Perfil antropométrico e consumo alimentar de indivíduos com deficiência praticantes de natação e futsal Perfil antropométrico y consumo de alimentos de personas con discapacidad que practican natación y fútbol sala Anthropometric profile and food intake of individuals with disabilities practitioners of swimming and indoor soccer |
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*Acadêmico do Curso de Nutrição **Docente do Curso de Educação Física (Brasil) |
Cassius Athayde Valter* Cristina Panziera** Jerri Luiz Ribeiro** Marcelo Morganti Sant’Anna** Ana Paula Trussardi Fayh** |
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Resumo O objetivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional de indivíduos com deficiências praticantes de natação e futsal em um centro universitário de Porto Alegre – RS. A amostra foi composta por 29 indivíduos, sendo que 19 tinham diferentes tipos de deficiência e praticavam natação, e 10 indivíduos tinham deficiência visual e praticavam futsal. Foram realizadas avaliação antropométrica e avaliação da ingestão alimentar. Em relação à composição corporal, a média de índice de massa corporal (IMC) e percentual de gordura foi de 27,06 ± 5,71 kg/m2 e 18,22 ± 7,85% para os praticantes de futsal e 26,87 ± 5,89 kg/m2 e 21,08 ± 9,22% para os praticantes de natação, não havendo diferença significativa entre os esportes. O consumo energético médio dos indivíduos praticantes de ambos os esportes mostrou-se abaixo das recomendações, tendo uma composição média de macronutrientes adequados no grupo do futsal e baixa ingestão de carboidratos no grupo natação. Com relação aos micronutrientes, os indivíduos da natação apresentaram uma ingestão inadequada de todos os nutrientes estudados, já o grupo do futsal mostrou um consumo inadequado apenas de cálcio (714,92 ± 557,24 mg) e vitamina A (289,58 ± 156,63 mcg). O presente estudo apontou um inadequado perfil nutricional desta amostra. Unitermos: Avaliação nutricional. Consumo alimentar. Antropometria. Natação. Futsal.
Abstract The objective of this study was to evaluate the nutritional status of individuals with disabilities who regularly perform swimming and indoor soccer in a Center University of Porto Alegre - RS. The sample was comprised of 29 individuals who presented different types of disabilities and practiced swimming (n=19), or had visual disabilities and practiced indoor soccer (n=10). Anthropometric assessment and dietary assessments were made. Regarding the body composition, the mean Body Mass Index (BMI) and the percentage of fat were, respectively, 27.06 ± 5.71kg/m2 and 18.22 ± 7.85% among the practitioners of indoor soccer, and 26.87 ± 5.89kg/m2 e 21.08 ± 9.22% among the practitioners of swimming. There were no differences between the two groups. The average energy consumption of individuals practicing both sports was below the recommended amounts. The intake of macronutrients was appropriate in the soccer group, but indicating low intake of carbohydrates in swimming group (54.09 ± 8.94%). With regard to the micronutrients, individuals engaged in swimming training had an inadequate intake of all nutrients studied, whereas the indoor soccer group showed only an inadequate intake of calcium (714.92 ± 557.24mg) and vitamin A (289.58 ± 156.63mcg). This study showed an inadequate nutritional profile of this sample.Keywords: Nutritional assesment. Food consumption. Anthropometry. Swimming. Indoor soccer.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, Noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Segundo a Organização das Nações Unidas, há cerca de 600 milhões de pessoas com deficiência no mundo, sendo que 80% vivem em países em desenvolvimento (1). A atividade física para pessoas com deficiência, além de benefícios psicológicos e sociais(2), também melhora o consumo de oxigênio (VO2máx)(3) e conseqüente aumento da capacidade aeróbica, reduz infecções respiratórias e o risco de doenças cardiovasculares, bem como a incidência de complicações médicas(4). O desenvolvimento de aspectos psicomotores é desejável para qualquer indivíduo, inclusive para as pessoas com deficiência. O esporte é um dos meios para este desenvolvimento, onde na prática o sujeito se depara com algumas dificuldades que, com a evolução do seu aprendizado, irá superar com facilidade, podendo transferir este aprendizado para o seu cotidiano(5).
