Reflexo da prática de atividades físicas em adolescentes do município de Brusque, SC Reflexión sobre la práctica de actividades físicas en adolescentes del municipio de Brusque, SC |
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*Especialista em Educação Física Escolar, Psicomotricidade e Jogos Cooperativos, Unifebe, Educadora Física **Graduada pela Unifebe, Educadora Física (Brasil) |
Luciana Ferreira* Thaís Gabriele Teixeira** |
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Resumo O presente artigo objetivou investigar o reflexo da prática de atividades físicas de adolescentes no município de Brusque/SC. Participaram deste estudo descritivo de natureza transversal, adolescentes de ambos os sexos, regularmente matriculados de 5ª à 8ª série do ensino fundamental, em duas instituições escolares, sendo uma escola privada e outra pública. A população foi composta por 190 adolescentes de ambas as escolas, sendo 54% (n=104) do sexo masculino e 46% (n=86) do feminino, com idade entre 10 e 16 anos. Todos os escolares participaram de uma palestra, a fim de informá-los sobre os objetivos, métodos e procedimentos de coleta de dados e convidá-los a participar da pesquisa. As informações foram obtidas através de um protocolo semi-estruturado de avaliação, no período de maio a julho de 2009, com tempo médio de duração de 40 minutos. Foi avaliada a pratica de atividades físicas através do Questionário de Atividade Física para crianças e adolescentes (IPAQ). Os dados coletados foram organizados com o auxilio do Programa Microsoft Excel® 2000, para posterior desenvolvimento da análise estatística descritiva. Os resultados desta pesquisa revelam que a maioria dos adolescentes de ambas as escolas praticam atividades físicas regulares, mostrando que a maioria há pratica 3 vezes na semana. Sendo atividade física mais relatada pelos adolescentes é a prática do futebol. Verificou-se ainda que a maioria (73%) dos adolescentes apresentam-se como suficientemente ativos. Portanto, ressalta-se a importância da prática de atividade física regular devendo esta ser estimulada entre os educandos das escolas pesquisadas, para que em conjunto com alimentação saudável oportunize a prevenção e a promoção da saúde dos adolescentes. Unitermos: Adolescentes. Atividade física. Educação Física.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A adolescência abrange o período da vida que se estende dos 10 aos 19 anos, segundo critério aceito pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995). Esse período é marcado por profundas mudanças biopsicossociais, onde o adolescente começa a definir sua identidade e a constituir um sistema de valores pessoais mostrando-se especialmente vulnerável aos enormes agravos enfrentados pela maioria das sociedades atuais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993).
A adolescência caracteriza-se pela transição da infância para a idade adulta, e é considerado um dos mais tensos na vida de um indivíduo. O adolescente apresenta-se susceptível a instabilidades emocionais e as dúvidas pessoais, é freqüente a presença de problemas relacionados à autoestima, à aceitação social e à rejeição por parte de familiares e amigos (XIMENES, 2006).
Rosenbaum; Leibel (1998) apud Soares; Petroski, (2003, p.68) “acreditam que excesso de peso representa a interação da genética com o meio ambiente, que cada vez mais, encoraja ao estilo de vida sedentário e ao consumo de calorias”.
A obesidade está diretamente relacionada a hábitos alimentares inadequados e a inatividade física. Os adolescentes estão aumentando exageradamente o consumo de alimentos ricos em gordura e com um alto valor calórico. Ao mesmo tempo em que vivem as comodidades do mundo moderno que proporciona o uso TV, vídeo-game e computador para determinadas classes sociais, que podem ocasionar a redução da prática de atividade física.
A partir da era das doenças crônico-não transmissíveis, surgiram vários estudos que divulgam os benefícios da prática da atividade física em relação à saúde. Alguns estudos revelam que altos níveis de atividade física ou aptidão física estão associados à diminuição no risco de doenças coronarianas, diabetes, hipertensão e osteoporose (PITANGA, 2002).
Evidências epidemiológicas relatadas pelo Departament of Health and Human Services (2008) enfatizam os benefícios da prática de atividade física regular no crescimento e manutenção do sistema músculo esquelético, no controle de peso, redução da ansiedade e favorecimento do bem-estar dos indivíduos. Kohl, Fulton; Carpensen (2000) destacam outros aspectos positivos: o primeiro menciona os benefícios físicos inerentes à atividade física entre as crianças e adolescentes, o segundo discute a associação de comportamentos de atividades físicas entre a infância e a maturidade, mostrando que crianças ativas são mais propensas a serem fisicamente ativas quando adultas.
