Tempo de reação simples visual e auditivo de goleiros de handebol do sexo masculino Tiempo de reacción simple visual y auditivo de arqueros de balonmano de sexo masculino |
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*Mestrando, CEFID/UDESC, educador físico **Graduando, CEFID/UDESC, educador físico ***Graduado, Unifebe – Brusque, educador físico ****Especialista, Unifebe – Brusque, educadora física *****Mestrando, CEFID/UDESC, educador físico ******Mestre, CEFID/UDESC, educadora física (Brasil) |
Thiago Gonsaga de Souza* Filipe Barbosa Pereira** Denis William Gripa*** Luciana Ferreira**** George Roberts Piemontez***** Ana Claudia Vieira Martins****** |
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Resumo Este estudo teve como objetivo identificar os tempos de reação simples visual e auditivo de atletas de handebol do sexo masculino em diferentes categorias. Participaram do estudo cinco goleiros de handebol, sendo um da categoria juvenil, um da categoria cadete e três da categoria adulto. Como instrumento foi utilizado um sistema composto por um interruptor, um dispositivo para emissão do estímulo visual, um dispositivo para emissão do estímulo auditivo e um sincronizador de sinais. Cada goleiro realizou seis execuções para obtenção do tempo de reação visual e seis execuções para a obtenção do tempo de reação simples auditivo. Utilizou-se para a apresentação dos dados a estatística descritiva. Com base nos resultados dos testes pode-se concluir que apesar da diminuição dos tempos de reação simples auditivo e visual conforme o aumento do tempo de prática, este não determina o sucesso na execução das habilidades inerentes ao handebol, que se compõe de estímulos predominantemente visuais. Unitermos: Tempo de reação. Handebol. Goleiro.
Abstract This study had the objective to identify the visual and auditory simple reaction time of male handball athletes in different categories. Five handball goalkeepers participated in the study, they are: one from the youth (junior) category, one from the cadet (intermediate) category and three from the adult (senior) category. The instrument used was a system composed with a switch, one device for visual stimulation emission, one device for auditory stimulation emission and a signal rephaser. Each goalkeeper performed six executions to obtain the time of visual reaction and six executions to obtain the time of simple auditory reaction. The descriptive statistics was used for the presentation of the data. On the basis of the tests’ results the conclusion was that although the reduction of the simple visual and auditory reaction time in conformity to the increase of practice time, this does not determine the sucess in the execution of the abilities ineherent to the handball, which is composed of predominantly visual stimulus. Keywords: Reaction time. Handball. Goalkeeper.
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http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O Handebol é um esporte que no Brasil ainda não apresenta o mesmo nível de desempenho observado, como na Europa por exemplo, mas que está em desenvolvimento (BENDA, 2003). Ao se falar de Handebol, são inevitáveis as comparações com outras modalidades esportivas (futebol, futsal, beach soccer, handebol, polo-aquático, entre outras), em que atribui-se ao goleiro, a grande responsabilidade pelo desempenho de sua equipe. (THIENGO, 2006; BARELA, 1998; BAYER, 1987).
Ressalta-se, entretanto que as qualidades físicas mais importantes para o goleiro de handebol, classificadas por ordem de importância são: velocidade motora, coordenação e destreza, flexibilidade, força, potência e resistência. O desenvolvimento dessas valências pode oferecer sustentação para o aprendizado e o aprimoramento dos elementos técnicos e táticos característico do goleiro, que refletem na estruturação e no resultado do desempenho da equipe como um todo (THIENGO, 2006; BAREL, 1998).
Especificamente ao tempo de reação, objeto deste estudo, este é positivamente influenciado pela concentração, atenção, aquecimento, e por uma tensão pré-muscular. Além de ser afetado de forma negativa, por fatores, como frio, barulho e uma concentração deficiente. (BARBANTI, 2001). Outros fatores também interferem no tempo de reação, como o número de sinais, número de respostas, treinamento, idade, fadiga, lesão, etc. (SILVA, 2007).
