A busca do equilíbrio entre os fundamentos técnicos do esporte e a tematização da cultura corporal En busca del equilibrio entre los fundamentos técnicos del deporte y la tematización de la cultura corporal |
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Mestre em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo Pesquisador do Centro de Estudos em Sociologia das Práticas Corporais e Estudos Olímpicos |
Igor Barbarioli Muniz (Brasil) |
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Resumo Analisa duas das principais obras sobre tendências pedagógicas da Educação Física, com foco o esporte no contexto escolar, na tentativa de buscar um equilíbrio entre o domínio dos fundamentos técnicos do esporte e a reflexão pedagógica da cultura corporal. Para tanto, realizou-se uma revisão das perspectivas crítico-superadora (Bracht et al., 1992) e crítico-emancipatória (Kunz, 1994), em concomitância com obras mais recentes de Freire (2006) e Paes e Balbino (2005), com o objetivo de combiná-las tendo em vista uma Educação Física que respeite o desenvolvimento do conteúdo técnico e o conteúdo crítico. Unitermos: Cultura corporal. Reflexão pedagógica. Deporte. Fundamentos técnicos.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, Noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O esporte majoritariamente desenvolvido nas aulas de Educação Física escolar tem se caracterizado pelo alto rendimento, preconizando a evolução da performance, o refinamento dos fundamentos técnicos específicos, a comparação de resultados, a seleção dos mais habilidosos, com biótipo que atendam os padrões impostos pela sociedade e valorizado pela mídia. Neste sentido, o esporte na escola reproduz os códigos e os valores impostos pelo sistema capitalista e, com isso, não tem sido uma prática acessível a todos os alunos.
O esporte que defendemos aqui é uma manifestação social, sendo, portanto, uma construção histórico-social do homem, que ao longo do tempo se desenvolveu culturalmente. Entendido também como um espaço de aprendizagem para todos, de respeito à diversidade humana. Com isso, o esporte deve se apresentar pedagogicamente como esporte da escola, instrumentalizando o aluno, para assim possibilitá-lo refletir e criticar os contextos que têm influenciado esta prática. Porém, não se pode perder de vista a importância que os elementos técnicos do esporte têm para o desenvolvimento do mesmo.
Nesta perspectiva, analisamos as tendências crítico-superadora e crítico-emancipatória, duas das mais importantes no campo da Educação Física, embora em constante diálogo com outras teorias, para buscar uma combinação entre elas, tendo como meta estabelecer um processo de ensino-aprendizagem do esporte em equilíbrio com o desenvolvimento do domínio técnico esportivo e a reflexão sobre a cultura corporal.
O esporte no contexto escolar: na procura do equilíbrio entre o domínio técnico e a reflexão pedagógica sobre a cultura corporal
Sabe-se que existem diferentes perspectivas da Educação Física Escolar na dinâmica curricular, o que interfere no ensino dos esportes e, por conseguinte, no projeto de aluno que pretendemos ajudar a formar.
Em uma breve panorama sobre o esporte na Educação Física escolar, Costa, Rossetto Júnior e D’Angelo (2008) constatam que ainda predomina a confusão dos princípios sugeridos pelo esporte educacional e uma prática que, muitas vezes, reproduz as características e a visão do esporte de alto rendimento, em que o que vale é a performance, a quebra do recorde, a seleção dos mais habilidosos, a marginalização e exclusão dos que não atendem aos padrões esportivos divulgados e valorizados pela mídia.
O livro “Metodologia do ensino da educação física”, conhecido também em nosso campo acadêmico como “Coletivo de Autores”, uma das obras mais relevantes na área da Educação Física, focando o contexto escolar, considera a perspectiva destacada no parágrafo anterior como sendo aquela cujo objeto é o desenvolvimento da aptidão física. Centraliza o aprendizado do aluno no exercício das atividades corporais que lhe permitam atingir o máximo de rendimento de sua capacidade física, por isso, o esporte é selecionado porque possibilita o exercício de alto rendimento, além de gozar de um grande prestígio social.
Kunz (1994) critica esse modelo de educação física escolar que direciona o ensino dos esportes para o objetivo do alto rendimento preconizando o desenvolvimento do domínio físico-técnico, através de procedimentos de ensino que direcionam cada vez mais na especialização de funções, na repetição exaustiva de gestos técnicos até alcançar a perfeição e automatização. Ou seja, a educação física, nesta perspectiva, tem sido um espaço de treinamento, de detecção de talentos, de exclusão dos menos habilidosos.
