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Análise de confiabilidade da equação sugerida 

por Brzycki para determinar o valor de 1-RM

Análisis de confiabilidad de la ecuación sugerida por Brzycki para determinar el valor de 1-RM

 

Centro Universitário Toledo de Araçatuba, SP

UNITOLEDO

(Brasil)

Diego Pulzatto Cury

Sérgio Tumelero

tumelero.prof@toledo.br

 

 

 

 

Resumo

          Entre os métodos de testes utilizados para avaliar a força muscular destaca-se os testes de 1-RM. Apesar de ser um dos mais utilizados observa-se a influência de fatores, psicológicos, físicos e ambientais que podem alterar o resultado e até ser evitado pelos avaliadores, levando-se em conta que a execução de esforços com cargas máximas podem acarretar elevado estresse muscular, ósseo e ligamentar. O objetivo deste trabalho foi analisar a eficiência e a confiabilidade da equação sugerida por Brzycki. Avaliamos 16 homens entre 18 a 38 anos, com 18 meses de treinamento de musculação, divididos em dois grupos, até 25 anos e acima de 25 anos. Foram realizados testes de 1-RM nos exercícios: Rosca Scoth, Supino Reto, e Leg Press 45º. Os resultados foram comparados aos apresentados pela equação de Brzycki.

          Unitermos: Análise. Força. Equação. Brzycki. 1-RM.

 

Abstract

          Among the testing methods used to assess muscle strength stands the tests of 1-RM. Despite being one of the most used observe the influence of psychological, physical and environmental factors that can alter the outcome and to be avoided by the evaluators, taking into account that the implementation effort with maximum loads can cause high muscular stress, bone and ligament. The aim of this study was to analyze the efficiency and reliability of the equation suggested by Brzycki. Evaluated 16 men aged 18-38 years, 18 months of strength training, divided into two groups until 25 years and above 25 years. Tests were performed 1-RM exercises: Thread scotch, bench press and leg press 45. The results were compared to those presented by Brzycki equation.

          Keywords: Analysis. Strength. Equation. Brzycki. 1-RM.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, Noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    De vários testes existentes atualmente para avaliar a força muscular, um dos mais utilizados, se não for o mais utilizado é o teste de uma repetição máxima (1-RM), porém, existem vários fatores que levam os profissionais de Educação Física a não utilizarem, dentre eles os riscos que a execução de exercícios com cargas máximas podem acarretar, como estresse muscular, ósseo e ligamentar, fatores psicológicos, físicos e ambientais também interferem no resultado da avaliação.

    LeSuer et al. (1997) alerta que: “A medição de 1-RM pode ser uma preocupação para professores de treinamento com peso e praticantes por causa do tempo necessário de preparo para realizar o teste e o risco no manuseio de pesos elevados”.

    É de suma importância que o avaliador seja um profissional experiente, que conheça toda a metodologia do teste que será utilizado para evitar os riscos que o teste proporciona. Chiesa (2002) ainda adverte que: “Indivíduos com idades entre 14 a 16 anos não devem ser submetidos a teste de carga máxima por motivos biológicos maturacionais.” Também não é aconselhável a utilização do teste de 1-RM em cardiopatas.

    Sabendo de todos estes riscos que o teste de 1-RM proporciona, e a demora para sua realização, surgiram as equações com o objetivo de predizer a força máxima sem submeter o avaliado a estresse físico e emocional, dentre todas essas equações existentes escolhemos a equação de Brzycki (1993) para avaliar.

    O modelo matemático da equação proposta por Brzycki é:

Onde:

  • carg rep: valor da carga utilizada na execução das repetições, expressa em kg;

  • rep: número de repetições executadas (entre 2 e 10).

    Os testes de 1-RM são utilizados para demonstrar ao avaliado seu aumento de força decorrente ao treinamento, para o profissional elaborar treinamentos, respeitando a especificidade, e a individualidade biológica.

    Serve também para quantificar a carga suportada em determinado exercício, e está totalmente ligada a força muscular. Vários autores dão seu conceito sobre força:

    Para Barbanti (1979) “força é a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos que determinam a força em algum movimento particular”.

    Para Tubino (1985) “força é a qualidade física que permite um músculo ou um grupo de músculos produzir tensão e vencer uma resistência na ação de empurrar, tracionar ou elevar”.

    Guedes (1997) “identifica força como a capacidade de exercer tensão muscular contra uma determinada resistência, superando, sustentando ou cedendo à mesma”.

    Para Zatsiorsky (1999) “força é a medida instantânea da interação entre dois corpos. A força é caracterizada pela sua magnitude, direção e ponto de aplicação. Refere-se ainda como a habilidade de sobrepujar ou reagir à resistência externa através do esforço muscular”.

