Estimulação audiovisual: interveniência em variáveis fisiológicas relacionadas com estresse pré-competitivo e performance competitiva Audio-visual stimulation: main physiological variables in working with stress before competition and performance competitive Estimulación audiovisual: intervención sobre las variables fisiológicas relacionadas con el estrés y el rendimiento pre-competitivo y competitivo |
|||
*Mestre em Ciência da Motricidade Humana. Pesquisador do Laboratório de Aprendizagem Neural e Performance Motora – LANPEM/CNPq Instituto Superior de Ensino do Censa – ISECENSA, Campos dos Goytacazes, RJ **PhD. Coordenador do Laboratório de Aprendizagem Neural e Performance Motora – LANPEM/CNPq (Brasil) |
Maurício Rocha Calomeni* Nilo Terra Áreas Neto* Andersom Pontes Morales* Vernon Furtado da Silva** |
|
|
Resumo O objetivo deste estudo foi determinar quais interveniencias que a estimulação audiovisual a 20 hz (beta) associada a mentalização de situações esportivas causariam em variáveis fisiológicas relacionadas com estresse pré-competitivo e performance competitiva. 08 indivíduos, esportitas, do gênero masculino, entre 15 e 16 anos, foram voluntários para pesquisa. Os resultados foram analisados através do programa SPSS 10 com as ferramentas descritivas e para inferencial se adotou a ANOVA. Como teste complementar adotou-se Post-Hoc test (Tukey). Os resultados obtidos mostraram que a estimulação audiovisual associada à imagética, mesmo na ausência de estímulos estressores, colocou os indivíduos em um status fisiológico semelhante ao encontrado antes de uma situação de possível estresse pré-competitivo. Contudo estes resultados não encontraram significância estatística com exceção da variável pressão arterial sistólica. Conclui-se que a estimulação audiovisual se mostra uma ferramenta promissora para manter um atleta em um estado de estresse favorável para performance competitiva. Unitermos: Estimulação audiovisual. Treinamento esportivo. Estresse pré-competitivo.
Abstract This study aimed at determining which mediation that the audiovisual stimulation to 20 hz (beta) associated with the mentoring of situations in sports cause physiological variables related to stress pre-competitive and competitive performance. 08 individuals, esportitas, male, between 15 and 16 years, were volunteers to search. The results were analyzed by SPSS 10 with the tools and descriptive to be inference adopted the ANOVA. As a complementary test to be adopted post-hoc test (Tukey). The results showed that the stimulation associated with audiovisual imagery, even in the absence of stressful stimuli has placed individuals in a physiological status similar to that found before a situation of possible pre-competitive stress. However these results found no statistical significance except for variable systolic blood pressure. It follows that if audiovisual stimulation shows a promising tool to keep an athlete in a state of stress favorable for competitive performance. Keywords: Audio-visual stimulation. Sports training. Pre-competitive stress.
|
|||
http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
O homem possui uma propensão natural a organizar jogos, e dessa necessidade, começaram a surgir os métodos de treinamento (Hernandes Jr., 2002). Desse interesse surgiu a ciência do treinamento desportivo que tem como conceito básico potencializar o corpo para ultrapassar os limites físicos que limitam a performance humana. Para os treinadores modernos estes limites já são bem conhecidos, graças aos inúmeros trabalhos científicos realizados nesta área. Não restando muito a explorar no campo físico, a atenção voltasse para as fronteiras ainda inexploradas do cérebro humano.
Um treinamento dentro dos padrões científicos deve ser dividido em aspectos e partes que confluam para a performance motriz humana (Hernandes, 2002). Essa divisão pode ser consolidada em dois grandes grupos: a) Treinamento físico, que envolve o treinamento das características fisiológicas da performance; b) Treinamento mental, que envolve conceitos como a imagética e a estimulação audiovisual.
Não se pode esquecer que essa divisão é virtual, pois estes grupos interagem profundamente entre si e principalmente as práticas mentais tem grande influência sobre os fatores físicos, podendo maximizar ou até mesmo minimizar a performance competitiva, isto fica claro em um estudo de caso realizado por Marques et al (2005-a) que constatou que o efeito da estimulação audiovisual associada à imagética, aplicada paralelamente ao treinamento físico, provocou significativa melhoria da performance de um atleta de triathlon.