O tempo de reação simples (TRS) vem sendo há anos utilizado por pesquisadores como uma medida de desempenho de habilidades motoras e, de acordo com Vaghetti et al. (2007), é uma capacidade muito relacionada com a performance humana. Definido como o intervalo de tempo decorrente desde um estímulo até o início de uma resposta (MAGILL, 2000; SCHMIDT, 2001), permite ainda examinar como um indivíduo interage com o ambiente de desempenho, enquanto se prepara para executar uma ação solicitada (MAGILL, 2000).
Assim, o tempo de reação caracteriza-se como variável determinante da velocidade do processamento de informação que, por sua vez, permite ao atleta a tomada de decisão para a execução de ações técnicas e/ou táticas. O tempo de reação, de acordo com Schmidt e Wrisberg (2001), tem papel crucial em esportes como o handebol, no qual há uma grande variedade de estímulos-resposta e situações de tomada de decisão.
Apesar de ser considerado como fator inato do indivíduo, pode ser treinado, sofrendo influência da quantidade de prática (MARINS E GIANNICHI, 2003; SCHMIDT E WRISBERG, 2001). Singer et al. (2001) destacam que, tanto em pesquisas de laboratório como de campo, atletas experientes são melhores que os novatos não só em habilidades físicas, mas também nas cognitivas. Dentre as habilidades que caracterizam um atleta experiente e indicam que um atleta amador possui potencial para a profissionalização destacam-se: a percepção de padrões complexos como rapidez e eficiência, e a utilização de estratégias visuais refinadas que ampliam a capacidade de antecipação das ações dos oponentes (REZENDE E VALDÉS, 2003). Tais habilidades, componentes do processamento de informação, estão diretamente relacionadas ao tempo de reação que, conforme demonstrado em estudos anteriores é menor para atletas profissionais e com mais tempo de prática quando comparados a atletas amadores (VAGHETTI et al, 2007; MORI et al, 2002; BHANOT, 2004; LOWDON, 1980).
Barela (1998) afirma não existir uma técnica básica do goleiro, mas sim várias técnicas eficazes que devem ter o denominador comum assentado nas mesmas bases, sendo que o aspecto exterior varia muito de goleiro para goleiro. Para um bom desempenho, deve-se obedecer a alguns princípios fundamentais, como: deslocamento e atitudes de preparação da defesa, jogar adiantado ou atrasado, postura, atitude de pré-defesa, características da pré-defesa e tipos de defesa.
As evidências encontradas na literatura dizem respeito à importância do TRS para diversas posições (AOKI, 2002; BERTACCO, 2002; MELO, 1997), mas nada em específico ao goleiro, o que direciona este estudo a identificar os tempos de reação simples visual e auditivo de atletas de handebol do sexo masculino em diferentes categorias.
Materiais e métodos
Trata-se de um estudo do tipo descritivo de campo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina (no 31/2002). Participaram do estudo cinco goleiros de handebol do sexo masculino (22,2 ± 6,7) integrantes das equipes Juvenil, Cadete e Adulto.
A coleta de dados foi realizada nas dependências do Laboratório de Pesquisas em Biomecânica Aquática do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da Universidade do Estado de Santa Catarina (CEFID/UDESC).
Como instrumento foi utilizado o sistema proposto por Vaghetti et al. (2001), composto por um interruptor com uma tecla de sensibilidade 0,8 N; um L.E.D. (light emitter diode) para emissão do estímulo visual; uma caixa acústica com freqüência de 315 Hz e pressão sonora de até 81 dB para emissão do estímulo auditivo; e um dispositivo sincronizador de sinais visual, auditivo e digital. O sistema foi conectado a um microcomputador através de uma placa conversora A/D CIO-DAS16/JR. A aquisição e o processamento dos dados foram realizados com a utilização do software SAD 32.
