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Ginástica Laboral: avaliação de dores localizadas 

nos colaboradores de uma empresa de teleatendimento

Gimnasia Laboral: evaluación de dolor localizado en los empleados de una empresa de telemarketing

 

*Bacharel em Educação Física pela Faculdade Adventista de Hortolândia

**Doutora em Educação Física pela Unicamp

**Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia

(Brasil)

Fabio Frau Bueno*

Helena Brandão Viana**

hbviana2@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A ginástica laboral está cada vez mais sendo difundida no meio empresarial, através de experiências positiva anteriores ou por exigência do Ministério do Trabalho. Apesar de não ser obrigatória por Lei, sua implantação é determinada pelos “fiscais do trabalho”, quando há uma grande incidência de afastamentos de colaboradores com Lesão por Esforço Repetitivo (LER) Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT) ou acidentes de trabalho. A partir daí encontramos algumas dificuldades, pois muitos educadores físicos não têm preparo para aplicar a ginástica laboral. Aparentemente parece ser simples esta tarefa, mas quando esse profissional começa a ser cobrado sobre resultados, muitas vezes não consegue apresentar os mesmos. Pautado em vários estudos, de diversas áreas, percebe-se que as LER/DORT não estão apenas relacionadas com esforço repetitivo, mas que o estresse, também, influencia consideravelmente nessas patologias e a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), que também, é muito complexa, influencia nos níveis de estresse, atenção no serviço, entre outros fatores. A proposta desta pesquisa foi avaliar a incidência de dores localizadas apresentadas pelos colaboradores de uma empresa de teleatendimento, para comparar os resultados e analisar a relação dessas dores com os níveis de estresse e QVT dessas pessoas, e a partir daí obter um parâmetro de como trabalhar com a ginástica laboral. A metodologia utilizada foi a aplicação de um questionário contendo um “boneco de dor” com vista anterior e posterior para que os colaboradores colorissem o músculo ou região do corpo que sentem dor diariamente e perguntas, sobre a idade, tempo na empresa, tempo na função e nível de estresse e QVT. A predominância neste setor de trabalho é de jovens e que estão a pouco tempo na empresa. Estes apresentaram alto índice de dor, principalmente nas regiões cervical e torácica, e o nível de estresse foi mais alto nas pessoas com dor crônica.

          Unitermos: Ginástica Laboral. Estresse. Dor localizada.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, Noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Com a revolução industrial houve um grande êxodo dos trabalhadores do campo para as cidades, e conseqüentemente uma diminuição drástica do gasto calórico com as atividades laborativas diária, mas a alimentação continuou rica em carboidratos e gorduras saturadas, devido aos velhos hábitos alimentares, gerando aumento nos índices de pessoas obesas e sedentárias (LIMA, 2007). Essas novas atividades de trabalho desenvolvidas nas cidades dentro das indústrias e no comércio trouxeram novos problemas de saúde que vão desde as doenças endócrinas como diabetes, hiperlipidemia, hipertensão arterial, doenças coronarianas até as doenças estruturais como as bursites, tendinites, LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho).

    Breve histórico: (LIMA, 2007):

    As novas tecnologias geraram uma aceleração no cotidiano das pessoas, onde o ritmo natural da vida está acelerando cada vez mais. Os computadores têm que ser cada vez mais rápidos e terem uma capacidade de armazenamento cada vez maior. Para suportar as demandas diárias, de trabalho, houve a necessidade de computadores portáteis, para que possamos adiantar o trabalho durante o deslocamento dentro do metrô, trem, ônibus, etc. (AMPESSAN, 2008)

    Com mudanças cada vez mais constantes, cobranças mais intensas, e disputas no mercado de trabalho, cada vez mais acirradas, alterou-se o biorritmo das pessoas que ficam mais cansadas e irritadas necessitando de compensação física e emocional através do lazer, da prática de atividade física, do descanso, pois a falta dessa compensação pode gerar doenças psicossomáticas (AMPESSAN, 2008)

Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT)

    As LER/ DORT e outros distúrbios relacionados ao trabalho causam um grande número de afastamentos de funcionários levando a grandes prejuízos às empresas, governo e para o próprio colaborador (MILITÃO, 2001; PEREIRA, 2009). Essas doenças vêm se instalando aos poucos nos colaboradores, começando com dores agudas e intervaladas, e com o tempo essas dores vão se tornando crônicas e contínuas, e nesse estágio a recuperação começa a ficar cada vez mais difícil, e dependente de afastamentos prolongados, e muitas sessões de fisioterapia.