Neste contexto Schimidt e Wrisberg (2001) definem prática mental, que neste estudo será abordada como imagética, como sendo a recapitulação cognitiva ativa de uma habilidade física na ausência de movimentos físicos explícitos, no que se refere à aprendizagem de habilidades e de desempenho. Já a estimulação audiovisual atua, no sistema nervoso, através do bombardeio na retina com luz estroboscópica e a recepção dessa freqüência pelo núcleo olivar, seguido pela percepção dessa freqüência pelo tálamo, que é a estrutura responsável por receber e filtrar estímulos esternos (BEAR, CONNORS E PARADISO, 2002), junto com o sistema reticular ativado que a envia ao córtex que em poucos minutos passa a acompanhar a freqüência que esta sendo imposta (BRADY, 1997).
Sabendo que para Kiss et al (2004), o desempenho esportivo é a conseqüência de vários processos internos em diferentes níveis, não apenas de elaboração e de decisão do movimento, mas de inúmeras regulações autonômicas, as quais sofrem influências motivacionais e emocionais, e que para Bara Filho et al (2002), o esporte competitivo é um fator causador de estresse em conseqüência de variáveis fisiológicas, biomecânicas, psicológicas e metabólicas que exercem papel fundamental no desempenho esportivo. Torna-se relevante citar algumas das variáveis influenciadas pelo estresse, como a freqüência cardíaca, que segundo Coelho e Coelho (2000) tem sido usada em muitos estudos para determinar o custo metabólico de várias situações estressantes, a concentração, que pode ser mensurada através do tempo de reação do atleta e segundo Bertoldi (2006) citando Weinberg & Gould (2001), a concentração é a capacidade de manter o foco em sinais ambientais relevantes, pois, quando o ambiente muda rapidamente, o foco de atenção também deve mudar rapidamente e a pressão arterial que é outra variável que se relaciona neste contexto, pois está relacionada com a freqüência cardíaca e conseqüentemente com o estado emocional do indivíduo. A base teórica para esse evento, denominado estresse, é que o sistema nervoso autônomo prepara o indivíduo para a resposta física instantânea, liberando hormônios na corrente sangüínea e aumentando entre outras coisas a pressão arterial e a freqüência cardíaca preparando o organismo para a ação (LANGOSKI, 2002).
O presente estudo tem por objetivo avaliar as variáveis fisiológicas: freqüência cardíaca, pressão arterial e tempo de reação, que segundo a literatura consultada para esta pesquisa, podem ser influenciadas pelas emoções do jogo e o estresse pré-competitivo e ainda, dependendo dos níveis atingidos, podem prejudicar a performance competitiva e determinar se com a estimulação audiovisual associada à imagética, o atleta pode alcançar um status fisiológico semelhante ao alcançado antes de uma situação competitiva real, mantendo estas variáveis em níveis satisfatórios e conseqüentemente levando a melhora da performance competitiva, o que pode caracterizar que este tipo de intervenção como uma ferramenta eficiente para o indivíduo (atleta) lidar com as situações competitivas com o níveis fisiológicos ideais para um desempenho físico máximo sem grandes dispêndios de energia.
Materiais e métodos
Amostra e procedimentos
A amostra componente do estudo em pauta é caracterizada por um montante de 8 indivíduos do gênero masculino, integrantes de um time de basquete da cidade de Campos dos Goytacazes, com idades entre 15 e 16 anos. Como definição prioritária, os mesmos não poderão apresentar qualquer distúrbio visual, auditivo, físico ou mental e bom nível de capacidade imaginativa. Pertencentes a uma mesma classe social integrantes de uma mesma equipe e com o mesmo volume de treino semanal, visando-se com isto manter-se a maior homogeneidade possível.
Todos os participantes foram voluntários, tendo-se solicitado, de forma obrigatória, a concordância, por escrito, dos pais ou responsáveis por eles através de termo de consentimento livre e esclarecido. A coleta de dados foi precedida da solicitação de autorização, em 27/08/2008, do Comitê de Ética da UCB sob o protocolo nº0076/2008, de acordo com a lei 196/96, referente à pesquisa com seres humanos, e esta se deu de acordo com os seguintes procedimentos.