Estudos têm demonstrado a alta prevalência de obesidade em pessoas com deficiência(6,7). Estas características são potencializadas pelas restrições no desempenho normal de suas atividades cotidianas, o que conduziria cada vez mais ao sedentarismo. Com isso, estabelece-se um quadro diminuição da aptidão física e conseqüente aumento da gordura corporal(8). Estas características, por sua vez, trazem outras complicações, como diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia e síndrome metabólica(9). Existem poucas controvérsias diante da documentação que comprova os efeitos benéficos do exercício para a saúde, através das mudanças favoráveis da composição corporal e aprimoramento do desempenho desportivo(10).
Na elaboração de um plano alimentar para um indivíduo com deficiência, além de compreender as suas características individuais e observar qual tipo da deficiência que apresenta, traçando o seu perfil clínico através de uma equipe multidisciplinar(11), deve-se levar em conta a propensão desta população se encontrar acima do peso(6,7) e com alto percentual de gordura(8), além do aumento da demanda calórica, de macronutrientes e de micronutrientes devido a atividade física(10).
Embora bastante reconhecida a importância da nutrição para a melhoria do desempenho atlético, assim como na prevenção e tratamento de doenças crônicas não-transmissíveis, são poucos os estudos com o objetivo de traçar o perfil de indivíduos com deficiência engajados em alguma modalidade esportiva. Com isso, o objetivo do presente estudo é avaliar o perfil nutricional de indivíduos com deficiência física ou visual praticantes de natação e futsal em um centro universitário de Porto Alegre – RS.
Métodos
Amostra
A amostra deste estudo foi composta por 29 indivíduos com deficiências, sendo que 19 destes apresentavam deficiências física e visual e praticavam natação (dez homens e nove mulheres), e 10 indivíduos do sexo masculino com deficiência visual e que praticavam futsal. O treinamento de natação acontecia de duas a três vezes por semana, durante o período da tarde, na piscina do centro universitário, e o treino de futsal ocorria aos sábados e segundas, durante o período da manhã. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa da Rede Metodista de Educação do Sul (protocolo 302/2008). Todos os participantes foram esclarecidos dos procedimentos e objetivos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido em duas vias.
Avaliação antropométrica
Todos os dados antropométricos foram medidos em entrevista previamente agendada. A massa corporal e a estatura foram verificadas com a balança antropométrica Filizzola®, estando o indivíduo com o mínimo de roupas e descalço. O índice de massa corporal (IMC, peso em quilos dividido pela altura em metros ao quadrado) foi classificado a partir dos pontos de corte segundo a Organização Mundial de Saúde(12).
Para obter as medidas das pregas cutâneas, utilizou-se o plicômetro científico da Cescorf®. Foram medidas as seguintes pregas: tricipital (determinada paralelamente ao eixo longitudinal do braço, na face posterior, sendo seu ponto exato de reparo a distância média entre a borda súpero-lateral do acrômio e do olécrano), abdominal (determinada paralelamente ao eixo longitudinal do corpo, aproximadamente 2cm à direita da borda lateral da cicatriz umbilical), subescapular (obtida obliquamente ao eixo longitudinal seguindo a orientação dos arcos costais, estando localizada 2 cm abaixo do ângulo inferior da escápula), supra-ilíaca (realizada no sentido oblíquo, 2 cm acima da crista ilíaca ântero–superior na altura da linha axilar média), peitoral (determinada na metade da distância entre a linha axilar anterior e o mamilo, entre os homens) e coxa (determinada paralelamente ao eixo longitudinal da perna sobre o músculo do reto femural, no ponto médio entre o ligamento inguinal e a borda superior da patela) (13). As medidas foram tomadas do lado direito do corpo, realizando-se três mensurações em cada local para a obtenção da média. O percentual de gordura foi calculado através do protocolo de Jackson e Pollock, 1978(14).
