Níveis de flexibilidade em atletas de futsal de alto rendimento Niveles de flexibilidad en jugadores de fútbol sala de alto rendimiento |
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Atividade Adaptada & Psicologia
Esportiva (Brasil) |
Thiago Nunes Raupp Richard Ferreira Sene Carla Pinheiro Lopes |
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Resumo Introdução: O presente estudo verificou os níveis de flexibilidade dos atletas de alto rendimento do Unisul Esporte Clube. Objetivos: Correlacionar os índices de flexibilidade antes e após o treinamento e a competição, considerando-se duas categorias: juvenil e adulto; objetivou-se também a comparação dos índices de flexibilidade quanto à posição e tempo de prática. Métodos: Utilizou-se pesquisa de campo, exploratória, quantitativa e transversal, sendo que a amostra foi composta por 18 atletas do Unisul Esporte Clube. O instrumento utilizado foi banco de Wells para medir a flexibilidade dos atletas antes e depois do treinamento. O protocolo para classificação foi o de William & Katch (2008). Resultados: os resultados encontrados foram que os goleiros apresentaram um melhor índice de flexibilidade em relação a outras posições. Entretanto todos os atletas apresentaram um índice considerado “excelente” conforme protocolo utilizado. Os índices por categoria e por tempo de prática também foram “excelentes” entre todas as relações estudadas, os atletas da categoria adulta apresentaram um índice mais elevado de flexibilidade (um pouco mais que 2 cm antes do treino e um pouco mais que 4cm depois do treino) em relação a categoria juvenil. Sobre o tempo de prática os atletas com menor tempo apresentaram melhores resultados em relação aos atletas com maior tempo de prática, ou seja, com o passar do tempo a flexibilidade neste caso foi diminuindo. Os resultados verificados entre as duas categorias antes e depois do treino apresentou através do t-Student (p≤0,05), com significância (0,0172) para a categoria adulto e para categoria juvenil (0,359) os resultados não significantes. Conclusões: Conclui-se que todos os atletas estudados obtiveram uma classificação “excelente” no grupo de atletas de alto rendimento do Unisul Esporte Clube, e quando verificado estatisticamente, somente os atletas adultos atingiram uma melhora significativa. Unitermos: Flexibilidade. Futsal. Alto rendimento.
Abstract The present study verified the flexibility levels of Unisul Sport Club’s high yield athletes. Goal: Correlate the flexibility indexes before and after training and competition, considering two categories: youth and adult; there was also the goal of comparing the flexibility indexes in relation to the position and practice time. Methods: an exploratory, quantitative and transversal fieldwork was used. The sample was composed of 18 athletes from the Unisul Sport Club. The sit and reach test was used to measure the athlete’s flexibility before and after training and the William & Katch protocol was used as well. Results: the results showed that the goalkeepers have a better flexibility index in relation to other positions. However, all the other athletes presented an index that was considered ‘excellent’ according to the used protocol. The category and practice time indexes were also “excellent” among all the studied relations, but the athletes from the adult category showed a more elevated flexibility (more than 2cm before and more than 4cm index than the youth category athletes. About the practice time, the athletes with lesser time showed better results than the athletes with more time, in other words, as time goes by, the flexibility, in this case, diminished. The verified results between the two categories before and after training showed through the t-Sudent (p≤0,05), with significance (0.0172) to the adult category and to the youth category (0,359), that the results were not significant. Conclusion: it is possible to conclude that all the studied athletes obtained an “excellent” rating, and when statistically verified, only the adult athletes reached a significant improvement. Keywords: Flexibility. Futsal. High yield.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, Noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Existem indícios que o futsal começou a ser praticado nos anos 1940 por freqüentadores da Associação Cristã de Moços (naquela época ainda com o nome de futebol de salão), em São Paulo, pois havia uma grande dificuldade em encontrar campos de futebol livres para poderem jogar e então começaram a jogar suas o futsal informalmente nas quadras de basquete e hóquei. No início, jogava-se com cinco, seis ou sete jogadores em cada equipe, mas logo definiram o número de cinco jogadores para cada equipe, o que continua até hoje (FUTSALRS). As bolas usadas eram de serragem, crina vegetal, ou de cortiça granulada, mas apresentavam o problema de saltarem muito e freqüentemente saiam da quadra de jogo, então tiveram seu tamanho diminuído e seu peso aumentado, por este fato o futsal foi chamado o ''esporte da bola pesada''. (Araújo, 2006).
Apesar de muitos livros contarem isso, segundo Juan Carlos Ceriani a versão verdadeira e original é de que o futebol de salão (futsal) surgiu no Uruguai, nos anos 30 e foi criado na Associação Cristã de Moços de Montevidéu. Foi então introduzido no Brasil, onde houve seu grande desenvolvimento (LUCENA, 1994).
Teixeira (1996) e Figueiredo (1996) acreditam que o futebol de salão teve sua origem no Brasil. Já Lucena (1994) e Voser (1999), relatam ter sido o Uruguai o criador deste esporte. Sem dúvida alguma, pode-se afirmar que foi o Uruguai quem redigiu as primeiras regras. Cabe ao Brasil a responsabilidade de seu crescimento e ordenação como modalidade esportiva (Voser, 1999).
