Contribuição do exercício físico em mulheres com incontinência urinária de esforço Aportes del ejercicio físico en mujeres con incontinencia urinaria de esfuerzo Contribution of exercise in women with stress urinary incontinence |
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Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC Unidade Acadêmica de Humanidades Ciências e Educação Departamento de Educação Física Criciúma, Santa Catarina (Brasil) |
Leciane Gonçalves Bárbara Regina Alvarez Josete Mazon |
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Resumo A incontinência urinária é um problema que afeta principalmente mulheres e estudos demonstram que há alta incidência com o avançar da idade em mulheres multíparas, trazendo constrangimento, isolamento social, depressão, baixa autoestima, vergonha, desconforto e limitações. Esta pesquisa teve como objetivo identificar a contribuição do exercício físico específico para assoalho perineal em mulheres com incontinência urinária por esforços. Respeitando todos os preceitos éticos, foi utilizado como instrumento para coleta de dados questionário, o qual teve propósito de identificar em quais situações estas mulheres perdiam urina e identificar a existência de fatores desencadeadores, histórico ginecológico e anamnese com avaliação física das participantes. Foi elaborado um programa de exercícios de fortalecimento muscular para o assoalho perineal, divididos em 22 sessões. Os resultados obtidos pós programa foram perda de urina em forma de gotejamento somente em esforços intensos e nas condições de tosse e erguer peso, ocorrendo somente durante o dia. Concluímos que nesta população apesar da resposta ser subjetiva, a eficácia dos exercícios perineais, diminuíram a incidência dos sintomas e as condições de perda da urinária. Assim é possível criar estratégias para que os profissionais de Educação Física abordem os exercícios perineais nos diversos tipos de treinamentos para população feminina. Unitermos: Exercício físico. Incontinência urinária. Saúde da mulher. Assoalho perineal.
Abstract Keywords: Exercise. Incontinence. Women's health. Perineal floor.
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http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A expectativa de vida no Brasil vem aumentando e com isso cada vez mais idosos crescendo assim os problemas femininos relacionados à incontinência urinária, sabe-se que um fator importante no surgimento desta patologia é a idade avançada.
Encontra-se muita dificuldade para estimar o quanto esta doença está presente na vida das pessoas, pois é tratada como um fator normal do envelhecimento, e em muitos casos não é procurado o médico para realizar um diagnóstico, mesmo diante de um sofrimento real.
A SIC define incontinência urinária de esforço (IUE) como a perda involuntária de urina pela uretra, decorrente do aumento da pressão abdominal, na ausência de contração do músculo detrusor, acarretando problemas sociais. (Netto Jr, 1999).
De acordo com Bankowski, (2006) a IUE é tipo mais comum entre as mulheres e responsável por 30 a 70% dos casos. Ocorrendo quando o colo vesical e a uretra não conseguem manter uma vedação hídrica, com o aumento da pressão abdominal tal como tosse, espirros, risadas, levantamentos de cargas ou até mesmo em repouso.
A Sociedade Internacional de Continência define incontinência urinária por esforços (IUE) como a perda involuntária de urina pela uretra, decorrente do aumento da pressão abdominal, na ausência de contração do músculo detrusor, acarretando problemas sociais. (Netto. Jr 1999).
Apesar de não ser uma doença que leva a morte pode muitas vezes levar a vergonha, depressão, baixa auto-estima e isolamento social, alterando significativamente seus relacionamentos e comportamentos sociais, já que passa a depender de lugares com banheiros como medida de precaução. (Souza, 1999).
A incontinência urinária pode afetar pessoas de todas as idades, ambos os sexos e em todos os níveis sociais e econômicos, no entanto mulheres tem probabilidade duas a três vezes maior do que os homens de apresentar algum tipo de incontinência urinária devido a anatomia feminina, e pelos distúrbios do assoalho perineal decorrentes de gestações e partos considerados fatores influenciadores.