Avaliação dietética
Para avaliação dietética foi utilizado o questionário do hábito alimentar, onde os indivíduos deveriam relatar ao avaliador o que geralmente consumiam nas refeições habitualmente realizadas. Os alimentos consumidos foram expressos em medidas caseiras, que foram convertidas em gramas ou mililitros(15) para a análise quantitativa de energia, macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), micronutrientes (vitaminas A, E e C, sódio, cálcio e ferro) e fibras ingeridos, através do programa Dietwin Profissional®. Os dados obtidos foram comparados com as recomendações para indivíduos que praticam atividades físicas(10) e com a ingestão dietética de referência(16,17).
Análise dos dados
Os dados foram estruturados e analisados utilizando o pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 16.0 para Windows. Os resultados foram expressos em médias, desvios padrão, valores mínimos e valores máximos. Para comparar os parâmetros antropométricos entre os indivíduos do sexo masculino, foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes, e para comparar a ingestão de energia e nutrientes entre os praticantes dos diferentes esportes, foi utilizado o teste de Wilcoxon para as variáveis numéricas e o teste Exato de Fischer para as variáveis categóricas. O nível de significância aceito para este estudo foi de 5%.
Resultados
A população deste estudo apresentou média de idade de 33 ± 14 anos. A tabela 1 mostra os dados antropométricos dos indivíduos praticantes de natação e futsal. Devido ao fato de que as variáveis antropométricas possuem grande variação de acordo com o sexo, optou-se por estratificar os dados do grupo natação por sexo, adicionalmente. Dessa forma, realizou-se a comparação do perfil antropométrico apenas entre os indivíduos do sexo masculino praticantes de natação e futsal. Não foram observadas diferenças significativas em nenhuma variável antropométrica e nem na idade entre os indivíduos masculinos dos dois esportes. Ao analisarmos o IMC, pode-se observar que toda a amostra foi classificada como sobrepeso. Em relação ao percentual de gordura corporal, percebeu-se que apenas as mulheres praticantes de natação apresentaram valores acima do recomendado.
Tabela 1. Parâmetros antropométricos dos participantes das duas modalidades esportivas
IMC = Índice de Massa Corporal. Valores expressos em médias e desvios padrão. *valor de P obtido com
teste t independente entre o grupo futsal e natação (apenas entre os indivíduos do sexo masculino)
Os dados do consumo alimentar estão expressos na tabela 2. A média da ingestão energética mostrou-se abaixo do recomendado em ambos os grupos. Com relação aos macronutrientes, houve um consumo abaixo do recomendado de carboidratos apenas nos praticantes de natação, já a ingestão de lipídios e proteínas apresentou-se adequadas para os dois grupos. O consumo de fibras também foi adequado em ambos os grupos. Os indivíduos praticantes de natação tiveram ingestão inadequada em todos os micronutrientes analisados. Observou-se uma baixa ingestão de vitamina E e cálcio, assim como alto consumo de sódio. Entre as mulheres, observou-se um baixo consumo de vitamina A, vitamina C e ferro. Já os indivíduos praticantes de futsal apresentaram consumo abaixo do recomendado apenas de vitamina A e cálcio. Observou-se diferença significativa entre os dois grupos apenas no consumo de ferro.
Tabela 2. Dados do consumo alimentar dos participantes das duas modalidades esportivas
VET – valor energético total da dieta, %CHO – percentual de carboidrato na dieta, %PTN – percentual de proteína na dieta, gPTN/kg – gramas de
proteína por quilograma de massa corporal por dia da dieta - %LIP – percentual de lipídeos na dieta.*Valor de P obtido através do teste de Wilcoxon
A tabela 3 demonstra a adequação do consumo dos nutrientes, verificado através do cálculo do hábito alimentar relatado, assim como a comparação entre os praticantes dos dois esportes. Houve diferença significativa entre os grupos apenas no consumo de ferro, demonstrando que, no grupo de pessoas que praticavam futsal, todos ingeriam quantidades adequadas deste mineral (ao contrário do grupo da natação). Os praticantes de futsal consumiam uma menor quantidade de lipídeos, mas esta diferença não foi estatisticamente significativa. Outro aspecto a ser ressaltado é que apenas um indivíduo atingiu suas recomendações de cálcio. Ainda, todos os indivíduos que tiveram seu consumo energético classificado como inadequado, apresentaram consumo energético relatado inferior às suas necessidades. Esse fato torna-se curioso quando fazemos uma relação entre consumo energético e índice de massa corporal. Embora os indivíduos consumam uma menor quantidade energética do que suas necessidades, o estado nutricional geral desta amostra pode ser classificado como sobrepeso.
