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O interesse dos alunos na prática do 

voleibol escolar: a opinião da literatura

El interés de los estudiantes en la práctica del voleibol escolar: la opinión de la literatura

 

Grupo de Pesquisa em Esporte, Corpo e sociedade (GECOS) da EEFD/UFRJ

LABCOESO - Laboratório em pesquisa do Corpo, Esporte e Sociedade

(Brasil)

Ricardo da Silveira Junior

rickysjr@hotmail.com

Jorge Roberto Rios Junior

juninhorios9@hotmail.com

Erik Giuseppe Barbosa Pereira

egiuseppe@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo tem como ponto de partida o aumento da adesão por parte dos alunos pelo desporto nas escolas nos últimos vinte anos a partir da opinião da literatura. Analisando as obras estudadas, identificamos através da mídia, no conflito Escola x Competição, e na espetacularização do esporte, fatores que contribuíram segundo os autores para um aumento da adesão por parte dos alunos nas escolas pelo desporto Voleibol. Em termos de objetivos do estudo, buscamos identificar como e por que ocorreram essas esse aumento da adesão pelo desporto por parte dos alunos nas escolas, além de explicitar as relações, conseqüências e interdependências estabelecidas nesse processo de crescimento. Para tanto, pesquisamos o maior número de fontes possível para recuperar, constituir e analisar a história do crescimento desse processo da adesão e as influências que a mídia, a espetacularização do esporte e do Voleibol escolar e sua evolução metodológica de ensino influenciaram nesse período de vinte anos. Como referencial teórico-metodológico, utilizamos os principais conceitos da teoria de Wanderley Marchi Júnior, assim como obras literárias de João Bojikian, Carlos Bizzocchi, Luiz Antônio Campos acerca do Voleibol escolar e suas vertentes. Na análise do material, encontramos subsídios teóricos e empíricos e a opinião da literatura acerca do objetivo a ser estudado.

          Unitermos: Escola. Voleibol. Revisão de literatura. Análise de conteúdo.

 

Esse estudo é parte integrante da monografia apresentada e aprovada na Escola

de Educação Física e Desportos da UFRJ/Brasil, sob a orientação do 3º autor

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, Noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Neste trabalho, iremos dissertar sobre uma dúvida que muitos brasileiros interessados em esporte têm: Se realmente ocorreu um considerável aumento de praticantes do Voleibol dentro das escolas. Trabalhar com possibilidades que demonstrem que o interesse das crianças e jovens aumentou e mesmo com dificuldade de estrutura dentro das escolas para a prática do esporte, a falta do material adequado e o espaço necessário, e se o Voleibol continua tendo o número de praticantes crescendo dentro do âmbito escolar. Essa pergunta pode ter uma resposta fácil, ao dizer que a seleção brasileira de Voleibol possui atletas de qualidade, e obtêm resultados excelentes em competições internacionais, mas também porque a mídia de uma forma geral idolatra os vencedores e a repercussão se torna cada vez maior dentro do Brasil, esse fenômeno foi passado para dentro das escolas brasileiras, local onde é fundamental que haja a iniciação esportiva, a criança que vêem em seus ídolos vencedores no Voleibol como exemplos a serem seguidos e se interessam pela prática do esporte.

    O Voleibol obteve uma ascensão surpreendente nos últimos anos, principalmente nos últimos 20 anos, devido a inúmeros fatores que serão descritos adiante. A partir de um detalhado planejamento, de um rígido profissionalismo e um forte investimento na base fez do Brasil uma potência na modalidade. Esse sucesso passou a servir como exemplo para outras nações consideradas de “Primeiro Mundo”, sendo até copiado em alguns aspectos.

