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Comparação da hipotensão pós-esforço em sessões de 

exercício resistido com distintos volumes e intensidades

Comparación de hipotensión post esfuerzo en sesiones de ejercicio de resistencia con distintos volúmenes e intensidades

 

*Mestre em Ciências Fisiológicas (UFSCar – São Carlos)

Docente da UNIARA, UNICEP, Moura Lacerda e Faculdades COC

Diretor do CEFEMA (Centro de Estudos em Fisiologia do Exercício,

Musculação e Avaliação Física) Araraquara – SP

**Pós-graduanda em Fisiologia do Exercício: Performance,

Emagrecimento e Reabilitação (UFSCar – São Carlos - SP)

Membro pesquisador do CEFEMA

***Pós-graduado em Fisiologia do Exercício (UFSCar – São Carlos - SP)

Membro pesquisador do CEFEMA

Cássio Mascarenhas Robert Pires*

Luciana Aparecida Penão**

Gustavo Lopes***

cefema2010@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A literatura específica tem documentado uma redução aguda da P.A. após sessões de exercícios, fenômeno esse que tem sido definido como hipotensão pós-esforço (HPE). O objetivo do presente estudo foi comparar a HPE em sessões de exercício resistido com intensidades típicas de hipertrofia e resistência muscular. Métodos: Foram voluntários do presente estudo, 9 (nove) indivíduos normotensos treinados de ambos os sexos (39,6 ± 6,5 anos, 63,9 ± 12,6 Kg de peso corporal, 161,5 ± 7,10 cm de estatura). Os voluntários realizaram, em dias distintos, após testes de 1RM, 2 (duas) sessões de exercícios resistidos sob o método de circuito. Sessão 1: uma série de 25 repetições submáximas com 45% de 1RM ; e sessão 2: uma série de 10 repetições submáximas com 70% de 1RM, ambas com 1 (um) minuto de pausa entre os exercícios, num total de 14 exercícios. As pressões arteriais sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foram mensuradas em repouso, antes do início do treino (após 10 minutos com o voluntário sentado) e durante 60 minutos após a sessão de treino, com intervalo de aferição a cada 10 minutos. Os resultados demonstraram que houve redução significativa da PAS após ambas as sessões. No entanto, a redução da PAS após a sessão com 70% de 1RM mostrou-se estatisticamente significativa por um período de tempo maior (de 10 a 50 minutos) do que a sessão com 45% 1RM (20 a 40 minutos). A PAD não mostrou redução significativa após nenhuma das condições experimentais de treinamento. Conclusão: o exercício físico resistido, com intensidades de resistência muscular e hipertrofia, realizado na forma de circuito, promove hipotensão pós-esforço em indivíduos treinados normotensos. Provavelmente as sessões com maior intensidade e com um volume mínimo de repetições, promovem respostas hipotensoras mais duradouras, porém, com magnitude semelhante às sessões de menor intensidade e alto número de repetições.

          Unitermos: Exercício resistido. Pressão arterial. Hipotensão pós-exercício. Circuito.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, Noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A literatura especializada já tem documentado amplamente os benefícios do exercício físico regular para a redução da pressão arterial (P.A.) em indivíduos hipertensos (BYRNE E WILMORE, 2000; FISHER, 2001; BRUM et al., 2004; PESCATELLO et al., 2004 ). Esses efeitos hipotensores crônicos do exercício regular têm sido demonstrados tanto em modelos de treinamento dinâmico (caminhada, ciclismo) quanto em modelos de treinamento resistido (BRUM et al., 2004).

