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Trabalhando a dança na escola com a abordagem crítico-superadora

Trabajando con la danza en la escuela con el abordaje crítico-superador

 

*Acadêmica do curso de Educação Física, UNOESC

Campus de São Miguel do Oeste, SC

Professora de Educação Física

**Professor Orientador

(Brasil)

Karina Rosângela Müller*

karina.rmuller@hotmail.com

Vitélio Jacinto Daniel**

viteliojacintodaniel@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve por objetivo desenvolver uma proposta didática metodológica para trabalhar a Dança na escola através da Abordagem Crítico-Superadora. Porque, em grande parte das escolas a dança não é considerada como conteúdo da Educação Física, os professores se utilizam dela como uma atividade para distrair as crianças e não como área de conhecimento. A realidade é que a dança é lembrada nas escolas em épocas festivas ou outras atividades relevantes. A dança reflete na educação dos alunos, elementos que favorecem o desenvolvimento do ser humano consigo mesmo, com os outros e com seu meio. Proporciona aos alunos um desempenho na criatividade, musicalidade, socialização, capacidades motoras, coordenação, flexibilidade, psicológico, postura, atitudes, gestos e ações cotidianas, auto-estima, superação da timidez, com objetivo de melhorar o comportamento da criança, resgatar valores culturais e o prazer da atividade lúdica para o desenvolvimento físico, emocional e intelectual. Diante disso surgiu a seguinte situação problema: Qual a percepção de uma professora de Educação Física e alunos da 7ª série do Ensino Fundamental sobre a dança na escola trabalhada através da abordagem crítico-superadora? A metodologia adotada foi trabalhar com a Dança Figurativa nas aulas de Educação Física com alunos da 7ª série do Ensino Fundamental. E após a intervenção elaborado uma entrevista semi-estruturada com os alunos e professora.

          Unitermos: Dança. Abordagem Crítico-Superadora. Educação Física.

 

Abstract
          This study aimed to develop a proposed methodology for teaching work by dancing in the school-Critical Approach overcome. Because in most schools dance is not considered as content of physical education, teachers are using it as an activity to entertain children and not as an area of knowledge. The reality is that dance is remembered in schools during festive seasons or other relevant activities. The dance reflects the education of students, factors that favor the development of the human being with oneself, others and their environment. Provides students with a performance on creativity, musicality, socialization, motor skills, coordination, flexibility, psychological, attitude, attitudes, gestures and everyday actions, self-esteem, overcome shyness, aiming to improve the child's behavior, rescue cultural values and the pleasure of playing for the physical, emotional and intellectual. Given this situation arose the next problem: What is the perception of a Physical Education teacher and students in the 7th grade of elementary school on the school dance crafted by surpassing critical approach? The methodology adopted was to work with the Dance Figurative in physical education classes with students from 7th grade on. And after the intervention produced a semi-structured interviews with students and teacher.
          Keywords: Dance. Approach-Critical overcome. Physical Education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, Noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Dança trabalhada na escola é sinal de alegria, faz despertar em quem dança grandes sentimentos. De acordo com uma teórica da dança, Fux (1983), dançar faz fluir sensações de alegria proveniente da forma lúdica de movimentar-se livremente. Para ela, a dança na infância produz efeitos terapêuticos que proporcionam formas de expressar alegria, tristeza e euforia, permitindo que a criança lide com seus problemas, aumentando seu repertório e possibilitando identificar e nomear seus próprios sentimentos e pensamento.

    A dança favorece a professores de Educação Física, várias possibilidades a serem trabalhadas, não de forma mecânica, ou apenas reproduzindo o que a mídia mostra, mas como uma proposta educativa que deve ser trabalhada com criatividade, expressão e comunicação, realizando ligações entre a crítica, a estética, o educativo, entre outros. (RINALDI, 2010, p. 7).

    Sobre a dança na disciplina de Educação Física, Brasil (1997, p. 15), relata o seguinte:

    O trabalho de Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de participar de atividades culturais como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções.

    A proposta pedagógica utilizada foi à abordagem crítico-superadora, que segundo Rivaldi (2010, p. 9): “sugere meios didático-pedagógicos que viabilizem, ao se tematizarem as formas culturais do movimentar humano, propiciar um esclarecimento crítico a seu respeito, apresentando suas ligações com os elementos atuantes [...]”.

