A visão de pessoas com necessidades especiais a respeito da Educação Física e Esporte La mirada de la personas con discapacidad con respecto a la Educación Física y el Deporte |
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*Graduada em Educação Física. Universidade Tiradentes **Graduada em Educação Física. Universidade Tiradentes ***Graduado em Educação Física. Universidade Tiradentes Especialista em Educação Especial. Faculdade São Luis de França Professor da rede pública estadual, Sergipe ****Graduado em Educação Física. Universidade Federal de Sergipe Mestre em Saúde e Ambiente. Universidade Tiradentes Professor da rede pública estadual, Sergipe (Brasil) |
Cristiane Anjos Silva Daniele Fontes Moura Jorge Rollemberg dos Santos Arley Santos Leão |
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Resumo Atualmente diversos estudos vêm sendo realizados com intuito de analisar os benefícios de atividades físicas nas aulas de Educação Física e Esporte como forma de melhorar a auto-estima e as condições físicas das pessoas com necessidades especiais. O objetivo da pesquisa caracterizou-se na análise da visão do significado da prática da Educação Física e Esporte para pessoas especiais, como elas perceberam as melhorias e os benefícios em seu dia a dia, buscando deste modo destacar a importância dos mais diferentes aspectos que vão desde o desenvolvimento cognitivo, motor, social, motivacional, até as mais diferentes habilidades e capacidades. Esta pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa de campo e descritiva. Para levantamento de dados foi utilizado como instrumento um questionário voltado a alunos de uma Instituição Pública que atende a pessoas com deficiência mental. Concluiu-se que o significado da Educação Física e do Esporte para pessoas com necessidades especiais, têm sido priorizada primeiramente a como meio beneficiador para a saúde física e o lazer, não deixando de lado os outros fatores: psicológico e afetivo, além de destacar o fator da inclusão social e da qualidade de vida destas pessoas. Unitermos: Significado. Educação Física. Esporte adaptado.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, Noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
As pessoas com necessidades especiais vêm merecendo especial atenção na sociedade atual. Os benefícios da prática esportiva para eles são inúmeros, com a prática corporal o indivíduo pode tornar-se apto a inúmeras habilidades, pois a atividade física auxilia no processo de adaptação e torna a pessoa muito mais independente, melhorando sua auto-estima e suas condições físicas, mesmo que de forma diferente.
A Educação Física hoje contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. O esporte adaptado significa muito mais do que uma simples prática corporal, pois a participação do aluno com necessidades especiais nas aulas de Educação Física e Esportes é significativa para o desenvolvimento de suas capacidades. (SOLER, 2006).
O Esporte Adaptado e a Educação Física Adaptada são áreas do conhecimento em Educação Física e Esporte, que tem a função e o objetivo de atuar em uma população que possui em suas características a deficiência ou as necessidades especiais, sendo desenvolvidas através de atividades psicomotoras, do esporte pedagógico, da recreação e lazer, além de técnicas de orientação e locomoção (ROSADAS, 1991).
As atitudes do docente com os alunos podem influenciar de maneira decisiva na construção da auto-imagem, contribuindo para melhorar a sua auto-estima. Nas aulas de Educação Física e Esporte pode ser construída uma nova atitude em relação às pessoas com necessidades especiais, possibilitando a aquisição de atitudes, de solidariedade, respeito mútuo e aceitação, excluindo qualquer tipo de preconceito (SOLER, 2006).
O presente estudo objetiva analisar o real significado da prática da Educação Física e Esporte para pessoas com necessidades especiais, como elas percebem as melhorias e os benefícios em seu dia a dia, buscando deste modo destacar a importância dos mais diferentes aspectos que vão desde o desenvolvimento cognitivo, motor, social, motivacional, até as mais diferentes habilidades e capacidades que levam a autonomia do sujeito.
Metodologia
Para a realização deste trabalho foi feita pesquisa descritiva, que segundo Thomas e Nelson (2002) é o meio pelo qual o pesquisador utiliza-se para estudar determinadas práticas presentes ou opiniões de uma população específica, sendo bastante utilizados na área da educação e das ciências comportamentais.
