunos
Para finalizar, o questionário dos professores perguntamos se acham que exista algum preconceito dos alunos a respeito do conteúdo dança, 66,67% deles responderam que sim e 33,33% responderam que não. Ainda na questão 7 pedimos para dizer quais os preconceitos encontrados, e 100% deles responderam que o maior preconceito está ligado ao gênero por parte dos meninos.
No país em que vivemos onde a mídia coloca em foco as lindas mulheres dançando nas TVs como sendo lindo e sensual, a cultura foi sendo criada e transformando a dança como sendo “coisas de mulher” fazendo com que cada vez mais alunos do sexo masculino tomem certa distância do conteúdo nas escolas (MARQUES 1997). Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) salienta que somos um país riquíssimo em manifestações artísticas, e Marques (1997) também complementa dizendo que os grupos e trios elétricos dançantes tem em suas formações a grande prevalência de homens, que levam à força, a virilidade, a identidade cultural e racial do nosso povo.
No estudo publicado por Kunz (2003) demonstra que a participação dos meninos na dança pode ser mediada pelas transformações emergentes no contexto cultural em que a escola está inserida. A autora nos mostra que, por exemplo, em Joinville com o balé Bolshoi instalado se tem uma grande aceitação. Tornando-se mais fácil trabalhar com o conteúdo do que em lugares onde não está inserida.
Devemos rever nossos valores culturais, de forma que evidencie políticas de estimulação a aprendizagem e apreciação da dança para que melhore a visão que se tem sobre o referido conteúdo, para que não se tenha preconceito com relação a dança.
4. Conclusão
Através da pesquisa de campo e da revisão bibliográfica, confirmou que professores de Educação Física por não terem tido em sua grade curricular nos cursos de Educação física uma boa referência sobre o conteúdo dança, e por terem dificuldades em ministrar este conteúdo, não inclui a dança para ser trabalhada em seu planejamento anual, mesmo sendo tão querida e apreciada pelos alunos. Ainda destacando, constata-se que a dança está presente na escola apenas em eventos e datas comemorativas.
Será que hoje as universidades ou unidades de ensino superior em Educação Física não estão dando ênfase no conteúdo dança, para que está vem a ser trabalhada de forma consciente pelos profissionais de Educação Física?
Os professores passaram da hora de perceber os benefícios que a dança pode trazer aos alunos e começar a entender que para levar conhecimentos de danças aos alunos não precisar ser um dançarino exemplar.
Constatou-se que por não ter este conteúdo como disciplina alguns alunos mantêm certo preconceito a respeito de dançar, a título de sugestão para próximos estudos deixa-se a seguinte problemática: será que este preconceito ocorre ao estilo ou quanto ou gênero?
Referências bibliográficas
BARRETO, D. Dança... ensino, sentido e possibilidades na escola. Autores Associados, 2004.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASILEIRO, L. T. O conteúdo dança em aulas de educação física: temos que ensinar? Pensar a Prática 6: 45-58, Jul./Jun. 2002-2003.
BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da dança. 2.ed.São Paulo: Ícone, 2006.
GARIBA, C. M. S. Dança escolar: uma linguagem possível na educação física EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 85, jun 2005. http://www.efdeportes.com/efd85/danca.htm
MANFIO, J. B. e PAIM, M. C. C. A dança no contexto da educação física escolar:percepção de professores de ensino médio. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 125, out 2008. http://www.efdeportes.com/efd125/a-danca-no-contexto-da-educacao-fisica-escolar.htm
MARQUES, I. A. Dançado na escola. Revista Motriz, São Paulo, 4 jun 1997.
KUNZ, M. C. S. Dança e gênero na escola: formas de ser e viver mediadas pela educação estética. Dissertação (Doutorado em motricidade humana). Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa-Portugal, (441 f), 2003.
SILVA, D. S. A dança no âmbito escolar. Ubá: FAGOC, 2007. 35p. Graduação (Licenciatura em Educação Física) Faculdade Ubaense Ozanam Coelho, Ubá, 2007.
SILVA, M. R. Contribuição da dança no desenvolvimento da criança de 6 a 10 anos no ensino fundamental. Ubá, MG, FAGOC, 2007. 28p. Graduação (Licenciatura em Educação Física) Faculdade Governador Ozanam Coelho, Ubá, MG, 2007.
STRAZZACAPPA, M. A educação e a fábrica de corpos: a dança na escola. Cad. CEDES vol.21 no.53 Campinas Apr. 2001.
SANTOS, J. T. dos et al. Dança na escola: benefícios e contribuições na fase pré-escolar. Psicologia.com PT. s.d. 2005.
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