Equilíbrio e flexibilidade em escolares praticantes de educação física e ballet clássico Equilibrio y flexibilidad en escolares practicantes de Educación Física y ballet clásico |
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*Acadêmica/o do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria, RS **Professora Adjunta do Centro de Educação Física e Desportos CEFD da Universidade Federal de Santa Maria, RS ***Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas, RS ****Professora Especialista em Atividade Física, Desempenho Motor e Saúde pela Universidade Federal de Santa Maria, RS (Brasil) |
Ricardo Drews* ricardodrews@hotmail.comPriscila Cardozo* Sara Teresinha Corazza** Juliana Izabel Katzer*** Stela Paula Mezzomo*** |
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Resumo No período escolar os alunos estão aperfeiçoando as capacidades motoras, entre elas, o equilíbrio e a flexibilidade, que são de fundamental importância para executar de maneira eficaz algumas habilidades motoras específicas, presentes dentro das aulas de Educação Física e também em atividades extracurriculares, como o ballet clássico. O presente estudo teve como foco principal verificar o equilíbrio e a flexibilidade de alunas que participam apenas das aulas de Educação Física (EF) e de alunas que praticam ballet clássico e aulas de EF. Participaram do estudo 33 crianças, todas do gênero feminino, com idade de 10±0,1 anos, divididas em dois grupos. O grupo A (GA), formado por praticantes de aulas de EF (n=18) e o grupo B(GB) praticantes das aulas de EF e participantes de aulas de ballet clássico há 3,06 anos, com prática regular de duas aulas semanais, de 60 minutos cada (n=15). Para realizar a coleta de dados foram utilizados os testes de Johnson & Nelson (1979) para a flexibilidade o Seat and Reach Test e para o equilíbrio o teste Stork Stan. Para análise dos dados utilizou-se a estatística descritiva e um Teste t para Amostras Independentes para verificar a diferença nas capacidades entre os grupos, através do SPSS for Windows versão 14.0, com nível de significância de 5%. Os resultados mostraram para o equilíbrio no GA um tempo médio de 3,44+0,49 segundos, e para o GB um tempo médio de 5,11+1,09 segundos. Já para a flexibilidade o GA apresentou uma média de 27,66+1,59 centímetros e para o GB uma média de 32,14+1,58 centímetros. O equilíbrio não apresentou diferença estatisticamente significativa (t = -1,598 para p = 0,120), no entanto a flexibilidade apresentou diferença estatisticamente significativa (t = - 2,059 para p=0,048). Com base nos dados obtidos conclui-se que a prática de ballet clássico juntamente com as aulas de EF é significativamente positiva quando se trata da flexibilidade. Unitermos: Ballet Clássico. Educação Física. Equilíbrio. Flexibilidade.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A aprendizagem de habilidades motoras é um processo permanente no indivíduo, inicia-se com o crescimento, conduzindo o indivíduo a desenvolver-se em diversos aspectos, e vai melhorando ao longo da vida, quando obviamente, é submetido à situações práticas.Para o aprendizado e sucesso das habilidades motoras, é importante o bom desempenho das capacidades motoras, destacando-se o equilíbrio, coordenação, tempo de reação, agilidade, flexibilidade, entre outras.
O estudo das capacidades motoras tornou-se um importante tópico na área do comportamento motor, principalmente para o entendimento das diferenças individuais (MAGILL, 2000; SINGER, 1975; SCHMIDT & WRISBERG, 2001; SHUMWAY-COOK & WOOLLCOTT, 2003). Dentre as variadas capacidades motoras mencionadas por estudiosos da área (NEWELL, 1986; WILLIMCZIK, 1980; WILLIAMS et al, 1999; MIYAMOTO, 2004; SUZUKI et al, 2005), encontram-se o equilíbrio e a flexibilidade.
O equilíbrio, segundo Silveira (2006) é a manutenção de uma postura particular do corpo com um mínimo de oscilação (equilíbrio estático); ou a manutenção da postura durante o desempenho de uma habilidade motora que tende a perturbar a orientação do corpo (equilíbrio dinâmico), no qual seus desempenhos influenciam em variadas habilidades motoras específicas, inseridos em diferentes grupos de ação. Já a flexibilidade pode ser definida como a capacidade responsável pela amplitude de movimento disponível em uma articulação ou conjunto de articulações, bem como a amplitude máxima fisiológica passiva em um dado movimento articular (ARAÚJO, 2002; DANTAS, 1998).