    A divulgação na mídia, em termos de resultados nas competições de alto nível, gerou um fenômeno onde tomou a frente na preferência de alguns esportes mais populares dentro da escola como o handebol e o basquetebol. A partir disso, é possível pensar os fatores que influenciaram o aumento do sucesso do Voleibol no país e do número de praticantes dentro das escolas. O trabalho de inclusão social pelo esporte e o fortalecimento do trabalho de base ligado ao sucesso do esporte de alto nível e exposição na mídia, para que cada vez mais aumente o interesse popular e o número de crianças e adolescentes curiosas na prática do Voleibol dentro das escolas, e incentive não somente as crianças, mais também os professores a desenvolver um trabalho bem feito que seja fundamental para que haja um crescimento contínuo do interesse dos praticantes, e pelo prazer de praticar o esporte Voleibol. Seguindo assim, uma evolução pedagógica do desporto ensinado na escola e a forma de colocá-lo com um fator de inclusão social e de debates sociológicos. A partir dessa situação emerge o nosso problema, a saber: Houve maior adesão na prática de Voleibol por parte de alunos nos últimos vinte anos?

Objetivo

    O objetivo principal do trabalho é identificar a opinião da literatura acerca do aumento da adesão pela prática de Voleibol por parte de alunos nos últimos vinte anos?

Questões de estudo

    É necessário estudar motivos pelos quais o Voleibol cresce cada vez mais sua prática dentro das escolas, pesquisar e trabalhar a partir de artigos, teses e livros que detalham os fatores que podem facilitar a inserção do Voleibol e aumento da popularidade pelo mesmo dentro das escolas devido ao aumento do tempo nas grandes mídias e também a evolução pedagógica do desporto que será utilizada nas escolas.

  • Como a espetacularização e o sucesso do Voleibol na mídia televisiva pode influenciar no aumento do número de praticantes dentro das escolas?

  • Como as competições influenciam para o aumento do número de praticantes do Voleibol nas escolas?

Construindo um referencial teórico

O Voleibol

    De acordo com Bizzocchi (2004) os norte-americanos, no final do século XIX, praticavam um esporte a cada estação do ano. Na primavera era o beisebol, no outono o futebol americano, e no inverno eles se resguardavam em ginásios fechados, onde se exercitavam a partir de aulas de ginástica. Como a ginástica não era muito recreativa, dois esportes foram criados na Associação Cristã de Moços: primeiro basquetebol, criado por James Naismith em 1891, depois o Voleibol criado por William G. Morgan em 1895.

    Bojikian (1999) complementa dizendo que Morgan criou Voleibol, ao ver que seus alunos mais velhos sofriam diversas lesões devido aos contatos físicos provocados pelo basquetebol. Isso fez com que ele cria-se um esporte mais recreativo e com menos choques entre os participantes. Baseando-se no tênis, separou os adversários por uma rede, onde o objetivo era enviar a bola para a quadra adversária por cima da mesma. Primeiramente o jogo foi chamado de Mintonette, mas algum tempo depois se transformou no Voleibol.

    Bojikian (ibidem) afirma que após a criação das primeiras regras, as ACMs rapidamente adotaram o Voleibol em todas as unidades dos Estados Unidos da América e Canadá.

    Segundo Bojikian (idem), a controvérsia quanto a chegada do Voleibol no Brasil. Alguns afirmam que ocorreu em 1915 no Colégio Marista em Pernambuco; Outras pessoas afirmam que foi em 1916/1917 pela ACM de São Paulo.

    Bizzocchi (2004) afirma que nos primeiros anos, o Voleibol era jogado quase que exclusivamente pelas ACMs, e com a divulgação passou a ser disputado por outras instituições. Dentre estas estavam os clubes de futebol (profissionalizado recentemente) que investiam em esportes amadores para possuir vantagens fiscais. Na década de 40, foram fundadas, em diversos estados brasileiros, as Federações de Voleibol.