Referencial teórico

A dança na escola

    Para Verderi (2000, p. 33) a dança na Escola deve proporcionar oportunidades para que o aluno possa desenvolver todos os seus domínios do comportamento humano e, através de diversificação e complexidades, o professor pode fornecer possibilidades para a formação de estruturas corporais mais complexas. As atividades e propostas de trabalho da dança na escola são elaboradas e fundamentadas unicamente no movimento e nas possibilidades da mudança do mesmo e, também, nas informações reais que esse movimento poderá fornecer para o aluno, quando estiver falando em educação nos componentes curriculares.

    Verderi (2000, p. 34) escreve sobre a dança, nas aulas de Educação Física:

    A Dança na escola, associada à Educação Física, deverá ter um papel fundamental enquanto atividade pedagógica e despertar no alunado uma relação concreta sujeito-mundo. Deverá propiciar atividades geradoras de ação e compreensão, favorecendo a estimulação para ação e decisão no desenrolar das mesmas, e também reflexão sobre os resultados de suas ações, para assim, poder modificá-las defronte a algumas dificuldades que possam aparecer e através dessas mesmas atividades, reforçar a auto-estima, a auto-imagem, a autoconfiança e o auto-conceito. O professor não deve ensinar o aluno como se deve dançar, mas sim favorecer a aprendizagem. Não deve demonstrar os movimentos, mas sim criar condições para que o aluno se movimente. Aqui, a dança não tem regras, não tem certo, não tem errado.

    Segundo Verderi (2000, p. 35) através das atividades da dança, deseja que a criança evolua quanto ao domínio de seu corpo, desenvolvendo e melhorando suas possibilidades de movimentação, descobrindo novos espaços, formas, superação de suas limitações e condições para enfrentar novos desafios em relação aos aspectos motores, sociais, afetivos e cognitivos. O grande número de atividades que a dança possibilita deve permitir o máximo de integração com os processos de ensino-aprendizagem a fim de atender aos objetivos gerais propostos, criando oportunidades para a criança se expressar, se mover, ser criativa, espontânea e conviver com os colegas e com ela mesma.

    Para Verderi (2000 p. 58) a Dança na escola, é integrada à Educação Física e deverá ter um papel fundamental enquanto atividade pedagógica, despertando no aluno uma relação real sujeito-mundo. Deverá proporcionar atividades geradoras de ação e compreensão, favorecendo a estimulação para ação e decisão no desenrolar das mesmas, e também reflexão sobre os resultados de suas ações, para deste modo, poder modificá-las frente a algumas dificuldades que possam aparecer e através dessas mesmas atividades, reforçar a auto-estima, a auto-imagem, a autoconfiança e o auto-conceito. Não deve nos preocupar com a quantidade de atividades que iremos oferecer para os alunos, mas sim, na qualidade, adequação e principalmente uma participação espontânea, que acima de tudo proporcione prazer, para não sair uma aula institucional mecanicista. 

A dança como conteúdo da Educação Física

    A dança é considerada como um conteúdo a ser trabalhado pela educação física escolar. Para Pellegrini (1988 apud PEREIRA; HUNGER, 2006) a educação física engloba a dança, assim como o esporte e a recreação, desde que estes se prestem aos objetivos e propósitos da Educação Física Escolar.

    A dança além de atividade física é ‘educação’, sendo indispensável para que o indivíduo entenda o que é e por que fazer o movimento, pois o movimento expressivo antes de tudo deve ser consciente. (PIEREZAN et al, p. 4)

    A criança precisa de oportunidade para estar demonstrando seu potencial criativo e representativo, com isso as atividades para elas dirigidas devem favorecer a sensação de alegria isso só ocorrerá através da liberdade de movimento, livre expressão e desenvolvimento de outras dimensões. Deverá propiciar atividades geradoras de ação e compreensão, favorecendo a estimulação para ação e decisão no desenrolar das mesmas, e também reflexão sobre os resultados de suas ações, para poder modificá-las defronte a algumas dificuldades que possam aparecer e através dessas mesmas atividades, reforçar a auto-estima, a auto-imagem, a autoconfiança e o auto-conceito. Por esse motivo a dança dentro da educação física tem um papel fundamental. (PIEREZAN et al, p. 3- 4) A Educação Física se compõe de "diversas formas expressivas do movimento" como a dança, a ginástica, os jogos e o desporto, que se caracterizam como a cultura de movimento. (SOARES, 1999 p. 126 apud PEREIRA; HUNGER, 2006)