    Adicionalmente, tem sido evidenciado que após sessões isoladas de exercício físico, a pressão arterial exibe uma redução significativa em relação aos valores registrados antes da sessão, na condição de repouso. Essa redução aguda da pressão arterial tem sido denominada de hipotensão pós-esforço ou pós-exercício (NEGRÃO E BARRETO, 2006). Vários estudos têm documentado esse efeito hipotensor agudo após sessões de treinamento aeróbio em intensidades em torno de 50-60% do VOpico e VOmáx., ou em torno de 60-80% da F.C.máx. , tanto em normotensos quanto em hipertensos jovens e idosos (FORJAZ et al, 1998; RONDON et al, 2002). Interessantemente, as maiores reduções têm sido evidenciadas em hipertensos, fato que sugere que a magnitude da hipotensão pós-exercício é dependente dos níveis pressóricos prévios à sessão (BENETT et al., 1984). Apesar de bem documentada no exercício tipicamente aeróbio, a resposta hipotensora após sessões isoladas de exercício resistido, ainda não tem sido amplamente investigada e os resultados obtidos têm se mostrado também controversos. MacDonald et al (1999) observaram reduções significativas da P.A.S. e P.A.D. em adultos normotensos após uma sessão de exercício resistido a 65% da contração voluntária máxima (CVM) no exercício extensão unilateral de joelhos, com duração total de 15 minutos. Nesse estudo, a hipotensão pós-exercício não foi monitorada a partir de uma sessão típica de treinamento resistido, mas sim, de um único exercício realizado em séries múltiplas. Hardy e Tucker (1999) observaram um efeito hipotensor significativo pelo período de uma hora após uma sessão de exercício resistido consistindo de 3 séries de 7 exercícios com 8-12 repetições máximas com indivíduos adultos jovens moderadamente hipertensos. Simão et al (2005) não observaram diferença na magnitude da resposta hipotensora, monitorada por um período de 60 minutos, após duas sessões com intensidades e volumes distintos, em indivíduos adultos jovens normotensos. Rezk et al. (2004) observaram redução aguda da P.A.S. tanto em exercícios de baixa como alta intensidade (40 e 80% da CVM). No entanto, somente o exercício de baixa intensidade promoveu redução aguda da P.A.D. em homens e mulheres jovens normotensos. Contrariamente, Fisher (2001) observou uma redução significativa de cerca de 3 mmHg somente na pressão arterial sistólica em mulheres entre 37 e 55 anos de idade, normotensas e hipertensas limítrofes, após sessão de 3 séries de circuito com 15 repetições a 50% de 1RM, em 6 exercícios de tronco, pernas e braços. No estudo de Resk et al. (2004), o número de repetições adotado foi maior (20 repetições a 40% CVM). Por outro lado, O’Connor et al. (1993) não observaram qualquer efeito hipotensor em mulheres normotensas de meia-idade, após sessões de exercício resistido a 40, 60 e 80% de 1RM, com exercícios de membros inferiores e superiores.

    Contudo, ainda são poucos os estudos que analisaram a HPE em exercícios resistidos e encontraram um consenso quanto às variáveis que mais a favorecem. Segundo Lizardo e Simões (2005), claramente ainda há a necessidade de mais informações quanto à intensidade, grupos musculares envolvidos, segmentos corpóreos, magnitude e duração da redução de PA pós- esforço, ou seja, necessita-se delimitar as características de que tipo de exercício promove e, em quais circunstâncias, a HPE.

    O conhecimento da HPE é extremamente útil, pois permite estabelecer estratégias de intervenção em quadros clínicos de hipertensão arterial sistêmica, favorecendo provavelmente, a redução crônica da P.A. em tais pacientes.

    Portanto, o efeito hipotensor pós-exercícios resistidos em diferentes intensidades e modelos de treino necessita de maiores esclarecimentos. Assim sendo, o presente estudo teve como objetivo, comparar a resposta aguda da pressão arterial após sessões de exercício resistido com baixa intensidade e alto número de repetições (45% de 1RM), e com alta intensidade e menor número de repetições (70% de 1RM), ambas realizadas sob o método de circuito.

Metodologia

    Sujeitos: O grupo experimental foi constituído por 9 voluntários normotensos de ambos os sexos, faixa etária média de 39,6 ± 6,5 anos, e que apresentavam as seguintes características antropométricas: 63,9 ± 12,6 Kg de peso, 161,5 ± 7,10 cm de estatura, IMC (kg/m2) 25,5 ± 5,3, e percentual de gordura 26,2 ± 8,5; praticantes de musculação há mais de 3 meses, não usuários de suplementos e não obesos. Todos os voluntários foram informados dos objetivos e dos eventuais riscos do estudo e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    Protocolo Experimental: O estudo consistiu de testes de 1RM, sessões de treinamento constituídas por séries de resistência muscular e hipertrofia, análise da pressão arterial sistólica e diastólica no período de repouso pré-exercício, após o indivíduo permanecer sentado por 10 minutos, e posteriormente, ao final das sessões de treino, durante 60 minutos a cada 10 minutos.