    Trabalho estático, com movimentos repetitivos e com recuperação inadequada (sem pausas), queixas de dor muscular, formigamento, dormência, ou algumas doenças já diagnosticadas como: tendinites, tenossinovite, sinovite, peritendinite, epicondilite, tenossinovite ostenosante, dedo em gatilho, cisto, síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel ulnar, síndrome do pronador redondo, síndrome do desfiladeiro torácico, síndrome cervical, neurite digital, síndrome miofascial, mialgia, síndrome da tensão do pescoço, distrofia simpático-reflexa, serão consideradas LER ou DORT (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001; SALIM, 2003).

    Nomeada pela Previdência Social do Brasil como tenossinovite do digitador em 1987, essa afecção foi a primeira referência oficial de LER, que teve essa denominação somente a partir de 1992 com a publicação da Resolução nº SS 197/92 da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, sendo acompanhada pela Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social e Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais através da Resolução 245/92. Com base nessas resoluções o INSS finalmente publica em 1993 a Norma Técnica para Avaliação da Incapacidade para LER e em 1998 a Previdência Social revisa essa Norma Técnica e substitui o termo LER por DORT (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

    Jovens e mulheres que realizam atividades laborais que exigem maior esforço e repetitividade, têm maior probabilidade de desenvolver as LER/DORT principalmente os bancários, metalúrgicos e trabalhadores do comércio que exercem a função de digitação ou montagem (PICOLOTO, 2008; REIS, 2000).

    O Ministério do Trabalho e Emprego através da Norma Reguladora nº 17 (NR-17) estabelece parâmetros gerais que permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente no desenvolvimento de suas atividades. Em seu anexo II, a NR-17 trata especificamente dos parâmetros mínimos para a execução dos trabalhos em empresas de teleatendimento e telemarketing de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente (MINISTÉRIO DO TRABALHO EMPREGO, 1978).

A Relação da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e dos altos níveis de estresse, gerado no ambiente laboral, com o aumento da incidência da LER/DORT

    Os fatores de riscos para o desenvolvimento das LER/DORT não são apenas de ordem física, mas também de ordem psicológicas e sociais. As de ordem física são as principais, como a postura e movimentos inadequados, repetições, vibrações, carga estática e dinâmica, ou a somatória de fatores como postura inadequada e carga (CONESA, 2002 apud MACIEL et al., 2006).

    Quando relacionamos os fatores psicológicos e sociais, como uma das causas que influenciam no desenvolvimento das doenças ocupacionais, não podemos nos esquecer que a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) está diretamente relacionada (RODRIGUES, 1982 apud LIMONGI-FRANÇA, 2002).

    Segundo Kolling (1988) apud Fonseca (2006), foi realizado estudo com funcionários de empresas do Vale dos Sinos para avaliar os níveis de fadiga desses colaboradores após a jornada de trabalho. Separou-se um grupo controle e em outro grupo aplicaram a ginástica laboral compensatória (realizada em pausas durante ou após a jornada de trabalho). Obtiveram resultados significativos na diminuição da fadiga periférica e produtividade em relação ao grupo controle.

    Partindo dessas reflexões, o objetivo deste trabalho foi de verificar as dores localizadas de trabalhadores de uma empresa de telemarketing (cobrança), em sua matriz situada em Campinas e filial situada em Jundiaí e comparar esses dados com o nível de estresse e qualidade de vida, para elaborar um programa de ginástica laboral que atenda as necessidades específicas desse grupo.

Metodologia

    Foi realizada uma pesquisa qualitativa nominal sobre os relatos de dores dos colaboradores de uma empresa de telemarketing na área de cobrança, em sua matriz no município de Campinas e filial no município de Jundiaí, com objetivo de traçarmos estratégias para implantação do programa de Ginástica Laboral (GL) pesquisa quantitativa contínua sobre idade e quanto tempo de empresa, e pesquisa quantitativa discreta sobre o nível de estresse e nível de qualidade de vida no trabalho (AGRA, 2003).