    Neste caso, sabendo que a dança está presente de alguma forma na Educação Física, é necessário refletir sobre a função, o papel da dança na Educação Física. É necessário que haja uma reflexão sobre as quais propósitos, finalidades e objetivos deve a dança servir na Educação Física. (PEREIRA; HUNGER, 2006)

A dança na abordagem crítico-superadora

    O objeto de estudo desta abordagem metodológica, segundo Soares et al.(1992, RIVALDI, 2010 p. 9) é a “reflexão sobre a cultura corporal”, sendo que as expressões do corpo são entendidas como linguagem universal que necessitam ser trabalhadas com os alunos a fim de que entenda a realidade em sua totalidade e, portanto, como algo dinâmico e que precisa de transformações.

    A proposta pedagógica crítico-superadora, sugere meios didático-pedagógicos que viabilizem, ao se tematizarem as formas culturais do movimentar-se humano, propiciar um esclarecimento crítico a seu respeito, apresentando suas ligações com os elementos atuantes, desenvolvendo simultaneamente, as competências para tal: a lógica dialética. Dessa forma, conscientes e possuidores de uma consciência crítica, os sujeitos poderão agir autônoma e criticamente no campo da cultura corporal ou do movimento e também atuar de forma transformadora como cidadãos políticos. (RIVALDI, 2010 p. 9)

    Nas 7ª e 8ª séries devem ser trabalhadas, de acordo com os idealizadores da metodologia em questão, as danças aprimoradas em técnicas e expressão, aliando o trato com mímicas e abordando temas que atendam as necessidades dos alunos. No final dos ciclos de escolarização, o ensino médio é tratado a partir de danças que necessitam de conhecimento técnico, científico e artístico, além do conteúdo de expressão corporal, estimulando o aperfeiçoamento desses conhecimentos. (RIVALDI, 2010 p. 10)

A abordagem crítico-superadora e os PCNs

    Conforme os autores, a Educação Física é entendida com uma disciplina que trata de um tipo de conhecimento denominado Cultura Corporal que tem como temas: o jogo, a ginástica, a dança, o esporte e a capoeira. A avaliação do processo de ensino e aprendizagem na abordagem crítico-superadora deve ser um momento de reflexão coletiva, envolvendo vários temas: o projeto histórico; as condutas humanas; as próprias práticas avaliativas; as decisões em conjunto; o tempo necessário para a aprendizagem, que é o tempo pedagógico; a compreensão crítica da realidade; a ludicidade e a criatividade; os interesses, necessidades e intencionalidades objetivas e subjetivas. (DARIDO; RANGEL, 2005 p. 13)

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais consistem em documentos elaborados pelo Ministério da Educação brasileiro com o intuito de orientar o trabalho dos professores do ensino fundamental (de 1ª a 8ª séries) e do ensino médio (1º ao 3º colegial). Foi elaborado um PCN para cada disciplina curricular: artes, educação física, português, matemática, etc

    O documento de Educação Física traz uma proposta que procura democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da área, buscando ampliar, de uma visão apenas biológica, para um trabalho que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos. Incorpora, de forma organizada, as principais questões que o professor deve considerar no desenvolvimento de seu trabalho, subsidiando as discussões, os planejamentos e as avaliações da prática da Educação Física nas escolas. (BRASIL, 1997 p. 15)

    Brasil (1997, p. 15) são divididos em partes:

    A primeira parte do documento descreve a trajetória da disciplina através do tempo, localizando as principais influências históricas e tendências pedagógicas, e desenvolve a concepção que se tem da área, situando-a como produção cultural. A seguir, aponta suas contribuições para a formação da cidadania, discutindo a natureza e as especificidades do processo de ensino e aprendizagem e expondo os objetivos gerais para o ensino fundamental.A segunda parte, aborda o trabalho nas séries de primeira a quarta, indicando demais objetivos, conteúdos e critérios de avaliação. Os conteúdos estão organizados em blocos inter-relacionados e foram explicitados como possíveis enfoques da ação do professor e não como atividades isoladas. Essa parte contempla, também, aspectos didáticos gerais e específicos da prática pedagógica em Educação Física que podem auxiliar o professor nas questões do cotidiano das salas de aula e servem como ponto de partida

Atividades rítmicas e expressivas

    Os conteúdos da educação física no ensino fundamental, segundo Brasil (1997), são divididos em três blocos. São eles: Esportes, jogos, lutas e ginásticas; Conhecimentos sobre o corpo; e Atividades rítmicas e expressivas. É neste último que a dança está inserida como um conteúdo a ser trabalhado na escola.