    De acordo com Bizzocchi (op.cit.) em 1946, com ascensão do Voleibol em diversos países, esboçou-se a criação de uma Federação Internacional na extinta Checoslováquia, mas somente em 1947 foi fundada a FIVB (Federação Internacional de Voleibol). A cidade de Paris foi escolhida como sede, tendo como idiomas oficiais o inglês e o francês. Treze países participaram da sua fundação, dentre eles o Brasil. Em 1949, realizou-se o I Campeonato Mundial Masculino de Voleibol na cidade de Praga, tendo os Soviéticos como campeões. Somente em 1952, realizou-se o I Campeonato Mundial Feminino em Moscou, onde as anfitriãs conquistaram o título. Segundo Bojikian (1999) a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) foi fundada no ano de 1954, deixando o esporte de ser organizado pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD).

    O primeiro presidente da CBV foi Dennis Hatthaway, que em 1956 promoveu inúmeros campeonatos nacionais. Neste mesmo ano, ocorreu a primeira participação do Brasil em campeonatos mundiais, sob o comando de Sami Mehlinski (mais tarde seria o supervisor da equipe campeã olímpica em Barcelona 1992). Em 1960, o Brasil sediou o mundial de Voleibol e conquistou o quinto lugar no masculino e o quarto lugar no feminino (BIZZOCCHI, 2004).

    Nas Olimpíadas a presença do Voleibol ocorreu em Tóquio (1964). A União Soviética consagraram-se campeã na categoria masculina, enquanto na categoria feminina as japonesas ganharam o ouro. (BOJIKIAN, 1999)

    Segundo Bizzochi (idem) o Brasil com dificuldades, devido ao amadorismo do esporte no país, viajou para as Olimpíadas com apenas dez jogadores (dentre eles Carlos Arthur Nuzman, futuro presidente da CBV), já que dois jogadores foram cortados devido a lesões. O selecionado brasileiro terminou a competição em sétimo lugar.

    A partir da segunda metade dos anos 70, ocorreu uma grande mudança no Voleibol brasileiro, a eleição de Carlos Arthur Nuzman como presidente da CBV. Com isso, Nuzman uniu organização e marketing esportivo, fazendo com que o esporte populariza-se pelo país. (CBV, 2010)

    De acordo com Bojikian (idem), outro fator importante nessa época foi o investimento da CBV na formação de técnicos e atletas brasileiros, organizando cursos ministrados por técnicos estrangeiros. Com isso, clubes e seleções de outros países passaram a competir no Brasil, fazendo com que ocorre-se um intercâmbio.

    A evolução técnica do Voleibol no Brasil despertou o interesse do público, com isso a televisão passou a transmitir alguns jogos. Em 1981, o Mundialito de Voleibol Feminino, realizado em São Paulo, foi transmitido pela TV Record ao vivo, conseguindo índices altíssimos de audiência para a época. Segundo Bojikian: “Foi um marco histórico para o nosso esporte” (BOJIKIAN, 1999, p. 40).

    Campos (2006) complementa dizendo que em 1984, o Voleibol brasileiro subiu mais um patamar, nas Olimpíadas de Los Angeles a seleção masculina conquistou a medalha de prata, liderada por Willian, Amauri, Renan, Xandó, Bernard e Montanaro. Com essa conquista, houve um aumento na prática desse esporte no país, e uma grande aceitação do público.

    Bojikian (1999) afirma que a consagração definitiva do Voleibol veio em 1992 com a conquista da medalha de ouro olímpica, em Barcelona. A equipe comandada por José Roberto Guimarães contava com Maurício, Marcelo Negrão, Paulão, Carlão, Tande e Giovanni. A equipe feminina passou por uma renovação no final da década de 80, conquistando títulos mundiais nas categorias infanto-juvenil e juvenil. Esse trabalho rendeu frutos mais tarde, com a conquista da medalha de bronze em Atlanta - 1996.