Não se sabe se ao visitarem a ACM de Montevidéu, os brasileiros viram os uruguaios jogando futebol em quadras de basquete, e trouxeram a novidade para o Brasil, ou se foram os próprios brasileiros que levaram este hábito para o Uruguai.
O que não se discute é que o Brasil é o grande expoente deste esporte e o responsável direto pelo seu crescimento, expansão e organização. No Brasil, o futebol de salão dava seus primeiros passos na década de 30 nas ACMS do Rio de Janeiro e São Paulo onde foram protagonizadas as primeiras práticas do futebol de salão (Saad, 1997). Em 1957 é oficializada no país a prática do futebol de salão pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), tendo as Federações Estaduais como filiadas.
Em 1996 surge no Brasil a Liga Nacional de Futsal, esta competição segue firme e forte até os dias de hoje e é a principal competição a nível nacional. Reúne os 20 principais times do Brasil.
No Brasil hoje temos mais de 5 mil equipes de futsal, com mais de 180 mil de jogadores federados, 1.672 clubes e 27 Federações filiadas a Confederação Brasileira de Futebol de Salão.
Hoje mais de 130 países são filiados a FIFA e nos Campeonatos Mundiais realizados desde 1996 na Espanha até o de 2008 no Brasil, os jogos foram transmitidos, ao vivo, para muitos países. Isso representa um passo gigantesco na busca do sonho de todo futsalonista, que é ver este esporte se tornar Olímpico.
Segundo Apolo (2004) em um passado recente, o condicionamento físico no futsal era considerado um fator de menor importância, porém, com as mudanças nas regras e o aumento na dinâmica do esporte, ou seja, jogadores universais, com todas as características de movimentação, houve a necessidade de aumentar os níveis de condicionamento físico para que os atletas suportassem o ritmo dos jogos, por isso colocou-se nas equipes a figura do preparador físico.
Em função de todo este processo evolutivo, para o futsal, o Condicionamento Físico passou a ser um conjunto de atributos que os jogadores precisam alcançar, relacionados à capacidade de desempenhar atividades físicas, técnicas e táticas especiais. É também conhecida como Aptidão Física (HOWLEY e FRANKS, 2000).
Por isso, o desenvolvimento da flexibilidade no esporte (futsal) passou a ser fundamental, mesmo a flexibilidade sendo uma qualidade complementar para esta modalidade ajuda na otimização dos gestos técnicos utilizados no jogo. (Riestra & Flix, 2003).
Podemos definir flexibilidade como a disponibilidade de uma articulação em ser movimentada ao longo de toda a amplitude natural do movimento. É uma característica própria de cada articulação, e depende não só desta como também do seu tecido circundante, nomeadamente ligamentos, músculos e tendões. É parcialmente condicionada pelo componente genético do indivíduo. Diminui progressivamente depois de acabar o desenvolvimento músculo-esquelético (PINTO, 2008).
Objetivo geral
Verificar e comparar os níveis de flexibilidade da equipe adulta e juvenil da universidade do Sul de Santa Catarina.
Objetivos específicos
Relacionar os níveis de flexibilidade conforme a categoria dos atletas;
Relacionar os níveis de flexibilidade conforme posição dos atletas;
Relacionar os níveis de flexibilidade conforme tempo de prática;
Correlacionar os índices de flexibilidade antes e após o treinamento e a competição.
Justificativa
A pesquisa foi realizada para evidenciar a importância da flexibilidade no futsal e destacar os motivos pelo qual trabalhar essa valência física é indispensável neste desporto, são eles: a maior amplitude dos movimentos facilitando o atleta no momento da execução de um gesto técnico utilizado no jogo como chutar a bola. Outro ponto importante é o perfeito relaxamento dos músculos antagonistas, porque, eles só se relaxam completamente se estiverem suficientemente alongados (MENDONÇA, 2005).
A flexibilidade auxilia na melhoria de vários gestos até mesmo nos aparentemente mais simples como, correr e frear o movimento da corrida e também ajuda a prevenir lesões, pois a prática tem confirmado que atletas com maior mobilidade são os que menos se machucam, enquanto as lesões musculares são mais freqüentes em atletas com menos flexibilidade (MENDONÇA, 2005).
Para Powers & Howley (2005) na modalidade futsal o maior volume do treinamento se da às valências como resistência anaeróbia, força, potência, velocidade, agilidade, sendo dada pouca atenção ao aperfeiçoamento da flexibilidade em relação a duração e freqüência das sessões de cada micro ciclo, o que justifica o tema abordado nesta investigação.
Hipóteses
H0=nenhuma variável mostra influenciar na flexibilidade dos atletas de futsal
H1=a idade influencia na flexibilidade dos atletas de futsal
H2= o tempo de prática influencia na flexibilidade dos atletas de futsal
H3=a posição do atleta influencia na flexibilidade dos atletas de futsal
H4=o treinamento influencia na flexibilidade dos atletas de futsal.