    Este bloco de conteúdos que inclui as manifestações da cultura corporal que têm como características comuns a intenção de expressão e comunicação através dos gestos e a presença de estímulos sonoros como referência para o movimento corporal. Trata-se das danças e brincadeiras cantadas (BRASIL, 1997, p. 51).

    Sobre os conteúdos deste bloco Brasil (1997, p. 53) comenta:

    Os conteúdos deste bloco são amplos, diversificados e podem variar muito de acordo com o local. Sem dúvida alguma, resgatar as manifestações culturais tradicionais da coletividade, através principalmente das pessoas mais velhas é de fundamental importância. A pesquisa sobre danças e brincadeiras cantadas de regiões distantes, com características diferentes das danças e brincadeiras locais, pode tornar o trabalho mais completo.

    Por meio das danças e brincadeiras os alunos poderão conhecer as qualidades do movimento expressivo como leve/pesado, forte/fraco, rápido/lento, fluido/interrompido, intensidade, duração, direção, sendo capaz de analisá-los a partir destes referenciais; conhecer algumas técnicas de execução de movimentos e utilizar-se delas; ser capazes de improvisar, de construir coreografias, e, por fim, de adotar atitudes de valorização e apreciação dessas manifestações expressivas (BRASIL, 1997, p. 53).

Metodologia

    O presente estudo visou analisar, verificar, elaborar e avaliar se está sendo trabalhada a Dança na escola através da abordagem crítico-superadora. Foi uma pesquisa de cunho qualitativo e descritivo.

    A amostra foi constituída por uma professora do sexo feminino, com idade de 24 anos, licenciada em Educação Física. Também fizeram parte da amostra 24 alunos da 7ª série do Ensino Fundamental, sendo 15 do sexo feminino com idades de 12 a 14 anos e 10 do sexo masculino com idades de 13 a 16 anos, todos devidamente matriculados na escola Estadual do Município de Mondaí/SC.

    Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foi uma entrevistas através de perguntas semi-estruturadas, relacionada aos objetivos de pesquisa e o Diário de campo que é um instrumento complexo que permite o detalhamento das informações, observações e reflexões sugeridas no decorrer da investigação ou momento observado.

Proposta de intervenção

    A partir dos dados coletados inicio-se a proposta de intervenção onde o objetivo principal foi trabalhar a dança Figurativa na escola com a abordagem crítico-superadora.

    Segue abaixo planejamento da proposta de intervenção com alunos da 7ª série do Ensino Fundamental, onde as aulas foram aplicadas uma vez por semana no período de dois meses, Agosto e Setembro, totalizando oito aulas de quarenta e cinco minutos.

Aulas

Conteúdos

Metodologia/Estratégia

Objetivos

Avaliação

1 e 2

Dança figurativa

Concepção Abordagem crítico-superadora. Utilizar letras de músicas para trabalhar a expressão corporal.

Trabalhar a expressão do corpo através de imagens que os alunos conhecem e que estão contidas nas letras das músicas.

Participação, interesse dos alunos, conversa com os mesmos após a aula.

 

3 e 4

Dança figurativa

Concepção Abordagem crítico-superadora. Utilizar letras de músicas para trabalhar a expressão corporal.

 

Trabalhar a expressão dos alunos, sua criatividade, ritmo e imaginação

Participação dos alunos sugerindo novas possibilidades de movimento

5 e 6

Dança figurativa

Concepção Abordagem crítico-superadora. Utilizar letras de músicas para trabalhar o cognitivo e afetivo do aluno.

Trabalhar o cognitivo e afetivo

Participação dos alunos sugerindo novas possibilidades de movimento, conversa sobre a aula

7 e 8

Dança figurativa

Concepção Abordagem crítico-superadora. Utilizar letras de músicas para trabalhar a psicomotricidade.

 

Trabalhar o psicomotor através da Lateralidade

Participação, interesse e a expressão

comunicativa dos alunos

Quadro 01. Proposta de Intervenção. Fonte: A Autora

Discussão dos resultados

    A aplicação da intervenção se realizou nos meses de Setembro e Outubro, totalizando oito aulas de quarenta e cinco minutos cada. Na última aula da intervenção foi realizada a entrevista com os alunos.