    Em 1997, Ary Graça Filho trouxe a CBV a “Era Empresarial”. Ary mudou a visão sobre o voleibol, fazendo dele um produto, os torcedores como clientes e as Federações Estaduais, Prefeituras e Empresas como parceiras. Isso manteve o esporte como segundo na preferência nacional, além do Brasil conquistar inúmeras competições internacionais. (CBV, 2010)

    Em 2002, o Brasil conquistou seu primeiro titulo de Campeão Mundial na Argentina. A seleção tinha como técnico Bernardinho e dentre os principais jogadores estavam Giba e Nalbert. Em 2003, foi construído o Centro de Desenvolvimento de Voleibol na cidade de Saquarema. Esse complexo integra o treinamento de todas as categorias tanto masculino, quanto feminino. Esse investimento manteve o Brasil no topo com inúmeras conquista, dentre elas a medalha de ouro olímpico em Atenas – 2004 e do Campeonato Mundial no Japão - 2006 pela seleção masculina, e mais tarde seria conquistado o inédito título olímpico em Pequim - 2008 pela seleção feminina. (CBV, 2010).

    Hoje em dia, o Brasil possui o melhor Voleibol do mundo obtendo sucessos em ambas as categorias (masculino e feminino), com isso abri-se um campo de trabalho imenso para os profissionais de Educação Física. (BOJIKIAN, 1999).

Educação Física Escolar

    Segundo Darido (2001), no começo a Educação Física escolar brasileira recebeu forte influência da área médica, com discursos patenteados na higiene, saúde e eugenia, dos interesses militares e do nacionalismo.

    De acordo com Betti (1991) nos anos 60, a Educação Física escolar brasileira estava centrada nos movimentos ginásticos europeus, principalmente no Método Francês que se orientava pelos princípios anatômicos fisiológicos, visando o desenvolvimento harmônico do corpo. Além deste, existia o Método Desportivo Generalizado, que procurava incluir o conteúdo esportivo, dando importância para o aspecto lúdico.

    Na década de 70, o governo militar passou a apoiar a Educação Física na escola. O objetivo era a formação de um exército forte e saudável, além da desmobilização de forças oposicionistas. Com isso, vínculos entre esporte e nacionalismo se estreitaram. (BETTI, idem).

    Darido (2001) afirma que a partir dos anos 80, surgem novas formas de pensar na Educação Física escolar. Dentre elas estão: desenvolvimentista, construtivista, crítico-emancipatória, critico-superadora e os Parâmetros Curriculares Nacionais, os PCNs.

    A Abordagem Desenvolvimentista tem como uma de suas obras “Educação Física escolar – fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista” de Go Tani, Manoel, Kokubun e Proença (1988). Tal abordagem é essencial para a formação do professor de Educação Física no que diz respeito ao processo de desenvolvimento motor na Educação Física escolar. Os autores buscam, através dessa obra, fundamentar a intervenção em Educação Física escolar tendo como base o desenvolvimento biológico, psicológico, social e cultural do aluno, assim como a interação destes elementos e sua correlação com a aprendizagem motora.

    A Abordagem Construtivista tem como principal obra “Educação de Corpo Inteiro – Teoria e Prática da Educação Física” de João Batista Freire (1989). Entende-se por educação de corpo inteiro, uma educação em que corpo e mente são interdependentes, e não um excludente do outro. O conhecimento corporal e intelectual deve ser significativo, ou seja, ter correspondência na experiência concreta. É salientado um processo do ensino e aprendizagem da Educação Física a partir da cultura infantil, onde se dá o desenvolvimento motor, social, afetivo e cognitivo. Freire (1989) afirma que só há aprendizagem, através da mobilidade e por mais restritivo que seja o lugar, sempre há liberdade para pensar, se mexer etc, é nesse momento que a criança aprende.

    A Abordagem Crítico-Emancipatória possui como obra principal “Transformação didático-pedagógica do esporte” de Elenor Kunz (1994). Essa obra apresenta uma proposta didático-pedagógica centrada nos esportes, mas esclarece que outras objetivações culturais devem ser utilizadas como conteúdos relevantes para a prática pedagógica da Educação Física. Kunz (1994) procura desenvolver uma nova concepção de ensino para modalidades esportivas tradicionais em nível escolar, desconstruindo uma imagem negativa que o aluno interioriza na sua prática de esportes autoritários e domesticadores, tornando-o livre para questionar, analisar e se auto-avaliar no contexto sociocultural e esportivo.

