Níveis de ansiedade em atletas participantes dos Jogos do Interior de Minas, JIMI Niveles de ansiedad en deportistas participantes de los Juegos del Interior de Minas, JIMI Anxiety level athletes participating in the Games of the Interior de Minas, JIMI |
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1. Universidade Trás-Os-Montes e Alto Douro – UTAD, Vila Real, Portugal 2. Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE, Montes Claros, MG, Brasil 3. Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES, Montes Claros, MG, Brasil 4. Grupo de Estudos e Pesquisas de Educação na Diversidade e Saúde, Montes Claros, MG, Brasil 5. Grupo Integrado de Pesquisa de Psicologia do Esporte, Exercício e Saúde, Saúde Ocupacional e Mídia, Montes Claros, MG, Brasil |
Wellington Danilo Soares1,2,3,4,5 Maraisa Gomes de Souza2 Jeibson Moura Germano2 Igor Rainneh Durães Cruz2 André Luiz Gomes Carneiro1,3,4 |
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Resumo Buscou-se através deste estudo analisar os níveis de ansiedade em atletas participantes dos Jogos do Interior de Minas – JIMI na cidade de Uberlândia/MG. Para tal foram aplicados 100 questionários as atletas de futsal feminino, com idade média de (21,5 ± 4,6) anos. Através de análise de dados coletados verificou as seguintes constatações: que a maioria (85%) do grupo pesquisado, apresentou um alto nível de ansiedade, seguido de uma média alta (10%). Se somarmos a ansiedade alta com a média alta engloba quase toda a totalidade do grupo amostral (95%).Pode-se verificar que na comparação entre as médias encontradas nas diferentes faixas etárias, não apresentaram diferenças significativas, com relação a ansiedade traço.Portanto tendo em vista que o tema ansiedade competitiva é de suma importância para o desenvolvimento do esporte competitivo e se trata de um assunto muito pesquisado internacionalmente, mas que no Brasil não recebe a mesma atenção, pode-se sugerir que trabalhos sejam realizados com outros grupos esportivos, comparando-se resultados de diferentes esportes (exemplo: esportes individuais com esportes coletivos; diferentes esportes individuais; diferentes esportes coletivos, etc.). Além disto, torna-se importante estabelecer a relação de outras variáveis psicológicas com ansiedade competitiva. Exemplo: motivação, autoestima, agressividade e competitividade, entre outras. Unitermos: Ansiedade. Atletas. Futsal feminino.
Abstract We sought through this study to analyze the level of anxiety in athletes attending the Games of the interior of Minas - JIMI in Uberlândia / MG. For the 100 questionnaires that were applied to female futsal players, mean age (21.5 ± 4.6) years. Through analysis of data collected found the following findings: the majority (85%) of the research group, showed a high level of anxiety, followed by a high average (10%). If we add high anxiety with the average high covers almost the whole entire sample group (95%). One can see that when comparing the averages found in different age groups showed no significant differences with respect to anxiety traço. Portanto in view of competitive anxiety that the subject is of paramount importance for the development of competitive sport and this is a very researched internationally, but Brazil does not receive the same attention, it can be suggested that work be carried out with other sports groups , comparing results from different sports (eg, individual sports with team sports, different individual sports, different sports, etc.).. Moreover, it is important to establish the relationship of other psychological variables with competitive anxiety. Example: motivation, self-esteem, aggression and competitiveness, among other. Keywords: Anxiety. Athletes. Futsal.
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http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Os Jogos do Interior de Minas - JIMI é uma das maiores competições do esporte amador do país. O Programa é uma iniciativa do Governo de Minas, através da Secretaria de Estado de Esportes e da Juventude (SEEJ-MG). Todos os municípios do interior do estado podem participar do evento, inscrevendo os seus atletas em qualquer modalidade prevista no regulamento geral da competição.
O futsal é uma das modalidades coletivas presentes no JIMI, tanto na categoria masculina como na feminina. A evolução do Futsal feminino estar em constante desenvolvimento, o JIMI contribui com esses acontecimentos por atribuir níveis elevados de competições oficiais.
A ansiedade é um dos estados emocionais mais presentes no contexto esportivo e como conseqüência, é merecedor de uma grande atenção por parte dos psicólogos do esporte. Diversas definições já lhe foram atribuídas, no entanto a mais comum é de um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de sensações físicas como o vazio (ou frio) no estômago, opressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça ou falta de ar (LAVOURA et al., 2006).
Ao se falar sobre ansiedade, deve-se tomar cuidado com a confusão de conceitos em relação ao medo. Ansiedade e medo são emoções que muitas vezes se confundem (WAMBA et al., 2008).