    Teste de 1RM: A sessão inicial consistiu de testes de 1RM (1 Repetição Máxima) (FLECK & KRAEMER,1999), divididos em dois dias alternados (com no mínimo 72 horas de intervalo), em que o peso máximo levantado (Kg) foi mensurado em cada um dos quatorze exercícios a serem utilizados nas sessões de treino. Os exercícios utilizados no teste foram posteriormente aplicados à sessão de treino de forma padronizada, na seqüência: leg press 45˚, rosca bíceps, cadeira abdutora, supino reto, cadeira extensora, remada horizontal, cadeira flexora, flexão de ombros, cadeira adutora, puxador frente, tríceps polia, leg horizontal, pec deck, abdução de ombros.

    Protocolo de Treinamento: Os indivíduos realizaram, com intervalo de mais de 72 horas entre os tipos de treino, duas sessões de exercícios na forma de circuito com uma volta em cada sessão, sendo uma a 45% de 1RM, com 25 repetições submáximas e a outra, a 70% de 1RM, com 10 repetições submáximas, ambas com um minuto de intervalo entre as séries de exercícios.

    Variáveis mensuradas: A pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial diastólica (PAD) foram mensuradas em repouso, após o indivíduo permanecer sentado por 10 minutos antes das sessões de exercícios; e ao final de cada sessão de treino durante 1 hora a cada 10 minutos, permanecendo o indivíduo na mesma condição da análise de repouso. A PA foi aferida pelo método auscultatório, utilizando-se esfigmomanômetro aneróide (BIC) e estetoscópio (Rappaport Premium).

    Análise Estatística: Todos os valores são expressos em média ± desvio-padrão. Para comparação dos resultados da PAS e PAD antes e após as duas sessões de treinamento, assim como para comparação entre as duas sessões nos distintos momentos de mensuração (10, 20, 30, 40, 50 e 60 minutos), foi aplicado o teste t-Student, sendo adotado como significante um p< 0,05. Os cálculos foram realizados utilizando-se o software SPSS 13.0 for Windows.

Resultados

    Os resultados médios ± desvio-padrão da PAS e da PAD durante o repouso e após as sessões de exercícios a 45% de 1RM e 70% de 1RM são apresentados na tabela 1. Esses valores também estão expressos na figura 1. A HPE foi observada após ambas as sessões de exercícios, somente na PAS, nos períodos de tempo entre 10 a 50 minutos para a sessão de 70% 1RM e entre 20 a 40 minutos na sessão de 45% 1RM, demonstrando assim, um efeito de da intensidade de treino sobre a duração da HPE. Em nenhum dos momentos de aferição pós-treino foi observada redução significativa da PAD, conforme também expresso na Tabela 1 e na Figura 1.

Tabela 1. Valores médios ± desvio-padrão da PAS (mmHg) durante o repouso (Rep) e após as 

sessões de exercícios a 45% e 70% de 1RM, durante a recuperação (Rec) em 60 minutos (n=9)

* p < 0,05 em relação ao repouso; RM = repetição máxima.

 

Figura 1. Resultados médios ± desvio-padrão da pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) (mmHg) em repouso (REP) 

e durante a recuperação a cada 10 minutos (Rec) pós-exercício, para os 9 voluntários nas sessões de 45% de 1RM (Treino 1) e 70% de 1RM (Treino 2).