Histórico e conceitos de flexibilidade
Os primeiros indícios relacionados com atitudes de flexibilidade foram encontrados por volta do ano de 2500 a.C, nessa época foram encontradas as pinturas funerárias das tumbas de Beni Hassan, no Antigo Egito, onde aparecem alguns desenhos em que se observam exercícios de flexibilidade e o mais curioso é que nestes desenhos aparecem exercícios realizados individualmente e em duplas.
Posteriormente em Bangkok, há mais de 2.000 anos, estatuetas demonstram posturas em que a flexibilidade é desenvolvida.
No oriente, existem outras disciplinas também milenares as quais utilizam técnicas de alongamentos similares às da atualidade.
No ocidente, durante a época romana, existiam grupos que realizavam práticas de desenvolvimento da flexibilidade. Estes exercícios eram exibidos, na forma de espetáculo, em festas e reuniões daquela época. (Riestra e Flix, 2003).
O primeiro estudo relacionando flexibilidade à performance foi publicado em 1941, onde Cureton constatou que nadadores japoneses vitoriosos na olimpíadas de 1932 eram mais flexíveis que os americanos. (Tartaruga, 2004)
A flexibilidade é uma característica motora de primeira ordem para várias modalidades esportivas. Durante a pesquisa encontramos inúmeras definições para este termo, vários autores dão-lhe diferentes nomes e significados Grosser (1972 apud BARBANTI, 1997) a denomina de mobilidade articular, em virtude de sua principal ação sobre as articulações embora não sejam independentes em relação à elasticidade dos músculos dos ligamentos, cápsulas, etc.
Autores americanos usam a nomenclatura flexibilidade referindo-se tanto a capacidade das articulações como ao alongamento muscular. Outros denominam flexibilidade como uma mobilidade corporal, quer dizer a soma das mobilidades de várias articulações.
Conforme Barbanti (1997) flexibilidade é a capacidade de aproveitar os movimentos das articulações da forma mais ampla possível e todas as direções, ou seja, é a possibilidade de executar movimentos com grandes amplitudes de oscilação nas várias articulações participantes.
Riestra e Flix (2003) têm uma definição mais técnica para este termo, eles definem “flexibilidade como a capacidade mecânica fisiológica que se relaciona com o conjunto anatômico-funcional de músculos e articulações que intervêm na amplitude dos movimentos”.
Gettman (1994 apud Farias & Barros, 1998) relata que a flexibilidade nada mais é que movimentar as partes do corpo variando os movimentos sem distender excessivamente as articulações e os ligamentos.
Weineck (1999) relata que flexibilidade é a capacidade de se movimentar em grandes amplitudes com ou sem o auxilio externo, utilizando movimento das articulações. Já Araujo (1999) diz que a amplitude máxima de um movimento articular chama-se flexibilidade.
A flexibilidade é influenciada pela estrutura óssea da articulação, a quantidade de tecidos da articulação e a capacidade de extensão dos ligamentos, tendões e tecido muscular que passam pela articulação. Destes fatores, a capacidade de extensão dos ligamentos, tendões e tecido muscular que passam pela articulação são os programas mais afetados por um programa de treinamento. Fatores como hábitos sedentários e a falta de atividade física aumentam a gordura corporal e todos estes fatores juntos têm uma relação direta com a redução da flexibilidade. (Alssen et al, 1997).
Hábitos sedentários, falta de atividade física e o aumento da gordura corporal não foram fatores considerados importantes na medição da flexibilidade nesta pesquisa por se tratarem de atletas, ou seja, treinam diariamente em dois períodos.
A flexibilidade é uma das principais valências físicas, pois além de possibilitar a realização de tarefas físicas, reduz os riscos de lesões. Em atletas além destes fatores, a flexibilidade também melhora a amplitude dos movimentos, contribuindo assim, consideravelmente na redução de dores musculares. (Alssen et al, 1997).
Importância da flexibilidade
Para Gambetta (1999) alguns fatores determinam a flexibilidade, entre estes fatores podemos citar: a elasticidade e a extensão dos músculos e tendões envolvidos, a estruturas das articulações, o condicionamento físico do indivíduo e o estado psicológico. Estes fatores têm uma importância muito grande no dia a dia de qualquer ser humano. Porque não adianta um carro ser potente se estiver desalinhado ou um instrumento musical ser de excelente qualidade se estiver desafinado.
Com o corpo não é diferente, para uma ótima performance precisamos afinar nosso corpo e isso conseguimos através de um trabalho de flexibilidade.
A flexibilidade tem um papel fundamental tanto nas tarefas diárias quanto nas atividades do meio profissional. A vida sedentária, a má postura e até mesmo o desgaste sofrido pelo corpo nas próprias atividades cotidianas, diminuem a flexibilidade a tal ponto que o aumento da sobrecarga nas articulações pode resultar em dor (MENDONÇA, 2005).
Alter (1999) diz que um músculo contraído necessita de mais energia do que um músculo relaxa e este processo pode levar a fadiga gerando muitas vezes desconforto muscular, por isso, a flexibilidade além de manter o bom funcionamento do corpo, ajuda o ser humano a executar movimentos de maneira mais qualificada.
