Nível de flexibilidade em alunas de hidroginástica de academia com o flexímetro Nivel de flexibilidad de practicantes de gimnasia acuática de un gimnasio, medido con el flexímetro |
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*Mestrando em Educação Física Laboratório de Estudo em Educação Física e Saúde, LEEFS Universidade Católica de Brasília, UCB **Doutor em Biologia Molecular pela Universidade de Campinas (UNICAMP) Professor do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Educação Física Laboratório de Estudo em Educação Física e Saúde, LEEFS Universidade Católica de Brasília, UCB |
Rafael André De Araújo* Francisco José Andriotti Prada** (Brasil) |
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Resumo O treinamento da flexibilidade parece ser capaz de melhorar o movimento em sua amplitude músculo - articular, diminuindo as resistências dos tecidos musculares e conjuntivos e deformando os mesmos de forma elástica ou plástica (ACHOUR, 1999). Os espaços conquistados pelas mulheres nas últimas décadas têm rendido uma grande multiplicidade de tarefas. Do cuidado com o lar, acumularam também atividades profissionais em tantas áreas quanto às disponíveis aos homens. Este estudo se propôs a analisar o nível flexibilidade das alunas praticantes de hidroginástica de academia. Participaram da pesquisa 20 sujeitos do sexo feminino, com idades entre 30 e 50 anos integrantes de uma turma regular de hidroginástica de academia que praticavam hidroginástica regularmente no ano de 2008. O grupo foi submetido a um teste de flexibilidade utilizando um flexímetro (marca Fleximeter®; Instituto Code de Pesquisas), com precisão de um grau, conforme protocolo escrito por Achour Jr. Os resultados demonstraram que os sujeitos estão dentro do nível médio de flexibilidade e os dados nos levam a concluir que a hidroginástica pode contribuir para a aquisição e/ou manutenção da flexibilidade. Unitermos: Flexibilidade. Hidroginástica. Flexímetro.
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http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Os espaços conquistados pelas mulheres nas últimas décadas têm rendido uma grande multiplicidade de tarefas. Do cuidado com o lar, acumularam também atividades profissionais em tantas áreas quanto às disponíveis aos homens. Nesse contexto, desenvolver suas valências físicas é fundamental para que possam exercer suas funções e manter sua saúde e integridade física. Dentre essas valências físicas está a flexibilidade.
A flexibilidade é um termo geral que inclui a amplitude de movimento de uma articulação simples e múltipla, e a habilidade para desempenhar as tarefas específicas (ROBERTS, 1999). A amplitude de movimento de uma dada articulação depende primariamente da estrutura e função do osso, músculo e tecido conectivo e de outros fatores tais como o desconforto e a habilidade para gerar força e potência muscular suficiente (SHRIER, 2000). Definida como “a capacidade de movimentar as partes do corpo, através de uma ampla variação de movimentos sem distensão excessiva das articulações e ligações musculares” (GETTMAN, 1994, citado por FARIAS JUNIOR & BARROS, 1998), também “é a qualidade física que condiciona a capacidade funcional das articulações a movimentarem-se dentro dos limites ideais de determinadas ações” (TUBINO, 1984). Baixos índices de flexibilidade podem estar associados a problemas posturais, como algias, níveis de lesões, diminuição da vascularização local e aumento de tensões neuromusculares (TAYLOR, 1990).
O treinamento da flexibilidade parece ser capaz de melhorar o movimento em sua amplitude músculo - articular, diminuindo as resistências dos tecidos musculares e conjuntivos e deformando os mesmos de forma elástica ou plástica (ACHOUR, 1999). Alguns estudos (ARAÚJO, 1998; BASSEY, 1989), evidenciam também a necessidade do treinamento da flexibilidade em diferentes faixas etárias em função das perdas de amplitude em diversas articulações, podendo afetar negativamente a saúde na qualidade de vida. Um programa de treinamento de flexibilidade pode, de acordo com Alter (1999), resultar em: relaxamento muscular; melhor aptidão corporal, simetria e postura; alívio de cãibras musculares; redução do risco de lesão ou dores lombares; diminuição do estresse e da tensão.