Por muito tempo acreditou-se que o único tratamento para a incontinência urinária era o método cirúrgico, mas com o passar do tempo procurou-se compreender melhor a fisiopatologia da doença e assim descobrir novas formas de tratamento. Atualmente em grande parte dos casos o tratamento inicial indicado é o não-cirúrgico, através da cinesioterapia que são exercícios de fortalecimento da musculatura do assoalho perineal (AP), este método de baixo custo, menos invasivo e não possui contra indicações.
Metodologia
Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva do tipo estudo de caso, a amostra foi intencional. Participaram do programa voluntariamente oito mulheres que apresentavam sintomas de perda urinária por esforço, independente do tempo que ocorreu a primeira perda de urina, com idade entre 51 e 75 anos.
Para identificar a perda de urina, situações e sua freqüência em que ocorre, foi utilizado um questionário adaptado de Moreno (2004) que identifica alterações miccionais. Com objetivo de conhecer a história ginecológica das participantes e identificar fatores desencadeadores de incontinência urinária de esforço, nível de atividade física e uma anamnese com avaliação física, foi aplicado o questionário adaptado de Petroski (2007).
Devidamente autorizada à realização do projeto pelo comitê de ética da UNESC com número 151/2009, iniciamos a pesquisa.
Os instrumentos utilizados para realizar a anamnese foram peso corporal: por meio de uma balança portátil da marca Britânia Corpus, estatura: por meio de um estadiômetro da marca Sanny Starrett, e IMC (Índice de Massa Corporal) seguindo protocolo de Petroski (2007), utilizando o peso/ estatura². Também foram utilizados circunferência abdominal e quadril: por meio de fita métrica da marca Sanny Starrett, medida em cm com precisão em milímetros, o RCQ (Relação Cintura Quadril) seguindo protocolo de Petroski (2007), utilizando a circunferência da cintura/circunferência do quadril e as dobras cutâneas: axilar média, supra-ilíaca, coxa, panturrilha medial, realizado com o adipômetro da marca Sanny Starrett, com precisão em 0,1mm, seguindo o protocolo de Petroski (2007), realizando a soma das quatro dobras para se obter o percentual de gordura corporal.
As sessões do programa de fortalecimento do assoalho perineal foram desenvolvidas em um centro comunitário reservado somente para as participantes do programa de fortalecimento muscular. Materiais utilizados durante a aula: Colchonetes de borracha e almofadas.
Programa de fortalecimento do assoalho perineal
Foi elaborado um programa de fortalecimento do assoalho perineal no qual cada sessão teve duração de uma hora, composta por seis exercícios diferentes, aumentando o número de repetições progressivamente a cada semana, realizando em uma sessão os exercícios de contrações rápidas e fortes de 1 a 3 segundos de contração e relaxamento da musculatura, na outra sessão os exercícios eram realizados em contrações lentas de 4 a 6 segundos seguido do relaxamento muscular com tempo igual ao da contração, segue protocolo no quadro 1.
Cronograma de exercícios de fortalecimento muscular perineal |
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1ª Semana |
2ª Semana |
3ª Semana |
4ª Semana |
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EF: 01, 02, 03, 04, 05, 06*# |
EF: 01, 02, 03, 04, 05, 06*# |
EF: 02, 03, 04, 05, 06, 07*# |
EF: 02, 03, 04, 05, 06, 07*# |
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3ª feira |
5ª feira |
3ª feira |
5ª feira |
3ª feira |
5ª feira |
3ª feira |
5ª feira |
2 x 15 |
2 x 15 |
3 x 15 |
3 x 15 |
2 x 25 |
2 x 25 |
3 x 25 |
3 x 25 |
CR |
CL |
CR |
CL |
CR |
CL |
CR |
CL |
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5ª Semana |
6ª Semana |
7ª Semana |
8ª Semana |
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EF: 08, 09, 10, 11, 12,13*# |
EF: 08, 09, 10, 11, 12, 13*# |
EF: 08, 09, 10, 11, 12, 13*# |
EF: 08, 09, 10, 11, 12, 13*# |
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3ª feira |
5ª feira |
3ª feira |
5ª feira |
3ª feira |
5ª feira |
3ª feira |
5ª feira |
2 x 15 |
2 x 15 |
3 x 15 |
3 x 15 |
2 x 25 |
2 x 25 |
3 x 25 |
3 x 25 |
CR |
CL |
CR |
CL |
CR |
CL |
CR |
CL |
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9ª Semana |
10ª Semana |
11ª Semana |
- |
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EF: 09, 03, 04, 07, 11, 13*# |
EF: 09, 03, 04, 07, 11, 13*# |
EF: 09, 03, 04, 07, 11, 13*# |
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3ª feira |
5ª feira |
3ª feira |
5ª feira |
3ª feira |
5ª feira |
- |
- |
2 x 15 |
2 x 15 |
3 x 15 |
3 x 15 |
2 x 25 |
2 x 25 |
- |
- |
CR |
CL |
CR |
CL |
CR |
CR |
- |
- |
Quadro 1. EF-exercício físico. * exercícios em anexo C, CR- contrações rápidas CL- contrações lentas.