Os sujeitos foram orientados a se posicionar sentados em uma cadeira com o antebraço apoiado sobre uma mesa e com o dedo indicador sobre a tecla do interruptor (Figura 1) e receberam instruções para pressionar a tecla o mais rápido possível após perceberem os estímulos visual ou auditivo. Um pré-teste para cada situação foi realizado com o objetivo de familiarizar os indivíduos com os instrumentos de medida.
Após o período de familiarização, cada jogador realizou seis execuções do teste para investigação do tempo de reação simples manual visual (TRV) e seis execuções do teste para investigação do tempo de reação simples manual auditivo (TRA). A ordem das execuções foi determinada por sorteio para que o treinamento da tarefa não influenciasse nos resultados. O intervalo entre cada execução variou de 30 segundos a 1 minuto.
Figura 1. Representação esquemática do sistema de aquisição de dados
O equipamento sincronizador ficou sob controle do pesquisador e, quando acionado, gerou um sinal visual e um sinal de sincronismo (quando investigado o tempo de reação simples visual) ou um sinal auditivo e um sinal de sincronismo (quando investigado o tempo de reação simples auditivo). A representação gráfica da mensuração do tempo de reação simples está apresentada na Figura 2.
Figura 2. Representação gráfica da mensuração do tempo de reação simples de um sujeito da amostra.
Onde: A = instante de acionamento do estímulo; B = instante de resposta do sujeito; 6t = tempo de reação simples
O ponto “A” na curva do sincronizador (vermelha) representa o instante de acionamento do equipamento emissor de luz ou som (sinal visual ou sonoro) e a alteração de corrente captada pelo sistema; o ponto “B” na curva do interruptor (azul) representa o instante no qual o sujeito pressionou a tecla após receber o estímulo. O intervalo representado por “6t” equivale ao tempo de reação simples (em segundos) do sujeito.
Utilizou-se para a apresentação dos dados a estatística descritiva, com a identificação dos valores de média, desvio padrão e coeficiente de variação.
Resultados e discussão
Na Tabela 1 são apresentados os valores de média, desvio padrão e coeficiente de variação dos tempos de reação simples visual (TRV) e auditivo (TRA) dos sujeitos do sexo masculino.
Tabela 1. Valores de média (), desvio padrão (s) e coeficiente de variação (CV)
para os tempos de reação simples visual (TRV) e auditivo (TRA) do sexo masculino
Conforme demonstrado na Tabela 1, foram encontrados menores valores médios para o TRA (0,212 s) em relação ao TRV (0,246 s), resultado esse já esperado, concordando com as evidências da literatura. Weineck (2000) afirma que o TR é diferente para os estímulos ópticos, acústicos e táteis. Segundo o autor, o tempo de reação visual é mais longo que o tempo de reação auditivo, e as reações auditivas e visuais diferenciam-se entre si porque a mudança da energia da luz para impulsos neurais que podem ser levados ao cérebro pela retina é no mínimo 0,003 segundos mais lenta que a transformação das ondas de energia em impulsos neuromusculares que alertam o sistema auditivo. De acordo com Guyton (1992), as vias do sistema visual são mais longas e o processo de captação da luz e de transformação em informação sensorial é mais complicado do que o processo realizado pelo sistema auditivo.
Na Tabela 2 constam os valores médios, o desvio padrão e o coeficiente de variação para o TRV e o TRA dos sujeitos dos grupos 1 (categoria juvenil e cadete) e 2 (adultos).