    Essas aulas tiveram por objetivo explorar o potencial do aluno e possibilitar seu desenvolvimento natural, com intuito de aperfeiçoar o conhecimento sobre expressão corporal, cognitivo e afetivo, e psicomotor através da lateralidade, adaptando as atividades na realidade dos alunos e sua experiência sócio-cultural.

    Procurou não direcionar o aluno na forma como se deve dançar, apenas favorecer na aprendizagem criando condições para o mesmo se movimentar de formas variadas.

    Rinaldi, (2010, p 13) cita: “Acredita-se que todo movimento é válido, desde que tenha sido elaborado a partir da concepção de movimento que o aluno possui, além do conhecimento produzido historicamente”.

    No primeiro momento da entrevista foi perguntado aos alunos se eles gostaram das aulas de dança, e porque gostaram. Algumas alunas comentaram o seguinte: “as aulas foram legais e descontraídas”; “Aprendemos muitas coisas legais sobre a dança”; “As aulas foram interessantes, aprendemos coisas novas”; outros alunos também comentaram: “gostei das aulas, porque não ficamos parados, se remexemos bastante”; “é bom e legal de se dançar”; “gostei porque foram divertidas”.

    Percebe-se através das respostas dos alunos, que gostaram das atividades propostas e aplicadas em cada aula com o conteúdo de Dança.

    Na pergunta seguinte os alunos deveriam falar se já haviam feito aula de Dança na escola, e se tivessem feito como eram essas aulas. A resposta de todos os alunos foi à mesma, não tiveram Dança nas aulas de Educação Física. Comentaram que: somente na época de São João, dia dos pais ou mães, apresentam quadrilhas ou outra música

     Pereira et al (2001, p.61) coloca que:

    [...] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres [...]. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade.

    A Dança deveria ser um dos conteúdos a ser trabalhada pelos professores de Educação Física no Ensino Fundamental, pois, consta no Projeto Político Pedagógico da Escola e também nos PCNs através do bloco Atividades Rítmicas e Expressivas.

    Barreto, (2008, p. 116) complementa: “Os PCNs inserem a dança na área da Educação Física, no bloco das atividades rítmicas e expressivas, considerando-a uma manifestação da cultura corporal, que tem como característica as intenções de comunicação e de expressão, por meios de gestos e estímulos sonoros.

    Foi perguntado ainda, se os alunos gostariam que o conteúdo de dança fizesse parte das aulas de Educação Física, tanto os meninos como as meninas entrevistadas comentaram que: “gostaria de ter, pois é algo novo e legal”; outra aluna completou: “sim, porque eu queria aprender mais”; um menino manifestou-se: “gostaria, porque é bem legal e divertido”; uma menina bastante participativa assim se posicionou: “sim, porque as aulas são legais, e se estivesse no plano da professora seria ainda mais legal”.

    De acordo com Verderi (1998) a dança na escola está voltada para a importância da aprendizagem do movimento e da exploração da capacidade de se movimentar.

    Quando foi solicitado para falar sobre qual estratégia (forma) de dança que preferiam, e por que. Percebeu-se nas respostas que a atividade da mímica, foi a mais lembrada. Uma das alunas da turma, eufórica respondeu: eu gostei da mímica, porque faz a gente usar bastante criatividade e conhecimento; outra aluna também se manifestou sobre a atividade proposta: porque faz a gente raciocinar mais e adivinhar a música; sobre o questionamento acima um aluno também deu sua opinião: mímica, porque precisamos pensar e imaginar, demonstrar nossa criatividade; e por último, um aluno se coloca da seguinte forma: mímica, pois foi um trabalho em grupos e muito divertido.

    Barreto (2008, p. 117) cita:

    A dança pode contribuir para a área da Educação Física na medida em que, através da experiência artística e da apreciação, estimula nos indivíduos os exercícios da imaginação e da criação de formas expressivas, despertando a consciência estética, como um conjunto de atitudes mais equilibradas diante do mundo.

    Após a intervenção a professora foi novamente entrevistada, respondeu quatro perguntas semi-estruturadas, relacionadas ao comportamento e respostas dos alunos após a aplicação da entrevista.