Na visão de Bracht et al. (1992), o esporte deve ser tratado como prática social que institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, carregado de códigos, sentidos e significados da sociedade que o cria e o pratica, mas isso não significa que o esporte desenvolvido nas aulas de educação física tenha que se subordinar aos valores impostos pela nossa sociedade, como por exemplo, o rendimento atlético-desportivo, competição, comparação de rendimentos e resultados, regulamentação rígida (Bracht et al. [1992] caracterizou este processo como esporte “na” escola). Para estes autores, o esporte deve ser abordado pedagogicamente no sentido do esporte “da” escola e não como o esporte “na” escola, possibilitando o aluno desenvolver a capacidade de criticá-lo dentro de um contexto sociocultural, rompendo com paradigmas e preconceitos atribuídos pela sociedade.
A escola pode, por exemplo, problematizar o esporte como fenômeno sociocultural, construindo um ensino que se confronte com aqueles valores e códigos que o tornaram excludente e seletivo, para dotá-lo de valores e códigos que privilegiam a participação, o respeito à corporeidade, o coletivo e o lúdico, por exemplo. Agindo assim, ela produz uma outra forma de apropriação do esporte, produz um outro conhecimento acerca do esporte (BRACHT ET AL., 1992).
A perspectiva da cultura corporal, por exemplo, que no âmbito da Educação Física apresenta características bem distintas das da tendência anterior, busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre as formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, esportes, dentre outros temas (BRACHT ET AL., 1992).
Desenvolve também em sua prática pedagógica oportunidades para que os alunos entendam que as atividades corporais foram construídas histórica e socialmente, conforme as necessidades humanas, sendo adaptada a cada situação relacional. Podemos perguntar qual o sentido de desenvolver a visão histórica da cultura corporal? O objetivo é fazer com que os alunos compreendam que o movimentar-se é fruto da produção humana, algo inesgotável. Com isso, acredita-se que o aluno sentirá instigado a assumir a postura de produtor de outras atividades corporais, estimulando a sua criatividade e a liberdade expressiva dos movimentos a partir de situações experimentadas nas aulas de Educação Física (BRACHT ET AL., 1992).
Apropriando-se de algumas considerações de Bracht et al. (1992), entendemos que alguns valores do esporte precisam ser resgatados na escola, como, por exemplo, privilegiar o coletivo sobre o individual, o compromisso com a solidariedade e o respeito humano. Para isso, é preciso discutir a sua história, lembrar de seu passado “nobre” na Inglaterra do século XIX, dos valores do esporte amador, onde segundo Elias (1992), privilegiava-se o prazer dos jogadores, a despreocupação com o resultado, a valorização dos valores éticos e morais. Além disso, o esporte possibilita trabalhar com outros temas, tais como: o esporte enquanto jogo com suas normas, regras universais; o esporte enquanto espetáculo esportivo; esporte e o mercado de trabalho; esporte, paixão e violência; esporte e gênero; e esporte e o padrão de corpo exigido em sua prática. Em nossa opinião, trabalhar com essas temáticas é um grande desafio para professores e alunos, não somente pelos temas em si, mas também porque o ensino do esporte na escola precisa ser entendido para além do jogar esporte, embora este seja elemento das aulas de Educação Física.
Pensando um pouco mais sobre estas temáticas, por exemplo, “o esporte e as suas normas”, sugerida no parágrafo anterior, pode-se discutir a razão da existência de regras, não só no esporte, mas na sociedade de um modo geral. Podem-se criar situações problematizadoras que possibilite discutir questões, como: Para que servem as regras? Por que respeitá-las? Podemos criá-las em nossas aulas? Compreendê-las de uma maneira mais crítica ajudaria os alunos a entender o convívio em grupos, refletindo sobre os limites de cada participante, o respeito que se deve ter com o outro, podendo inclusive discordar de algumas regras, modificando-as com a participação dos alunos, o que de fato pode ser considerado uma rica contribuição para o desenvolvimento social e moral (apropriação das idéias de Freire (2006) para o ensino do futebol).
A proposta de Paes e Balbino (2005) para o ensino do esporte tenta considerar o aprendizado dos fundamentos básicos e específicos da modalidade, mas também propiciar aos alunos discussões de suas dimensões culturais e sociais. Pensando o esporte em uma visão mais abrangente de prática esportiva, os autores destacam quatro pontos fundamentais para o processo de ensino: diversidade, inclusão, cooperação e autonomia.