O termo ansiedade refere-se a uma debilitante apreensão durante certo período (MORAIS, 1990).
A ansiedade é uma expressão da personalidade do indivíduo, e a extensão na qual é manifestada em uma situação particular deve ser considerada em relação à pressão imposta, aos níveis de habilidade do atleta e à natureza da atividade. (COZZANI et al.,1997).
Segundo Machado (1997) é sabido que o atleta entra em estado de ansiedade por não saber o que acontecerá na competição. Em seu decorrer, esta ansiedade se transforma, dando lugar a um certo relaxamento e após o término seu níveis volta a oscilar, pela expectativa da repercussão do resultado. Futuramente, este estado final voltará a interferir no evento, uma vez que será o ponto de partida para nova preparação e disputa, podendo alterar o desempenho do aluno, tanto positiva como negativamente. Assim, estudar e analisar a ansiedade em atletas participantes do JIMI 2009 seria uma forma de ampliar, revisar e possibilitar novas visões sobre este estado emocional, no âmbito da Psicologia do Esporte.
Dentro deste contexto a presente pesquisa se dedica a responder a seguinte questão: quais são os fatores determinantes da ansiedade nas competições.
Matérias e métodos
Essa pesquisa foi submetida e aprovada ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), das Faculdades Unidas do Norte de Minas sobre o protocolo nº. 0259/09. Atendendo, na sua realização, todas as normas e critérios exigidos pela lei 196/96, de 10 de Outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde – CSN, que regulamenta ás pesquisas com seres humanos.
O estudo é de caráter descritivo, exploratório, fazendo uso das contribuições de abordagens quantitativas quanto qualitativas e de corte transversal (THOMAS; NELSON, 2002).
A amostra foi constituída de 100 sujeitos, gênero feminino, na faixa etária de 16 a 35 anos (21,5 ± 4,6 anos), selecionada de forma intencional, da modalidade esportiva futsal feminino, que competiram na fase estadual dos Jogos do Interior de Minas – JIMI 2009, na cidade de Uberlândia – MG.
Foi utilizado como instrumento, o questionário “Sport Competition Anxiety Test” (SCAT), que ao analisar as respostas de um atleta para uma série de instruções sobre como ela/ele se sente em uma situação de concorrência é possível determinar seu nível de ansiedade. A test that provides such functionality is the Sport Competition Anxiety Test (SCAT) that was developed by Martens, Vealey, and Burton in 1990.O Sport Competition Anxiety Test (SCAT) e composto de 15 perguntas é foi desenvolvidos por Martens, Vealey, e Burton (1990). O SCAT tem uma pontuação numa escala de tipo Likert de 3 pontos onde, raramente e 1 ponto, as vezes 2 pontos e frequentemente 3 pontos, de um mínimo de 10 e um máximo de 30, onde 10 indica um baixo nível de ansiedade e 30 um elevado nível de ansiedade.
Considerando-se que a variável estudada reflete um traço psicológico (no caso o fato do atleta ser ou não ansioso, a coleta de dados pode ser feita em qualquer momento do processo competitivo, segundo orientação do próprio autor do teste). Segundo o texto original de elaboração do teste, os níveis de consistência interna e reprodutibilidade foram significantes (kr = 0,95 - Coeficiente O teste Kuder-Richardson; r = 0,77).
A recolha dos dados decorreu durante a fase final estadual dos Jogos do Interior de Minas – JIMI 2009, onde os atletas que aceitaram participar da pesquisa de forma voluntária assinaram um termo de consentimento. Para os atletas de menor idade, o termo foi assinado pelo técnico responsável pelos mesmos.
O questionário foi aplicado antes dos jogos pelos próprios pesquisadores.
Os dados foram analisados através de uma estatística descritiva, com valores de média e desvio padrão. Para comparação entre as idades pesquisadas foi utilizado o teste t para amostras independentes. Na avaliação entre a existência de associação ou não nas variáveis idade e ansiedade pré competitiva foi utilizado o teste de Pearson. O nível de significância adotado foi de 95% (p ≤ 0,05). Todo o procedimento estatístico foi realizado através do programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 17.0 para Windows.
Resultados e discussão
Entre as 100 atletas de futsal, participantes da pesquisa, foi encontrado um tempo de prática nessa modalidade de 2 a 10 anos (8,43 ± 3,5 anos) e com um tempo de competição de 1 a 6 anos (5,94 ± 3,2 anos).
