Lecturas: Educación Física y Deportes
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ENVELHECIMENTO, SISTEMA NERVOSO
E O EXERCICIO FISICO

Ricardo Jacó de Oliveira* e Adriana Cardoso Furtado* (Brasil)

* Professor do Programa de Pós – Graduação Stricto-Sensu em Educação Física Universidade Católica de Brasília.
** Professora do Curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília.


Resumo
O envelhecimento é um processo lento, progressivo e inevitável, caracterizado pela diminuição da atividade fisiológica e de adaptação ao meio externo acumulando-se processos patológicos com o passar dos anos. É um processo complexo, que envolve muitas variáveis (genéticas, estilo de vida, doenças crônicas). A atividade física regular atua como minimizadora dos efeitos deletérios do processo de envelhecimento, desta forma este trabalho teve o propósito de mostrar algumas alterações que acometem o sistema nervoso e como a atividade física pode interagir positivamente neste processo. As recomendações de exercício devem se basear nos estilos de vida associados à cada indivíduo. O inicio de qualquer programa de atividade física é acompanhado de algumas alterações no sistema cardiovascular e certamente os riscos desta atividade para o idoso não deve ser ignorado. Evidentemente, o processo de envelhecimento promoveu algumas deteriorações nos sistemas e desta forma a moderação e a melhor prevenção.
Unitermos: Envelhecimento. Exercício y estilo de vida.

Abstract
Physical Exercise, Nervous System and aging

The aging is a gradual and inevitable process, characterized for the reduction of the physiological activity. It is a complex process that involves many variables (genetic, life style, chronic diseases). The regular physical activity acts reducing the deleterious effects of the aging process. Therefore, this work had the purpose to show some alterations that attack the nervous system and how the physical activity can interact positively in this process.
Key Words: Aging. Physical activity and nervous system.


Introdução
Por volta do ano 2030, teremos cerca de 150 milhões de indivíduos com 65 anos ou mais nos Estados Unidos, é o segmento que cresce mais rapidamente dentro da população mundial. Esta perspectiva, nos últimos dez anos, promoveu um aumento no interesse por pesquisas relacionadas aos efeitos proporcionados pelo envelhecimento (Lexell, 1997; Lexell, 1995; Lexell et al., 1995; Porter et al., 1995). Atualmente existem evidências de alterações estruturais e funcionais no músculo humano promovidas pelo processo de envelhecimento progressivo devido, principalmente, à degeneração do sistema nervoso verificada após os 60 anos.

Para Schuller Perez (1994) o envelhecimento é um processo lento, progressivo e inevitável, caracterizado pela diminuição da atividade fisiológica e de adaptação ao meio externo acumulando-se processos patológicos com o passar dos anos. As causas do envelhecimento podem ser individuais ou ambientais. Como individuais podemos notar que existem famílias com tradição de longevidade. O fator sexo também é relevante, geralmente a mulher tem uma expectativa de vida maior que os homens. Outros fatores como o sedentarismo ou dietas inadequadas podem ter grande influência sobre o processo de envelhecimento, mas as causas ambientais também devem ser consideradas, tais como: exposição a agentes físicos (Raios X); químicos (tóxicos, fumo, drogas e álcool), as infecções virais, bacterianas e parasitárias.

Desta forma e sendo o envelhecimento um processo complexo, que envolve muitas variáveis (genéticas, estilo de vida, doenças crônicas) e por outro lado a atividade física regular que atua como minimizadora dos efeitos deletérios do processo de envelhecimento apresentamos esta revisão com o propósito de mostrar algumas alterações que acometem o sistema nervoso e como a atividade física pode interagir positivamente neste processo.


Degeneração do sistema nervoso
O envelhecimento promove uma série de alterações anatômicas e químicas no encéfalo e medula. Algumas alterações anatômicas têm sido observadas macroscópica e microscopicamente. Segundo Trelles (1986), estas modificações ainda que aceitas não permitem verdadeiramente precisar se são decorrentes do processo de involução senil. Ainda que pareça definitivo que o encéfalo se atrofie com a idade, acreditamos que há muito para esclarecer, pois, Dekaban e Sandowsky (1978) demonstraram uma grande variação de peso no cérebro de pessoas com idade entre 70 e 89 anos, considerados normais do ponto de vista comportamental e psicológico.