Paes e Balbino (2005) defendem que o aluno deve vivenciar uma pluralidade de movimentos e a diversidade de situações-problema que o esporte pode oferecer, evitando a competição exacerbada e a especialização esportiva precoce. Quanto à inclusão, a proposta é oferecer jogos, brincadeiras que estimulem a prática coletiva e a participação de todos; a idéia aqui é justamente assegurar a todos os alunos o acesso às modalidades esportivas, independentemente de seu tipo físico. As aulas precisam oferecer oportunidade para compreensão do significado da cooperação e de que o esporte, como prática coletiva, se faz com a participação do outro. A última categoria colocada pelos autores diz respeito à instrumentalização do aluno, no sentido de proporciona-lhe autonomia para convivência com a modalidade aprendida.
As propostas apresentadas até o momento fogem do panorama mostrado o início do texto, em que o esporte desenvolvido na escola é, majoritariamente, voltado para o alto rendimento, centralizado nas capacidades físicas, técnicas e táticas. Mas vale ressaltar que, apesar disso, não somos contra o desenvolvimento de tais habilidades, apenas não as consideramos como conteúdos centrais. Nesse sentido, encontramos na obra de Freire (2006), Pedagogia do Futebol, uma maneira lúdica de trabalhar o ensino da técnica, que embora seja voltado para o futebol, adéqua-se perfeitamente ao ensino de qualquer modalidade esportiva. Freire (2006) acredita que devemos ensinar com brincadeiras, com diversão, com carinho, com liberdade expressiva, com criatividade, evitando práticas desagradáveis, como aquelas em que o aluno é submetido a dezenas de repetições de movimentos padronizados (estereotipados), acompanhado do velho discurso que só a custa do sofrimento, do treinamento exaustivo que se torna um grande jogador.
Ainda a respeito do aprendizado dos gestos técnicos do esporte, além de sua execução propriamente dita, Bracht et al. (1992) destacam dimensões do sentido que a ação de passar a bola pode ter para com o outro. Por exemplo, passar a bola para o companheiro estabelece uma relação na qual se materializam sentimentos variados, como: vontade de dar o outro alguma coisa; dispor-se a receber de outro uma coisa; negar-se a dar; negar-se a receber; avaliar que é mais fácil passar para o outro do que receber. É necessário que o professor promova estratégias pedagógicas para a compreensão do que é equipe, bem como o papel solidário que cada um dos seus membros deve ter, estimulando ações coletivas.
Ainda na visão de Freire (2006) deve fazer parte da pedagogia de qualquer esporte conversar sobre os acontecimentos da aula, colocar o aluno em situações desafiadoras, estimulá-lo a criar suas próprias soluções e a falar sobre elas, levando-o a compreender suas ações. São estratégias que contribuem para o desenvolvimento da inteligência do aluno. Neste aspecto, respeitando as divergências entre as propostas discutidas até aqui e aquelas que por ora entrarão no debate – Coletivo de Autores (1992), Freire (2006), Paes e Balbino (2005), e Kunz (1994) –, acreditamos que este último autor traz boas contribuições para a visão pedagógica do esporte, principalmente por priorizar o desenvolvimento da competência objetiva, da competência social e da competência comunicativa, as quais consideramos essenciais no processo de ensino-aprendizado dos esportes.
A competência objetiva é representada pelos conhecimentos e habilidades relativos ao “saber” e “saber fazer” específicos que caracterizam uma determinada modalidade esportiva. No ensino do esporte é indispensável conhecer fundamentos técnicos, táticos e regulamentações básicas da mecânica de funcionamento para que o aluno possa usufruir prazerosamente da sua experiência ou de seu consumo como espectador (KUNZ, 1994).
A competência social está relacionada aos conhecimentos e esclarecimentos para entender as relações socioculturais do contexto, seus problemas, contradições, os diferentes papéis e expectativas. Através dela é possível atuar na compreensão, por exemplo, das diferenças e discriminações entre os sexos, superando alguns paradigmas “pedagógicos” das aulas de esporte na educação física escolar, como no caso da separação entre gêneros (KUNZ, 1994). Este pode ser um dos eixos de discussão no ensino do esporte da escola. Por meio do trabalho misto nas aulas de Educação Física podem-se minimizar as desigualdades entre os gêneros. É possível proporcionar as mesmas experiências de prática corporal a ambos os sexos, desafiando-os a vivenciarem formas diferentes e alternativas dessa prática, provocando-os a se relacionarem e compreenderem, de diferentes formas, o masculino e o feminino.
Já a competência comunicativa está relacionada às diferentes linguagens, sendo que a verbal é a principal a ser desenvolvida, pois permite aprender a compreender. O professor deve incentivar o aluno a participar de discussões coletivas que surgem durante as aulas, quer seja por uma dúvida ou sugestões de outros colegas, pois é preciso que o aluno compreenda que o ensino do esporte não se é dá apenas pelas experiências objetivas (práticas), mas também pelo próprio falar sobre as experiências e entendimentos do contexto que envolve esta modalidade. A competência comunicativa, então, está relacionada ao entendimento crítico (KUNZ, 1994).