    A Abordagem Crítico-Superadora possuiu como obra principal “Metodologia do Ensino de Educação Física” do Coletivo de Autores (1992). A obra entende que os conteúdos da Educação Física (jogo, ginástica, esporte, etc) são um conhecimento da cultural corporal de movimento.

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais, os PCNs, é um documento elaborado pelo Governo Federal, o qual oferece subsídio para o planejamento do ensino no país. Os PCNs fundamentavam a participação construtiva do aluno e, ao mesmo tempo, da intervenção do professor para a aprendizagem de conteúdos específicos que favoreçam o desenvolvimento das capacidades necessárias à formação do indivíduo (BRASIL, 1998).

Metodologia

    Este estudo, à luz de Gamboa (apud FARIA JUNIOR, 1992), é de natureza qualitativa, inserido no paradigma fenomenológico-hermenêutico, com as características de concepção de homem existencial na sua dimensão interpretativa, utilizando como estratégia a revisão de literatura. Ao debruçarmos nossos olhares sobre a revisão de literatura, vimos necessidade inicial de conceituar e justificar a nossa escolha.

    Nessa trilha metodológica e inserida nas diretrizes da concepção fenomenológico-hermenêutico, assumimos a revisão de literatura como “[...] um esforço de análise e de síntese da literatura publicada, buscando entender o legado do conhecimento. Esse esforço geralmente conduz a importante conclusão concernente aos conhecimentos mais recentes em dado campo de conhecimento” (FARIA JÚNIOR, 1992, p. 25).

    Os instrumentos empregados nesta pesquisa foram fichamentos, a partir da manutenção de uma documentação pessoal de leituras feitas, ou seja, reduzir os textos lidos a fichas de resumos e/ou interpretações dos autores que discutem o tema. Neste procedimento, as fichas de análise e síntese serão elaboradas com textos que versam a opinião dos autores acerca do interesse dos alunos na prática do Voleibol na escola.

Procedimentos de coletas de dados

    Estabelecido o tema e fixado o suporte teórico, os passos subseqüentes foram: Leitura exploratória; Leitura analítica; Transcrição para as fichas; Crítica da documentação colhida; Ordenação dos dados e/ou proposta de solução própria.

Procedimentos da análise de dados

    Para tratar os dados colhidos, optamos pelo referencial teórico metodológico da Análise do Conteúdo. Diante do fato de estarmos realizando uma análise de significados, optamos pela análise temática, que, como nos aponta Bardin (2004), consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem a comunicação e cuja presença ou freqüência de aparição significa uma relação com o objetivo analítico escolhido. O tema é geralmente utilizado como unidade de registro para estudar motivações de opiniões, de atitudes, de valores, de crenças e de tendências. Os seguintes grupos temáticos foram extraídos para nortear esta etapa analítica da pesquisa: i) espetacularização do Voleibol ii) Voleibol: escola x competição.

Apresentação e interpretação de dados

Espetacularização do Voleibol

Autor

Ano

Tipo

Título

Características

Categoria

Carlos Bizzocchi

2004

Livro

O voleibol de alto nível da iniciação à competição

Análise histórica, técnica e tática do voleibol de alto nível.

Espetacularização do Voleibol

João Bojikian

1999

Livro

Ensinando Voleibol

Análise histórica, técnica e tática do voleibol voltado para clubes e escolas.

Espetacularização do Voleibol

Wanderley Marchi Júnior

2001

Tese de Doutorado

“Sacando” o Voleibol: do Amadorismo à

Espetacularização da Modalidade no Brasil (1970 - 2000)

História de vida envolvendo o Voleibol como uma prática educacional, esportiva e de pesquisa acadêmica.