Tabela 2. Valores de média (), desvio padrão (s) e coeficiente de variação (CV) para os
tempos de reação simples visual (TRV) e auditivo (TRA) dos sujeitos dos grupos 1 e 2
Analisando-se a Tabela 2 pode-se observar que os tempos de reação simples visual e auditivo foram, respectivamente, 0,253 s e 0,245 s para o grupo de atletas juvenis e cadetes, e 0,246 s e 0,194 s para os atletas profissionais, sendo menores conforme o aumento do nível de habilidade e do tempo de prática. Menores TRS para atletas mais experientes em relação a atletas amadores também foram demonstrados por Mori et al. (2002) em seu estudo comparando atletas de caratê mais experientes com atletas menos experientes; por Bhanot e Sidhu (1979), em seu estudo comparando jogadores de hóquei de três níveis de prática diferentes; e por Lowdon e Pateman (1980), em seu estudo comparando surfistas profissionais com estudantes de Educação Física praticantes da modalidade.
Embora tenha apresentado menores valores para os atletas profissionais, o TRA não é considerado uma variável determinante de desempenho nesta modalidade, visto que no handebol os estímulos visuais são prevalecentes, seja na análise das trajetórias da bola, seja na percepção das movimentações dos companheiros e/ou adversários (GARGANTA, 2001).
Quando comparado os resultados desta pesquisa com os feitos por Vaghetti (2007) em surfistas profissionais, amadores e praticantes encontramos resultados divergentes, pois nele a média do TRS visual foi menor que a média do TRS auditivo, e em nossa pesquisa a média do TRS visual foi maior que a média do TRS auditivo.
Ainda em se tratando da relação entre o tempo de reação simples e nível de prática, Chumura et al. (1994) relataram em seu estudo que atletas de elite, quando submetidos a testes de esforço aeróbio, têm a habilidade de manter as condições psicomotoras estáveis, não aumentando os valores do TRS. Hascelik et al. (1989), embora não tenham observado diferenças significativas, ao estudar o efeito do treinamento físico sobre os tempos de reação auditivo e visual, identificaram tempos de reação menores após um período de treinamento.
Este fato é bastante relevante quando consideradas as afirmações de Weineck (2000) e Garganta (2001) no que diz respeito à importância do TRV para praticantes desta modalidade, caracterizada por estímulos predominantemente visuais.
Segundo BENDA (2003) para otimizar a velocidade de reação do goleiro, é fundamental estar atento as diversas situações que possam surgir a partir da combinação do movimento do braço do adversário, do conhecimento tático do goleiro e do posicionamento do defensor frente ao adversário. Deve-se também sistematizar o processo de treinamento do goleiro com vários estímulos que favoreçam o desenvolvimento da percepção e adequação de sinais desconhecidos. Podemos citar como sugestões: utilização de barreiras opacas a frente da linha de seis metros; treinamento de reação a sinais acústicos, táteis e principalmente visuais; treinamento em situações de percepção da colocação no gol frente ao posicionamento dos adversários, treinamento de desestabilização de colocação adequada (posicionamento) para reorganização, entre outros.
Conclusão
Com base nos resultados dos testes pode-se concluir que: menores médias de TRV e TRA foram encontrados para os atletas profissionais em relação aos amadores, influenciados, provavelmente pelo nível de habilidade e tempo de prática da modalidade. Com a diminuição do TRV e do TRA pode-se concluir que o aumento do tempo de prática é fator determinante para o sucesso na execução das habilidades inerentes à essa modalidade, que se compõe de estímulos predominantemente visuais.
Para podermos aperfeiçoar o tempo de reação do goleiro devemos organizar o treinamento de tal forma que promova ao atleta estímulos para o desenvolvimento desta valência física. A otimização da velocidade de reação do goleiro de Handebol contribui para seu desempenho em quadra, e conseqüentemente para um melhor desempenho da equipe.
Sugere-se como meio de continuidade deste estudo a investigação com uma amostra maior dos tempos de reação simples entre goleiros do sexo masculino, tempos de reação de escolha e/ou de discriminação quando comparados goleiros de handebol de diferentes categorias, a fim de indicar características próprias de cada grupo e ainda atentar para o processamento de informações como um todo, incluindo fatores como tomada de decisão e adequação da resposta ao estímulo, determinantes das ações técnico/táticas a serem realizadas durante uma partida.
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