Discussão

    Os resultados do presente estudo demonstraram que ambos os protocolos de treinamento resistido resultaram em HPE quando considerada a PAS, sendo estatisticamente significativo o período de 10 a 50 minutos de recuperação da sessão de 70% de 1 RM. Entretanto, a sessão de 45% de 1 RM resultou em redução aguda de PAS somente no período de recuperação de 20 a 40 minutos. Nenhum dos protocolos adotados resultou em reduções significativas da PAD. Inicialmente, o período de tempo em que a HPE foi observada está de acordo com observações de estudos prévios (Umpierre e Stein, 2007). No tocante às diferenças encontradas nas respostas específicas da P.A.S e P.AD. para os distintos protocolos, algumas considerações são pertinentes. O estudo de Polito et al. (2003) verificou maior HPE para PAS em voluntários normotensos nas intensidades maiores de exercício resistido. Nesse estudo, os autores adotaram pesos de 6 repetições máximas (RM) e 12 repetições com 50% do peso de 6 RM. Nosso estudo adotou intensidades menores (70% 1RM) e com volume de repetições também maior, o que pode configurar um estresse pressórico (tensional) e metabólico distinto do modelo de Polito et al. (2003). Também corroborando com nossos resultados, Simão et al. (2005), observaram que o treinamento com maior intensidade foi responsável por um maior tempo de duração da HPE em voluntários normotensos. Contrariamente, Lizardo e Simões (2005) observaram HPE para PAS tanto em protocolos de alta intensidade ( 8 repetições com 80% 1RM) como baixa (30 repetições como 30% 1RM) em voluntários normotensos, em sessões isoladas de membros inferiores (MI) e superiores (MS). Os autores também encontraram HPE significativa para PAD na sessão de MI com intensidade de 30% RM, fato que se opõe aos nossos resultados. Em nosso estudo, o método adotado foi o circuito, enquanto no estudo de Lizardo e Simões (2005), o método adotado foi de séries múltiplas, o que pode ter contribuído para a divergência das respostas. Talvez, um fator que interfira diretamente com a resposta de HPE seja o volume total de trabalho. Neste sentido, Jones et al. (2007) têm apontado para o fato de que, em exercícios dinâmicos (esteira, bicicleta, etc.) esse pode ser um fator decisivo no comportamento da P.A. após o exercício. Segundo os autores, a dose (volume x intensidade) de exercício parece influenciar diretamente a HPE. O papel desse aspecto no tocante à HPE no exercício resistido ainda necessita de maior investigação científica. Corroborando tal suposição, o volume total de trabalho em nosso estudo foi menor que o adotado por Lizardo e Simões para o protocolo de baixa intensidade, uma vez que nossos voluntários realizaram 350 repetições totais com 45% 1RM ante 450 repetições totais com 30% 1RM no estudo citado. Provavelmente, a alternância dos segmentos corporais e do recrutamento muscular no modelo de circuito, determine um estresse tensional e metabólico diferente daquele promovido com a concentração dos exercícios no mesmo segmento, como no modelo adotado por Lizardo e Simões (2005). Neste sentido, Romero et al. (2005), observaram maior tempo de HPE após sessão de alta intensidade realizada sob o método localizado por segmento, em comparação à sessão conduzida sob o método alternado por segmento. Similarmente aos nossos resultados, Fisher (2001) observou HPE somente na PAS em mulheres normotensas e hipertensas limítrofes após circuito com 5 exercícios, realizados com 15 repetições a 50% 1RM, num total de 225 repetições. Provavelmente, para promover HPE para PAD, as sessões de exercício resistido necessitem de volumes mais altos do que aqueles adotados em grande parte dos estudos, como por exemplo, algo superior a 400 repetições totais. Interessantemente, no estudo de Rezk et al. (2006), em um modelo experimental semelhante ao adotado em nosso estudo, os autores observaram, em consonância com nossos resultados, HPE para PAS em protocolos com alta (10 repetições com 80% 1RM) e baixa intensidade (20 repetições com 40% 1RM) e HPE para PAD somente no protocolo de baixa intensidade, o que difere de nosso dados. Nesse estudo, entretanto, os voluntários realizaram 3 séries em 6 exercícios, ao invés do método de circuito por nós adotado. A diferença no comportamento da PAD é de difícil explicação, uma vez que o próprio número total de repetições nesse estudo (360 repetições com 40% 1RM) é muito próximo do total de nosso estudo (350 repetições com 45% 1RM). Os modelos de séries múltiplas com altos volumes podem ser mais eficazes no sentido de ativar os mecanismos mais diretamente responsáveis pela redução da PAD, como o acúmulo de metabólitos gerados pelo exercício, fato que denotaria resposta vasodilatadora mais marcante ou mais duradoura, o que consiste em fator decisivo para reduções da PAD (MacDONALD, 2002).

