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Verificação da hipotensão pós-esforço em sessão

de treinamento de força em plataforma vibratória

Verificación de la hipotensión post-ejercicio en una sesión de entrenamiento de fuerza en la plataforma vibratoria

 

*Pós-graduado em “Fisiologia do Exercício: Performance, Emagrecimento

e Reabilitação - UFSCar (São Carlos, SP)

Membro Pesquisador do CEFEMA (Centro de Estudos em

Fisiologia do Exercício, Musculação e Avaliação Física, Araraquara, SP

**Graduada em Educação Física. Centro Universitário Moura Lacerda, Ribeirão Preto, SP

***Mestre em Ciências Fisiológicas, UFSCar

Docente: Uniara Unicep, Centro Universitário Moura Lacerda e Faculdades COC

Diretor do CEFEMA

Daniel de Almeida Rodrigues*

rodrigues.dani@hotmail.com

Fernanda Penha Frota**

Cássio Mascarenhas Robert-Pires***

cefema2010@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A literatura específica tem documentado uma redução aguda da pressão arterial (P.A.) após sessões de exercícios dinâmicos e resistidos, fenômeno esse que tem sido definido como hipotensão pós-esforço (HPE). Entretanto, não existem dados na literatura quanto à manifestação da HPE em sessões de treinamento de força conduzidas em plataforma vibratória. O objetivo deste estudo foi verificar a ocorrência da HPE nos exercícios resistidos realizados sobre uma plataforma vibratória. Materiais e Métodos: foram voluntários do presente estudo, 6 indivíduos jovens saudáveis normotensos treinados, do sexo feminino. As pressões arteriais sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foram mensuradas em repouso, antes do início do treino (após 10 minutos com o voluntário sentado) e durante 60 minutos após a sessão de treino, com intervalo de aferição a cada 10 minutos. O protocolo consistiu de exercícios resistidos de alta intensidade realizados sobre a plataforma vibratória. Resultados: os resultados indicam que houve HPE significativa para PAS, PAD e PAM, em relação aos valores de repouso, somente a partir de 40 minutos após o término da sessão. Discussão: os resultados deste estudo corroboram com os resultados de outros estudos que utilizaram o exercício resistido como meio de estímulo para a verificação da HPE. Porém, não foram encontrados estudos que investigaram essa resposta da HPE com treinamento vibratório. Conclusão: exercício resistido realizado sobre uma plataforma vibratória provoca HPE em indivíduos jovens normotensos do sexo feminino.

          Unitermos: Pressão arterial. Exercício resistido. Hipotensão. Circuito.

 

Abstract

          The specific literature has documented an acute reduction in blood pressure (BP) after dynamic exercise sessions and resistance, a phenomenon that has been defined as post-exercise hypotension (PEH). However, there are no published data on the onset of HPE in strength training sessions conducted on the vibration platform. The aim of this study was to investigate the incidence of HPE in the resistance exercises performed on a vibrating platform. Materials and Methods: were volunteers of this study, six healthy normotensive young subjects trained females. The systolic (SBP) and diastolic (DBP) were measured at rest before the start of training (after 10 minutes with the volunteer seated) and within 60 minutes after your workout with interval measured every 10 minutes. The protocol consisted of high-intensity resistance exercises performed on a vibrating platform. Results: The results indicate that there were significant PEH for SBP, DBP and MBP, compared to resting values, only from 40 minutes after the session. Discussion: The results of this study corroborate the results of other studies using resistance exercise as a means of encouragement for the verification of PEH. However, no studies were found that investigated the response of PEH with vibration training. Conclusion: resistance exercise performed on a vibrating platform causes PEH in young normotensive women.

          Keywords: Blood pressure. Strength training and hypotension. Circuit.

 

 
http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A redução da pressão arterial sistêmica pode prevenir diversas patologias cardíacas e vasculares, melhorando a qualidade de vida da população em geral (OGIHARA et al, 2003). Uma das formas não-medicamentosas para a redução da pressão arterial (PA) é a prática regular de exercício físico resistido e aeróbio (KELLEY e KELLEY, 2000). A literatura tem documentado uma redução aguda da pressão arterial (PA) após sessões de exercícios, fenômeno esse que tem sido definido como hipotensão pós-esforço (HPE) (BRUM et al., 2004). A maioria dos estudos sobre a HPE utiliza exercício aeróbio como meio, havendo, portanto, necessidade de maior entendimento em relação à resposta de HPE nas sessões de exercícios resistidos (POLITO e FARINATTI, 2006). Entretanto, alguns estudos mostram que logo após o exercício resistido, em geral, ocorre uma redução aguda da P.A., observada mais significantemente em indivíduos hipertensos do que em normotensos (POLITO e FARINATTI, 2006; MCDONALD, 2002). Os estudos são controversos devido à grande gama de variáveis envolvidas com esse tipo de exercício (número de séries, de repetições, pesos relativos adotados, meios utilizados, velocidade de execução, tipo de exercício, intervalo de descanso, etc.). Como dito, o próprio meio utilizado pode influenciar as respostas orgânicas ao exercício e, assim, influenciar também na resposta de HPE.