# exercícios de prender a urina com contração máxima, antes de iniciar a sessão.
Análise e tratamento estatístico dos dados
Para análise dos dados foi utilizado estatística descritiva (média, menor valor e maior valor) do programa Excel do Windows XP 2007, e análise dos questionários.
Resultados e discussão
Dados sócio-econômicos, faixa etária, estado civil
Segue nos quadros dados referente à idade (quadro 2), avaliação física (quadros 3 e 4), tipo de esforço e em que condições ocorrem a IUE, histórico ginecológico das mulheres participantes do programa de fortalecimento muscular do assoalho perineal. As participantes da pesquisa possuem ensino fundamental incompleto, e não são fumantes, seis são casadas e duas são viúvas.
Faixa Etária |
56 - 60 |
61 - 65 |
66 - 70 |
71 - 75 |
Média |
Participantes |
3 |
1 |
3 |
1 |
63,6 anos |
A faixa etária das 8 (oito) participantes variou entre 57 e 72 anos com média de 63,6 anos. Esta faixa etária foi planejada no projeto devido a maior incidência de flacidez e distúrbios do assoalho perineal ser observado neste período da vida da mulher. (PICKLES, 1998).
“No entanto disfunções urinárias tais como freqüência, urgência, e incontinência não são resultados de um envelhecimento normal, mesmo que esses sintomas urinários sejam constatados em mais da metade dos idosos.” (Bankowski, 2006. p. 365).
Avaliação física
Variáveis |
Média |
Variações (mín / máx) |
Estatura (cm) |
1,60 |
1,55 e 1,65 |
Peso Corporal Kg |
82 |
65 e 98 |
IMC |
31,7 |
27 e 37 |
Percentual de gordura |
36,3% |
31 e 40% |
RCQ |
0,88 |
0,81 e 0,94 |
RCQ- Relação Cintura Quadril.
De acordo com Petroski (2007) a quantidade de gordura aumenta com o envelhecimento, ocorrendo as maiores taxas de sobrepeso e obesidade entre os 55 e 65 anos. Com o envelhecimento, a gordura corporal é redistribuída, ocorre uma migração do tecido adiposo dos membros para o tronco, assim como a quantidade de gordura subcutânea já não estabelece uma relação com a gordura intra-abdominal que tende a aumentar com o avançar da idade.
Figura 1. Classificação do IMC das mulheres pesquisadas. Valores de referência IMC: peso ideal entre 18,5 e 25, acima do peso ideal entre 25 e 30 e obesidade acima de 30.
Observando a figura 1, apresenta a análise descritiva Índice Massa Corporal para Idosos – IMC das mulheres pesquisadas, de acordo com Petroski (2007), três indivíduos apresentam peso normal com IMC = 27, e cinco encontram-se com obesidade grau I ≥ a 30 variando o IMC entre 34 a 37.