O equilíbrio e a flexibilidade têm sido identificados como capacidades motoras importantes no desempenho de movimentos em diferentes perspectivas. Pesquisadores têm relacionado essas duas capacidades com diferentes questões, entre estas os locais de prática (SÁ, BELLINTANE & MARQUES, 2008; SANTOS & MEDEIROS, 2006), as diferenças de gênero (BESSA & PEREIRA, 2002; GENEROSI et al., 2009), a prática de diferentes atividades físicas (PAULA & BELO, 2009; PRADO & NUNES, 2009; HENRIQUE et al., 2007), entre outros.
O desenvolvimento dessas capacidades sofre grande influência em diferentes contextos, tendo relação com o desempenho de variadas atividades. As aulas de Educação Física Escolar são um exemplo de como as experiências motoras desenvolvidas e aprimoradas em seu contexto podem propiciar o desenvolvimento de diferentes componentes da motricidade. Além disso, a Educação Física (EF) tem papel importantíssimo à medida em que ela pode estruturar o ambiente adequado para a criança, oferecendo experiências, resultando numa grande auxiliadora e promotora do desenvolvimento humano, em especial ao desenvolvimento motor, garantindo a aprendizagem de habilidades específicas nos jogos, esportes, ginásticas e dança (FLINCHUM, 1982; HARROW, 1983; TANI, 1988; GALLAHUE, 1989; ECKERT, 1993).
Além do ambiente escolar, o desenvolvimento das capacidades motoras ocorre em outros ambientes de prática, como no Ballet clássico. Esta habilidade motora específica é uma prática presente na sociedade contemporânea, a qual necessita de um trabalho bem estruturado em sua totalidade, tanto nos aspectos físicos quanto motores, e também o controle de diferentes capacidades, e aí inclui-se o equilíbrio e a flexibilidade, atuando como pré-requisitos básicos para execução tecnicamente correta dos movimentos. Ainda, ressalta-se que estas são necessárias e essenciais para o desenvolvimento de atividades da vida diária de qualidade, proporcionando ao indivíduo maior liberdade e a ocorrência de movimentos mais harmônicos, indispensável ao bailarino (DANTAS, 2005).
Considerando os aspectos abordados, muitos estudos vêm investigando as capacidades equilíbrio e flexibilidade (BERLEZE et al, 2007; BESSA & PEREIRA, 2002; GENEROSI et al, 2009; GREGO et al., 2006; HENRIQUE et al., 2007; KOUTEDAKIS & BOUZIOTAS, 2003; MOREIRA, 2000). Nesse contexto, a avaliação das capacidades motoras pode contribuir no desenvolvimento de programas de ensino eficaz em diferentes locais de prática, seja na escola ou fora dela, apontando aspectos positivos e negativos, e com isso solucionar ou amenizar problemas de ordem motora que, quando não bem trabalhados e/ou desenvolvidos na infância acarretam problemas e limitações na execução dos movimentos na idade adulta, tanto na realização de exercícios físicos, como nos esportes e até mesmo em atividades diárias.
Diante do exposto, o presente estudo tem o objetivo de analisar e comparar o equilíbrio e a flexibilidade em escolares praticantes das aulas de Educação Física e escolares praticantes de Educação Física e de aulas de Ballet clássico.
Metodologia
Os procedimentos para a seleção do grupo de estudo foram: convite formal encaminhado às Escolas, onde foi explicado detalhes do presente estudo. Foi também encaminhado aos pais das crianças o termo de consentimento livre e esclarecido solicitando autorização para participação no estudo.
Como critérios de inclusão foram adotados, freqüência regular 75% nas aulas, tanto para os escolares quanto para aos alunos que participavam da escola de ballet clássico. Além disso, não apresentar nenhuma alteração visual, somatossensorial, auditiva, ou ferimentos que impedissem ou dificultassem a realização dos testes.