Espetacularização do Voleibol

Milton Aparecido

Anfilo

2003

 

Dissertação de mestrado

A prática pedagógica do treinador da seleção brasileira masculina de voleibol: processo de evolução tática e técnica na categoria infanto-juvenil

Prática pedagógica utilizada pelo treinador da seleção brasileira juvenil e métodos que emergem para a formação de uma equipe.

Espetacularização do Voleibol

Maria Auxiliadora Castanheira;

Angelise Valladares

2006

Artigo

Desenvolvimento sustentável e capital social: esporte voleibol como facilitador para construção do capital social

Desenvolvimento sustentável em relação à questão sócio-ambiental.

Visão multidimensional do desenvolvimento onde o objetivo passa a ser a qualidade de vida da sociedade.

Espetacularização do Voleibol

Wanderley Marchi Júnior

2000

Artigo

Subsídios para uma discussão sociológica sobre a evolução do Voleibol

Relaciona o desenvolvimento do Voleibol e a cultura de massas no processo de espetacularização dos esportes.

Espetacularização do Voleibol

Rodrigo Koch

2010

 

Artigo

 

Superliga de Vôlei 2009/2010: os campeões de mídia televisa nas transmissões dos jogos ao vivo

Crescimento das transmissões televisivas, e o aumento do incentivo financeiro privado em equipes de Voleibol na Superliga 2009-2010,

Espetacularização do Voleibol

    O grande sucesso obtido pelo Voleibol no Brasil é fruto do sério trabalho praticado e pelo profissionalismo implantado pelos dirigentes da administração da CBV. “Segundo a FIVB, a CBV é hoje a federação nacional mais bem sucedida do mundo, possuindo vinte e sete federações estaduais filiadas, 85.125 atletas de voleibol de quadra.” (Anfilo, 2003, p.31).

    Assim procuramos detectar um aumento da adesão por parte dos alunos pelo desporto Voleibol nas aulas de Educação Física nas escolas, e os motivos fundamentais que levaram a esse aumento do interesse. Nas grandes equipes de Voleibol, os valores de socialização podem ser identificados graças ao grande trabalho em grupo desenvolvido entre os atletas da mesma equipe. Tais aspectos demonstram que este esporte oportuniza o trabalho em equipe, a construção e a valorização dos objetivos coletivos, além da solidariedade, dentre outros aspectos fundamentais para os ideais dos jovens na convivência em sociedade.

    O interesse dos alunos pelo Voleibol dentro dos colégios também está ligado ao fato da espetacularização do esporte pela mídia, e ao fato de que o esporte Voleibol em alto nível no Brasil obtenha grande sucesso internacional. Segundo Marchi Júnior (2001) “a hipótese de que as estruturas atuais do Voleibol, assim como de outras modalidades que percorreram os caminhos da espetacularização, não estão perspectivando exclusivamente a criação de um contingente populacional de praticantes, e sim um emergente mercado consumidor de símbolos e signos sociais circunscritos nos capitais de uma prática esportiva distintiva.”

    A formação de um mercado consumidor do esporte Voleibol é fundamental para que jovens se interessem pelo consumo e prática das atividades ligadas ao esporte dentro das escolas, em Marchi Junior (2008, p. 7) podemos encontrar que “A conquista da prática e do consumo do esporte passou a ser interpretada como uma vertente da cultura de massas, por nós, eleita como cultura esportiva de massas.” Logo se efetivou um fenômeno de uma indústria cultural em que a própria paixão que lotava os ginásios de espectadores ávidos por espetáculos esportivos, começou a ser direcionada para um grande consumo na expectativa de aproximação entre o público e o atleta-profissional transformado em ídolo.

    Frente essas considerações, surge uma nova forma de valorização dos esportes que o associa a formação de um mercado consumidor.