Inicialmente foram aferidas a pressão arterial, a freqüência cardíaca e o tempo de reação de toda a amostra antes dos mesmos iniciarem uma sessão de treinamento rotineira onde não se percebia nenhum tipo de pressão ou estresse sobre a amostra. Em um segundo momento, 5 dias após o primeiro, aferiu-se novamente estas mesmas variáveis 30 min antes de um jogo válido pelo campeonato estadual da categoria onde havia uma certa pressão pelo resultado uma vez o mando de jogo era da equipe pesquisada, buscando-se com isto, detectar qual a possível influência que esta situação possivelmente estressante causaria nas variáveis dependentes, dois dias após a conclusão desta etapa iniciou-se o momento experimental desta pesquisa onde 1 hora antes ao treino os indivíduos, individualmente, receberam devidamente sentados de maneira mais confortável possível, em uma sala devidamente preparada e livre de ruídos externos, durante 10 minutos, estímulos audiovisuais numa freqüência constante de 20 hz (Beta), simultaneamente com a prática de imagética onde pedia-se que os atletas rebuscassem mentalmente as emoções e situações do jogo reais. Este procedimento se deu por 05 sessões consecutivas realizadas uma por dia, sendo a coleta dos dados experimentais da pressão arterial, freqüência cardíaca coletados durante o minuto final da última sessão de estimulação cortical e do tempo de reação coletado imediatamente ao final dessa mesma sessão.
Instrumentos
Os instrumentos necessários à operacionalização da presente pesquisa serão de várias naturezas, primeiramente para verificar se os indivíduos da amostra estavam aptos a receber a estimulação audiovisual aplicou-se uma planilha neurossemiológica desenvolvida especificamente para este fim, um outro instrumento utilizado foi um questionário revisado de movimentos imaginários (MIQ-R) que tem como objetivo avaliar a capacidade do sujeito de ver (imagem visual) e sentir (imagem cinestésica) movimentos. Objetivando a potencialização cerebral dos atletas foi utilizado um aparelho eletrônico computadorizado denominado Sirius, fabricado pela Mindplace, composto por óculos escuro com 4 leds na face interna de cada lente, um fone de ouvido estéreo e um microprocessador onde foi programada a freqüência de ondas Beta constante de 20 Hz e com duração de 10 minutos, simultaneamente a esta estimulação foram utilizados exercícios de imagética que consiste em visualizações positivas de situações e de emoções do jogo. A aferição da freqüência cardíaca foi feita através de um relógio com esta função da marca Cássio, modelo Cássio Sport CHR-100, para aferição da pressão arterial, utilizou-se como instrumento um estetoscópio e um esfigmomanômetro da marca Sanny previamente validado e aprovado para uso clínico e por fim para a mensuração do tempo de reação dos indivíduos através de um software de dupla escolha simples, específico para esta finalidade.
Estatística
Os dados oriundos dos procedimentos descritos acima foram analisados no programa SSPS10 for Windows, onde se utilizou as ferramentas descritivas média, desvio padrão, escore mínimo e máximo, enquanto que para a estatística inferêncial utilizou-se um instrumento paramétrico, Oneway (ANOVA) com teste da hipótese principal sendo executado dentro da margem probabilística, para a sua aceitação ou rejeição efetiva, de p valor <0.05. Como teste complementar adotou-se Post-Hoc, utilizar-se-á o teste de Tukey onde se verificará a significância das possíveis comparações entre as três coletas de dados que compuseram este estudo com objetivo de caracterizar as possíveis diferenças ou não entra as coletas.
Resultados e discussão
A ANOVA utilizada sobre todos os escores, revelou-se significativa, sendo F=3,737, (gl1) 2, (gl 2) 21, p=0,041<0,05. Ou seja, existiu uma diferença entre as coletas feitas das variáveis nos diferentes momentos, o teste de homogeneidade de variância realizado para verificar uma possível simetria, do grupo, entre condições, revelou-se não significativo com índice > 0,05, comprovando a homogeneidade do grupo.