As pessoas em geral (atletas ou não), precisam da flexibilidade por menor que ela seja para se prevenir de dores musculares ou até mesmo lesões. Para Corbin e Fox (1999) a boa flexibilidade está diretamente relacionada com a manutenção da boa postura.
Flexibilidade x alongamento
Várias pessoas acreditam que estas duas palavras são sinônimas e outras até confundem os dois termos, porém a flexibilidade é a total amplitude de um movimento articular ou de grupos de articulações envolvidas. A flexibilidade vai no máximo até o ângulo de 0º, acima disso é considerada hiperflexibilidade Já o alongamento é um conjunto de técnicas e exercícios com o objetivo de esticar estruturas de tecido mole para manter ou aumentar a amplitude dos movimentos (SILVA, 2008).
Para Dantas (1989) alongamento é a forma de trabalho que visa manter os níveis de flexibilidade já existentes e realizar movimentos de amplitude normal com a menor restrição física possível.
Existem dois tipos de flexibilidade, ativa e passiva. Ativa é a máxima amplitude que se pode atingir pelos músculos de maneira voluntária e a passiva é a maior amplitude articular que se pode atingir com o auxílio de outra pessoa, aparelhos, força da gravidade, etc. (SILVA 2008).
Existem vários tipos de alongamento, porém os mais utilizados são os estáticos (passivo e ativo). Passivo é o alongamento feito com ajudas externas, enquanto o ativo é executado pelo próprio indivíduo envolvido na ação sem ajuda externa. (CANDIDO, 2009)
Para executar um exercício de alongamento estático (ativo ou passivo), o tempo recomendado considerado bom para ficar em cada posição é em torno de vinte a trinta segundos. (Vivamed, 2009)
Como evidenciado no Quadro 1, os métodos de treinamento de flexibilidade podem ser utilizados ao longo da periodização.
Período |
Fase |
Método |
Finalidade |
Preparação |
Básica |
Flexionamento Ativo |
Ênfase na Elasticidade Muscular, nas articulações que necessitam preservar sua estabilidade |
Flexionamento Passivo |
Ênfase na Mobilidade Articular, na musculatura que necessita potência ou sustentação |
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Específica |
Flexionamento FNP |
Obtenção do arco de movimento necessário para a performance |
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Competição |
- |
Alongamento |
Manutenção da Flexibilidade obtida sem risco de provocar lesão |
Transição |
- |
Flexionamento Passivo |
Aumento do nível geral de Flexibilidade |
Quadro 1. Métodos de Treinamento da Flexibilidade a serem utilizados ao longo da periodização. Fonte: DANTAS, 2009
Outro termo importantíssimo para o nosso conhecimento é o flexionamento, que é a força de trabalho para melhora da flexibilidade, onde a articulação é forçada até seu limite, no entanto este trabalho tem o risco de uma distensão muscular, por isso não pode ser utilizado como aquecimento, nem após atividades físicas e sim ter uma sessão especial de treinamento. Ele é trabalhado de forma passiva (com ajuda de outra pessoa), onde se deve alongar um pouco mais do que seu limite, segurar por seis segundos, fazer um novamente o alongamento e segurar por mais dez segundos. Executar de três a seis séries.
No entanto um indivíduo (atleta ou não) fazendo trabalho de alongamento simplesmente mantém a flexibilidade, se o objetivo deste indivíduo for ganhar mais flexibilidade, ele necessitará do trabalho de flexionamento. (SILVA,2008).
Para que a diferença entre alongamento e flexionamento fique mais clara e para entendimento desta diversidade de trabalho músculo – articular, o Quadro 2 demonstra as peculiaridades de cada método.
Característica |
Alongamento |
Flexionamento |
Efeito Fisiológico |
Deformação dos componentes plásticos (mitocôndrias, retículo sarcoplasmático, sistema tubular, ligamentos e discos intervertebrais) |
Ação sobre os mecanismos de propriocepção: Fuso Muscular, no caso de insistência dinâmica e Órgão Tendinoso de Golgi se a insistência for estática |
Efeito Durante a Performance |
Facilita a execução dos movimentos e aumenta sua eficiência pela pré-deformação desejável dos componentes plásticos |
Devido à ação residual da resposta proprioceptiva, provoca contratura se houver sido realizado flexionamento dinâmico ou, diminuição do tônus no caso do atleta realizar insistência estática imediatamente antes da prova |
Utilização |
Durante o aquecimento e na volta-à-calma |
Seções de treinamento para aumentar a flexibilidade |
Quadro 2. Diferenças Entre o Alongamento e o Flexionamento. Fonte: Dantas, 2009
Como se pode observar, o treinamento da flexibilidade fica, normalmente, outorgado ao aquecimento e resfriamento da sessão, o que confere cerca de 5% do volume total do treino, considerando-se que seja utilizado um dos momentos citados para o trabalho específico da valência em questão.
Flexibilidade em atletas de alto rendimento
Flexibilidade em relação ao treinamento de força
A flexibilidade melhora a capacidade mecânica dos músculos e articulações, o que acarreta em uma grande economia de energia.