A pesquisa foi realizada com alunos especiais com deficiência mental que freqüentam as aulas de Educação Física e Esporte em uma Escola Estadual de Sergipe que oferece como modalidade de ensino a Educação Especial, localizada no município de Aracaju - SE.
A população foi composta por 90 alunos, com idade entre 18 e 35 anos, regularmente matriculada na Unidade de Ensino definida para o estudo. Deve-se ressaltar que a referida Escola foi escolhida a partir do critério de facilidade de acesso ao local e por ser uma escola do Município com voluntários que se enquadram no perfil da pesquisa, sendo escolhidos de forma aleatória, onde foi feito um sorteio para que todas as turmas tivessem sido representadas.
Para a amostra foram selecionados um total de 20 alunos, todos no turno da tarde, com idade entre 18 a 35 anos, sendo 12 do gênero masculino e 08 do feminino, escolhidos de forma aleatória, tendo apenas como requisito estarem matriculados no ano em curso e se enquadrarem nessa faixa etária de idade.
A coleta de dados foi realizada durante os meses de abril e maio de 2009, onde se buscou através da pesquisa de campo identificar qual o real significado da Educação Física e Esporte para pessoas com necessidades especiais.
Entre os instrumentos de coletas de dados conhecidos foi utilizado o questionário para alunos de uma Instituição Pública que atende pessoas com necessidades especiais, o qual foi constituído para atender as finalidades deste estudo, ressalva-se informar que este foi aplicado pelo próprio pesquisador com objetivo de propiciar os subsídios fundamentais para alcançar aos objetivos da pesquisa.
Foi elaborado um termo de consentimento, contendo informações sobre os objetivos da pesquisa e o público alvo a ser pesquisado, que se restringiu aos alunos que freqüentem as aulas de Educação Física e Esportes.
Para analise dos dados foi utilizado a Estatística descritiva na forma de tabelas e gráficos.
Resultados
Nesse capítulo serão apresentados por meio de tabelas e gráficos os resultados obtidos através dos dados coletados, analisando-os e relacionando-os com a literatura ao qual está associada. O total de participantes, faixa etária e distribuição entre os gêneros são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Valores de proporcionalidade para idade e sexo
Após análise de perguntas que tratavam sobre a visão que os alunos tinham a respeito das aulas de Educação Física (Tabela 2), pode-se observar que 100% responderam que a aula de Educação Física era “boa”, sendo possível observar que a mesma esta desempenhando seus reais objetivos, sendo comprovado através das afirmações coletadas. Levandoski e Cardoso (2007) reforçam a idéia que a prática da atividade física também atua de forma a amenizar os problemas de saúde e leva o individuo a superar suas dificuldades, sendo uma importante fator de inclusão.
Tabela 2. Valores de proporcionalidade sobre a visão das aulas de Educação Física
Diante da aceitação positiva pelas aulas de Educação Física, percebe-se na Tabela 2, que o professor tem seu papel fundamental neste processo de evolução na Educação Física voltada para a prática pedagógica que preencha as necessidades de pessoas com deficiências.
Winnick (2004) relata que a Educação Física adaptada tem sido valorizada e enfatizada como uma das condições que beneficia o desenvolvimento motor, intelectual, social e afetivo das pessoas, mostrando sua importância através de seus objetivos distintos como: atividades adaptadas respeitando a individualidade, as diferenças, as limitações, e proporcionando-as a melhora do desenvolvimento em sua totalidade, portanto, valorizando a qualidade de vida.
Os gráficos 01 e 02 fazem referência sobre a exclusão nas aulas de Educação Física, onde foi identificado que mesmo sendo uma escola que oferece a modalidade educação especial, verifica-se que alguns alunos se sentem excluídos das aulas. Observa-se que esta pratica diferencia-se dos discursos apresentados pela literatura, a qual faz menção que o aluno deve ser tratando sem desigualdades.