Acreditamos que toda mudança pedagógica nas aulas de Educação Física escolar será sempre alvo de muita resistência por parte dos alunos. Romper com uma pedagogia tradicional, fugindo da priorização das capacidades físicas e técnicas, da busca pelas melhores performances é um desafio. Entendemos que é papel do professor construir e pôr em práticas alternativas pedagógicas que possibilite ao aluno o aprendizado dos fundamentos básicos do esporte, para que ao menos o jogo possa ser desenvolvido nas aulas. Em contrapartida, a educação física deve ser um espaço de interlocução ou de aproximação das relações entre professor e alunos, oportunizando a reflexão crítica sobre a compreensão do fenômeno esportivo, como produção cultural humana, que deve ser pensada em concomitância com outros contextos que o influenciam. Será uma tarefa difícil para professores e alunos? Não devemos como professores pensar em limites para a nossa prática pedagógica, mas sim em desafios. A palavra “limite”, na nossa visão, não é a mais adequada ao papel de um educador, pois o impossibilita do desafio de educar, uma vez que passa a mensagem de que o ensino do esporte possui uma linha demarcatória entre o possível e o impossível de se realizar pedagogicamente.
Resgatar valores do esporte amador, destinado ao prazer de seus participantes, com pouca ênfase nos resultados já é em si um desafio para o professor. Vale ressaltar que não somos contra o esporte no modelo “esporte espetáculo” e, por sua vez, de alto rendimento, mas de fato a escola não é o seu lugar. Porém, não podemos também virar as costas para a competição esportiva, afinal, conforme Lovisolo (1999), a competição que se baseia em ganhar e perder é a alma do esporte, sendo que toda prática esportiva desenvolvida na escola terá algum grau de competição. E o mais importante, o esporte é representante e componente de nossa cultura, portanto não deve ser negado à escola nem aos alunos. Porém, podemos dar outro sentido ao esporte escolar, ampliando inclusive o seu procedimento pedagógico, abrangendo seus sentidos sociais, ensinando os alunos a perder e a ganhar, a lidar com ambos as condições de jogo e com os sentimentos produzidos por ele. Devemos também tematizar com os alunos, e a refletir com eles, sobre o sistema vitória-derrota, pois concordamos com as idéias de Rubio (2006), quando diz que a vitória não é idêntica a uma experiência de êxito e a derrota não é em si uma experiência de fracasso.
Conlusão
Antes de finalizar, concordamos com Rezer (2006) que o ensino do esporte deve passar pelos conteúdos técnicos e os conteúdos críticos, por isso a escolha de diferentes abordagens e autores, que por sinal, reconhecemos que possuem idéias que convergem e divergem um dos outros, mas optamos por se apropriar um pouco da visão de cada um, especialmente naquilo que acreditamos serem suas maiores contribuições.
Não há em nossa opinião o autor e/ou a abordagem, mas sim olhares diferentes para um mesmo objeto, com limitações, é verdade, mas que podem ser combinadas para que o ensino do esporte na escola faça parte de um projeto ainda maior da educação física, contribuindo para o processo de formação, construção e socialização de cada indivíduo. Sabemos também que não existe uma única pedagogia para o ensino do esporte, aplicável a todas as situações, pois ela deve ser criada e recriada mediante a necessidade (característica) de cada aluno e/ou turma e do contexto que o(a) cerca. Foi um pouco disso que tentamos expor aqui.
Referências
BRACHT ET AL. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992.
ELIAS, N.; DUNNING, E. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1992.
FREIRE, J. B. Pedagogia do futebol. Campinas: Autores Associados, 2006.
KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Unijuí, 1994.
LOVISOLO, H. R. (Docente): Cofres-palavras: pertencimento, participação e cooperação na educação física. Motus Corporis; 1999; 6; 1; 128-142.
PAES, R.R.; BALBINO, H.F. Pedagogia do esporte: contextos e perspectivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
REZER, Ricardo (Org.). O Fenômeno esportivo: ensaios crítico-reflexivos. Chapecó: Argos, 2006.
ROSSETO JUNIOR, Adriano José; COSTA, Caio Martins; D’Angelo, Fabio Luiz. Práticas pedagógicas reflexivas e esporte educacional: unidade didática como instrumento de ensino e aprendizagem. São Paulo: Phorte, 2008.
RUBIO, Kátia. O imaginário da derrota no esporte contemporâneo. Psicologia & Sociedade. Psicol. Soc. v.18 n.1 Porto Alegre jan./abr. 2006.
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