    A plataforma vibratória tem sido utilizada recentemente como um recurso de treinamento para a melhora da performance. Entretanto, poucos estudos evidenciam os efeitos do treinamento vibratório para estes fins. Os dados são ainda bastante controversos, mas alguns estudos parecem mostrar algum efeito em idosos para a melhora do equilíbrio, marcha e agilidade (BATISTA et al., 2006; BAUTMANS et al., 2005). Batista et al. (2006) em um estudo de revisão, citam trabalhos que observaram melhoras de performance no salto vertical, em indivíduos jovens saudáveis. Nessa linha de estudo, Cochrane e Stannard (2005) avaliaram o efeito do treinamento de força sobre plataforma vibratória em atletas de elite do hockey de campo feminino, e encontraram uma melhora significativa do salto vertical e da flexibilidade muscular, sugerindo que essas respostas foram causadas por uma potenciação no reflexo de estiramento muscular. Complementarmente, Cardinale e Wakeling (2005), também em um estudo de revisão, concluíram que exercícios de força em plataforma vibratória podem consistir num interessante meio para aprimoramento da capacidade funcional em idosos, contribuindo para atenuação da degeneração musculoesquelética associada ao processo de envelhecimento. Porém, são ainda escassos (ou inexistentes) na literatura, os estudos que tenham sido conduzidos com o intuito de verificar a ocorrência de HPE em sessões específicas de exercício resistido realizadas sobre plataforma vibratória. Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi verificar a ocorrência da HPE em sessão de exercícios típicos de hipertrofia muscular, realizada sobre plataforma vibratória.

Materiais e métodos

Amostra

    Foram voluntários do presente estudo, 6 (seis) indivíduos normotensos treinados, do sexo feminino (idade de 23 ± 3,5 anos, peso corporal de 52 ± 3,6 Kg e estatura de 163 ± 5 cm). Antes do início do estudo, os voluntários foram informados sobre as condições de realização da pesquisa e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, conforme resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Protocolo de treinamento

    Os voluntários realizaram exercícios de hipertrofia em plataforma vibratória (Viber Evolution, Lions Fitness), com um tempo de 45 segundos para cada série de exercício e uma intensidade compatível com o nível 20 do equipamento, considerada forte pelo fabricante, com esforço em torno de 15 a 16 na Escala de Percepção Subjetiva de Esforço de Borg, sendo permitido um intervalo de descanso de 60 seg. entre as séries. Após um período de aquecimento de 10 minutos, iniciou-se o treino, com 15 exercícios, na seguinte ordem de execução: agachamento direto com um cinturão de 3 kg, agachamento adutor, panturrilha unilateral, posterior de coxa em pé com uma caneleira de 2 kg em cada uma das pernas, agachamento unilateral, flexão alternada de ombros, rosca bíceps direta, tríceps unilateral, fly e pull-over, todos com um peso de 2 kg, glúteo com flexão de joelhos, abdutor em pé, glúteos em posição de 4 apoios, abdução e abdominal na bola.

Mensuração da P.A.

    Variáveis mensuradas: A pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial diastólica (PAD) foram mensuradas em repouso, após o indivíduo permanecer sentado por 10 minutos antes da sessão de exercícios e, ao final da sessão de treino durante o período de 60 minutos, com intervalos de aferição a cada 10 minutos, permanecendo o indivíduo na mesma condição da análise de repouso. A PA foi aferida pelo método auscultatório, utilizando-se esfigmomanômetro aneróide (BIC) e estetoscópio (Rappaport Premium).

Análise estatística

    Os resultados foram expressos em média ± desvio padrão. A análise estatística foi realizada mediante aplicação do método ANOVA (One-way) para análise de variância e aplicação do Teste-t de Student pareado, para comparação dos valores de PA antes e ao longo dos 60 minutos pós-treino, conforme adequação pelo software Instat, adotando-se como significante um valor de p <0,05.