Segundo Barbosa (2004) a atividade física é qualquer movimento corporal que gaste energia acima dos níveis de repouso, já o exercício físico é uma atividade planejada, repetitiva e estruturada. Para Sousa; Virtuoso Jr (2005) tem a função ainda de aumentar o gasto energético, ocorrendo o desequilíbrio calórico negativo ou a manutenção do metabolismo basal, que contribui para uma perda de peso corporal. Tendo componentes e determinantes de ordem comportamental, biopsicossocial e cultural, podendo ser exemplificada por jogos, danças, exercícios físicos, esportes, lutas, deslocamento e atividades laborais (PITANGA, 2002).
De acordo com Barbosa (2004), a prática de atividade física traz vários benefícios, como, a melhora da força muscular e resistência física, a redução da pressão arterial, o controle do peso corporal, a melhora no perfil lipídico e na mobilidade articular, além de favorecer na melhora da autoestima, da autoimagem, manter a autonomia, reduzir a depressão, o isolamento social, aliviar o estresse, aumentando assim o bem-estar social. Auxilia ainda na melhora da aptidão física e o desempenho, no crescimento e estimula a participação futura em programas de atividade física.
Pessoas que não praticam atividades físicas regulares são classificadas como sedentárias. Dentro do sedentarismo pode-se identificar alguns fatores de risco, como: pais inativos fisicamente, residir em área urbana, dispor de TV, videogame, computador no quarto do adolescente.
Segundo Cano et al. (2005), para o desenvolvimento sadio das crianças e adolescente, as atividades físicas são fundamentais, e devem incluir esportes, passeios, brincadeiras ao ar livre, caminhadas de final de semana; em contra partida, devido à grande violência que nossa sociedade enfrenta, estas atividades são substituídas por outras, que geram o sedentarismo, como por exemplo, o uso em demasia do computador.
Para Guedes; Guedes (2003, p.286) é importante incrementar não somente os exercícios físicos, mas também as atividades físicas do dia a dia. “É preciso enfatizar que as atividades do cotidiano exigem demanda energética e que os efeitos acumulativos destes modestos incrementos podem ser de grande interesse para a redução do peso corporal.” Ressaltam ainda que, para se realizar uma atividade física não é necessário exigir do adolescente a prática de esportes competitivos constantes, acreditando que somente eles melhorarão a sua saúde, e sim conscientizá-los da importância da atividade física sendo de caráter esportivo, de lazer, intensa ou moderada.
A prática regular de atividade física, em todo o ciclo vital é muito importante, para prevenir doenças crônico-não transmissíveis, conseqüentemente possibilita uma longevidade associada a uma melhor qualidade de vida (PITANGA, 2002).
A Educação Física não pode ser considerada apenas uma disciplina do currículo escolar, pois a mesma exerce várias funções. Sendo uma atividade sociocultural que estabelece uma inter-relação entre educação e saúde, pretende estabelecer e desenvolver nos cidadãos hábitos saudáveis, melhorando assim o nível de qualidade de vida.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 1996, p.20) “a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativo nos cursos noturnos”.
De acordo com Menestrina (2005, p. 39), “a Educação Física é uma prática sociopedagógica de caráter cultural que se configura de todas as formas possíveis de expressão corporal para promover o desenvolvimento humano em sua totalidade”.
A área da Educação Física atualmente contempla vários conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. Segundo Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), as atividades culturais de movimento com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde são essências.
A Educação Física reveste-se de vários objetivos, dentre estes está: “conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação a sua saúde e a saúde coletiva” (BRASIL, 1997, p.9).
Tendo em vista que a Educação Física tem como meta a conservação da saúde e do bem estar dos indivíduos, pode-se utilizá-la como informação sobre os benefícios de uma alimentação saudável, associada à prática de atividade física, dessa forma concordando com Barbosa (2004, p.20), a aula teórica seria de grande importância para crianças e adolescentes, pois através dela o professor passará conceitos importantes a respeito dos benefícios da prática de atividade física e a sua grande importância para a saúde e a prevenção de doenças.
De acordo com Menestrina (2005, p.33), a Educação Física, através de uma ação pedagógica voltada para a saúde, contribuirá para uma auto-educação dos alunos, favorecendo a eles a possibilidade de agir com autonomia, responsabilidade e criticidade, podendo tomar atitude integras e compatíveis a dignidade da natureza humana.