Tabela 3. Adequação do consumo de calorias e nutrientes dos participantes das duas modalidades esportivas
VET – valor energético total da dieta, %CHO – percentual de carboidrato na dieta, %PTN – percentual de proteína na dieta, gPTN/kg – gramas de
proteína por quilograma de massa corporal por dia da dieta - %LIP – percentual de lipídeos na dieta. *Valor de P obtido através do Teste Exato de Fischer.
Discussão
Ainda são poucos os estudos disponíveis na literatura acerca desta temática, o que dificulta a discussão dos resultados e a comparação com estudos prévios. Outro fator importante na dificuldade de análise dos dados é a inexistência de protocolos de avaliação física e recomendações nutricionais para deficientes praticantes de atividades físicas. Com isso, torna-se importante a melhor caracterização desta população, para auxiliar na criação de métodos de assistência nutricional e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida desta população.
O presente estudo traz como principal achado que os indivíduos de ambos os sexos apresentam valores médios altos de IMC, sendo classificados como sobrepeso. Houve também um consumo abaixo do recomendado de carboidratos e uma ingestão inadequada de micronutrientes por parte dos indivíduos praticantes de natação. Uma possível justificativa para esta inadequação apenas por parte dos praticantes de natação poderia ser o fato de que estes indivíduos não estão envolvidos em atividades competitivas. Os praticantes de futsal constituem uma equipe formada a mais tempo do que o grupo da natação, e participam eventualmente de competições estaduais. Este fato pode aumentar o interesse sobre nutrição e, com isso, resultar em um melhor hábito alimentar.
Em relação ao estado nutricional da amostra, classificada pelo IMC, resultados semelhantes também foram encontrados em um estudo previamente publicado pelo nosso grupo(18), que realizou avaliação do estado nutricional de 4 homens e 4 mulheres com deficiência praticantes de natação e observaram sobrepeso somente entre as mulheres, com um IMC médio de 27,26 ± 4,91kg/m2, e eutrofia entre os homens (IMC de 24,15 ± 2,33kg/m2). Importante ressaltar que os indivíduos avaliados no estudo anterior não foram incluídos no presente estudo, entretanto continuam treinando em nossa equipe esportiva. Outros estudos demonstram resultados diferentes, como Santos e Guimarães(19), em um estudo com o objetivo de avaliar a composição corporal de atletas brasileiros de vários esportes participantes das Paraolimpíadas de Sidney, encontraram um IMC médio de nadadoras com paraplegia ou deficiência visual de 20,11 ± 1,14kg/m2 e de homens de 22,01 ± 3,01kg/m2. Neste mesmo estudo, atletas da equipe de futebol masculino apresentaram média de IMC de 21,22 ± 1,78kg/m2. No entanto, este estudo foi realizado com atletas de alto nível, e com isso a comparação entre as amostras do nosso estudo não seria apropriada. Em relação à adiposidade, percebeu-se que apenas as mulheres praticantes de natação apresentaram valores acima do recomendado. Lukasky et al(20), encontraram valores semelhantes ao presente estudo ao realizar estudo com 16 mulheres e 13 homens que praticam natação e 13 mulheres e 15 homens compondo o grupo controle, observando valores de percentual de gordura para mulheres nadadoras pós-treinamento de 23,0 ± 1,0% e para homens de 12,5 ± 0,8%.
A média do consumo energético ficou abaixo do recomendado para ambos os esportes, tendo uma adequada ingestão calórica apenas um individuo do futsal e três indivíduos da natação. Porém, demais estudos encontraram consumo energético de deficientes praticantes de atividade física adequado(20) ou até acima de recomendado(18). Apesar de a maioria da amostra estudada ter relatado um consumo energético abaixo de suas necessidades, o valor médio de IMC de ambos os sexos foi alto, isso se deve ao fato dos indivíduos subestimar suas quantidades de alimentos quando questionados no momento do registro do hábito alimentar.