    O espelho para o aluno passa a ser o atleta bem sucedido de Voleibol, assim o interesse pela prática esportiva de sucesso midiático aumenta, e o Voleibol se encontrada relacionada à palavra sucesso e espetáculo de mídia. O Brasil se firmou ainda mais como uma potência do Voleibol internacional. No sexo masculino, passou a disputar os principais títulos internacionais, em todas as categorias, conquistando somente na categoria adulta, inúmeros torneios sul-americanos, pan-americanos, um título olímpico, um campeonato mundial e três títulos da liga mundial.

    No feminino, o Voleibol também se afirmou como esporte de massas em nosso país, sendo que internacionalmente a equipe brasileira adulta já domina o continente sul-americano, e cada vez maior em âmbito mundial, já tendo conquistado o primeiro título olímpico em Pequim-2008 e alguns títulos do Grad Prix.

    O esporte-espetáculo, sucesso de mídia e popularidade devido à formação de ídolos a cada título e vitória conquistada valoriza o esporte Voleibol escolar e assim o professor obtêm ferramentas para que haja um interesse maior pela prática esportiva durante as aulas de Educação Física. Segundo Koch (2010, p. 1), “O voleibol ocupa o segundo lugar na preferência dos brasileiros entre os esportes, tanto para praticar como para acompanhar pela TV. O investimento que algumas empresas fazem na modalidade, patrocinando as equipes que disputam a Superliga de Vôlei, chegam a cifras importantes no mercado do marketing esportivo brasileiro.“, assim o esporte conquista cada vez mais espaço nas mídias televisas, tanto nas de canais abertos, como em mídias televisivas fechadas. O Voleibol é bastante aceito pelo público jovem, e se tornou segundo mais acompanhado pela mídia no Brasil, apenas atrás do futebol. Imaginando o futebol como um fenômeno social, é possível até considerar o Voleibol como esporte número um no Brasil.

    As complexas relações entre o lazer, a cultura, os valores, o espetáculo esportivo, mostram a influência da mídia em certo momento, em relação à aspiração, aos desejos e sonhos do homem na sociedade atual e dos jovens que são lapidados pela cultua social de massa ligada ao sucesso esportivo e criação de heróis esportivos amparada no imaginário, no sonho.

    O processo de mercantilização dos esportes começou a ocupar um espaço central no cotidiano da sociedade moderna, possibilitando assim, a criação de novas necessidades de consumo relacionadas ao esporte, o surgimento de modelos esportivos que inspiram jovens a ingressarem e se interessarem pela prática esportiva de sucesso midiático e de consumo.

    Em Borsari (1989) “para se tornar um jogador de voleibol, a criança deveria desenvolver algumas características como: execução de movimentos rápidos, habilidade, raciocínio, coordenação, força, agilidade, personalidade, equilíbrio e espírito de equipe.” Pode ser fundamental nas aulas de Educação Física na escola, para desenvolver valências físicas fundamentais para alunos de todas as idades e biótipos diferentes e também o senso social e coletivo dos mesmos.

    Então percebemos como o Voleibol pode obter facilidades para ser trabalhado em diversas formas e perspectivas, tanto na parte sociológica, como física e ligada ao seu sucesso esportivo em alto nível, valorização da mídia e criação do esporte-espetáculo, é possível encontra alguns motivos que explicariam o aumento da adesão dos alunos pelo desporto nas escolas.

Voleibol: Escola x Competição

Autor

Ano

Tipo

Título

Características

Categoria

Luiz Antônio Campos

2006

Livro

Voleibol “da” Escola

Busca estreitar os aspectos teóricos e práticos do voleibol na escola.

Voleibol:

Escola x Competição

Sônia Maria de Sousa;

Ana Maria Rodrigues

2007

Artigo

O voleibol como conteúdo escolar da Educação Física: “ter ou não Ser”

Busca justificar o voleibol como conteúdo escolar;

Questiona o Voleibol como esporte escolar ou competitivo.