A prática da Educação Física contribui muito para o desenvolvimento da cultura corporal saudável e desempenha papel decisivo na parcela da educação integral do ser humano. Ao realizar atividade física o adolescente apresentará vários benefícios para sua saúde, como também para sua vida social e escolar, pois terá uma convivência melhor com seus pais e colegas, um aumento na frequência às aulas, uma melhora no desempenho escolar, e uma redução nos distúrbios comportamentais. Oferecendo assim, condições para que cada indivíduo aprecie, pratique e desenvolva seu próprio estilo de vida, com vistas a uma existência saudável, promovendo assim, uma boa qualidade de vida (BARBOSA, 2004).
Nesta perspectiva, o presente estudo tem o intuito de investigar o reflexo da prática de atividades físicas de adolescentes no município de Brusque/SC.
Com este propósito, espera-se que os resultados deste estudo possam contribuir para aumentar o leque de informações e conhecimentos a respeito da aptidão para práticas físicas entre adolescentes, a fim, de auxiliar no projeto de estratégias relacionadas à saúde de adolescentes ainda em fase de crescimento e desenvolvimento.
Método
Participaram deste estudo descritivo de natureza transversal, adolescentes de ambos os gêneros, regularmente matriculados de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental, em duas instituições escolares localizadas no município de Brusque/SC, sendo uma escola de ensino fundamental da rede pública e uma da privada. Foram considerados adolescentes todos os escolares entre a faixa etária de 10 aos 19 anos de idade (WOLD HEALTH ORGANIZATION – WHO, 1995).
Para Gil (1995), um estudo descritivo tem como principal objetivo a discrição das características de determinada população, fenômeno ou estabelecimento de relações entre as variáveis.
Para a composição da amostra, foi adotado o método não-probabilístico, no qual, segundo Martins (2000) há uma escolha deliberada dos elementos da amostra, usando o critério de amostragem intencional, que de acordo com o mesmo autor, é a escolha intencional de um grupo de elementos que irão compor a amostra, onde o pesquisador se dirige intencionalmente aos grupos que pretende estudar.
Todos os escolares de 5ª a 8ª séries de ambas escolas, participaram de uma palestra, a fim de informá-los sobre os objetivos, métodos e procedimentos de coleta de dados e convidá-los a participar da pesquisa. Desta forma, a amostra foi constituída por 190 adolescentes de ambos os gêneros.
Foi solicitada a direção das Instituições de Ensino envolvidas, a colaboração e permissão para o desenvolvimento da pesquisa, desta forma, foram assinados Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos pais dos alunos, a fim de autorizar a utilização dos dados coletados durante a pesquisa, bem como a publicação dos resultados obtidos.
As informações foram obtidas no período de maio a julho de 2009, os participantes do estudo foram avaliados em sala de aula, respeitando sua série e período, e receberam o protocolo semi-estruturado com instruções e recomendações para o seu preenchimento, não foi estabelecido limite de tempo para o seu preenchimento, e as eventuais dúvidas manifestadas pelos investigados eram prontamente esclarecidas pelas acadêmicas pesquisadoras que acompanhavam a coleta de dados. Durante o preenchimento do questionário os escolares não se comunicaram entre si, na tentativa de evitar interferências nas suas respostas. Em seguida foram coletados os dados antropométricos.
Para avaliar o nível de atividade física dos adolescentes, foi utilizada a versão curta do IPAQ. O questionário considera atividades físicas como forma de lazer, esporte, transporte e atividades diárias, classificando os adolescentes em: sedentários, insuficientemente ativos e suficientemente ativos de acordo com o tempo gasto em cada sessão semanal de acordo com as atividades físicas relacionadas ao IPAQ. De acordo com Strong et al (2005) podemos classificar o nível de atividade física como: insuficientemente ativos (caminhada, atividades físicas moderadas a vigorosas iguais ou inferiores a 300 minutos por semana) ou suficientemente ativos (caminhada, atividades físicas moderadas a vigorosas superiores a 300 minutos por semana).Os dados foram digitados no Programa Microsoft Excel®, a fim de realizar análise estatística descritiva.
Resultados e discussão
O presente estudo avaliou o estado nutricional, e o nível de atividade física de 190 adolescentes, regularmente matriculados de 5ª a 8ª série do ensino fundamental, sendo 104 (54%) escolares do sexo masculino e 86 (45,7%) do feminino, distribuídos em duas Escolas de Ensino Fundamental, uma da rede pública, com 100 alunos, e outra da rede privada, com 90 alunos.
Para avaliar a prática de atividades físicas foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ (versão curta), a fim de investigar se os adolescentes realizam exercícios físicos, qual a frequência, a duração e quais atividades preferidas pelos alunos, verificado ainda, quantos dias na semana e qual a duração por minutos das atividades como caminhada, atividades moderadas e vigorosas realizadas pelos alunos.