    Já para Enoka (2000) “força pode ser definida como a interação de um objeto com tudo aquilo que lhe cerca, inclusive outros objetos. Pode ainda ser definida como um agente que produz ou tende a produzir uma mudança no estado de repouso ou de movimento de um objeto”.

    Podemos então resumir e afirmar que: “Força é a ação que consegue tirar um objeto do seu estado de repouso”.

Metodologia

Teste de força máxima (1-RM)

    Foram avaliados 16 homens entre 18 e 38 anos, com 18 meses de treinamento de musculação, divididos em dois grupos, até 25 anos (08 pessoas) e acima de 25 anos (08 pessoas).

    A força máxima foi avaliada por meio do teste de 1-RM nos aparelhos: Rosca Scoth (R.S) (este exercício foi feito no aparelho específico e não com barra livre), Supino Reto (S.R) (foi utilizada uma barra de 1,80 m com 9,2 kg, porém, não foi considerado o peso da barra) e Leg Press 45º (L.P), estes exercícios foram escolhidos por serem muito populares nos treinamentos com peso.

    Setenta e duas horas antes de realizar o teste de carga máxima o avaliado realizava os mesmos exercícios para descobrirmos o peso que este conseguia executar entre duas a dez repetições de acordo com as exigências de Brzycki para utilizarmos sua equação. Primeiramente o avaliado fazia uma série de aquecimento com quinze repetições, dava-se um intervalo de três minutos para se realizar a primeira tentativa. Caso o avaliado fizesse mais ou menos do valor estipulado, dava-se um tempo de recuperação de três minutos para uma nova tentativa, foram aceitos um máximo de três tentativas, não encontrando a repetição máxima o teste era anulado e o avaliado voltava a realizá-lo após 72 horas.

    O início de cada exercício para o teste de 1-RM foi precedido por uma série de aquecimento (quinze repetições) com aproximadamente 50% da carga da primeira tentativa, com intervalo de três minutos para a realização da primeira tentativa da carga máxima, onde se colocava um determinado peso e o avaliado precisava realizar uma repetição completa sem a ajuda do avaliador, se este conseguisse realizar duas ou mais repetições ou nenhuma a mesma era descartada, dava-se um tempo de recuperação de cinco minutos para uma nova tentativa com os pesos reajustados, até um total de três.

    Baechle (1994) diz, “atletas que procuram realizar repetições máximas ou quase máximas com uma carga elevada precisam de 3 a 5 minutos de intervalo entre cada série pesada”.

    Caso em nenhuma das três fosse encontrado a carga máxima o teste era anulado e o avaliado voltava a realizar depois de 72 horas de descanso, foi registrada a carga máxima aquela tentativa em que o avaliado executou a tentativa completa uma única vez.

    Ressaltando que a forma e a técnica de execução dos exercícios foram padronizadas e monitoradas para garantir a eficiência do teste.

Objetivos

    O trabalho teve como objetivo analisar a eficiência da equação sugerida por Brzycki, avaliar se sua margem de erro é muito alta, para que assim possamos demonstrar aos profissionais da área que trabalhem com teste de força se é compensatório utilizar esta equação ou não.

Resultados

    Foi calculada a diferença entre os resultados obtidos pela prática e pela equação, também calculamos as médias e o desvio padrão.

Tabela 1. Avaliados acima de 25 anos

Avaliados

Prática

Brzycki

Diferença

Prática

Brzycki

Diferença

Prática

Brzycki

Diferença

Idade

S.R

S.R

R.S

R.S

L.P

L.P

1

70

69

-1

50

38

-12

320

360

40

38

2

86

87

1

75

70

-5

360

267

-93

32

3

66

75

9

50

48

-2

330

387

57

27

4

52

53

1

30

32

2

230

253

23

32

5

78

88

10

50

53

3

375

387

12

30

6

58

60

2

34

30

-4

280

307

27

30

7

70

65

-5

65

52

-13

350

386

36

38

8

46

45

-1

50

51

1

220

223

3

29

Média

65,75

67,75

2

50,5

46,75

-3,75

308,125

321,25

13,125

32

D.P

13,28

15,29

5,09

14,65

13,10

6,08

58,79

67,39

46,02

4,03

Legenda: S.R Supino Reto, R.S – Rosca Scoth, L.P – Leg Press 45º, D.P – Desvio Padrão.