Resultados

    A Tabela 1 expressa as características antropométricas, idade dos voluntários estudados, e as variáveis estudadas (PAS, PAD e PAM) em repouso e após o esforço.

    Os resultados referentes à PAS expressos na tabela mostram uma redução estatisticamente significativa, em relação aos valores de repouso, somente a partir de 40 minutos após a sessão, com valores de 91,6 ± 4,08 mmHg, ante 98,3 ± 4,08 mmHg da condição de repouso pré-exercício. Essa diferença se manteve significativa até os 60 minutos finais de análise da PAS.

    Nos resultados obtidos da PAD, também apresenta uma redução significativa (p < 0,05) em relação aos níveis de repouso, somente a partir de 40 minutos pós-esforço, quando os valores eram de 60 ± 0 mmHg, ante 71,6 ± 9,83 mmHg na condição de repouso pré-exercício. Da mesma forma que a PAS, a HPE para a PAD também se manteve estatisticamente significativa até o final da análise, aos 60 minutos.

    Os dados referentes à pressão arterial media (PAM), obtidos por meio da equação: PAM = PAD + [(PAS – PAD) / 3], a qual, similarmente ao comportamento da PAS e PAD, também apresentou uma redução significativa (p < 0,05) somente a partir do 40º minuto (repouso de 80,56 ±743 mmHg e 40 min. de 70,56 ± 1,36 mmHg), mantendo-se dessa forma até o final do período de análise.

    Para uma melhor visualização, os dados de PA foram expressos também no gráfico 1.

Gráfico 1. Resposta da PA pós-esforço

Discussão

    O presente estudo foi conduzido com o intuito de verificar se uma sessão de treino de força em plataforma vibratória é capaz de promover o efeito de HPE em indivíduos jovens normotensos treinados. Os resultados obtidos mediante o protocolo específico de treinamento de alta intensidade, demonstram esse efeito. Um aspecto inicial a ser considerado, é o papel da intensidade do exercício sobre a modulação da HPE. Polito et al. (2003) submeteram 16 jovens ao exercício resistido com intensidades diferentes e, em conformidade com o presente estudo, observaram HPE nos protocolos com 6 repetições máximas (6RM) e 12 repetições com peso de 50% de 6RM, sugerindo que a intensidade do exercício resistido pode influenciar na duração da resposta de HPE, mas não houve diferença significativa entre 6RM e 12 repetições com 50% de 6RM. No entanto, nos dois protocolos houve HPE induzida nos voluntários. Lizardo e Simões (2005) também verificaram HPE em indivíduos normotensos treinados, após submetê-los a sessões com diferentes intensidades de exercícios resistidos, revelando redução significativa de PAS e PAD com 30% e 80% de 1RM, após 50 a 70 minutos do término da sessão. No presente estudo, a intensidade adotada foi alta, com os voluntários finalizando as séries com percepção de esforço em torno de 15 a 16 na Escala de Borg, e o tempo efetivo de trabalho foi cerca de 11 minutos (15 exercícios x 45 segundos de execução). Essa relação de intensidade e volume efetivo de trabalho é semelhante à observada nos estudos supracitados, o que deve explicar a similaridade dos resultados obtidos. Em nosso laboratório (ROBERT-PIRES, PENÃO & LOPES, 2010), temos observado respostas mais duradouras de HPE em protocolos com maior intensidade (70% 1RM versus 40% 1RM), em indivíduos com características semelhantes aos voluntários do presente estudo, demonstrando que protocolos dessa natureza parecem eficazes em promover HPE em jovens normotensos.