Gráfico 01. Nível de ansiedade traço
Pode-se observar através do gráfico 01 que a maioria (85%) do grupo pesquisado, apresentou um alto nível de ansiedade. Seguido de uma média alta (10%). Se somarmos a ansiedade alta com a média alta engloba quase toda a totalidade do grupo amostral (95%).
Os resultados obtidos neste estudo encontram similaridade em pesquisas desenvolvidas por outros autores nacionais e internacionais (DE ROSE JUNIOR e VASCONCELLOS, 1995; FELTZ, LIRGG e ALBRECHT, 1992; LAPPA, SANT’ ANNA, CHIODO, VASCONCELLOS, DE ROSE JUNIOR, 1993). Os níveis de ansiedade-traço competitiva podem ser considerados moderados, quando analisados globalmente, de acordo com a escala estabelecida pelo autor do SCAT (MARTENS, 1977). No estudo, a maioria (95%) das atletas pesquisadas apresentaram um escore elevado (próximo ou nos níveis máximo proposto pelo teste – 30 pontos), atestando um alto grau de ansiedade-traço competitiva e que pode estar relacionado a fatores como: pouca experiência, falta de habilidade especifica, pouco tempo de pratica, maior responsabilidade, medos (de perder, do adversário, de criticas, etc.), entre outros (DE ROSE JUNIOR, 1997).
Quanto à maior ansiedade das meninas, vários estudos além dos já citados, comprovam esta tendência, não só no futsal, mas em outros esportes como o basquetebol, voleibol, atletismo, lutas e outros (BRUSTAD, 1988; FINKENBERG, DINUCCI, MCCUNE, 1992; STEFANELLO, 1990). Segundo esses autores os fatores que contribuem para que isto aconteça estão relacionados com o fato da competição ainda ser muito enfatizada para atletas do sexo masculino e a mulher ser muito cobrada quando compete, sendo comparada constantemente aos homens, existindo até mesmo um certo preconceito quanto à sua participação no esporte competitivo. Além disto, especula-se a possibilidade da mulher ser muito mais sincera em suas respostas, enquanto que os homens, por pressão social, tenderem a esconder ou camuflar seus sentimentos.
Esses resultados também podem ser justificados por Lawther (1974) onde afirma que durante o jogo as condições psíquicas que envolvem o autodomínio, autoconfiança e conduta de controle são, sobretudo, ignoradas e a não observância a esses fatores pode resultar em comportamentos tensos, agressivos e ansiosos.
Tabela 01. Comparação entre as idades dos níveis de ansiedade traço
Idade |
Média ± Desvio Padrão |
SIG |
16 á 20 anos |
27,3 ± 4,2 |
0,681
|
21 á 35 anos |
27,5 ± 4,6 |
Através da tabela 01 pode-se verificar que na comparação entre as médias encontradas nas diferentes faixas etárias, não apresentaram diferenças estatisticamente significativas, com relação à ansiedade traço.
Esses resultados diferem da afirmação de Martens (1990) onde coloca que o Níveis de ansiedade é mais alto em alunos/atletas jovens, em particular os pré-adolescentes, do que em outras faixas etárias. Os jovens alunos/atletas, com pouca experiência como nesta faixa etária de 11 e 12 anos de idade, por não apresentar uma estabilidade emocional para suportar este tipo de pressão em uma competição, por estarem conscientes do que está em jogo, manifestam uma ansiedade estado competitiva mais alta do que os esportistas de mais idade ou com mais experiência.
No estudo de Detanico e Santos (2005) que buscou analisar os níveis de ansiedade-traço pré-competitiva dos judocas participantes dos 44º Jogos Abertos de Santa Catarina, tendo como amostra 122 judocas, sendo 65 atletas do sexo masculino e 57 do sexo feminino, utilizando como instrumento o SCAT. As autoras puderam verificar que houve uma associação significativa com relação à idade e ansiedade traço, onde com o aumento da idade, ocorre uma redução da ansiedade pré competitiva. Também verificaram que as mulheres judocas participantes deste estudo possuem índice ansiogênicos mais elevado do que os índices encontrados no sexo masculino. Esses resultados corroboram em parte com os achados do nosso estudo, onde igualmente foi verificado um alto Níveis de estresse por parte do sexo feminino, apesar do nosso estudo não contemplar a comparação entre gêneros. Já com relação a relação entre idade e ansiedade pré competitiva, nosso estudo, diferentemente dos achados de Detanico e Santos (2005) não apresentaram associação para essas variáveis.
Aplicações práticas
Ao analisar os níveis de ansiedade em atletas participantes dos Jogos do Interior de Minas Gerais – JIMI foi possível constatar que a maioria (95%) das atletas pesquisadas apresentou um escore elevado grau de ansiedade-traço competitiva.