O grupo de estudos foi composto por 32 crianças do gênero feminino, com idade média de 10±0,1 anos, divididas em dois grupos. O grupo A (GA), formado por praticantes de aulas de Educação Física (n=18) e o grupo B (GB) praticantes das aulas de Educação Física (EF) e participantes das aulas de ballet clássico (n=15), ambos os grupos com vivência nas suas respectivas atividades ha 3 anos, com prática regular de 2 aulas por semana, de 60 minutos cada.
Os protocolos de teste utilizados foram de para medir o Equilíbrio através do Equilíbrio Estático ou STORK STAN e a Flexibilidade através do SEAT AND REACH TEST ou Sentar-e-Alcançar de Johnson & Nelson, 1979. Os testes visando à coleta de dados aconteceram no ginásio da Escola Estadual de Santa Maria-RS, com os alunos do GA, e em uma escola de ballet clássico de Santa Maria-RS com os alunos do GB, as quais aconteceram no período posterior das respectivas aulas, individualmente e havendo um prévio treinamento dos avaliadores para posterior aplicação dos testes.
Para a análise dos dados fez-se uso da estatística descritiva, com o Teste t para amostras independentes, através do SPSS for Windows, versão 14.0, com nível de significância de 5%.
Resultados
Na Tabela 1 estão os resultados da média, desvio padrão e dos escores mínimo e máximo dos testes, bem como as comparações intergrupos, através do Teste t para amostras independentes da variável Equilíbrio.
Tabela 1. Avaliação da diferença da variável equilíbrio intergrupos
Variável |
N |
Mínimo |
Máximo |
Média |
Desvio Padrão |
T |
P |
Equilíbrio GA |
18 |
1,73s |
8,66s |
3,44s |
0,48 |
-1,59
|
0,12 |
Equilíbrio GB |
15 |
1s |
13,47s |
5,11s |
1,09 |
Legenda: GA= Praticantes somente das aulas de Educação Física; GB= Praticantes das aulas de Educação Física e das aulas de ballet clássico; s=segundos.
Conforme os dados apresentados na Tabela 1 verificou-se que a variável equilíbrio não apresentou diferença estatística em seus resultados na comparação entre grupos, mas se observadas as médias dos grupos, o grupo B obteve melhor escore em relação ao Grupo A.
Na Tabela 2 estão apresentados os resultados de média, desvio padrão e escores mínimo e máximo, bem como as comparações intergrupos, através do Teste t para Amostras Independentes da variável Flexibilidade.
Tabela 2. Avaliação da diferença da variável flexibilidade intergrupos
Variável |
N |
Mínimo |
Máximo |
Média |
Desvio Padrão |
t |
p |
Flexibilidade-GA |
18 |
14,5 cm |
36,5 cm |
27,6 cm |
1,59 |
-2,05
|
0,04 |
Flexibilidade-GB |
15 |
22 cm |
41,5 cm |
32,1 cm |
1,58 |
Legenda: GA= Praticantes somente das aulas de Educação Física; GB= Praticantes das aulas de Educação Física e das aulas de ballet clássico; cm=centímetros
Conforme os dados apresentados na Tabela 2 verificou-se que a variável flexibilidade apresentou diferença estatística quando comparados os grupos, ilustrando que o GB obteve melhor resultado em relação ao GA.
Discussão e conclusão
O presente estudo avaliou as diferenças de desempenho no equilíbrio e na flexibilidade de alunas praticantes das aulas de EF e alunas que além das aulas de EF participavam de aulas de Ballet clássico. A partir dos resultados encontrados pode-se afirmar que o equilíbrio não apresentou diferença estatística entre os grupos, enquanto que a flexibilidade apresentou diferença estatisticamente significativa a favor do grupo que praticava aulas de Ballet e aulas de EF.