A prática de hidroginástica apresenta inúmeros benefícios ao indivíduo, proporcionando sensação de bem-estar, diminuição de dores no corpo, melhora da circulação sangüínea, aumento da auto-estima e sendo também uma opção para integração e sociabilização. É caracterizada pela “realização de exercícios cíclicos e acíclicos, envolvendo membros superiores e inferiores no meio líquido” (SOARES & MONTEIRO, 2000). De acordo com Kravitz & Mayo (1997), uma vantagem do exercício na água, em relação à flexibilidade, é que pode envolver a participação dos membros superiores e inferiores através da obtenção de ótimas amplitudes de movimento, enquanto minimiza o estresse articular.
O objetivo deste estudo foi avaliar o nível de flexibilidade em alunas praticantes de hidroginástica de academia. Para tal, a maneira de abordar adequadamente a aferição da flexibilidade de um indivíduo é através da medição dos maiores arcos de movimentação possíveis em suas articulações.
Metodologia
Foram selecionados para este estudo 20 indivíduos do sexo feminino, com idades entre 30 e 55 anos, integrantes de uma turma regular de hidroginástica com mais de três meses de prática regular e com freqüência de no mínimo três vezes por semana.
Para avaliação da flexibilidade, foi empregado um flexímetro (marca Fleximeter®; Instituto Code de Pesquisas), com precisão de um graus, conforme protocolo por Achour Jr. (1999). A flexibilidade de quatro movimentos articulares foi avaliada: flexão de ombros, quadril, joelhos e cotovelos, sendo as medidas realizadas no lado direito do corpo. Todos os movimentos foram avaliados com os sujeitos deitados sobre um colchonete. Dessa forma, procurou-se evitar ao máximo que os indivíduos realizassem movimentos compensatórios no momento da avaliação.
A escolha dos movimentos articulares empregados na avaliação da flexibilidade teve como base sua relação com os exercícios utilizados no programa de hidroginástica. Sem aquecimento prévio, os sujeitos foram instruídos a realizar o movimento de forma ativa e permanecer na posição até que fosse realizada a leitura do resultado apresentado no aparelho. Os sujeitos realizaram três vezes cada movimento e o maior valor obtido entre as três medidas foi adotado para as análises. Foram então instruídos a comparecer ao local de avaliação sempre no mesmo horário, com objetivo de evitar as variações circadianas no comportamento da flexibilidade. Além disso, foi solicitado que não realizassem qualquer atividade física intensa nas 24 horas precedentes à avaliação.
Os métodos para medida e avaliação da flexibilidade podem ser classificados pela função das unidades de mensuração dos resultados em três tipos principais:
Adimensionais
Quando não existe uma unidade convencional, como ângulo ou centímetros para expressar os resultados obtidos. Eles não dependem de equipamentos, utilizando-se somente de critérios ou mapas de análise preestabelecidos (MONTEIRO, 2003);
Lineares
Caracterizam-se por expressar os resultados em escala de distância, em centímetros ou polegadas, utilizando-se de fitas métricas, réguas ou trenas. Um exemplo clássico e utilizado até hoje, é o teste de Sentar e Alcançar, descrito originalmente por Wells e Dillon, (1952);
Angulares
Possuem seus resultados expressos em graus (MONTEIRO, 2003).
Neste estudo utilizamos o método angular, que possui seus resultados expressos em graus. O termo utilizado para a medida em ângulos é goniometria, que é formado por duas palavras: “gonia”, que significa ângulo, e “metria”, que significa medida. Portanto, a goniometria refere-se à medida de ângulos. Os instrumentos que podemos utilizar são os goniômetros, produzidos através de diversos métodos, dos mais artesanais até os eletrônicos. Entretanto, os mais utilizados são o goniômetro universal e o goniômetro pendular (ou flexímetro) (MONTEIRO, 2003).
O sistema utiliza os 360 graus do círculo completo para os movimentos. Na maioria da população, dificilmente encontramos indivíduos cuja amplitude de movimento ultrapasse os 180 graus; já no meio desportivo, principalmente em modalidades onde a flexibilidade é de extrema importância, esse valor é comumente ultrapassado. Para alcançar a proposta do trabalho, seria insuficiente medir somente a Flexibilidade; o que pretende-se é analisar precisamente os resultados dos testes, a fim de indicar os efeitos dos exercícios de alongamento em benefício da saúde, do desporto e/ou da doença. Conforme os resultados da avaliação é possível que alguns grupos musculares precisem de maiores índices de alongamento (ACHOUR JÚNIOR, 1999).