Davies e Wrigth (1977) desenvolveram uma técnica para estudar a relação entre e volume do cérebro e a arcada craniana. A relação permanece constante em 0.92 até a idade de 55 anos e logo decresce progressivamente até 0.82 por volta de 90 anos. Corsellis (1979) comparou o volume da substância cinzenta com o volume de substância branca e, observou que jovens apresentavam a proporção de 1,28 e idosos aos 60 anos apresentavam proporção de 1,33. No entanto, por volta dos 100 anos esta proporção atingiria cerca de 1,55. Desta forma, podemos acreditar que de acordo com Brody (1955) que ocorre uma diminuição no volume do cérebro de cerca de 2% a cada dez anos depois dos cinqüenta anos e que o peso do cérebro decai cerca de 15% do volume máximo alcançado por volta dos oitenta anos. Portanto, nos primeiros 50 anos perdemos mais substância cinzenta que branca e na segunda metade da vida esta relação se inverte.

Richard (1991) observou, utilizando análise histológica, que durante o processo de envelhecimento pode estar ocorrendo diversas alterações, as mais importantes são a diminuição de células, alterações dendríticas, placas senis, degeneração neurofibrilar, degeneração granulo-vacuolar e acúmulo de lipofucsina. Estas lesões predominam no córtex pré - frontal e parieto temporal, núcleo ceruleus, substância negra e núcleo de Meynert. Ocorre uma redução progressiva do consumo de oxigênio e de glicose, diminuindo as funções cognitivas, decorrentes dos diversos circuitos cerebrais semelhante ao processo que ocorre na doença de Alzheimer.

Os neurônios do encéfalo não são uniformemente sensíveis à morte neuronal durante o envelhecimento. Uma perda neuronal acentuada já foi observada por diversos pesquisadores, no entanto, Hang (1984) e Terry et al (1987) demonstraram que, na verdade, não há uma perda neuronal, e sim uma diminuição de tamanho dos neurônios. Em contraste, na substância negra (Katzman, 1978) e no locus ceruleus (Vijayashankar e col, 1979) observaram que estes núcleos sofrem uma importante perda neuronal, principalmente nos primeiros 50 anos de vida.

A neurobiologia do envelhecimento está centrada em mecanismos estruturais e funcionais. Modificações senis do sistema serotoninérgico podem ter relação com as alterações de humor, concomitantes ou não com variações funcionais do sistema gabaérgico. As alterações estruturais do sistema nervoso do idoso podem ser responsáveis pela falta de tolerância a modificações de temperatura e fácil produção de hipo ou hipertermia (Shuler Perez, 1994). Algumas alterações estruturais estão associadas à perda paulatina da capacidade motora, redução da destreza e reflexos e, principalmente à perda da coordenação medula-cerebelo-vestíbulo para a bipedestação.

Em relação às alterações sensorio-motoras, observamos o aparecimento de artrose periférica, espondilose e espondiloartrite, reumatismo crônico, artrite reumatóide, artropatia metabólica(gota), polimialgia reumática e osteopenia.

Um dos efeitos mais proeminentes relacionados à idade é em parte relacionadas a unidade motora e ao neurônio motor inferior. Como consequência, as fibras musculares inervadas por esses neurônios também serão afetadas, explicando assim as reduções de massa muscular e força que observamos na idade avançada (Lexeel, 1997). Até a idade de 60 anos Tomlinson e Irving (1977) e Kawamura e col (1977 a) não observaram nenhuma evidência de perda neuronal motora, mas além dessa idade uma perda acentuada em torno de 25% de neurônios foi detectada e esta perda se apresentou uniforme em todos segmentos. Para Mittal e Logmani (1987) não detectaram apenas redução do número de neurônios mas também uma redução no diâmetro das fibras nervosas.

Trelles (1986) descreveu que o envelhecimento conduz a alterações na estrutura química cerebral. Ao redor dos 80 anos existe uma perda acentuada na quantidade de proteínas cerebrais e um aumento do DNA total, provavelmente decorrentes das reações gliais. O aumento de idade não provoca maiores perdas de lipídeos, mas o que mais tem merecido a atenção dos pesquisadores são os neurotransmissores. Observa-se redução nos níveis de catecolaminas, dopamina e noradrenalina em várias regiões do encéfalo, sobretudo no tronco encefálico e em regiões onde terminam os axônios dopaminérgicos e noradrenérgicos (Núcleos da base, hipotálamo e córtex cerebral). As alterações mais significativas ocorrem na via nigro-estriatal e podem estar relacionadas com as alterações promovidas pelo Parkinsonismo.