    A pesquisa foi realizada em 100% dos colaboradores com uma amostra de 102 pessoas pesquisadas, sendo que na matriz foram 28 colaboradores e na filial 74 colaboradores.

    Esta empresa é uma prestadora de serviço de cobrança para outras empresas e recebe um percentual do valor que conseguiu arrecadar com a cobrança, portanto há uma grande exigência de produtividade por parte dos gestores.

    Esses colaboradores têm funções diversas onde um grupo chamado de receptivo recebe as ligações de pessoas que querem fazer acordo ou o pagamento de sua dívidas e as negocia; outro grupo faz as ligações para as pessoas cobrando-as e propondo acordos; há um terceiro grupo que trabalha no setor administrativo.

    A pesquisa foi realizada em 09 de fevereiro de 2010 na matriz, em Campinas, e em 20 de abril de 2010 na filial, em Jundiaí, e foi apresentado aos colaboradores um instrumento contendo um “boneco de dor” (figura 1) com vista anterior e posterior para que eles colorissem o músculo ou região do corpo que sentem dor diariamente; e um questionário com perguntas sobre a idade, tempo na empresa, tempo na função, nível de estresse e QVT (quadro 1).

Figura 1. Boneco de dor - adaptado de Abrahams (2005)

 

Quadro 1. Percepção de estresse e Qualidade de Vida

    A aplicação e explicação sobre o preenchimento do questionário foi feita por um educador físico que será o responsável pela Ginástica Laboral (GL) na empresa.

    Através dos dados do “boneco de dor”, foi possível identificar os pontos de dor que mais incomodam o colaborador e direcionar a GL para minimizar essas dores localizadas, através de alongamento, aquecimento articular, fortalecimento muscular localizado e orientações sobre a postura.

    Outro ponto importante, foi tentar identificar a causa da dor, se era relacionada com a postura, ou se estava relacionada com a atividade que exerce como, por exemplo, o uso de telefone apoiado no ombro com a inclinação da cabeça sobrecarregando as estruturas osteomusculares. Desta forma foi possível trabalhar na orientação quanto a postura e a forma correta de utilizar os equipamentos de trabalho e sugerir a implementação de outros como headset (figura 2).

Figura 2. Headset

    Foram comparados os dados referentes à idade, tempo na empresa, nível de estresse e QVT para estimarmos outras possíveis causas dessas dores, e se já estava instalada a lesão e em que nível estava (prevenção, tratamento, recuperação), para que pudéssemos sugerir o apoio de outros profissionais como médico, fisioterapeuta, psicólogo, entre outros.

Resultados

    Os colaboradores pesquisados na Matriz da empresa citada têm idade média de 21,29 anos com desvio padrão de 6,22 anos, onde 53% tinham idade entre 18 e 25 anos e 32% abaixo de 18 anos (figura 3); e na Filial tem idade média de 21,31 anos com desvio padrão de 4,65 anos, onde 45% dos colaboradores estava entre 18 e 25 anos e 38% abaixo de 18 anos (figura 4).

Figura 3. Idades na Matriz

 

Figura 4. Idades na Filial

    Os principais relatos de dor foram:

    Na Matriz, 17 pessoas apontaram dor na região da coluna torácica, o que equivale a 61% dos colaboradores; 15 pessoas apontaram dor na região da coluna cervical, o que equivale a 54% dos colaboradores; 13 pessoas apontaram dor nos ombros, o que equivale a 46% dos colaboradores; 11 pessoas apontaram dor nas mãos e punhos, o que equivale a 39% dos colaboradores; e 2 pessoas não declararam sentimento de dor, o que equivale a 7% dos colaboradores (figuras 5 e 6).

    Na Filial 38 pessoas relatou dor na região da coluna cervical, o que equivalem a 51% dos colaboradores; 34 pessoas relataram dor na região da coluna torácica, o que equivale a 45% dos colaboradores; 29 pessoas relatou dor na coluna lombar, o que equivale a 39% dos colaboradores; 23 pessoas relataram dor nas mãos e punhos, o que equivale a 31 % dos colaboradores; e 11 pessoas não relataram possuir dor, o que equivale a 15% dos colaboradores (figuras 5 e 7).