    Outro aspecto a ser considerado, é o fato de que os níveis iniciais da PA podem influenciar a HPE, tanto em magnitude quanto em duração, sendo que indivíduos hipertensos costumam apresentar respostas mais marcantes, comparando-se a normotensos (BENNETT et al, 1984). No presente estudo, os níveis médios iniciais de P.A. dos voluntários estavam dentro de limites ideais (98-71 mmHg). Neste sentido, e em conformidade com os resultados do presente estudo, os dados de Mediano et al. (2005), mostraram a ocorrência de HPE para PAS e PAD após exercícios resistidos, em indivíduos hipertensos medicados, somente após 40 minutos do término da sessão. Nesse estudo, os pesquisadores utilizaram uma e três séries de exercícios resistidos, evidenciando que um maior volume de exercícios pode aumentar o tempo de HPE, em aferições de até 90 minutos pós-esforço. Apesar do estudo acima ter sido conduzido com hipertensos, os resultados de HPE foram similares aos apresentados em nosso estudo, mesmo com um volume total menor, quando comparando-se às 3 séries do estudo de Mediano et al (2005). No estudo acima, entretanto, a resposta de HPE foi mantida até 90 minutos, fato que dificulta a comparação com o presente estudo, uma vez que não há como assegurar que a reposta de HPE seria mantida até esse mesmo período mediante o protocolo aqui adotado, em voluntários normotensos. Fisher (2001) observou HPE somente na PAS em mulheres normotensas e hipertensas limítrofes, após circuito com 5 exercícios, realizados com 15 repetições a 50% de 1RM, num total de 225 repetições, volume o qual, em termos de tempo efetivo de trabalho, é similar ao presente estudo. Mota et al. (2009), estudaram o efeito da corrida em esteira e circuito resistido em indivíduos tratados com anti-hipertensivos durante o período pós-esforço, em atividades de vida diária, e verificaram a ocorrência de HPE até 7 horas pós-esforço. Em diabéticos tipo 2, Simões et al. (2010) encontraram HPE significativa após circuito resistido com 43% de 1RM em comparação com indivíduos não diabéticos. No presente estudo, a intensidade adotada foi maior e o volume total de trabalho foi menor e, mesmo assim, os voluntários normotensos apresentaram HPE significativa, diferindo dos voluntários saudáveis do estudo de Simões et al. (2010). Não há como atribuir à utilização da plataforma vibratória, essas diferenças com o estudo de Simões et al (2010), o qual utilizou equipamentos convencionais para realização do exercício resistido, mas isso pode, de alguma forma, ser especulado e, assim, melhor investigado. Rondon et al (2002) avaliaram a resposta da HPE em idosos hipertensos e não-hipertensos durante 22 horas e encontraram uma redução significativa da PAS, PAM e PAD somente no grupo hipertenso, após sessões de exercício em bicicleta ergométrica a 50% VO2máx. Esse estudo, apesar evidenciar diferenças na resposta de HPE em hipertensos, foi conduzido em cicloergômetro, diferentemente do presente estudo, o que mostra a necessidade de conhecimento em relação à influência dos diferentes meios de exercício sobre a HPE, o qual foi o objetivo central desse estudo.

    Parcialmente diferente de nossos achados, Polito, Rosa e Schardong (2004), ao submeterem indivíduos saudáveis e treinados, a sessões compostas por 3 séries de 12RM nos exercícios extensão de joelhos bilateral e unilateral, encontraram reduções significativas da PA a partir 15 minutos pós-treino, somente no exercício de extensão bilateral. Talvez, para promover HPE, a sessão de exercício necessite, além de uma relação ótima entre volume e intensidade, do recrutamento de uma massa muscular mínima para ativar os mecanismos fisiológicos determinantes da HPE, e isso, provavelmente, não tenha ocorrido no exercício de extensão unilateral. No presente estudo, houve recrutamento de grandes grupos musculares na realização dos vários exercícios propostos, fato que deve ter sido determinante para manifestação de HPE.

    A despeito dos vários mecanismos propostos para manifestação da HPE, os quais não foram controlados neste estudo, como diminuição do volume sanguíneo/débito cardíaco, diminuição da atividade simpática eferente, diminuição da aferência cardíaca, diminuição do set-point dos baroceptores, diminuição da resistência vascular periférica em função da presença de metabólitos vasodilatadores, da diminuição de catecolaminas circulantes ou da ação vasodilatadora de opióides e óxido nítrico (MacDONALD, 2002), o presente estudo permite inferir que, ao menos em parte, alguns desses mecanismos foram ativados em função do treinamento de alta intensidade em plataforma vibratória nos voluntários jovens normotensos, A magnitude com que o treinamento específico em plataforma vibratória promove a ativação de alguns desses mecanismos em particular, deve ser fruto de investigação futura. A grande contribuição do presente estudo se deve ao fato de que foi um dos pioneiros na investigação específica da ocorrência de HPE em sessões de treinamento de alta intensidade conduzidas em plataforma vibratória.

Conclusão

    Os resultados do presente estudo permitem concluir que uma sessão de treinamento de força/hipertrofia de alta intensidade, realizada sobre plataforma vibratória, promove HPE em adultos jovens treinados normotensos.

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