Os altos níveis de ansiedade-traço não significaram que os resultados nas competições esportivas foram desastrosas, pois um certo grau de ansiedade pode levar o atleta a manter um ótimo desempenho havendo oscilações nos níveis de ansiedade-traço.
Tendo em vista que o tema ansiedade competitiva é de suma importância para o desenvolvimento do esporte competitivo e se trata de um assunto muito pesquisado internacionalmente, mas que no Brasil não recebe a mesma atenção, pode-se sugerir que trabalhos sejam realizados com outros grupos esportivos, comparando-se resultados de diferentes esportes (exemplo: esportes individuais com esportes coletivos; diferentes esportes individuais; diferentes esportes coletivos, etc.). Além disto, torna-se importante estabelecer a relação de outras variáveis psicológicas com ansiedade competitiva.
Referências
BRUSTAD, R. J. Affective outcomes in competitive youth sports: the infl uences of intrapersonal and socialization factors. Journal of Sport and Exercise Psychology, v. 10, n. 3, p. 307-321, 1988.
COZZANI, M., MACHADO, A. A., VIEIRA, E. C., NASCIMENTO, A. L.. Ansiedade: interferências no contexto esportivo. In: MACHADO, A. A. (org) Psicologia do Esporte: temas emergentes. Jundiaí: Fontoura, 1997.
DE ROSE JUNIOR, D.; VASCONCELLOS, E.G. Ansiedade-traço competitiva e atletismo: um estudo com atletas infanto-juvenis. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo. 11(2):148-54, jul./dez. 1997.
De ROSE JUNIOR, D.; VASCONCELLOS, E.G. Competitive trait anxiety: a study with young track and field competitiors. In: EUROPEAN CONGRESS ON SPORT PSYCHOLOGY, 9., Bruxelles, 1995. Proceedings. Bruxelles, European Federation of Sport Psychology, 1995. p.168-74.
DETANICO, D; SANTOS, S, G; Variáveis influenciando e sendo influenciadas pela ansiedade-traço pré-competitiva: um estudo com judocas. Revista Digital - Buenos Aires - Ano 10 - N° 90 - Novembro de 2005. http://www.efdeportes.com/efd90/judocas.htm
FELTZ, D.L.; LIRGG, C.D.; ALBRECHT, R.R. Psychological implications of competitive running in elite long distance runners: a longitudinal analysis. The Sport Psychologist, v.6, p.128-38, 1992.
FINKENBERG, M. E. et al. Analysis of the effect of competitive anxiety on performance on taekwondo competition. Perceptual and Motor Skills, v.75, p. 239-243, 1992.
LAPPA, L.Z.; SANT’ANNA, V.M.M.; CHIODO, M.C.; VASCONCELLOS, E.G.; De ROSE JUNIOR, D.; MORIKOSHI, S. Correlação entre ansiedade-estado somática e cognitiva em atletas infantis. In: CONGRESSO INTERNO DO INSTITUTO DE PSICOLOGIA USP, 2., São Paulo, 1993. Anais. São Paulo, Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, 1993. p.f2.
LAVOURA. N.T; BOTURA. L.M. H; MACHADO. A.A, Estudo da Ansiedade e as Diferenças Entre os Gêneros em um Esporte de Aventura Competitivo. Revista Brasileira de Educação Física, Esporte Lazer e Dança. V.1, n.3, p.74-81, 2006.
LAWTHER, J. D. Psicologia desportiva. 2 ed. Rio de Janeiro, 1974.
MACHADO, A, A. Psicologia do Esporte: Temas Emergentes. Jundiaí: Ápise, 1997
MARTENS, R., VEALEY, R. S., BURTON, D. Competitive anxiety in sport. Champaign, IL: Human Kinetics. (1990).
MORAIS. C.L, Ansiedade e Desempenho no Esporte. Revista Brasileira e Movimento. V.4, n.2, p. 51-56, 1990.
STEFANELLO, J. M. F. Ansiedade competitiva e os fatores de personalidade de adolescentes que praticam voleibol: um estudo causal-comparativo. Kinesis, v. 6, n. 2, p. 203-224, 1990.
THOMAS, Jerry R.; NELSON Jack K. Métodos de pesquisa em atividades físicas 3ª ed. Porto Alegre: Artemed, 2002.
WAMBA. C; VICARI. C; ELISENHUT. R.D; RADTKE. C.L; SHIGUNOV. V, Ansiedade Pré-Competitiva: O Caso do Hockey na Grama, Artigo Apresentado No XII Congresso Paulista de Educação Física, em Jundiaí-SP, 2008.
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