    Podemos observar na tabela 1 acima, os resultados dos avaliados com mais de 25 anos, idade média de 32, no exercício supino reto a diferença média foi de 2 kg para mais, dentro do desvio padrão sua normalidade fica aceita uma variação média de 5 kg para mais e para menos, podendo variar então de 3 kg para menos até 7 kg para mais na diferença entre a prática e a equação, no entanto apenas três avaliados ficaram fora da normalidade, no exercício rosca scoth a diferença média foi de 3,75 kg para menos. De acordo com o desvio padrão é aceita uma diferença de até 9,75 kg para menos e 2,25 kg para mais, apenas três avaliados ficaram fora da normalidade, e no exercício leg press a diferença média foi de aproximadamente 13 kg para mais, com desvio padrão de aproximadamente 46 kg é aceita uma diferença de 33 kg para menos até 59 kg para mais, tendo apenas um avaliado ficado fora da normalidade.

    As variações de peso aceitas explicadas acima estão na Tabela 1.1 abaixo.

Tabela 1.1.

Exercício

Maior

Média

Menor

S.R

- 3 kg

2 kg

7 kg

R.S

- 9,75 kg

3,75 kg

2,25 kg

L.P

- 33 kg

13 kg

59 kg

    Podemos observar os dados dos avaliados expressos na tabela 1 no gráfico 1 abaixo.

Gráfico 1

    Este gráfico mostra a variação da carga máxima de cada avaliado acima de 25 anos, encontrados na prática e na equação em cada exercício.

Tabela 2. Avaliados até 25 anos

Avaliados

Prática

Brzycki

Diferença

Prática

Brzycki

Diferença

Prática

Brzycki

Diferença

Idade

S.R

S.R

R.S

R.S

L.P

L.P

1

80

79

-1

80

80

0

410

462

52

23

2

44

45

1

20

21

1

300

280

-20

19

3

60

59

-1

36

40

4

270

320

50

18

4

58

59

1

34

32

-2

286

293

7

19

5

68

67

-1

40

40

0

270

307

37

23

6

68

72

4

30

35

5

296

360

64

18

7

70

68

-2

73

73

0

400

349

-51

20

8

66

63

-3

46

48

2

260

240

-20

19

Média

64,25

64

-0,25

44,875

46,125

1,25

311,5

326,375

14,875

19,875

D.P

10,55

10,18

2,18

20,99

20,36

2,31

59,34

66,73

42

2,03

Legenda: S.R Supino Reto, R.S – Rosca Scoth, L.P – Leg Press 45º, D.P – Desvio Padrão.

    Na tabela 2 temos os dados dos avaliados com até 25 anos, idade média de 20 anos, podemos observar uma diferença média menor nos exercícios supino reto e rosca scoth comparados com a média da tabela 1, já no exercício leg press obtivemos uma média maior em relação a média da tabela 1, tendo o supino reto a menor diferença dos exercícios avaliados que foi de apenas 0,25 kg aproximadamente para menos, com um desvio padrão de aproximadamente 2 kg, é aceito uma diferença de 2,25 kg para menos até 1,75 kg para mais, como é observado apenas dois avaliados ficaram fora da normalidade, analisando o exercício de rosca scoth sua diferença média foi de aproximadamente 1,25 kg para mais e desvio padrão de 2 kg aproximado, sendo aceito uma diferença de 0,75 kg para menos e 3,25 kg para mais, no entanto três avaliados ficaram fora do normal, no leg press obtivemos uma diferença média de 14,875 kg, com desvio padrão de 42 kg aproximados, podendo variar então de 27,125 kg para menos até 61,875 kg para mais, onde tivemos dois avaliados fora do aceito.

    As variações de peso aceitas explicadas acima estão na tabela 2.1 abaixo.

Tabela 2.1.

Exercício

Maior

Média

Menor

S.R

- 2,25 kg

- 0,25 kg

1,75 kg

R.S

- 0,75 kg

1,25 kg

3,25 kg

L.P

- 27,125 kg

14,875 kg

61,875 kg

    Podemos observar os dados dos avaliados expressos na tabela 2 no gráfico 2 abaixo.

Gráfico 2

    O gráfico acima mostra a variação da carga máxima de cada avaliado até 25 anos, encontrados na prática e na equação em cada exercício.

Gráfico 3

    O gráfico 3 mostra as diferenças médias de carga máxima dos exercícios na tabela 1 e 2, podemos observar que a diferença média entre os exercícios é bem próxima, sendo que a diferença média em cada exercício é de -1,66 kg.

Discussão

    Existe atualmente diversas equações para predizer o valor de 1-RM, pelo menos sete equações como é possível observar no estudo de LeSuer et al. (1997) onde a equação de Brzycki foi uma das avaliadas, porém, nos limitamos em avaliar apenas a equação sugerida por Brzycki.