    Nas duas empresas, houve reclamação de dor em outras regiões como abdômen, antebraço, fossa cubital, bíceps, região anterior da coxa e outros, porém, os valores foram menos significativos (figuras 5, 6 e 7).

Figura 5. Quantidade de relatos de dor

 

Figura 6. Incidência de dores localizadas nos colaboradores da Matriz

 

Figura 7. Incidência de dores localizadas nos colaboradores da Filial

    Com relação ao nível de estresse, o resultado mais significativo na matriz foi de 50% dos colaboradores que assinalaram (3) (figura 8), e na Filial, o mais significativo foi de 44% que assinalaram (1) ou (2).(figura 9).

Tabela 1. Escala de Nível de estresse

 

Figura 8. Nível de estresse na Matriz

 

Figura 9. Nível de estresse na Filial

    Analisando na Matriz as 15 pessoas (54% dos pesquisados) e na Filial as 38 pessoas (51% dos pesquisados), que reclamaram de dor na região da cervical, foi constatado que 47% responderam nível moderado de estresse, 33% responderam nível alto de estresse; na Filial 45% responderam nível alto de estresse, 24% responderam nível moderado de estresse (figura 10).

Figura 10. Relação dor cervical e nível de estresse

    Foi analisado na Matriz e Filial, da referida empresa, os trabalhadores que assinalaram nível alto de estresse, com as dores que relataram, obtendo o seguinte resultado: na Matriz 6 pessoas (21% dos pesquisados) assinalaram alto nível de estresse, sendo que 19% dessas pessoas relataram dor na região da coluna cervical, e 15% relatou dor na região da coluna torácica; na Filial 23 pessoas (31% dos pesquisados) assinalaram alto nível de estresse, onde 25% dessas pessoas apresentaram dor na região da coluna cervical, 22% na região da coluna torácica (Figura 11).

Figura 11. Relação dor localizada e nível de estresse

    Os dados coletados referente a percepção da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) (tabela 1), que apresentaram maior incidência na Matriz foi de 36% que assinalaram (1) ou (2) (figura 12), e na Filial o maior indice foi de 41% que assinalaram (4) ou (5) (figura 13).

Tabela 1. Escala de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)

 

Figura 12. Nível de Qualidade de Vida no Trabalho – Matriz

 

Figura 13. Nível de Qualidade de Vida no Trabalho - Filial

    Os resultados refentes ao nível de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) foram comparados com os níveis de estresse, sendo analisado as pessoas que informaram sua percepção de QVT (0) (1) (2) (sem QVT e baixa QVT respectivamente); na Matriz, 10 pessoas (36% dos pesquisados) informaram QVT baixa, e 40 % dessas pessoas assinalaram (1) ou (2), nível baixo de estresse e na Filial, 15 pessoas (20% dos pesquisados) informaram baixo nível de QVT, e 47% dessas pessoas assinalaram (1) ou (2), nível baixo de estresse (figura 14).

Figura 14. Relação da QVT com o Estresse

    Com relação ao tempo na empresa, a média na Matriz é de 16,04 meses com desvio padrão de 14,69 meses sendo que 57% dos colaboradores trabalham a menos de um ano (figura 15), e na Filial a média é de 9,11 meses e o desvio padrão é de 17,65 meses sendo que 80% trabalham a menos de um ano (figura 16).

Figura 15. Tempo na Empresa - Matriz

 

Figura 16. Tempo na Empresa - Filial

Discussão

    Ao analisar os dados coletados, foi observado que a empresa pesquisada, tanto em sua Matriz quanto em sua Filial, tem uma população jovem, também, foi verificado que a maioria das pessoas trabalham nesta empresa no máximo há um ano (57% na Matriz e 80% na Filial).

    Verificou-se que a maior incidência de dor está na região da coluna torácica (61% na Matriz e 45% na Filial) e na região da coluna cervical (54% na Matriz e 51% na Filial).

    Comparando os indivíduos que reclamaram de dor na região da cervical com o nível de estresse, observamos que o maior índice na Matriz foi de 47% para nível médio, seguido de 33% para alto e na Filial o maior índice foi de 45% para o nível alto, seguido de 29% para nível baixo de estresse onde verificamos que o estresse pode estar influenciando na postura, e conseqüentemente a má postura, pode estar gerando dor.