Existe uma correlação positiva entre o IMC e a prevalência de IU. A obesidade pode ser um possível fator de risco para a perda de urina influindo negativamente sobre o controle da micção uma vez que eleva a pressão exercida sobre o conteúdo vesical potencializando ainda mais a ineficiência dos mecanismos de compensação do assoalho pélvico. (Lopes, 2006).
Para avaliar esta correlação verificamos o percentual de gordura (figura 2) e o RCQ (risco cintura quadril) (figura 3) como um indicativo da localização da gordura corporal, demonstrando que estas mulheres apresentam um percentual muito elevado, o que favorece riscos cardiovasculares, mas também exerce maior pressão intra-abdominal. (Lopes, 2006).
Figura 2. Valores do percentual de gordura seguindo classificação de Petroski (2007)
Observando a figura 2 podemos verificar que um indivíduo encontra-se com percentual de gordura em 31% considerado de acima da média, sete indivíduos com percentual de gordura entre 34 e 40% considerado muito alto de acordo com Petroski (2007).
Figura 3. Análise descritiva do RCQ (Relação Cintura Quadril).
* MD: moderado, AL: alto, MA: muito alto
O RCQ é uma medida que se correlaciona fortemente com a predisposição individual as doenças principalmente cardiovasculares e diabete. (Petroski, 2007). Podemos observar que duas mulheres encontram-se com risco moderado, com RCQ entre 0,81 e 0,82, três encontram-se em alto risco com RCQ entre 0,89 e 0,90 e três com risco muito alto com RCQ entre 0,91 e 0,94, como visto na figura 5 os valores de referências.
Apesar da pesquisa não ter cunho de emagrecimento realizamos a avaliação física para verificar as condições físicas pré programa e poder classificá-las quanto ao nível obesidade uma vez que a obesidade é considerada um fator de risco para a perda urinária. O excesso de peso corporal intensifica a pressão sobre a bexiga e aumenta o esforço imposto ao assoalho pélvico. (Pickles, 1998).
Histórico ginecológico
Durante a gestação a musculatura do AP é bastante exigida uma vez que precisa manter o útero gravídico em constante crescimento aumentando a pressão sobre a musculatura, provocando flacidez muscular no AP. Para que o AP desenvolva bem sua função na gravidez, é preciso que esteja forte e elástico a fim de permitir a sustentação do bebê e sua saída no momento do parto, causando o menor estresse possível para o corpo da mãe. (Polden e Mantle, 2000).
O conhecimento do histórico ginecológico é muito importante para compreensão dos fatores desencadeadores da incontinência urinária de esforço, pois o principal fator responsável pela perda urinária é o enfraquecimento dos músculos perineais, tendo correlação o número de gestações, tipo de parto e tamanho do feto. (NETTO, Jr, 1999).
Segue as informações do histórico ginecológico no quadro 4.
Variações |
1 - 2 |
3 - 4 |
5- 6 |
7- 8 |
Gestações |
- |
3 |
2 |
3 |
Gestações Interrompidas |
2 |
- |
- |
- |
Número de Filhos |
- |
4 |
1 |
3 |
Parto Normal |
2 |
2 |
2 |
1 |
Parto Cesariana |
6 |
2 |
- |
- |
Cirurgia Pélvica |
3 |
- |
- |
- |
Ao analisarmos o histórico ginecológico das participantes podemos identificar que todas as mulheres tiveram 3 gestações ou mais, de acordo com a literatura é um fator desencadeador da IUE tendo como método de nascimento o parto normal na maioria das gestações. Uma teve gestação de gêmeos, três realizaram somente uma cirurgia pélvica, que foram períneo, laqueadura e histerectomia.
A incontinência urinária de esforço é freqüentemente observada em mulheres depois da meia-idade, com gestações repetidas e partos vaginais resultando na debilidade do assoalho pélvico e do suporte deficiente da unidade esfincteriana vesicouretral. (Tanagho, 2007). Quando comparada mulheres que se submeteram a operação cesariana com as que tiveram parto via vaginal, a ocorrência de incontinência urinária aos esforços foi mais elevada nas mulheres que fizeram parto via vaginal. (Rezende, 2004).