A inclusão social é um meio de contribuir para a transformação da sociedade, quebrando os paradigmas através de pequenas e grandes mudanças, tanto no que diz respeito à estrutura física como na mentalidade de todas as pessoas. Stainback e Stainback (1999) asseguram que o objetivo principal da inclusão é o respeito às diferenças, valorizando a individualidade e fazendo com que todos os alunos pertençam a uma comunidade educacional.
Segundo Cavalcante (2005), a inclusão tem mostrado sua eficiência e se destacado a cada ano, garantindo a todos o direito a educação. Na escola inclusiva o objetivo principal é fazer com que os alunos aprendam a conviver e a respeitar as diferenças e se tornarem pessoas mais solidárias. Isso só será possível com a participação essencial do professor.
Na tabela 3 verifica-se que dentre os alunos do gênero masculino 83% participam ativamente das atividades, não possuindo fatores que interfiram na prática da atividade física e esportes, porém identificou-se que a influência da família e de amigos também surge como causa para a exclusão nas aulas, sendo que 8,5% sofrem influência dos pais, familiares, amigos e problemas relacionados à saúde.
As famílias muitas vezes com o intuito de proteger, visualizam o filho deficiente como uma pessoa que não possui condições de participar de atividades cotidianas, frequentemente privando-os de vivenciar situações de pouca complexidade e até da prática diária de atividades física. Desta maneira a participação dos pais deixa de favorecer ao desenvolvimento integral das habilidades e capacidades de seus filhos.
Tabela 3. O que leva a não participar das aulas de Educação Física e praticar esportes
É possível observar na sociedade que muitas pessoas com necessidades especiais passam por uma série de dificuldades em seu dia-a-dia, que adquirem um sentimento de incapacidade por se sentirem ignoradas e muitas vezes impedidas de levar uma vida como qualquer outro ser humano.
Apenas a generosidade de alguns não é suficiente para um possível desenvolvimento social destes alunos, é necessário que todos façam a sua parte, que proporcionem a eles um ambiente digno, e o direito a participação das atividades diárias. Segundo Carvalho (1993), a família, a escola e a comunidade são à base de uma educação de qualidade, a qual se deve trabalhar pela aceitação da diferença, assumindo-a como um dado da realidade.
A tabela 04 refere-se ao cotidiano nas aulas de Educação Física e a prática de Esportes, buscando identificar como se comportam e que atitudes mais se destacam no decorre das aulas. Foi possível identificar que a maioria das respostas apresentadas referia-se a diversão durantes a aula, no gênero feminino verificou-se que 75% visualizam as aulas como forma de diversão, e 25% não participam efetivamente das aulas, devido as suas limitações. No gênero masculino, 58% se divertem nas aulas, 25% fazem novas amizades e 17% não participam das atividades.
Tabela 4. Comportamento nas aulas de Educação Física e prática de Esportes
Diehl (2006) mostra que é importante que os professores interajam no mundo das crianças e dos jovens, pois cada um apresenta características e responde emocionalmente de maneira diferenciada às solicitações feitas, o que passa a refletir no grau de auto-estima do aluno. A auto-estima influência levando-os a participar em esportes e atividades físicas, além de aprimorar suas habilidades e capacidades motoras.
É importante fazer com que o aluno com deficiência sinta-se pertencente ao grupo, e não apenas fazendo parte dele, ensinando ao grupo que é preciso aceitar as limitações de cada um e da equipe. Deve-se valorizá-lo e reconhecê-lo diante da melhora de seu potencial e da superação de seus limites (DIEHL, 2006).
Os gráficos 03 e 04 referem-se ao significado da Educação Física e Esporte para pessoas com necessidades especiais, nestes gráficos é possível observar que no sexo masculino prevaleceu com 68% das respostas como uma forma de mostrar que possuem a mesma capacidade de qualquer outra pessoa, verificando-se também 17% das respostas como meio de melhorar a saúde e 17 % bem estar.