    Os níveis de estresse não foram tão altos na Matriz e apenas 21% se julgam muito estressados contra 50% que se julgam em nível moderado. Na Filial somou-se 53% entre as pessoas que se classificaram “sem estresse” e com nível baixo, contra 31% que se julgaram com nível alto de estresse.

    Comparando as pessoas que indicaram nível alto de estresse com as dores localizadas, na Matriz o maior índice de reclamação foi na região da coluna cervical em 19%; dor na região da coluna torácica igualou-se com dor na fossa poplítea em 15%. Na Filial o maior índice de dor foi na região da coluna cervical com 25%; dor na região da coluna torácica ficou em 22% e na região da coluna lombar em 17%.

    Com relação a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) o maior índice na Matriz foi de 36%, que declararam nível baixo; na Filial o maior índice foi de 41% que declararam ótima QVT. Para saber se a QVT está influenciando no nível de estresse analisamos as pessoas que responderam não ter QVT ou em baixo nível de QVT e os resultados de maior índice, na Matriz e Filial, foram de 40% e 47% respectivamente, quando as pessoas pesquisadas informaram estar com baixo nível de estresse, portanto, concluo que o índice de QVT não deve estar influenciando no índice de estresse desses colaboradores.

    Essa pesquisa não encerra totalmente o assunto, onde podemos nos aprofundar com questionários técnicos sobre QVT; avaliação técnica sobre o nível de estresse e ansiedade; avaliação antropométrica e física; e nível de sedentarismo e condicionamento físico. Novas pesquisas devem ser realizadas para comparar a evolução e os resultados da ginástica laboral e possibilitar a elaboração de novas metas e estratégias a serem utilizadas.

Considerações finais

    No programa de ginástica laboral é interessante analisar-se o nível de estresse que a pessoa se encontra, pois uma baixa QVT pode influenciar no estresse (LIMONGI-FRANÇA, 2004) e os aspectos emocionais influenciam consideravelmente na postura (ZAVARIZE, 2006) e, conseqüentemente alteram a estrutura das cadeias musculares que geram sobrecarga em alguns músculos iniciando ou potencializando um processo álgico.

    Ao verificar os resultados obtidos nesta pesquisa, não notamos um baixo índice de QVT e nem alto índice de estresse, porém observamos uma grande incidência de dor na região da coluna cervical e torácica, levando em conta que o a maior parte dos colaboradores da empresa pesquisada são jovens e trabalham há menos de seis meses nesta função.

    Alguns fatores podem estar influenciando nesse processo álgico. Um dele pode ser o sedentarismo, pois dependendo do histórico de atividade física desses indivíduos, estes podem não possuir consciência corporal, flexibilidade, ou até mesmo força muscular para sustentar a coluna vertebral e os membros superiores durante o turno de serviço. O mobiliário da empresa onde essas pessoas trabalham pode não estar ergonomicamente correto, conforme o anexo II da Norma Reguladora nº 17 (NR 17) do Ministério do Trabalho e Emprego.

    Ciente dessas informações, ao visitar essas empresas pesquisadas, foi verificado que na matriz o mobiliário está em desacordo com o anexo II da NR 17 e na Filial, está bem próximo do que rege a NR 17, pois faltam alguns itens, como o descanso de pés. Observou-se também, que os colaboradores têm uma postura inadequada, nas duas empresas.

    Seria plausível uma análise cinesiológica ou até mesmo um laudo ergonômico, para verificarmos mais precisamente a questão anatômica do mobiliário em relação ao trabalhador, a comparação com a postura, e dores declaradas.

    Por se tratar de uma população jovem em que o corpo reage de forma mais rápida aos estímulos físicos e emocionais, podemos concluir que as dores poderão ser minimizadas, apenas com a intervenção da GL, podendo haver uma parceria com outros profissionais, como um psicólogo, para melhor avaliação quanto a questão do estresse e desenvolver um trabalho conjunto.

    Há necessidade de mudança de hábitos e atitudes como a correção de postura do colaborador, e isso o educador físico deverá trabalhar em suas aulas de ginástica laboral através de orientações, motivando essas pessoas a terem uma vida mais ativa, para que possam ter melhor qualidade de vida e consigam manter o equilíbrio de uma vida laborativa e social mais saudável.

Referências bibliográficas

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