    Outro aspecto a ser considerado, é o fato de que os níveis iniciais da P.A. podem influenciar a HPE, tanto em magnitude quanto em duração, sendo que indivíduos hipertensos costumam apresentar respostas mais marcantes comparando-se a normotensos (BENNETT et al., 1984). Em nosso estudo, os níveis iniciais da P.A. encontravam-se maiores na sessão de alta intensidade em comparação à sessão de baixa intensidade, porém, essa diferença não se revelou estatisticamente significante. Pode ser que esse fato tenha influenciado nossos resultados (maior duração de HPE no protocolo de alta intensidade), uma vez que a ausência de diferença estatística pode não se configurar como irrelevante do ponto de vista fisiológico. No entanto, os demais estudos supracitados que apresentaram maior duração da HPE em protocolos de maior intensidade, não apresentaram essas diferenças (ainda que não estatísticas) entre os valores iniciais da P.A. Da mesma forma, esses diferentes níveis de repouso entre os grupos experimentais dos distintos estudos, podem ser responsáveis pelas diferenças de respostas da PAS e PAD observadas na literatura, assim como do presente estudo com outros anteriormente citados.

    A despeito dos vários mecanismos propostos para manifestação da HPE, os quais não foram controlados neste estudo, como diminuição do volume sanguíneo/débito cardíaco, diminuição da atividade simpática eferente, diminuição da aferência cardíaca, aferência muscular, diminuição do set-point dos baroceptores, diminuição da resistência vascular periférica em função da presença de metabólitos vasodilatadores, da diminuição de catecolaminas circulantes ou da ação vasodilatadora de opióides e óxido nítrico (MacDONALD, 2002), o presente estudo permite inferir que, ao menos em parte, alguns desses mecanismos foram ativados de maneira mais marcante na sessão com maior intensidade. Séries com intensidades altas, típicas de hipertrofia (mas não de intensidades de 95-100% 1RM), em geral resultam em maiores elevações agudas da P.A., o que determina maior estresse pressórico (tensional) agudo, principalmente quando essas séries se aproximam da falha concêntrica, ou são realizadas com maior adoção da manobra de Valsalva (MacDOUGALL et al., 1985). Essas diferenças em relação às especificidades das respostas cardiovasculares agudas durante séries com intensidades de hipertrofia e séries com intensidades de resistência muscular (30 a 50% 1RM), podem ser responsáveis por acionamento distinto dos variados mecanismos hipotensores. Maiores valores agudos de P.A. podem determinar maior nível de filtração capilar, com conseqüente redução mais acentuada, ou mais duradoura, do retorno venoso e do débito cardíaco após a sessão, fato que poderia determinar a diferença encontrada no presente estudo em relação ao tempo de HPE para os distintos protocolos adotados. No entanto, a própria redução do débito cardíaco ainda não encontra consenso na literatura, enquanto um mecanismo determinante de HPE em indivíduos normotensos (MacDONALD, 2002). Essas distintas repercussões agudas das séries com menores e maiores intensidades também poderiam determinar interações autonômicas e metabólicas distintas, o que, por sua vez, determinaria influências específicas sobre os demais mecanismos hipotensores propostos na literatura.

    Um aspecto que merece atenção quanto à resposta de HPE, é o fato de que existe a necessidade de um esclarecimento de quais mecanismos fisiológicos atuantes durante a sessão de treino, poderiam estar sinalizando para uma maior redução da P.A. após o exercício. Conforme anteriormente citado, os mecanismos responsáveis diretamente por sua ocorrência têm sido postulados (MacDONALD, 2002; RESK et al., 2006; UMPIERRE e STEIN, 2007), porém, a análise do efeito direto das características da sessão de treino na determinação da especificidade do estresse cardiovascular global durante essa sessão, poderia ser melhor considerada na literatura. Neste sentido, gostaríamos de sugerir que, provavelmente, um aspecto a ser refletido, seria a relação entre os níveis pressóricos atingidos durante a sessão e o tempo de exposição total a esses níveis pressóricos, para cada tipo de perfil de treino. Talvez essa análise auxilie no esclarecimento mais amplo do efeito hipotensor do exercício físico e, em especial, do exercício resistido.

Conclusão

    Os presentes resultados permitem supor que sessões de exercício resistido realizadas na forma de circuito, com exercícios que recrutem grandes e pequenos grupos musculares, realizados com intensidades altas ou baixas, são eficazes no sentido de promover HPE. Esse efeito hipotensor parece ser mais duradouro após sessões de alta intensidade. Ainda são necessários mais estudos para um real entendimento das particularidades da resposta de HPE em protocolos de exercício resistido.

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