efdeportes.com

Sandboard: histórico, contexto e iniciação

Sandboard: historia, contexto e iniciación

Sandboarding: History, context and Iniciation

 

Graduando em Educação Física Bacharelado UFSC

Instrutor de Sandboard

Tetra-campeão Catarinense de Sandboard (2000, 2001, 2002, 2007)

5º colocado no Ranking Latino-Americano de Snowboard Slope Style

de acordo com a 5ª lista FIS da temporada 2009-2010.

Bruno Édio Nunes

bruno_joaca@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Sandboard é um esporte que consiste em descer dunas de areia, com a utilização de uma prancha. Nos anos 60, o sandboard começou a ganhar popularidade entre os surfistas e skatistas que descobriram o quão divertido era deslizar nas dunas, eles fabricavam suas próprias pranchas usando pedaços de madeira, porém encontram-se diferentes versões sobre o surgimento do sandboard. A prática não se resume apenas a uma descida em uma montanha de areia, pode-se praticar o esporte de diferentes maneiras, nas quais o praticante usa sua prancha de diferentes formas, sendo as competições divididas em modalidades que são Big Air, Sloope Style, Boarder Cross e Slalon e as manobras divididas em grupos conforme suas principais características. Em Florianópolis, as Dunas da Praia da Joaquina são a grande atração, a vegetação mais próxima do mar é formada por espécies halófitas e o vento é constante. Tendo em vista que a prática do sandboard é proporcionada por diferentes situações de interesse pelo esporte, o autor divide a prática em três âmbitos distintos: turismo, lazer/esporte e profissional. O Mercado voltado ao esporte tem como principais fontes de renda a venda e o aluguel de pranchas, equipamentos, aulas práticas, campeonatos e o retorno de midiático. O equipamento básico é composto basicamente pela prancha e a fixação para os pés, além da vela utilizada para o deslize da prancha. Ainda não há uma metodologia de ensino do sandboard, mas foram montadas algumas etapas que podem ser seguidas para o ensino da técnica do sandboard a uma pessoa. Procura-se através deste trabalho levar mais conhecimento a respeito do sandboard às pessoas que tenham interesse em conhecê-lo, fazendo com que estas saibam mais a respeito de sua origem, de sua prática, nomenclatura e dos materiais utilizados.

          Unitermos: Sandboard. Histórico. Iniciação.

 

 
http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Sandboard é um esporte que consiste em descer dunas de areia, com a utilização de uma espécie de prancha similar à prancha de snowboard, usada na neve.

    A denominação Sandboard vem do inglês Sand (que quer dizer areia), e Board (que significa prancha), podemos encontrar também a expressão Sandboarding, que se refere ao mesmo esporte e tem igual significado.

Bruno Nunes nas dunas de areia de Joaquina

    PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO (2008) classificam os esportes radicais em dois tipos, de ação e de aventura, relacionando-os com o meio, onde encontramos o sandboard classificado como um esporte radical de ação do meio terrestre.

Histórico

    A organização Dune Riders International tem em seus arquivos informações sobre antigos egípcios e outras culturas que deslizavam sobre as areias em pranchas de madeira e cerâmica, e também, ainda que escassas, existem fotografias em preto e branco datadas da época da segunda guerra mundial.

    Nos anos 60, o sandboard começou a ganhar popularidade entre os surfistas e skatistas que descobriram o quão divertido era deslizar nas dunas, eles fabricavam suas próprias pranchas usando pedaços de madeira. Nos anos 70 o sandboard havia sido apresentado em várias publicações e comerciais, tudo graças aos esforços dos pioneiros do sandboard contemporâneo, Jack Smith e Gary Fluitt.

    Pode-se encontrar diferentes versões do surgimento do sandboard, que citam que o esporte foi criado no Brasil, mais especificamente em Florianópolis, sendo considerado pelos seguidores desta vertente como sendo um esporte de criação nacional.

    O sandboard surgiu no Brasil e é um esporte relativamente recente: foi inventado em 1986, em Florianópolis. A idéia partiu de alguns surfistas que procuravam alguma coisa pra fazer quando as ondas não estavam boas para a prática do surf. (www.oradical.uol.com.br)

    Segundo José Eduardo Wentz, atual presidente da Associação Cultural e Desportiva de Sand&SnowBoard – ACESSB, apud Rateke (2008) o Sandboard teve seu surgimento na região sul do Brasil, em Florianópolis, no final dos anos 80, trazido pela família Lazarette que foram também os pioneiros nesta área a desenvolverem as competições no sul do Brasil.