No sexo feminino visualizou-se que 50% das respostas apontaram para meio da melhoria da saúde, 33% como forma de mostrar que possui a mesma capacidade de qualquer outra pessoa e 17% como bem estar.
Observa-se que a clientela pesquisada apesar de possuir suas limitações físicas e psicológicas analisa e conceitua a Educação Física e o Esporte como um meio de mostrar a sociedade sua capacidade de praticá-lo como qualquer outro ser humano, observando ainda que associam a prática destes com benefícios relacionados a saúde , além de ainda citarem ser um momento propiciador de bem estar.
A prática de atividade física e/ou esportiva por deficientes pode proporcioná-los uma gama de benefícios voltados à saúde, e também a oportunidade de testar seus limites e potencialidades, prevenindo as enfermidades secundárias à sua deficiência e promovendo a integração social do indivíduo (MELO e LOPEZ, 2002).
Estudo como o Levandoski e Cardoso (2007), mostra que a prática de uma atividade física com o objetivo inclusão social, traz inúmeros benefícios que englobam o ser humano, em especial os deficientes, onde além de amenizar alguns dos problemas que acarretam a saúde, são utilizados como estratégias que proporcionam ao indivíduo, uma tentativa de superação de seus limites.
Conclusão
Diante do que foi proposto e abordado neste estudo, é possível observar que o significado da Educação Física e Esporte para pessoas com necessidades especiais, tem mostrado que os mesmos tem priorizado a prática da atividade física primeiramente como meio beneficiador para a saúde física e o lazer, não deixando de lado os outros fatores: psicológico e afetivo, além de destacar o fator da inclusão social e da qualidade de vida destas pessoas.
Os benefícios da prática de atividade física nas aulas de Educação Física e o Esporte são inúmeros, diante do que foi discutida, a prática de exercícios físicos seja em qualquer contexto, é o meio pela quais as pessoas que possuem deficiências dispõem para alcançar os benefícios que estas atividades podem oferecer, levando o indivíduo a descobrir que é possível, apesar das limitações físicas ou psicológicas, ter uma vida normal e saudável, visando uma melhor qualidade de vida.
Espera-se que este estudo tenha sido o passo inicial para uma maior conscientização no que tange o trabalho realizado com pessoas com necessidades especiais, independente das peculiaridades que possam vim apresentar, ou fatores ligados a status, idade, ou gênero. E que este estudo possa ser meio influenciador de estudos futuros no campo da Educação Física para deficientes através de seus valores e objetivos.
Referências
CARVALHO, RE. Família, Escola e Comunidade: alicerces da Educação Especial. Revista Mensagem da APAE. N.60. Abril a Junho. Brasília – DF, 1993.
CAVALCANTE, M. A escala que é de todas as crianças. Revista Nova Escola, Vol.20, nº 182, 2005.
DIEHL, RM. Jogando com as Diferenças: jogos para crianças e jovens com deficiência. São Paulo- SP. Phorte, 2006.
LEVANDOSKI, G; CARDOSO, FL. Atletas de basquetebol em cadeiras de rodas da cidade de Florianópolis: uma análise descritiva das lesões dos praticantes. In: 6° Fórum Internacional de Esportes. Anais em CD, Florianópolis, jun. de 2007.
MELO, ACR; LOPEZ, RFA. O Esporte Adaptado. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 08, N° 51, Agosto de 2002. http://www.efdeportes.com/efd51/esporte.htm
ROSADAS, S de C. Educação Física Especial para Deficientes. 3ª Ed. Livraria Atheneu Editora, Rio de Janeiro – São Paulo, 1991.
SOLLER, R. Brincando e Aprendendo na Educação Física Especial. Rio de Janeiro: 2ª ed: Sprint, 2006.
STAINBACK, S; STAINBACK, W. Inclusão: Um guia para educadores. Tradução de Magda França Lopes. Porto Alegre: ARTIMED, 1999.
THOMAS, JR.; NELSON, JK.. Métodos de pesquisa em atividade fisica. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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