O grupo participa de um programa de hidroginástica tradicional, com três sessões semanais de 50 minutos, realizadas em dias alternados, numa piscina aquecida com temperatura em torno de 29 a 32 graus e profundidade de 1,10m. Cada sessão é distribuída em três partes distintas: 10 minutos de aquecimento, 30 minutos para a parte principal e 10 minutos de volta à calma. A parte principal da aula foi dividida em duas etapas: uma de 20 minutos com exercícios de intensidade baixa ou moderada.
Resultados e discussão
A tabela 1 mostra as médias e as variações de idade (em anos), peso (em kg), estatura (em m) e IMC (em kg/m2).
Idade |
Peso (kg) |
Estatura (m) |
IMC (%) |
41,6 ± 6,5 |
66,3 ± 6 |
163,8 ± 0,04 |
24,7 ± 2,1 |
Obtivemos a partir do método angular com um flexímetro, o nível de flexibilidade de quatro movimentos articulares: flexão de ombros, quadril, joelhos e cotovelos, sendo as medidas realizadas no lado direito. Conforme demonstrado abaixo, na Figura 1.
Figura 1. Nível de flexibilidade (em graus) dos movimentos de flexão de ombro, flexão de cotovelo, flexão de quadril e flexão de joelho.
Após a obtenção dos dados foi feita uma comparação com a tabela de amplitude de movimento (em graus), avaliado com o flexômetro de Leighton em mulheres. Esta tabela 2, foi obtida através de um estudo de avaliação da flexibilidade proposto por Monteiro (2000), mostrada abaixo:
Tabela 2. Valores obtidos por Monteiro (2000) em estudo de avaliação da flexibilidade
Articulações |
Baixa |
Moderadamente baixa |
Média |
Moderadamente alta |
Alta |
Ombro |
< 226 |
226-242 |
243-261 |
262-278 |
>278 |
Cotovelo |
<133 |
133-143 |
144-156 |
157-167 |
>167 |
Quadril |
<82 |
82-99 |
100-120 |
121-138 |
>138 |
Joelho |
<134 |
134-144 |
145-157 |
158-168 |
>168 |
Para a articulação do ombro obteve-se a média de 250°; valor de nível mediano, em comparação à tabela 2. A articulação do cotovelo obteve uma média de 150°, também em nível mediano, de acordo com a tabela 2. Na articulação do quadril a média foi 100°, que de acordo com a tabela 2 também se encontra em nível mediano. Foi obtida a média de 150° para a articulação do joelho, idem às demais em nível de flexibilidade: mediano.
Os dados aqui obtidos mostram que as alunas de hidroginástica possuem um nível de flexibilidade dentro da média, e que os mesmos sofrem grande influencia da prática de hidroginástica, pois segundo o estudo feito por Monteiro (2000), podemos constatar que entre a maioria da população, dificilmente encontramos indivíduos cuja amplitude muscular ultrapasse os 180 graus.
Em concordância com os resultados obtidos por Etchepare (2003), onde em seu estudo, encontrou uma melhora estatisticamente significativa na flexibilidade, o que demonstra que a hidroginástica causa uma rápida melhora nesta qualidade física. A flutuabilidade proporcionada pelo meio aquático também é um dos principais fatores responsáveis por este aumento.
A hidroginástica e a hidroterapia, a afirmação de que a flutuação, atuando contrária à gravidade, causa uma descompressão nas articulações e reduz o peso hidrostático, proporcionando maior facilidade na execução de exercícios e aumento da amplitude de movimentos (SOVA, 1992; BATES & HANSON, 1998; CASE 1998; WHITE, 1998; CARABIAS, 1999; DI MASI, 2000).
Conclusão
Conclui-se com o presente estudo que as alunas praticantes de hidroginástica de academia possuem um nível de flexibilidade mediano. Este nível pode ser mantido ou mesmo aumentado pela prática da modalidade; porém, deve-se ressaltar a enorme importância dos exercícios de flexibilidade executados durante as aulas de hidroginástica, e dos alongamentos que acompanham a prática da modalidade.
Referências bibliográficas
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White, M. D. Exercícios na água. São Paulo: Editora Manole, 1998.
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