    Sendo assim não pode-se dizer com exatidão quando e onde surgiu o sandboard, mas indiferentemente de sua criação, sabemos que o Brasil é um pólo do esporte e que temos inúmeros atletas na modalidade, alguns inclusive com títulos de grande expressão no cenário mundial.

    Com relação à criação do esporte em Florianópolis, deve ser realizada pesquisa mais apronfudada para que se saiba com real exatidão quando e como o esporte surgiu na Ilha, pois a informações colhidas em sites de pesquisa geralmente são aquelas que, pelo uso freqüente, já caíram em senso comum.

    O principal nome do sandboard brasileiro é, sem dúvida, o tricampeão mundial e tetracampeão sul-americano, Digiácomo Dias. O atleta nascido em São Paulo, mas radicalizado em Florianópolis é o maior destaque no cenário nacional, e grande referência para quem está iniciando no sandboard. (www.oradical.uol.com.br)

    Atualmente no contexto dos esportes de pranchas, neste caso especificamente o sandboard, ele é o quarto esporte mais praticado nesta grande família dos esportes radicais e em novembro de 2004, o Projeto de Lei nº 283/04, de autoria do deputado Onofre Agostini, reconhece oficialmente Florianópolis é “Capital Catarinense do sandboard”. (RATEKE, 2008)

    Sendo assim verificar-se que o esporte tem certa importância no cenário esportivo de Florianópolis, devendo ser dado um maior valor ao esporte e estimulo a sua prática.

    A prática de sandboard não se resume apenas a uma descida em uma montanha de areia, pode-se praticar o esporte de diferentes maneiras, nas quais o praticante usa sua prancha de diferentes formas, podendo fazer desde uma descida em linha reta até acrobacias em saltos em rampas, sendo assim, o esporte pode ser dividido em modalidades.

Modalidades

  • Big Air: Nessa modalidade o atleta realiza apenas um salto em cada descida, podendo, dependendo da competição realizar diversas descidas. O campeão é aquele que executar o salto com a manobra mais radical, mais técnica e com maior amplitude, sendo considerado também a maneira como o atleta “aterrisa”.

  • Slope Style: Essa modalidade, semelhante ao “street” do skate, vence aquele que executar as melhores manobras em um percurso com rampas e corrimões. Diferentemente do Big Air, o atleta realiza manobras em mais de um obstáculo (ex: uma rampa e um corrimão; duas rampas; 2 rampas e um corrimão), o número de obstáculos em uma descida dependerá também do comprimento da descida.

  • Boardercross: É uma corrida entre quatro atletas em um percurso com obstáculos, rampas e curvas fechadas. Vence aquele que chegar primeiro.

  • Slalom: É uma descida de velocidade, com o percurso marcado por bandeirinhas que devem ser contornadas, recebendo o título aquele que obter o menor tempo cronometrado. Em algumas competições são realizadas o Duel Slalom, no qual são construídos dois percursos simétricos e paralelos, com os dois atletas largando simultaneamente, e sendo o vencedor aquele que chegar primeiro.

Big Air, Carlito

Manobras

    As manobras são divididas em grupos conforme suas principais características, sendo então:

  • Rotação: são aquelas em que os movimentos ocorrem no plano transverso sobre o centro de gravidade (ex: 360º, 540º).

  • Grabs: Manobras em que o atleta segura a prancha com uma ou ambas as mãos (ex: “Indy”, “method”).

  • Flips (“mortais”): São aquelas em que os movimentos ocorrem no plano sagital e no plano sagital sobre o centro de gravidade (ex: “frontflip”, “backflip”).

  • Rails: Manobras em que o atleta desliza com sua prancha sobre uma superfície lisa, como por exemplo um cano ou um ferro. (ex: “boardslide”, “lipslide”).

Rail, Bruno Nunes

Âmbito de prática e equipamentos

    Em Florianópolis, as Dunas da Praia da Joaquina são a grande atração. O Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição é formado por depósitos sedimentares inconsolidados do Quaternário, que serviram de base para a formação de um campo de dunas fixas ou móveis, atuais e sub atuais, constituídas por areias finas e médias. (SANTA CATARINA, 1986 apud BUNN 2005).