A tabela 1 mostra o número de indivíduos que formaram o grupo, as médias obtidas na mensuração da variável pressão arterial sistólica nos três eventos que compuseram este estudo e completando ainda de forma descritiva estão dispostos os limites superior e inferior desta coleta bem como os desvios padrão referentes à mesma.
Tabela 1. Apresentação descritiva do número total de indivíduos em cada grupo, com as respectivas médias,
os desvios padrão e os limites inferior e superior da mensuração da pressão arterial sistólica
* índice de significância: p<0,05
Os primeiros dados observados mostram que como era previsto a pressão arterial sistólica dos avaliados se manteve em níveis normais, o que comprova que no momento da coleta não havia sobre os atletas nenhum tipo de agente extressor que pudesse influenciar nos valores desta variável. No segundo momento se procurou detectar o efeito de uma situação esportiva na pressão sistólica da amostra visando com isto caracterizar um possível estresse pré-competitivo, esta coleta, a qual se chamou coleta jogo, ficou claro como a ansiedade na iminência de um jogo, provocou um aumento médio desta variável de 8,2%. O último momento registrado na tabela está relacionado a uma coleta após uma seqüência de 5 sessões de estimulação audiovisual associada a imagética onde possivelmente os estímulos audiovisuais proporcionaram mudanças no padrão cortical que desencadearam nos atletas mecanismos neurais de luta e fuga que, para preparar o organismo para a ação, induziram um aumento de 12,6% na pressão sistólica em relação à coleta controle.
Estes escores vão de encontro com o que é relatado pela literatura pesquisada para este trabalho que diz que fatores puramente cognitivos como as emoções e a ansiedade podem interferir nos valores pressóricos (LIPP, 2007; LOURES et all, 2002) e também que o simples fato de imaginar um movimento ativa as mesmas partes do cérebro responsáveis por este movimento havendo inclusive registros de aumento de atividade eletromiográfica no músculo durante a mentalização (Rodrigues et all, 2003; Castro, 2007 citando Singer, 1982).
Nas comparações possíveis feitas entre estes eventos observou-se que apesar de entre a coleta controle e a coleta experimental ter havido um aumento de 8,2% este não se mostrou estatisticamente significante o que levanta a idéia de que antes do jogo válido pelo campeonato estadual apesar dos vários agentes estressores provenientes desta situação, os avaliados estavam com níveis fisiológicos muitos próximos dos encontrados em um treino e que estes níveis, de acordo com o resultado do jogo, não se mostrou ideal para um bom status de performance. Uma outra comparação possível se dá entre a coleta jogo e a coleta experimental a qual a falta de significância mostra como estas duas situações, uma real e a outra mental, elevaram os níveis da pressão sistólica a valores bem próximos o que reforça o fato que a vivência mental põe o corpo em um estado fisiológico similar ao que o próprio estaria diante da situação real. A última comparação possível referente à pressão sistólica se dá entre a coleta controle e a coleta experimental, estes dados validam também o que foi afirmado acima, pois, o índice de significância desta comparação foi de p=0,35 portanto p<0,05.
A tabela 2 mostra os dados descritivos obtidos da mensuração da pressão arterial diastólica nas três coletas feitas, duas como controle antes de um treino onde acreditou-se não haver pressão psicológica e outra antes de um jogo onde acreditou-se que houvesse esta pressão e por último antes de 5 sessões de estimulação audiovisual onde buscou-se vivenciar mentalmente situações e as pressões do jogo durante a sessão. Os dados estão dispostos a seguir.
Tabela 2. Descrição do número total de componentes de cada grupo de coleta, as médias da mensuração
da pressão arterial diastólica dos grupos e os respectivos desvios padrão e limites inferior e superior
* índice de significância: p<0,05
Na pressão arterial diastólica, os dados adotaram uma curva com pico na coleta jogo e decaindo a valores médios na coleta experimental inferiores à própria coleta controle. Este fenômeno pode encontrar explicação ao se observar o trabalho de Chaves e Cade (2004) que observaram o efeito da ansiedade na pressão arterial, estas autoras dizem que existe uma forte relação entre a intensidade da ansiedade e a pressão diastólica, e ao se transportar isto para este trabalho, pode-se explicar porque o pico da pressão arterial ter sido na coleta jogo, pois o momento desta coleta foi minutos antes dos atletas disputarem um jogo oficial onde possivelmente, os níveis de ansiedade estivessem bastante altos, diferentemente do momento da coleta experimental que apesar de os indivíduos estarem vivenciando mentalmente as situações e emoções do jogo, eles não estavam na eminência de nenhum jogo e provavelmente com os níveis de ansiedade muito mais baixos. Um outro fator que pode dar subsídio aos escores obtidos nesta variável está nas afirmações de Lipp (2007) que diz que dependendo das emoções vivenciadas, estas podem afetar somente a pressão sistólica, somente a diastólica ou ambas.