Levando em conta a capacidade flexibilidade, os achados do presente estudo são confirmados por estudo de Grego et al. (2006), que avaliou a condição física de bailarinas clássicas, praticantes de dança sem formação clássica e de escolares, buscando diferenças no desempenho motor entre os respectivos grupos. O estudo foi realizado com 83 jovens de 12 a 17 anos, dispostas em três grupos: 1) bailarinas clássicas (27); 2) praticantes de dança sem formação clássica (19) e 3) alunas que participavam de aulas de Educação Física (37). Foram avaliadas capacidades relacionadas tanto à saúde quanto ao desempenho atlético dividindo-se em pré e pós-teste. Para o presente estudo levou-se em consideração a capacidade flexibilidade, os resultados apontaram diferença entre os grupos, concordando que as bailarinas clássicas tiveram escores superiores aos demais grupos.
A flexibilidade é muito exigida na dança clássica, em que a formação corporal, a qual integra os fundamentos técnicos da dança, envolve força, potência, flexibilidade, coordenação, equilíbrio, agilidade, resistência muscular e cardiovascular.. Trabalhadas estas capacidades adequadamente, os movimentos de dança podem ser realizados repetidamente com eficiência e sem fadiga excessiva (NANNI, 1998).
A busca por uma melhor aptidão física é influenciada pelo aprimoramento de diferentes capacidades, como a flexibilidade, que, além disso, contribuíam para à manutenção da saúde ao facilitar a execução das tarefas cotidianas, práticas desportivas, ao prevenir lesões das estruturas osteoarticulares do aparelho locomotor, em especial à coluna vertebral. Atua também, na redução de encurtamentos músculo-tendíneos, prevenindo distúrbios posturais, além de promover melhora da coordenação, diminuição da rigidez corporal, otimização das capacidades físicas (ACHOUR Jr, 1995; ALTER, 1999).
Um estudo que também investigou a capacidade flexibilidade foi de Henrique et al. (2007), este com objetivo de comparar a influência da ginástica nas variáveis motoras de meninas que praticam ginástica em relação a meninas que não praticam nenhuma atividade fora a Educação Física escolar. Foram observadas 30 meninas com idade entre 7 a 10 anos sendo divididas em dois grupos: 15 meninas denominadas como grupo praticante de ginástica (GP) e 15 meninas no grupo de controle (GC). As sessões de treinamento consistiram em 24 sessões de 60 minutos cada. Foram utilizados para a coleta de dados vários testes, entre eles o mesmo protocolo utilizado na presente investigação para a flexibilidade. Os resultados encontrados nos pré e pós-testes permitiram observar diferença entre os grupos, mostrando que a ginástica proporciona ganhos em termos de flexibilidade em meninas entre 7 e 10 anos de idade.
Devido às modificações resultantes do crescimento e desenvolvimento, manifestadas no aparelho motor, na população em idade escolar, a flexibilidade deve contemplar exercícios de competência motora para diferentes âmbitos em decorrência as várias transformações em que os escolares estão submetidos. Weineck (1989) recomenda ainda a necessidade da realização de um trabalho de flexibilidade destinado à mobilidade geral na infância e adolescência.
Outro estudo com resultado semelhante ao presente foi Koutedakis & Bouziotas (2003), onde foram comparadas variáveis de aptidão física relacionadas à saúde em adolescentes que participam somente das aulas de Educação Física curriculares, com crianças que participam adicionalmente de programas extracurriculares de exercício físico, de forma sistematizada e orientada, entre elas a flexibilidade. A partir dos resultados encontrados, ficou muito claro que a melhor performance nos testes se dá por parte das crianças que frequentam os programas extracurriculares, evidenciando uma diferença nas capacidades analisadas.
A flexibilidade tem um papel importante no cotidiano, principalmente no ambiente escolar e nos esportes. A falta da mesma pode ocasionar lesões musculares, articulares, dificuldade no aprendizado de movimentos pedagógicos do esporte e em alguns casos prejuízos na locomoção, influenciando em alterações na postura corporal. Além disso, o seu desenvolvimento permite a execução de determinados movimentos desportivos que, de outra forma, seriam praticamente impossíveis para a realização de algumas modalidade (Cuadro, 2007).
Já para a capacidade equilíbrio, a qual não houve diferença entre os grupos no presente estudo. Para Umphred (2004) o equilíbrio é um processo complexo, com processamento central de múltiplas informações sensoriais cuja seleção e integração é específica para uma determinada tarefa e ambiente, envolvendo a seleção e execução de estratégias motoras.