    Avaliamos 16 homens com 18 meses de treinamento de musculação e utilizamos três exercícios para avalia-los: Rosca Scoth (RS), Supino Reto (SR) e Leg Press 45º (LP), no estudo de LeSuer et al. (1997) também foi utilizado três exercícios, sendo eles: Supino Reto, Agachamento e Levantamento Terra com 67 indivíduos, todos estudantes universitários, onde 40 eram homens e 27 mulheres, o estudo de Nascimento et al. (2007) assim como o nosso se limitou em avaliar apenas a equação de Brzycki porém, foi utilizado apenas um exercício para o teste, Supino Reto e foi avaliado 50 homens (22,2 ± 3,5 anos; 64,7 ± 8,6 kg) sedentários ou moderadamente ativos.

    Em nosso estudo a equação se mostrou mais precisa para o Supino Reto coincidindo com o resultado do estudo de LeSuer et al. (1997) e Nascimento et al. (2007), seguido pela Rosca Scoth e pelo Leg Press 45º.

    LeSuer et al. (1997) conclui seu trabalho afirmando que: “Os dados encontrados sugerem que repetições de fadiga (10 ou menos repetições) podem precisamente predizer o valor de 1-RM. Em geral, as fórmulas que mais predisseram precisamente o valor de 1-RM foi no supino.”

    Nascimento et al. (2007) ao concluir seu trabalho afirma que: “Os resultados sugerem que a equação de Brzycki pode ser considerada uma alternativa bastante atraente para a estimativa dos valores de carga máxima (1-RM) para o exercício supino reto, a partir da execução de testes submáximos de 7 a 10 repetições, já que a equação atendeu satisfatoriamente aos critérios de validação utilizados, uma vez que nenhuma diferença estatisticamente significante foi verificada.”

Conclusões

    Podemos observar que a diferença dos resultados obtidos na prática em relação ao da equação foi mais preciso nos exercícios de supino reto e rosca scoth nos avaliados de até 25 anos, já no exercício leg press a equação se mostrou mais precisa com os avaliados acima de 25 anos.

    Para os avaliados com até 25 anos a equação mostrou uma diferença de 0,25 kg a menos no supino reto, 1,25 kg a mais na rosca scoth e de 14,875 kg a mais no leg press, enquanto que para os avaliados acima de 25 anos foi encontrada uma diferença de 2 kg a mais no supino reto, 3,75 kg a menos na rosca scoth e 13,125 kg a mais no leg press.

    No geral a equação se mostrou precisa para ambos os grupos avaliados, onde 7 pessoas ficaram fora da normalidade calculada pelo desvio padrão, no grupo acima de 25 anos 3 avaliados fora da normalidade no exercício supino reto, 3 no exercício rosca scoth e apenas 1 no leg press, no grupo de até 25 anos 2 avaliados fora da normalidade no exercício supino reto, 3 no exercício rosca scoth e 2 no leg press.

    Podemos então afirmar que a equação sugerida por Brzycki é valida e possui uma margem de erro baixa, sendo uma boa sugestão para ser utilizada em testes de 1-RM, no lugar do teste tradicional, evitando todos os estresses já mencionados, além de não exigir muito tempo para avaliar a carga máxima como se leva no teste tradicional.

Referências bibliográficas

  • BAECHLE, T. R. Essentials of strength training and conditioning. Champaign, IL: Human Kinetics, 1994.

  • BARBANTI, V. S. Teoria e prática do treinamento desportivo. São Paulo-SP. Edusp, 1979.

  • BRZYCKI, M. Strength testing: predicting a one-rep max from repetitions to fatigue. JOPERD. 1993.

  • CHIESA, L. C. Musculação, aplicações práticas. Rio de Janeiro-RJ. Shape. 2002.

  • ENOKA, R. M. Bases neuromecânicas da cinesiologia. 2 ed. São Paulo-SP. Manole. 2000.

  • GUEDES, D. P. Personal training na musculação. 2 ed, 1997.

  • LESUER, D. A. et al. The accuracy of prediction equations for estimating 1-RM performance in the bench press, squat, and deadlift. Journal of Strength and Conditioning Research, 1997.

  • NASCIMENTO, M. A. et al. Validação da equação de Brzycki para a estimativa de 1-RM no exercício supino em banco horizontal. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.13, n.1, jan/fev. 2007.

  • TUBINO, M. J. C. Metodologia científica do treinamento desportivo. 4 ed. São Paulo-SP, 1985.

  • ZATSIORSKY, V. M. Ciência e prática do treinamento de força. São Paulo-SP. Phorte Editora, 1999.

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