Uma outra variável observada neste estudo foi à freqüência cardíaca, a descrição dos valores observados destas coletas estão dispostos na tabela 3.
Tabela 3. Apresentação descritiva dos escores da freqüência cardíaca mensurada nos três momentos da pesquisa. A apresentação inclui o número
total de indivíduos avaliados em cada momento os desvios padrão relativos a estas coletas e os limites inferior e superior dos dados respectivamente
Está bem relatado na literatura, a relação da freqüência cardíaca com estresse e a ansiedade em várias situações principalmente esportivas (LOURES et al, 2002; COELHO e COELHO, 2000; FLORES et al, 2006) sendo assim sujeita as variações de acordo com a situação vivenciada e também a fatores de origem psicológica como medo e situações tensiogênicas percebidas antes do jogo (BROCHADO, 2002; QUADROS JÚNIOR e t al, 2006). Nas coletas feitas primeiramente na coleta controle foram encontrados valores médios da freqüência cardíaca para amostra normais com poucas variações entre o grupo, na coleta do jogo observou-se um aumento de 6,8% nos valores médios obtidos neste evento em relação ao anterior porem, observou-se, que na coleta jogo apesar deste aumento, o grupo teve uma variação 85% maior nos seus escores da freqüência cardíaca, em relação à variação do grupo controle o que levanta a idéia de que na coleta jogo o grupo não se encontrava fisiologicamente coeso e que isto de alguma forma pode ter corroborado para que o grupo não tivesse o desempenho esperado.
Na coleta experimental os valores médios do grupo se mantiveram idênticos aos da coleta jogo, porem, o grupo na coleta experimental se mostrou muito mais coeso variando apenas 20% diferente dos 85% da coleta jogo, esta coesão pode ser atribuída a estimulação audiovisual que proporcionou possivelmente, uma equalização hemisférica e a padronização das freqüências das ondas cerebrais em um ritmo que proporcionava um estado fisiológico de alerta do corpo em todo o grupo, elevando as freqüências cardíacas e proporcionando esta homogeneidade (MARQUES et al, 2005, a e b).
O que vale ressaltar, ao se observar os dados desta variável, é que houve um aumento nos valores da freqüência cardíaca entre o controle onde, teoricamente, não havia tensão ou ansiedade sobre os atletas e a coleta jogo onde os atletas estavam sobre as tensões e ansiedades provenientes da situação competitiva real, o que corrobora com o que sugere a literatura pesquisada e também que, fisiologicamente, no que tange a freqüência cardíaca isto se repetiu quando os atletas apenas imaginaram as emoções vividas no jogo sem que estas realmente estivessem ocorrendo, fato semelhante aos já relatados nas outras discussões referentes às variáveis já citadas neste trabalho e que também vai de encontro a outros trabalhos, que dizem que, quando se imagina algo se ativa as mesmas regiões do córtex responsáveis por esta tarefa trazendo conseqüências para todo corpo (DE SOUZA e ESCALON, 2004; OLIVEIRA, 2007; RODRIGUES et al, 2003).
A última variável observada neste estudo foi o tempo de reação motora, que também foi mensurado nos três momentos que formaram esta pesquisa. Os dados descritivos encontrados para esta variável estão ilustrados na tabela 4 seguindo os mesmos parâmetros utilizados para as outras variáveis já apresentadas nas laudas anteriores, estando descritos os N total do grupo nos respectivos momentos bem como as médias, os desvios padrão e os limites inferior e superior respectivamente.