    A vegetação mais próxima do mar é formada por espécies halófitas. O vento é constante, arrastando grãos de areia e desenvolvendo efeito abrasivo sobre a vegetação. (RIEDTMANN, 2004 apud BUNN, 2005). Na área onde estão situadas as dunas móveis a vegetação é bastante rala. A ausência de matéria orgânica, a mobilidade das dunas associada ao vento, a incidência do sol aquecendo as camadas superficiais de areia e o rápido escoamento da água das chuvas contribuem para a ausência de vegetação. (BUNN, 2005).

    Tendo em vista que a prática do sandboard é proporcionada por diferentes situações de interesse pelo esporte, o autor divide a prática em três âmbitos distintos: Turismo, Lazer/Esporte e Profissional:

    A prática como Turismo, oportuniza um primeiro contato com o esporte, sendo de grande importância para o surgimento de novos praticantes assíduos. O Clima da cidade de Florianópolis favorece a prática por possuirmos temperaturas quentes, principalmente no verão. O fato de a cidade ser turística atrai milhares de pessoas todos os anos para a região, esse fato somado a fácil acessibilidade as dunas, que geralmente ficam próximas as praias, e o baixo custo do aluguel dos equipamentos facilitam o primeiro contato com o esporte.

Slalom, Bruno Nunes

    No âmbito do Lazer, a prática constante surge como hobby, fazendo com que o praticante venha adquirir o seu equipamento próprio, o que leva a uma evolução técnica na modalidade, geralmente com melhor controle da prancha, iniciação a saltos, e até participando das primeiras competições.

    Quanto à Profissionalização no esporte, existem campeonatos para a participação de atletas que são premiados pelo desenvolvimento de manobras. Surge então a busca por patrocínios e a necessidade de obtenção de equipamentos de alta performance para a realização das manobras e conquista de bons resultados. Pouquíssimos atletas vivem hoje da profissionalização como atletas de sandboard, devido à menor divulgação e investimento neste esporte quando comparado a esportes como surf e skate. Apesar disso podemos citar grandes eventos como o Campeonato Mundial na Alemanha, no Monte Kaolino, e a construção do Sand Máster Park, em Florence, Oregon nos Estados Unidos (um local específico para a prática de sandboard, com obstáculos, rampas, etc.)

    O Mercado voltado ao esporte tem como principais fontes de renda a venda e o aluguel de pranchas, equipamentos, aulas práticas, campeonatos e o retorno de midiático, todos principalmente aquecidos pela promoção do turismo nas cidades com dunas.

    As pranchas de sandboard são em sua grande maioria fabricadas em madeira (algumas contendo outros materiais como fibra e resina), possuindo sempre um fundo deslizante, que pode ser fórmica (utilizado na areia seca e que não desliza quando a areia está molhada) ou PVC (um material plástico que desliza na areia molhada, mas que não desliza tão bem na areia seca). Vale ressaltar que tanto a fórmica quanto o PVC estão colados na prancha e não podem se trocados a cada vez que o praticante vai a pratica, devendo o praticante optar por um dos fundos ou ter duas pranchas, uma com cada tipo de fundo.

    O preço das pranchas de sandboard varia de acordo com o tipo de material e tecnologia com a qual a prancha é construída, que implica na sua resistência, durabilidade e desempenho, e geralmente está relacionada ao nível técnico do praticante.

    O equipamento básico é composto basicamente pela prancha e a fixação para os pés. Pranchas para iniciantes, que são pranchas de madeira de baixa qualidade e fixação de velcro para os pés variam de R$50,00 a R$100,00; pranchas “amador”, que são construídas de melhor material e que possuem fixação de melhor qualidade e conforto para os pés variam de R$120,00 a R$250,00; e equipamento profissional, prancha construída com madeira de excelente qualidade e adição de outros materiais como fibra de vidro, resina e fibra de carbono (garantindo maior flexibilidade, durabilidade e resistência), com fixação de velcro e base emborrachada para os pés ou ainda a utilização de “bindings” (fixação para os pés utilizada no snowboard), que aumentam o custo do equipamento já que esta fixação não é produzida no Brasil, o preço do equipamento varia de $400,00 a R$700,00.