O Gráfico 1, demonstra que 98% (n=88) dos adolescentes da Escola Privada praticam atividade física e apenas 2% (n=2) relatam não praticar. Em relação à Escola Pública, 84% (n=84) relataram praticar atividades físicas e 16% (n=16) não praticam.
Gráfico 1. Distribuição das características da prática de atividade física dos adolescentes regularmente matriculados em duas instituições de ensino fundamental – Brusque/SC, 2009
Hallal et al. (2005), realizando uma pesquisa com adolescentes na cidade de Pelotas, avaliou o nível de atividade física, e observou que houve uma prevalência do sedentarismo extremamente elevada. Contradizendo os resultados encontrados na presente pesquisa, onde foi visto que o nível de exercícios físicos entre os adolescentes está alto. Porém, para Nahas (2008, p. 44), ”aptidão física relacionada à saúde é, pois a própria aptidão para a vida, pois inclui elementos considerados fundamentais para uma vida ativa com menos riscos de doenças”.
Os dados do Gráfico 2 mostram a freqüência em que os alunos fazem exercícios físicos. Na escola privada, verificou-se que 33% (n=30) dos adolescentes praticam exercícios físicos 2 vezes na semana, 28% (n=25) praticam 3 vezes na semana, 14% (n=11) praticam 4 vezes na semana e 25% (n=22) praticam todos os dias. Na Escola Pública, observou-se que 26% (n=22) dos escolares praticam exercícios físicos 2 vezes na semana, 38% (n=32) praticam 3 vezes na semana, 4% (n=3 ) praticam 4 vezes na semana e 32% (n=27 ) praticam todos os dias.
Percebe-se que os educandos praticam atividades físicas de forma regular, segundo Nahas (2006), cada vez mais é recomendável adoção de práticas de atividades físicas regulares e hábitos preventivos, que promovam um funcionamento mais eficiente do sistema cardiorrespiratório.
Gráfico 2. Distribuição da freqüência de exercícios dos adolescentes regularmente matriculados em duas instituições de ensino fundamental – Brusque/SC, 2009
No Gráfico 3 estão apresentados os dados do tempo da duração dos exercícios físicos praticados pelos adolescentes. De acordo com as respostas dos escolares da rede privada, 19% (n=17) fazem atividades físicas com duração de até 30 minutos, 48% (n=42) com duração de 30 a 60 minutos, 17% (n=15) com duração de 60 a 90 minutos e 16% (n=14) com duração de mais de 90 minutos. Na escola da rede pública, 47% (n=40) dos alunos praticam atividades físicas com duração de até 30 minutos, 26% (n=22) com duração de 30 a 60 minutos, 7% (n=6) com duração de 60 a 90 minutos e 20% (n=17) com duração de mais de 90 minutos.
Segundo WHO (2002) as evidências fisiológicas dos benefícios à saúde pela atividade física, especialmente quanto a doenças cardiovasculares, têm sua origem durante a infância e adolescência. Percebe-se, diante disso, a importância da relação entre a atividade física e estado de saúde dos adolescentes para o futuro.
Gráfico 3. Distribuição da duração do exercício físico dos adolescentes regularmente matriculados em duas instituições de ensino fundamental – Brusque/SC, 2009
No Gráfico 4, estão demonstrados os tipos de exercícios físicos mais praticados pelos alunos de ambas escolas, sendo que na escola privada houve o relato da prática de futebol, educação física, vôlei, natação, andar de bicicleta, caminhada, aula de dança, academia e judô respectivamente; já na escola pública observou-se que os exercícios físicos que os alunos mais praticam são futebol, andar de bicicleta, educação física, natação, caminhada, corrida, vôlei, judô e skate.
Referências vêm sendo apresentadas e propostas por ocasião da realização International Consensus Conference on Physical Activity Guidelines for Adolescents (BAR-OR, et al, 1998), que recomendam que todos os adolescentes devem praticar atividades físicas diariamente, ou quase todos os dias, podendo ser feitas através de esportes, trabalho, recreação, transporte, jogos, educação física ou programas de exercícios físicos, no contexto escolar, familiar e atividades comunitárias. Além das atividades físicas, recomenda-se a prática de exercícios físicos de três ou mais sessões por semana, com duração de 20 minutos ou mais, e que requerem esforços físicos moderados a vigorosos (SALLIS; PATRICK,1994 apud GUEDES et al., 2001).
Gráfico 4. Distribuição do tipo de exercício físico praticado pelos adolescentes regularmente matriculados em duas instituições de ensino fundamental – Brusque/SC, 2009
De acordo com Guedes et al. (2001), evidências apontam que a realização de esforços físicos melhoram o estado de saúde do individuo, independentemente do tipo, da duração, da intensidade e da freqüência do mesmo. Enfim, para ter efeitos positivos à saúde, deve-se se importar com a demanda energética proveniente dos esforços físicos induzidos pela prática de exercícios físicos.