Além destes benefícios a flexibilidade também melhora a eficiência motora e a consciência corporal o que facilita a execução dos gestos técnicos dos atletas.
O flexionamento/alongamento pode auxiliar no desenvolvimento da massa muscular, obviamente apenas isto não é suficiente. Fatores como estímulo da força, o repouso, a dieta e o fator genético do indivíduo são fundamentais para obter uma boa hipertrofia e uma boa flexibilidade.
Vários fatores influenciam a flexibilidade. Entre estes fatores podemos citar sexo, hora do dia, aquecimento, estado de treinamento, etc. (Tartaruga, 2004)
Pesquisas realizadas no Canadá mostram que o fator genético contribui cerca de 48% a 79% da flexibilidade, ou seja, indivíduos com pouca pré disposição genética de flexibilidade necessitarão de um treinamento mais rigoroso.
Geralmente esses indivíduos tendem a não ter uma harmonia corporal, pois a origem ou inserção dos músculos não estão totalmente alongadas, podendo ocasionar problemas posturais. A flexibilidade auxilia não só nos problemas citados anteriormente como também no ganho de força, porque aumenta com a produção de proteína, ativa a miosina e auxilia na formação de sarcômeros em série. (Perrone et al, 1995; Dix e Eisenbere, 1990).
A flexibilidade tende a diminuir com o passar dos anos, além disso, o encurtamento muscular, devido ao volume de massa muscular se deve a não manutenção do trabalho de flexibilidade paralelo ao desenvolvimento muscular.
Por isso Cortes (2002), diz que a flexibilidade e a força são valências físicas complementares. Por esse motivo Bompa (apud Cortes 2002), sugere que antes de trabalhar força muscular, deve-se desenvolver a flexibilidade articular.
Não existe uma única resposta em relação à flexibilidade e hipertrofia muscular, o que sabemos é que a flexibilidade não limita o desenvolvimento muscular e vice-versa. Por isso consideramos que a flexibilidade e a força são valências físicas que se completam.
Flexibilidade relacionada à especificidade no futsal e características por posição de jogo
Para Laudier (1998), os atletas de futsal necessitam de várias valências físicas para uma melhor performance. Dentre tantas podemos destacar algumas como a força, velocidade, flexibilidade, etc.
A força para Barbanti (1997 apud Giannichi e Martins, 2003) é a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, em algum movimento particular. A capacidade de velocidade se manifesta na possibilidade do atleta executar ações motoras, no menor tempo possível em determinado percurso.
Uma equipe de futsal é composta por atletas em quatro diferentes posições na quadra de jogo; goleiro, fixo, alas e pivô; sendo que todas as posições necessitam de várias valências físicas, porém cada uma delas tem suas particularidades. Tolussi (1982) caracteriza o Pivô como um jogador de extrema velocidade, agilidade e força, que está sempre envolvido em jogadas rápidas, de explosão e divididas de bola; os alas devem ter boa resistência e precisão no passes, além de serem os mais completos fisicamente, pois são responsáveis tanto por atacar quanto por defender; o fixo deve ter força e firmeza nas roubadas de bola, além de efetuar coberturas e comandar a marcação; e o goleiro por sua vez deve ter boa colocação, agilidade, velocidade de reação, flexibilidade, devendo também saber o posicionamento tático e as jogadas da sua equipe e prever as do adversário.
De acordo com Bello (1998) as posições ocupadas pelos jogadores (goleiro, fixo, alas e pivô) são apenas representações teóricas, pois o rodízio constante e a dinâmica do jogo obriga a passagem de todos atletas por todas as posições (funções) na quadra.
Além de Bello (1998), outros autores como Fernandes (s/d) e Santana (2004) também afirmam que as posições não são fixas. Os atletas ficam em constante movimentação em quadra mudando de função em todo momento de acordo com as exigências táticas do jogo. Por este motivo cabe salientar que existe um perfil físico muito semelhante entre as posições, mas destacamos as características principais de cada posição para um melhor esclarecimento sobre o jogo de futsal.
A flexibilidade, como valência específica, está relacionada positivamente em cada uma das posições, auxiliando tanto ao desenvolvimento da parte técnica quanto na parte tática dos atletas de alto rendimento desta modalidade.
Flexibilidade e vantagens
Profilaxia e benefícios
Para Dantas (1989) a flexibilidade exerce um papel fundamental na capacidade motora dos atletas, influenciando diretamente no aperfeiçoamento motor, na eficiência motora, na consciência corporal e na profilaxia de lesões. Com estes aperfeiçoamentos acima citados os atletas terão uma significante melhora nos gestos específicos do jogo aumentando seu desempenho.