Iniciação do esporte

    Ainda não há uma metodologia de ensino do sandboard, mas conforme o conhecimento e a vivencia do autor deste trabalho com o esporte em questão, foram montadas algumas etapas que podem ser seguidas para o ensino da técnica do sandboard a uma pessoa.

  1. Familiarização com o meio

    1. Descidas com a pessoa sentada no sandboard.

  2. Posicionamento na prancha

    1. Goofy (pé direito na parte da frente), regular (pé esquerdo na parte da frente)

    2. Peso do corpo (ensinar a pessoa a utilizar o seu peso corporal para se equilibrar)

    3. Agachar, abrir os braços, acompanhar a prancha (técnicas que podem ajudar o aluno a manter o equilíbrio enquanto a prancha se movimenta)

  3. Descida “reto”

    • Realizar descidas em um local baixo para que o aluno assimile a técnica e não alcance grande velocidade, evitando assim quedas

      1. Com auxílio (caso o aluno não consiga se equilibrar na prancha sozinho, por falta de equilíbrio ou “medo”)

      2. Sem auxilio (se o aluno já estiver encorajado a descer sozinho e consiga se equilibrar razoavelmente)

  4. Frenagem

    • Ensinar o aluno como frear a prancha, fazendo com que ele adquira certo controle da prancha e possa pará-la caso queira ou necessite.

      1. Backside ou Frontside (ensinar a frenagem para ambos os lados, ficando de costas para a descida ou de frente)

  5. Direcionamento da prancha

    • Como fazer para não descer apenas em linha reta, posicionando a prancha de maneira diagonal e realizar a descida em diferentes direções.

      1. Esquerda e direita

Materiais necessários para a prática

    Além da prancha de sandboard provida de fixação para os pés, outros materiais são indispensáveis para a prática do sandboard. São eles: vela (que deve ser passada no fundo da prancha a cada descida fazendo com que a prancha deslize), óculos de sol (devido a areia que pode entrar nos olhos em uma descida ou até em uma possível queda, os óculos de “Snowboard” e “MotoCross” são os mais indicados), água mineral (para evitar a desidratação devido a sudorese intensa causada pelo esforço físico e o ambiente quente), protetor solar (principalmente nos dias de sol, afim de evitar queimaduras) e capacete (diminuindo assim o risco de lesões). Com esses materiais garante-se uma prática segura e muito prazerosa.

Considerações finais

    Pode-se através deste trabalho levar mais conhecimento a respeito do sandboard a pessoas que tenham interesse em conhecê-lo, fazendo com que essas pessoas saibam mais a respeito de sua origem, de sua prática, nomenclatura e dos materiais, este último, tanto no que se diz respeito aos materiais utilizados na fabricação da prancha quanto aos utilizados na prática ao descer uma duna.

    Muitas das informações contidas aqui foram retiradas da experiência que o autor deste trabalho possui no esporte (praticante há 13 anos e competidor) visto que a literatura apresenta pouquíssimas referências, muitas delas oriundas de sites, os quais têm veracidade questionável, pois trazem informações não comprovadas.

    Por fim, podemos dizer que mais estudos devem ser feitos sobre o esporte em questão, trazendo maior conhecimento para admiradores e profissionais, que vai desde o histórico da modalidade até as tecnologias na fabricação de equipamentos.

Referências

  • SANDBOARD. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sandboard, acesso em 01/10/2009.

  • Sandboarding Le llego el turno! Disponível em: www.sandboard.com, acesso em 08/11/2009.

  • Sandboard. Disponível em: www.oradical.uol.com.br, acesso em 10/11/2009.

  • RATEKE, M. S. Como se deu Historicamente a evolução do Sandboard. Palhoça: Universidade do Sul de Santa Catarina, 2008. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Curso de Graduação em Educação Física.

  • BUNN, D. A. Proposta de zoneamento para o Parque Municipal das dunas da Lagoa da Conceição, Florianópolis – SC. III Simpósio de Áreas Protegidas, 2005: Pelotas/RS.

  • PEREIRA, D. W.; ARMBRUST, I.; RICARDO, D. P. Esportes Radicais de Aventura e Ação, conceitos, classificação e características. Corpoconsciência. Santo André – SP, FEFISA, vol. 12, n. 1, 2008, p. 37-55.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 149 | Buenos Aires, Octubre de 2010
© 1997-2010 Derechos reservados