Voleibol: Escola x Competição

Felipe Lucero;

Hugo Lovisolo

2006

Artigo

Educação Física escolar: esporte, competição e talento

Busca a finalidade da Educação Física em relação a motivação, competição e talento desportivo.

Voleibol: Escola x Competição

    Lucero e Lovisolo (2006) dizem que as competições escolares (internas e externas) mobilizam um grande número de estudantes, isso ocorre pela grande aceitação deles além da grande visibilidade que esses eventos proporcionam. Isso influenciou para um aumento do número de praticantes de Voleibol, já que esse desporto é o segundo na preferência dos jovens brasileiros, afirma Souza e Rodrigues (2007).

    De acordo com Sousa e Rodrigues (Idem), o Voleibol é visto como esporte de rendimento ocasionando uma concorrência e uma competição entra os alunos. Esse rendimento deve ser visto pelo professor como algo necessário e não obrigatório, para que não ocorra exclusão de alunos, no momento em que for montar equipe de Voleibol da escola.

    Segundo Campos (2006) o treinamento de equipes de Voleibol da escola não deve pautar-se somente no ato de competir, e sim trabalhar de forma interativa com o projeto pedagógico dado pela escola e os aspectos sócio-culturais dos alunos. Outro fator relevante é o aluno sonhar em se tornar atleta de elite, e isso se agrava com a pressão dos pais. O professor deve sempre conversar com eles para que isso não se torne uma cobrança excessiva.

    Campo (idem) complementa dizendo que o treino de equipes formadas na escola e de equipes formadas em clubes devem ser diferentes. Isto fica claro se levar em questão a prioridade de cada um, já que a do atleta é o treinamento e a do aluno é a educação escolar.

    O Voleibol sem dúvida é um esporte fascinante, de um lado a competição deste eleva o número de alunos para a prática do desporto, por outro lado ocorre uma exclusão (por ser um esporte de rendimento) e cabe ao professor proporcionar a participação de todos e incentivar o espírito coletivo.

Considerações finais

    A partir da formulação de situação-problema, questões de estudo, objetivos e metodologia, podemos inferir que a opinião da literatura sobre o aumento da adesão na prática do voleibol nos últimos vinte anos se dá principalmente em dois principais argumentos, a saber: na espetacularização do Voleibol, no conflito entre escola e competição e em uma análise histórica, técnica e tática do Voleibol

    Respondendo às questões norteadoras da pesquisa, podemos afirmar que houve uma adesão significativa na prática do voleibol nas escolas, uma vez que a literatura reforça o fenômeno da espetacularização, atingindo assim o público escolar.

    Outro fator preponderante no aumento na prática do Voleibol foi a emergência das competições escolares, que podemos constatar a existência de dois lados: o positivo: maior praticantes de voleibol na escola e o negativo: o critério seletivo dos jovens talentos, fazendo com que houvesse o fenômeno da exclusão.

    A literatura na qual nos apoiamos e as informações reveladas nos autorizam a concluir que grande parte das escolas sofreu o processo de adesão contínua e aumento do interesse dos alunos pelo Voleibol. Sendo assim, pensamos esses fatores abordados seriam um indicativo de mudança, mostrando o respeito às singularidades de cada escola.

Referencias bibliográficas

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  • BETTI, M. Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

  • BIZZOCCHI, C. “Cacá”. O voleibol de alto nível: da iniciação à competição. São Paulo: Manole, 2004.

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  • BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física, 3o e 4o ciclos, v. 7, Brasília: MEC, 1998.

  • CAMPOS, L.A.S. Voleibol “da” Escola. São Paulo: Fontoura, 2006.

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  • FARIA JR., Alfredo. Pesquisa em Educação Física: enfoques e paradigmas. In: FARIA JR., Alfredo e FARINATTI, Paulo (Org.). Pesquisa e produção do conhecimento em educação física: livro do ano de 1991/ SBDEF. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 1992.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 150 | Buenos Aires, Noviembre de 2010
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