Com relação ao consumo de macronutrientes, houve apenas um consumo abaixo do recomendado de carboidratos pelos praticantes de natação. Em um estudo com sessenta indivíduos deficientes praticantes de basquetebol de cadeira de rodas, Ribeiro et al(22), encontrou um baixo consumo médio de carboidratos e adequado consumo de proteínas e lipídios. Porém, os estudos disponíveis na literatura são contraditórios. Pesquisas realizadas com deficientes praticantes de natação(18) e futebol de amputados(21) e atletas de futsal(23) e natação(24) apresentaram um maior consumo médio de proteínas e adequada ingestão dos demais macronutrientes, enquanto em outras amostras de nadadores(25,26) encontrou-se um consumo adequado de carboidratos, proteínas e lipídios. O consumo médio de fibras foi adequado em ambos os grupos. Demais estudos também trazem um consumo adequado de fibras, tanto para pessoas não deficientes(27) quanto para indivíduos com deficiência(18,22).
Atletas em treinamento físico podem precisar de uma atenção especial em relação ao consumo de cálcio, ferro e vitaminas(28), porém as quantidades ingeridas destes micronutrientes pela amostra estudada foram consideradas baixas. Com relação ao cálcio, apenas um indivíduo praticante de futsal apresentou uma ingestão adequada. Estudos apontam uma ingestão baixa deste nutriente tanto na população em geral(29), quanto em atletas(26,30) e em pessoas com deficiência(18,22,23). Sobre a vitamina A, estudos apontam um consumo adequado entre as populações(21,25,26,29). As médias de consumo dos demais micronutrientes se encontraram abaixo do recomendado apenas no grupo praticante de natação. O mineral ferro foi o único parâmetro que apresentou uma diferença significativa entre os dois grupos, onde o valor médio ficou abaixo das recomendações apenas para as mulheres praticantes de natação. Dados contraditórios são encontrados na literatura, onde alguns estudos em atletas indicam uma baixa ingestão de ferro entre as mulheres(20,30) e outros encontram um consumo adequado em ambos os sexos(20,22,25), e ainda, estudos com pessoas com deficiência trazem uma ingestão adequada deste mineral(18,22). A média de ingestão de vitamina E e vitamina C mostrou-se abaixo do preconizado. Gomes et al(22), em um estudo com o objetivo de avaliar o estado nutricional de quatro jogadores de elite de futebol de amputados encontrou valores diferentes, onde observaram um consumo adequado de vitamina C e abaixo do recomendado de vitamina E, assim como a maioria dos estudos disponíveis, tanto em atletas(21,25,26,30) como na população em geral(29). É possível que este desequilíbrio no consumo de micronutrientes também esteja relacionado com a baixa ingestão calórica. No presente estudo, a ferramenta utilizada para avaliar a ingestão alimentar pode ter subestimado o real consumo. Como sugestão para estudos futuros, seria interessante aplicar o questionário alimentar mais vezes nos participantes, e, se possível, fazer a confirmação das carências nutricionais com exames bioquímicos.
Em conclusão, o presente estudo apontou um inadequado perfil nutricional desta amostra, que apresentou tendência ao sobrepeso e obesidade, assim como ingestão inadequada de macronutrientes e micronutrientes. A média da ingestão energética mostrou-se abaixo do recomendado em ambos os grupos, apesar de terem apresentado valores altos de IMC. Esse fato provavelmente se justifica pelo fato de os indivíduos subestimarem as quantidades de alimentos ingeridos no momento do questionário. É devido a todo este desajuste alimentar que se torna importante uma orientação nutricional individualizada para corrigir estas inadequações. Faz-se necessário, também, que outros trabalhos sejam realizados para melhor caracterizar esta população e, assim, desenvolver protocolos de avaliação física e recomendações nutricionais específicas.
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