Quanto mais alto for o nível de exigência da performance, mais atenção se deve dar a flexibilidade, o que não significa alcançar o máximo possível da mobilidade, porque ao contrário de todas as outras valências físicas, a flexibilidade não é melhor quanto maior for. Existe um nível ótimo para cada indivíduo de acordo com os seus componentes corporais, ou seja, ligamentos, articulações, músculos e outras estruturas envolvidas (Mendonça, 2005)
Os atletas de alto rendimento seguem um programa de treinamento de flexibilidade assim terão inúmeros benefícios. Dentre estes benefícios Alter (1999) cita o relaxamento da tensão, o relaxamento dos músculos, a autodisciplina, a simetria corporal, o alívio das dores musculares e das câimbras como fundamentais para exercerem suas funções visando a excelência.
Método
Caracterização da investigação
O presente estudo de cunho transversal se caracteriza como quantitativo, quanto aos seus objetivos descritivos, pois verificará e descreverá os índices de flexibilidade dos atletas antes e após o treinamento da modalidade de FUTSAL, da equipe adulta e juvenil da UNISUL ESPORTE CLUBE. Quanto aos seus procedimentos é trata-se de um estudo de campo, pois será aplicado o teste de flexibilidade nos atletas supracitados na quadra de treinamento. (ANDRADE, 2004)
Amostra
Amostra consistiu em 18 atletas (10 juvenis e 8 adultos ) da equipe de futsal do UNISUL Esporte Clube que possui um total populacional de 22 atletas1 nestas categorias.
Instrumentos e materiais
O instrumento que foi utilizado foi o protocolo de Banco de Wells, conforme figura 1.
Figura 1. Banco de Wells. Fonte: Mc Ardlle,William D; Katch, Frank I; Katch Vitor L. (2008)
Classificação dos índices de flexibilidade de tronco, para homens, utilizando o teste de "sentar e alcançar" com o banco de Wells (cm).
Quadro 3. Classificação dos índices de flexibilidade
Fonte: Mc Ardlle,William D; Katch, Frank I; Katch Vitor L. (2008)
Procedimentos de coleta
No primeiro momento foi requerida autorização do comitê de ética da ULBRA para aplicação dos testes, depois da aprovação do projeto pelo comitê de ética, foi solicitada uma autorização para o supervisor da equipe. Logo após as autorizações entramos em contato com o treinador e preparador físico. Após o contato e autorização dos mesmos iniciou-se a coleta do termo de consentimento escrito da supervisão do clube e deram-se início os testes de flexibilidade. O teste foi aplicado antes e após o treinamento.
A realização do teste foi na própria quadra de treinamento. Participaram dos testes aqueles atletas que estavam em condições de treino, sem problemas clínicos e que o clube tenha autorizado.
O teste de Flexibilidade com Banco de Wells foi realizado da seguinte forma: utilizou-se um cubo construído com peças de 30 x 30 cm (com variação de 0.5 cm). Também contem uma peça tipo régua de 53 cm por 15 cm de largura. Coloca-se esta régua no topo do cubo, na região central fazendo com que a marca de 23 cm fique exatamente em linha com a face do cubo onde os atletas apoiarão os pés (os pés devem estar descalços).
Na realização do teste os atletas sentam-se de frente para a base da caixa com as pernas unidas e estendidas. Colocam uma mão sobre a outra e tentam alcançar o ponto mais distante da régua que conseguirem sem flexionar os joelhos e sem utilizar movimentos de balanço (insistência).
Os atletas fizeram o teste 1 ( pré treino de futsal regular ) de flexibilidade no momento em que chegarem no ginásio; e o teste 2 foi executado na quadra após o término do treino.
Cada atleta realizou duas tentativas registrando o melhor resultado entre as duas execuções. (BRASIL, 2009)
Tratamento estatístico
Os dados foram submetidos à estatística descritiva, média, desvio padrão, coeficiente de variação e testes t student, para análise paramétrica dos resultados amostrais registrados e posteriormente discutida, sendo que o coeficiente de variação tolerável é no máximo 30%. Para tanto utilizou de uma planilha do programa Microsoft Excel. O teste t student tem o nível de significância (p≤ 0,05).
Discussão dos resultados
Quanto aos resultados encontrados nos atletas sobre os índices de flexibilidade. As variáveis estão divididas em: posição, categorias, tempo de prática e o total do grupo, sendo que todas estas variáveis foram analisadas antes e depois do treino.
Tabela 1. Média, desvio padrão e coeficiente de variação (todas variáveis antes e depois do treino) aferida por posição
Fonte: Autor, 2009.
Na tabela acima pode-se verificar que as médias dos goleiros nos índices de flexibilidade foram à melhor, logo abaixo vieram os alas, os pivôs obtiveram a terceira melhor média tanto no pré quanto no pós treino, enquanto os fixos ficaram com as menores médias. O desvio padrão foi muito próximo entre as posições com exceção dos fixos que tiveram um valor bem superior. O coeficiente de variação foi considerado dentro dos padrões toleráveis em todas as posições, com exceção dos fixos que obtiveram o coeficiente de variação acima do tolerável.
Gráfico 1. Por posição antes e depois do treino, índice de flexibilidade dos atletas. Fonte: Autor, 2009.
Na tabela e no gráfico acima podemos verificar que os goleiros apresentaram uma flexibilidade superior às demais posições, os alas ficaram logo abaixo nas medidas dos índices, os pivôs tiveram o terceiro melhor índice e os fixos tiveram os menores índices entre todas as posições.