O parto vaginal exerce influência direta sobre a superfície pélvica e perineal, sobretudo sobre as modificações ocorridas no segundo estágio, período expulsivo e a abertura do AP, para a passagem da cabeça fetal é pequena, por essa razão, a cabeça empurra o AP para baixo até que tenha dilatado o suficiente para passar por ela. (Ziegel e Cranley, 1985).
Durante o parto normal pode haver estiramento e ruptura das fibras musculares do períneo, deslocando a bexiga e a uretra de suas posições normais causando incontinência. (Netto, Jr, 1999). Após o parto ocorrem várias alterações que podem predispor as mulheres à IUE. A força do músculo levantador do ânus diminui, cerca de 20% e as mulheres têm um defeito visível nos músculos levantadores do ânus havendo grande incidência entre paridade e IU em mulheres jovens. (BEREK, 2008).
Já no parto cesariana não ocorre danos ao períneo, pois o feto nasce através de uma incisão nas paredes abdominal e uterina. (Ziegel e Cranley,1985).
Prática de atividade física
Cada vez mais estudos vêm evidenciando a atividade física como recurso importante para minimizar a degeneração provocada pelo envelhecimento, possibilitando ao idoso manter uma qualidade de vida, pois sabe-se que a medida que o indivíduo envelhece, vai gradualmente perdendo força, o que dificulta a execução das atividades diárias. (Fleck e Junior, 2003).
Segundo Lopes, (2006) a IU é vista como um problema que afeta mulheres multíparas mais velhas, embora existam evidências de que durante atividades físicas estressantes seja comum entre mulheres jovens, fisicamente ativas, mesmo na ausência de fatores de risco conhecidos. Mulheres que se exercitam regularmente apresentam algum sintoma de IUE, embora a causa seja sempre multifatorial, a atividade física que proporciona impacto, e exige esforço é um fator agravante. (Silva, 2005).
Algumas mulheres, para evitarem o abandono da prática de atividades físicas, procuram alternativas como a utilização de fraldas ou absorventes, causando imenso desconforto e constrangimento social, prejudicando a realização de atividades físicas como corrida, caminhada, musculação e exercícios gerais (Tata, 1998). Os exercícios perineais proporcionam aumento de hidratação celular e uma maior vascularização os quais levam ao aumento da consistência do músculo, ou seja, uma tonificação muscular. (Ghorayeb, 1999).
As integrantes da pesquisa já realizavam algum tipo de exercício físico antes de se submeterem ao protocolo proposto pela pesquisa, como segue no quadro 5.
Variações de Exercício Físico |
||||
Hidroginástica |
Caminhada |
Ginástica |
Musculação |
Dança |
8 |
3 |
1 |
- |
- |
Freqüência Semanal |
||||
Diariamente |
1 a 3 vezes |
3 a 5 vezes |
- |
- |
1 |
7 |
- |
|
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Quadro 05. Prática de Exercícios Físicos e sua Freqüência antes da aplicação do programa da pesquisa.
Mesmo realizando exercícios físicos as mulheres apresentaram perda urinária, assim acreditamos que é necessário incluir em treinamentos para público feminino os exercícios específicos para o assoalho perineal, assim como qualquer outro músculo do corpo deve ser fortalecido, abordando sua realização junto aos treinos esportivos, aulas em academias, aulas de ginásticas como jump, step, localizada, aeróbica, ritmos entre outras atividades que produzem impactos e aumento da pressão abdominal. Os exercícios específicos podem ser trabalhados em séries específicas, ou simultaneamente a outros exercícios, com mulheres em qualquer idade. Durante a prática de atividades que exijam muito esforço e muito impacto a contração simultânea do períneo deve ser estimulada, podendo proporcionar maior controle e fortalecimento.