    Foi constatado que os alunos participaram de forma favorável na aplicação das atividades propostas, perguntou-se a professora qual seria sua percepção sobre a inclusão da Dança como conteúdo nas aulas de Educação Física de 5ª e 8ª série, a mesma comentou: “não imaginei que os alunos se comportariam dessa maneira, fiquei muito surpresa com a participação deles, todos gostaram das atividades, pois foram criativas e legais. Quando tentei trazer a dança para as aulas de Educação Física, fiquei muito decepcionada, porque, os alunos de 5ª a 8ª série não faziam de jeito nenhum. Com a proposta e a metodologia usada pela estagiária, vou tentar incluir nas aulas de Educação Física, o conteúdo da dança de forma mais dinâmica, fazer com que os alunos aprendam a expressar seus sentimentos e emoções através do corpo.

    Quando interrogada sobre as dificuldades enfrentadas na aplicação do conteúdo de dança nas aulas de Educação Física, e também sobre a abordagem que a estagiária utilizou, ela argumenta: “eu aplicava o conteúdo de dança de maneira diferente, ensinava passos de dança, coreografias que não estavam muito relacionadas com a cultura dos alunos, talvez por isso eles não gostassem. A estagiária utilizou da abordagem correta, a crítico-superadora, pois suas atividades foram todas voltadas na cultura corporal de movimento.”

    Perguntada sobre os pontos positivos e/ou negativos identificados na proposta trabalhada pela estagiária para os alunos da 7ª série, ela se expressa da seguinte maneira: “quando fui informada que a proposta das aulas seria através do conteúdo de dança, logo pensei que o estudo não teria êxito, pois como já comentei os alunos não gostavam de participar das aulas de dança. Não deixei transparecer para a estagiária esse pensamento negativo, para que ela não desanimasse. Vejo somente pontos positivos, pois o trabalho foi bem realizado e teve aceitação de todos os alunos. Vou levar como exemplo que temos que ser mais persistente quando trabalhamos algum conteúdo novo, buscar novas formas de ensinamento, tornando as aulas de Educação Física ainda mais atrativas.

Considerações finais

    Ao longo do estudo e das propostas realizadas, as principais vantagens obtidas foram o conhecimento adquirido pela acadêmica; a contribuição da proposta desenvolvida para a escola; para os alunos, demonstrando que a Educação Física vai além do jogo; e para a professora, a qual poderá utilizar este estudo para repensar seu planejamento sobre o conteúdo de Dança nas aulas para o Ensino Fundamental.

    Percebeu-se que a Dança mesmo estando contemplada no Projeto Político Pedagógico da escola, e também como conteúdo nos Parâmetros Curriculares Nacionais, a professora não inclui esse conteúdo em seu plano de ensino e aprendizagem, para ser trabalhado com os alunos do Ensino Fundamental, como deveria ser.

    Verificou-se também que mesmo a professora tendo um conhecimento mais aprofundado sobre a dança, por já ter sido professora antes de atuar na escola, desanimou na primeira tentativa quando propôs aos alunos do Ensino Fundamental o conteúdo de Dança. Não deu continuidade ao seu trabalho, não buscou novas formas e/ou maneiras de ensinar a dança de forma lúdica e divertida.

    Através da Abordagem Crítico-Superadora, pode-se elaborar uma proposta didática metodológica visando o desenvolvimento da dança nas aulas de Educação Física. Essa abordagem trabalha muito a expressão da cultura corporal de movimento. Os professores se esquecem dessa importante cultura, que é o movimentar-se humano, através de gestos, mímicas, expressões. Por esse motivo, quando tentado aplicar a Dança nas aulas de Educação Física os alunos não gostam.

    Avaliou-se após a intervenção que os alunos tiveram uma ótima participação nas aulas propostas, e também em suas respostas constatou-se que os mesmos constariam que a dança fosse incluída nos plano de ensino e aprendizagem da professora.

    A professora após a intervenção se surpreendeu com o desenvolvimento e participação dos alunos quando aplicado o conteúdo de dança. Com esse estudo ela percebeu que precisa utilizar de métodos mais adequados, lúdicos ao ensino da dança, e se comprometeu em tentar aplicar com os alunos de todo o Ensino Fundamental o conteúdo de dança.

    Essa proposta também teve seu objetivo alcançado por ter despertar o interesse da professora em experimentar a dança em suas aulas, e vivenciar com seus alunos a oportunidade que ela pode proporcionar.

    A Dança manifesta nossa imagem, nossa expressão, nossos sentimentos, é por isso que precisamos repassar aos alunos nas aulas de Educação Física, esse contato com o novo.

    Concluiu-se então que o estudo apresentado serviu para demonstrar que a Educação Física e Dança são áreas complementares, sendo assim, as duas podem contribuir significativamente para a formação dos indivíduos.

Referências

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