Tabela 2. Percentual de melhora por posição dos índices de flexibilidade antes e depois do treino
Fonte: Autor, 2009
Na tabela acima pode-se verificar que todas as posições melhoraram os índices de flexibilidade no segundo teste (pós treino), em relação ao primeiro teste (pré treino). Os fixos obtiveram uma melhora significativa, seguidos dos pivôs, os alas ficaram com o terceiro maior índice e os goleiros obtiveram a melhora menos significativa entre todas as posições.
Tabela 3. Média, desvio padrão e coeficiente de variação (todas variáveis antes e depois do treino) aferida por categoria
Fonte: Autor, 2009.
Na tabela acima pode-se verificar que os atletas da categoria adulto têm na média os índices de flexibilidade maiores que os atletas da categoria juvenil. O desvio padrão das duas categorias ficou bem próximo, com o juvenil com o desvio padrão um pouco mais alto. O coeficiente de variação está dentro do considerado tolerável em ambas as categorias.
Gráfico 2. Comparativo dos índices de flexibilidade dos atletas juvenis e adultos antes e depois do treino. Fonte: Autor, 2009
No gráfico acima verificamos que os atletas, da categoria adulto, obtiveram melhores índices em relação aos atletas da categoria juvenil tanto no pré treino quanto no pós treino. A melhora da categoria adulto em relação à categoria juvenil se verificou não só na média total como também em centímetros do pós treino em relação ao pré treino.
Tabela 4. Percentual de melhora por categoria dos índices de flexibilidade antes e depois do treino
Fonte: Autor, 2009.
Na tabela acima pode-se verificar que ambas as categorias melhoraram os índices de flexibilidade no segundo teste (pós treino), em relação ao primeiro teste (pré treino), sendo que a categoria adulto obteve um aumento nos índices de flexibilidade mais significativo.
Tabela 5. Média, desvio padrão e coeficiente de variação (todas variáveis antes e depois do treino) aferida por tempo de prática
Fonte: Autor, 2009.
Na tabela acima pode-se verificar que os atletas com menor tempo de prática apresentaram a melhor média nos índices de flexibilidade antes do treino, logo atrás vieram os atletas com tempo de prática intermediário e os atletas com maior tempo de prática tiveram a pior média dos índices de flexibilidade. Depois do treino os atletas do grupo intermediário obtiveram a melhor média, seguido pelos atletas que praticam há menos tempo e a menor média ficou com os atletas que praticam a mais tempo. O desvio padrão ficou próximo entre os atletas com no até 5 anos de pratica e os atletas com anos de pratica entre 6 e 10 anos, os atletas com tempo de prática superior a 10 anos ficaram um pouco acima. O coeficiente de variação só não esteve dentro do considerado tolerável nos atletas com tempo de prática superior a 10 anos.
Gráfico 3. Por tempo de prática antes e depois do treino, índice de flexibilidade dos atletas.
Fonte: Autor, 2009
No gráfico acima os atletas com menor tempo de prática apresentaram a melhor média nos índices de flexibilidade antes do treino, logo atrás vieram os atletas com tempo de prática intermediário e os atletas com maior tempo de prática tiveram a menor média dos índices de flexibilidade. Depois do treino os atletas do grupo intermediário ficaram com a melhor média, seguidos pelos atletas que praticam há menos tempo e a menor média ficou com os atletas que praticam há mais tempo.
Tabela 6. Percentual de melhora por tempo de prática dos índices de flexibilidade antes e depois do treino
Fonte: Autor, 2009.
Na tabela acima podemos verificar que todas as posições melhoraram os índices de flexibilidade no segundo teste (pós treino), em relação ao primeiro teste (pré treino). Os atletas do grupo intermediário obtiveram uma melhora mais significativa, seguidos pelos atletas com tempo de prática superior a 10 anos e os atletas com menor tempo de prática ficaram com a melhora menos significativa.
Tabela 7. Média, desvio padrão e coeficiente de variação (todas variáveis antes e depois do treino) aferida do total do grupo
Fonte: Autor, 2009.
Na tabela acima verificamos que o grupo obteve uma melhora no segundo teste (pós treino) em relação ao primeiro teste (pré treino). O desvio padrão se aproximou nos dois testes. O coeficiente de variação ficou dentro do tolerável.
Gráfico 4. Total do grupo antes e depois do treino, índice de flexibilidade dos atletas. Fonte: Autor, 2009
No gráfico acima verificamos que o grupo obteve uma melhora no segundo teste (pós treino) em relação ao primeiro teste (pré treino). Percentual de melhora do total do grupo dos índices de flexibilidade antes e depois do treino foi de 7,28 %.
Com isso, podemos verificar que o grupo obteve uma melhora no segundo teste (pós treino) em relação ao primeiro teste (pré treino). Todas as variáveis avaliadas obtiveram na média uma classificação considerada “excelente” conforme o protocolo William & Katch (2008).
Tabela 8. Teste-t: duas amostras em par para médias dos atletas da categoria adulto antes e depois do treino
Fonte: Autor, 2009.