Conhecimento Incontinência Urinária por esforço
Com os relatos das participantes percebemos que a perda de urina ao esforço em mulheres mais velhas é tratada como um fator normal do envelhecimento, ou de danos provocados pela gravidez ou parto e é considerado pela maioria como irreversível. Mesmo diante de um sofrimento real grande parte das mulheres não relatam ao médico se não forem objetivamente questionadas dificultando muitas vezes um tratamento mais imediato às perdas urinárias. (Guarisi, 2001).
Ao perguntarmos às participantes se tinham algum conhecimento sobre incontinência urinária de esforço somente duas possuíam algum conhecimento sobre a patologia, o que nos levou acreditar que, a falta do conhecimento está atribuída ao desconhecimento técnico da palavra. Também desconheciam os exercícios para fortalecimento do assoalho perineal e esta foi a primeira vez que tiveram contato com este conhecimento.
Condições apresentam IUE - Pré e Pós o Programa
A cinesioterapia através dos movimentos, utilizados como forma de tratamento, com base nos movimentos voluntários repetidos proporcionam o aumento da força muscular, uma resistência à fadiga, melhorando a mobilidade, e coordenação muscular. (O'connor, 2004).
Antes do programa as mulheres relataram não ter procurado ajuda médica por achar que se tratava de um fator normal do envelhecimento ou um fator irreparável da gravidez e parto, tinham uma preocupação com a escolha das atividades a serem desenvolvidas em função do esforço que pode levar a IUE. Eram mais ansiosas, tinham atitudes de ir freqüentemente ao banheiro conferir se as roupas estavam molhadas ou até mesmo para verificar se existia banheiro por perto em uma eventual necessidade. A vida sexual também é afetada, pois não se sentiam seguras na hora, sentiam medo de uma perda urinária, eventos que traziam limitações a elas, diminuição da auto-estima e conseqüentemente da qualidade de vida.
Com o programa podemos verificar os benefícios dos exercícios específicos para o assoalho perineal, demonstrando melhora com relação a perda de urina das participantes, diminuindo a freqüência, condições e permanecendo somente em esforços intensos. Apesar deste resultado ser subjetivo, baseado na percepção das participantes ele é sem dúvida importante pois além de minimizar as perdas urinárias, elas sentiam-se mais seguras em realizar as atividades diárias e atividades físicas. Na figura 4 podemos verificar em que tipos de esforço as perdas urinárias ocorriam e na figura 5 em que condições antes e após o programa.
Figura 4. Tipo de Esforço da perda urinária pré e pós programa. EMM- esforço mínimo,
EMD- esforço moderado, EI: esforço intenso, NPU: não tem perda urinária
Figura 5. Condições da perda urinária pré e pós programa
O resultado foi melhora com a perda urinária permanecendo somente em esforço intenso e nas condições de tosse e erguer peso, de modo que duas participantes não apresentam mais a perda urinária.
Assim o objetivo dos exercícios no tratamento da IUE é melhorar a força e a resistência desses músculos, aumentando assim a força do fechamento da uretra sob certas condições como aumento da pressão abdominal. (Souza, 2007).
As participantes relataram se sentir melhor fisicamente após o programa de fortalecimento muscular perineal melhora subjetiva dos sintomas urinários após os exercícios perineais obtiveram o autocontrole de urinar sem o desconforto de perder gotinhas de urina na calcinha, obtiveram uma melhora também no prazer sexual proporcionando assim uma melhor qualidade de vida. Visto também no estudo por Rett em 2007.
Relataram continuar a realizar os exercícios aprendidos em aula, falar sobre este novo conhecimento para parentes, amigas, pessoas com queixa de perda urinaria. Gostaram muito de conhecer melhor a patologia, de saber que existe um método menos evasivo, para cura e prevenção.
Conclusão
Após o programa de fortalecimento perineal verificou-se a eficácia dos exercícios, diminuindo a incidência e condições dos sintomas melhorando seus desconfortos relacionados à perda urinária. Concluímos que os exercícios perineais devem ser abordados em programas e treinamentos de exercícios físicos para mulheres, como forma preventiva e curativa devendo ser realizado em todas as fases evolutiva da mulher.
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