Em relação aos exercícios físicos praticados pelos adolescentes de ambas escolas, verificou-se que apresentam um alto nível de exercícios físicos, sendo que nas duas escolas a maioria dos alunos praticam exercícios físicos, três vezes por semana, sendo que na escola privada o tempo da duração deste exercício físico está por volta de 30 a 60 minutos e na escola pública está por volta de até 30 minutos. Discutir e compreender as relações da atividade física com a saúde e a longevidade pode representar uma porta de entrada para a reflexão sobre as diferenças culturais (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2003).
Desta forma, é possível ostentar evidências convincentes no sentido de que a prática de atividade física habitual deve ser estimulada na adolescência, não somente por buscar a melhora do estado de saúde no presente, mas também na tentativa da preparação desta prática na idade adulta (GUEDES et al, 2001).
Com a utilização do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão curta, conseguiu-se avaliar a média da freqüência e da duração das atividades físicas feitas pelos adolescentes, como também a média total da duração destas atividades (caminhada, atividade física moderada e vigorosa) em minutos por semana (Tabela 1).
A distribuição da média total da caminhada observada na escola privada foi de 134,32 minutos por semana, abaixo da média encontrada na escola pública que foi de 326 minutos por semana. Em relação à prática de atividade física moderada, os adolescentes de ambas as escolas, apresentam sua duração adequada, sendo 393,19 e 339 minutos na escola privada e pública, respectivamente. Constatou-se que a média da duração por semana em atividades físicas vigorosas, está maior na escola privada com 281,4 minutos, na escola pública a duração está por volta de 249,25 minutos semanais.
Analisando separadamente a caminhada e as atividades físicas moderadas, verificou- se que a recomendação da realização de pelo menos 60 minutos/dia de atividade física, cinco vezes por semana foi cumprida pela maioria dos (73%) adolescentes das duas escolas.
Segundo Nahas (2008) a prática de atividade física regular beneficiará o indivíduo com mais disposição, tanto para o trabalho, como para o lazer, menor risco de doenças do coração, osteoporose, obesidade, diabetes, alguns tipos de câncer e depressão, auxilia no controle do peso corporal e na sensação de bem estar, além disto é uma boa oportunidade de encontrar pessoas e descontrair-se.
Foi realizada ainda, a classificação dos adolescentes segundo o nível de atividade física, podendo estes serem suficientemente ativos ou insuficientemente ativos (Tabela 2).
Tabela 1. Distribuição da média (± DP) da freqüência e duração da caminhada, atividade física moderada e vigorosa
A Tabela 2 demonstra a distribuição da classificação segundo o nível de atividade física, observando que em ambas escolas os adolescentes foram classificados como suficientemente ativo 73% (n=137). Entre os insuficientemente ativos, observou-se maior percentual entre os adolescentes da escola pública com 33% (n=33). As propostas que trabalham o corpo e o movimento com enfoque na saúde são muito bem aceitas entre alunos jovens e adultos, pois esse tema ganha maior interesse sobretudo quando o corpo dá sinais de diminuição da vitalidade, de entrada para a reflexão sobre as diferenças culturais (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2003).
Tabela 2. Distribuição da classificação segundo o nível de atividade física dos adolescentes regularmente matriculados em duas instituições de ensino fundamental – Brusque/SC, 2009
Conclusão
Conclui-se que o nível de atividade física praticada pelos alunos das duas escolas pesquisadas está adequado, devido à maioria dos adolescentes ser considerados suficientemente ativos. Somando os alunos que se exercitam suficientemente totaliza-se 73% (n=137) adolescentes e os que não se exercitam suficientemente 27% (n=53). Apesar deste grande número de alunos que praticam atividades físicas, deve-se preocupar com os demais, pois a pratica de atividades físicas é ideal para uma vida saudável.
Para prevenir a desnutrição e a obesidade deve-se orientar os adolescentes para uma prática de alimentação saudável bem como a realização de atividades e exercícios físicos regulares. Conciliando estes dois pontos, alimentação e atividade física, o adolescente conseguirá manter um peso ideal, uma qualidade de vida saudável e sua manutenção na vida adulta.
Enfim, a presente pesquisa contribuiu para implementar as informações e conhecimentos sobre a prática de atividade física e dos hábitos alimentares, no perfil nutricional de adolescentes, auxiliando assim o processo de melhoria da saúde pública.
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