Existe diferenças entre as médias do pré e pós treino com significância estatística de aproximadamente 2%.
Tabela 9. Teste-t: duas amostras em par para médias dos atletas da categoria juvenil antes e depois do treino
Fonte: Autor, 2009.
Existe diferenças pequena diferença entre as médias do pré e pós treino não tendo significância estatística por apresentar de aproximadamente 35%.
Conclusões e recomendações
Através desta pesquisa realizada com os atletas de alto rendimento da equipe de futsal do Unisul Esporte Clube, foi possível concluir, como em outros trabalhos referenciados, a relevante importância da flexibilidade nos atletas de futsal de alto rendimento, Hernandes Junior (2002) explica que a flexibilidade é uma das valências físicas de maior importância para o desempenho atlético, porem nos treinamentos nem sempre existe a quantidade necessária de treino para que elas sejam realmente trabalhadas e aprimoradas.
Relacionando os níveis de flexibilidade conforme a categoria dos atletas e aplicando o t-Student (p≤0,05), verificamos que entre as duas categorias antes e depois do treino apresentou significância para a categoria adulto P= (0,0172) e não significância para categoria juvenil P= (0,359). Os atletas da categoria adulta tiveram os melhores índices de flexibilidade, no desvio padrão o ambas as categorias se aproximara com o juvenil tendo um desvio padrão um pouco mais alto e coeficiente de variação as duas categorias ficaram dentro do tolerável. Ambas as categoria melhoraram os índices no pós treino, entretanto a categoria adulto obteve uma melhora em percentual dos índices de flexibilidade maior que a categoria juvenil, porém cabe salientar que os atletas adultos permaneceram até o final do treinamento em atividade, diferente dos atletas juvenis que saíram um pouco antes. Assim sendo podemos sugerir que esta melhora pode ter se dado em virtude dos adultos estarem mais aquecidos.
Ao comparar os níveis de flexibilidade por posição, concluímos que os goleiros tiveram os melhores índices, enquanto as outras posições apresentaram os níveis muito semelhantes, isto se deve ao treinamento diferenciado que os goleiros têm em relação aos jogadores de linha (demais posições). Todas as categorias apresentaram uma melhora nos índices do pós treino. O desvio padrão de todas as posições foi semelhante, porém os fixos ficaram com o desvio padrão bem mais elevado. Em relação ao coeficiente de variação os goleiros, os alas e os pivôs ficaram dentro do tolerável, porém o coeficiente de variação dos pivôs apresentou uma diferença grande do pré treino em relação ao pós treino, isto se deve a um atleta que estava lesionado gravemente e não participou treino, portanto só fez o teste antes do treino; os fixos ficaram com o desvio padrão bem mais elevado que as demais posições e com o coeficiente de variação muito acima dos limites toleráveis em virtude de um atleta que atua nesta posição ter um déficit muito grande nos níveis de flexibilidade em relação aos demais.
Fazendo a análise dos níveis de flexibilidade dos atletas por tempo de prática, podemos afirmar que todos os índices ficaram muito próximos, portanto as mínimas diferenças se devem muito mais a flexibilidade individual dos integrantes de cada grupo, do que relacionar essas diferenças ao tempo de prática. Todos os grupos melhoraram os índices no segundo teste (pós treino). O desvio padrão foi semelhante entre os atletas com tempo de prática de no Maximo 5 anos e com os que tem entre 6 e 10 anos, os atletas com mais de 10 anos apresentaram um desvio padrão superior ao demais. O coeficiente de variação só não esteve dentro do tolerável nos atletas com mais de 10 anos de prática, concluímos que as diferenças tanto do desvio padrão quanto do coeficiente de variação está diretamente relacionado a um atleta deste grupo ter um déficit muito grande nos níveis de flexibilidade em relação aos demais.
Na verificação do total do grupo percebemos que o grupo melhorou os índices de flexibilidade nos segundo teste, o desvio padrão baixou um pouco no segundo teste, mas continuou próximo do primeiro teste e que o coeficiente de variação está dentro do considerado tolerável.
Diante dos resultados identificados, torna-se imprescindível a trabalhar esta valência física em programas de treinamento do desporto futsal, tendo em vista os benefícios evidenciados e comprovados que a flexibilidade proporciona. Concluímos que a maioria esmagadora dos atletas tem índices de flexibilidade no nível “excelente” conforme protocolo William & Katch (2008), contudo observamos que os índices de flexibilidade têm mais relação com a capacidade individual de cada atleta do que propriamente com o programa de treinamento de flexibilidade que temos conhecimento que é muitas vezes preterido em relação a outras valências.
Sugerimos que outros estudos sejam realizados no sentido de levantar mais informações pertinentes ao assunto e já nos colocamos em trabalho com os demais dados coletados e, nossa intenção além da formalização desta pesquisa, foi criar um banco de dados que possibilite o cruzamento futuro destas informações com outros trabalhos investigativos.
Nota
1. Quatro atletas não participaram da coleta em virtude de estarem em tratamento médico.
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