Sá & Pereira (2007) realizaram um estudo que corrobora com os resultados encontrados, foi verificada a influência de um programa de treinamento físico específico (PTFE) sobre o equilíbrio e a coordenação motora de praticantes de judô de 8 a 12 anos de idade. O programa com 36 sessões foi realizado três vezes por semana. A amostra foi composta de 53 crianças do sexo masculino, divididas em dois grupos: 26 no grupo experimental (GE) e 27 no grupo controle (GC). A média de idade foi de 10,2 anos GE e 9,6 GC e o tempo de prática no judô de 7,12 meses para o GE e 8,9 meses para o GC. A avaliação do equilíbrio e coordenação motora foi tomada por meio dos subitens 2 e 3 do teste Bruininks-Oseretsky (1978), no qual também não houve diferença no equilíbrio entre os grupos,demonstrando uma baixo rendimento dessa capacidade como nos achados do presente estudo.
Outro estudo que também avaliou o equilíbrio foi de Bessa & Pereira (2007) que analisou o equilíbrio estático, equilíbrio dinâmico e a coordenação motora de crianças pré-escolares. A amostra foi constituída por 360 crianças de ambos os sexos, na faixa etária de 4 a 6 anos, regularmente matriculadas em duas escolas públicas do Rio de Janeiro. Para cada faixa etária foram avaliadas 60 crianças, utilizando-se o protocolo de LEFÈVRE (1972), com testes específicos para cada idade. Constatou-se que, das 180 crianças avaliadas em cada escola, as que pertenciam a escola considerada de melhor padrão sociocultural tiveram um melhor resultado em relação a escola considerada com maiores dificuldades, revelando que a maioria das crianças pertencentes a este segundo grupo apresenta déficit motor, devendo submeter-se a um programa de atividades motoras específicas.Ressalta-se através do resultado deste estudo a importância de um programa regular, para a aquisição do equilíbrio.
Moreira (2000) também encontrou diferença estatisticamente significativa para a variável equilíbrio ao desenvolver uma investigação com 30 crianças, sendo 15 do sexo masculino e 15 do sexo feminino, subdivididas em dois grupos de 15 crianças de cada sexo, as normais e as portadoras de dificuldades de aprendizagem, com média de idade de 8 anos. Os resultados foram favoráveis às crianças normais quando comparadas a crianças com dificuldades de aprendizagem.
As atividades práticas adotadas para crianças devem ser pensadas de modo que o tipo de atividade física influencie positivamente na manutenção da estabilidade corporal. Assim, como afirmam Oliveira et al (2008) algumas modalidades esportivas praticadas pelas crianças, como o atletismo e o karatê, podem ou não auxiliar no desenvolvimento de habilidades que estimulam o controle postural. Já para outras atividades como a ginástica artística e a capoeira, enfatizam a necessidade de corpo estável para a execução dos movimentos. Quando se trata dos esportes coletivos, o handebol e o futebol, por exemplo, seus treinamentos são voltados à compreensão dinâmica do jogo, com uma visão lógica da tática e da estrutura técnica. Porém, para o bom desenvolvimento das atividades há necessidade de desenvolvimento motor, como a coordenação, o que conseqüentemente, poderá influenciar na manutenção do equilíbrio corporal (DAOLIO e MARQUES, 2003).
Diante do que foi visto, pode-se afirmar que houve diferença apenas para a capacidade flexibilidade para este grupo de estudos, havendo superioridade do grupo que participa das aulas de EF e das aulas de Ballet clássico em relação ao grupo que participa apenas das aulas de EF. Já para a capacidade equilíbrio não houve diferença entre os grupos, demonstrando variação no ritmo de desenvolvimento das capacidades aqui analisadas.
As diferenças encontradas parecem ser influenciadas pelas diferentes maneiras de estimulação e no encorajamento para explorar seu próprio corpo e ambiente podendo privilegiar mais acentuadamente um componente da motricidade em detrimento de outro. O contexto ou ambiente adicional em que as crianças estão inseridas e as exigências das tarefas propostas podem influenciar de forma positiva no aprimoramento de diferentes capacidades.
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