Durante o envelhecimento, observa se que as enzimas que catabolisam a inativação das catecolaminas, a MAO e a Catecol-O-metiltransferase estão com a atividade aumentada. A síntese de serotonina está diminuída em decorrência da diminuição da atividade da enzima responsável pela sua síntese, a triptofano hidroxilase. Os neurotransmissores Acetilcolina e o Gaba estão igualmente diminuídos decorrentes também da diminuição da atividade das enzimas que os sintetizam, colina-acetil transferase ( Hipocampo) e ácido glutâmico descarboxilase (Tálamo). Outras alterações bioquímicas foram verificadas, por exemplo, as enzimas limitantes, tirosina hidroxilase e a aromático L aminoácido descarboxilase encontram-se com suas atividades diminuídas.

Em recentes estudos com ratas, Ingvar e col. (1985) demonstraram que a redução da atividade das enzimas são mais proeminentes nas áreas visual e auditiva do córtex cerebral e em determinadas regiões do sistema límbico.


Exercício físico associado ao envelhecimento
A participação em programas de atividade Física regular promove um número de respostas favoráveis que contribuem para um envelhecimento saudável. Para o Colégio Americano de Medicina do Esporte cinco áreas principais de importância devem ser consideradas. Estas áreas incluem: Respostas cardiovasculares, Treino intenso ( força), Estabilidade Postural, Função Psicológica e o exercício para idosos fracos.

Em relação a função cardiovascular podemos observar que o VO2 máx, um índice da função cardiovascular, decresce 5 a 15 % por década, depois dos 25 anos (Heath et al, 1981). A taxa cardíaca máxima decresce 6 a 10 bpm por década. As evidências indicam que idosos têm reduzidos seus volumes de congestão (aplopexia) durante exercício máximo (Ogawa et al, 1992; Stratton et al, 1994).

Os idosos têm enchimento diastólico precoce no descanso e no exercício quando comparados a adultos jovens, como resultado, contam com enchiemnto diastólico atrial tardio em maior extensão do que jovens adultos. Os volumes finais sistólicos durante o exercício máximo são também usualmente maiores ( Fleg et al, 1995; Stratton, 1994; Rodeheffer et al, 1984), adicionalmente, a contratilidade ventricular esquerda parece estar reduzida em idosos durante exercício máximo (Fleg et al, 1995).

Não existem diferenças preponderantes entre homens e mulheres idosos, geralmente exibem as mesmas respostas ao exercício máximo. Entretanto as mulheres apresentam valores mais baixos em relação à pressão sanguínea sistólica e diastólica final e uma resistência vascular maior que homens idosos (Fleg et al, 1995; Rodeheffer et al, 1984). Assim nas mesmas taxas de trabalho absoluto, a produção cardíaca é um tanto mais baixa em idosos que nos jovens adultos, enquanto a diferença artério-venosa tende a ser um tanto mais alta (Fleg et al, 1995; Ogawa et al, 1992).

A pratica de exercício físico de resistência é de suprema importância. Alguns estudos apontaram que este tipo de exercício esta associado a níveis baixos de insulina no plasma em jejum bem como à melhora na tolerância à glicose e a sensibilidade a insulina. No entanto, após exercício agudo os idosos não obtém os mesmos níveis obtidos em jovens adultos. Isso pode ser talvez devido às suas capacidades de exercício diminuídas (Hersey et al, 1994); Kirwan et al, 1993).

As contra indicações absolutas para a pratica de exercício são as mesmas para os jovens. Por exemplo, alterações recentes no EEG, infarto do miocárdio, angina, arritmias incontroláveis. Conta indicações relativas incluem pressão cardíaca elevada, cardiomiopatias, doença valvular e doenças metabólicas incontroláveis.

As recomendações de exercício devem se basear nos estilos de vida associados à cada indivíduo. O inicio de qualquer programa de atividade física é acompanhado de algumas alterações no sistema cardiovascular e certamente os riscos desta atividade para o idoso não deve ser ignorado. Evidentemente, o processo de envelhecimento promoveu algumas deteriorações nos sistemas e desta forma a moderação e a melhor prevenção.


Referências bibliográficas

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revista digital
· Año 4 · Nº 15 | Buenos Aires, 08/99