Tabela 4. Descrição proveniente da coleta do tempo de reação da amostra da pesquisa, nos três momentos que formaram este estudo.
A tabela mostra o número de indivíduos do grupo, os desvios padrão e os limites inferior e superior em cada momento.
* Índice de significância p<0,05
Assim como na variável freqüência cardíaca os dados do tempo de reação na coleta experimental tiveram uma redução nos seus desvios padrão em relação à coleta controle e coleta jogo que representaram queda em porcentagens, respectivamente, de aproximadamente 117% e 50%. Estes valores, no que diz respeito ao tempo de reação, podem ser considerados expressivos e mostram mais uma vez que a estimulação audiovisual associada à imagética provocou um efeito equalizador no ritmo cerebral dos avaliados, tornando o grupo após a intervenção experimental, mais coeso também no que tange a componentes de natureza bio-operacional como é o caso do tempo de reação.
A queda de 0,01 ms que ocorreu na coleta experimental em relação às coletas jogo e controle pode ser atribuída ao acaso, porém, este resultado não condiz com os resultados obtidos por Da Silva et al (2008) que observaram os efeitos da estimulação audiovisual no tempo de reação de jovens atletas, esta pesquisa revelou que a estimulação audiovisual melhorou de forma aguda significativamente o tempo de reação dos avaliados. Talvez a diferença nos resultados entre estes dois trabalhos se deu devido ao tipo de estimulação adotada em cada um, sendo que no trabalho de Da Silva et all, foram aplicados nos indivíduos desta pesquisa, um protocolo onde predominava freqüências Alfa, ideais para concentração e aprendizagem, durante um tempo de 15 mim enquanto que neste trabalho, como definição, optou-se por uma freqüência de onda Beta que é associada a estados de vigília, por um tempo de 10 mim.
A figura 1 (A, B, C, D) mostra em forma de gráfico os valores descritivos da média e desvio padrão observados nas variáveis pressão arterial sistólica e diastólica, freqüência cardíaca e tempo de reação nos três momentos que nortearam a coleta de dados desta pesquisa.
Figura 1 (A, B, C, D). Disposição das médias e os desvios padrão das variáveis observadas neste estudo, nos três momentos que formaram esta pesquisa.
Conclusões
Conclui-se que 5 sessões de potencialização cortical com estímulos audiovisuais aplicados numa freqüência constante de 20 Hz durante 10 minutos em associação à imagética proporcionaram algum tipo de adaptação em todas as variáveis observadas com exceção do tempo de reação, contudo, nem todas estas adaptações, apesar de em sua maioria ir de encontro ao que existe relatado sobre este assunto na literatura pesquisada, foram estatisticamente significantes, tendo apenas a pressão arterial sistólica apresentado índice p<0,05 na comparação feita entre a coleta controle e a coleta experimental, esta falta de significância principalmente entre as coletas jogo e experimental reforçam a conclusão de que a intervenção feita neste estudo provocou uma adaptação semelhante à ocorrida na coleta antes do jogo, colocando em pauta a eficácia da estimulação audiovisual associada a imagética como um instrumento que possibilita à atletas induzirem e/ou controlarem níveis fisiológicos ideais para a performance esportiva.
Referencias
Brochado, Monica Maria Viviani. O Medo no Esporte. Departamento de Educação Física - Instituto de Biociências UNESP. Dezembro de 2002.
Bertoldi, Rafaela. Variáveis psicológicas que interferem no desempenho esportivo _ 27/07/2006. Disponível em: http://www.futsalbrasil.com.br/artigos/artigo.php?cd_artigo=139. Acesso em: agosto/2007
Bara Filho, Maurício Gattás; Ribeiro, Luiz Carlos Scipião; Miranda, Renato; Teixeira, Mônica Tavares. A redução dos níveis de cortisol sanguíneo através da técnica de relaxamento progressivo em nadadores. Rev Bras Med Esporte v.8 n.4 Niterói jul./ago. 2002.
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W.; PARADISO, Michael A. Neurociências: desvendando o sistema nervoso - 2 ed. - Porto Alegre: Artmed, 2002. Cap. 19, p.606-636.
BRADY, D. Brian. Binaural-Beat Induced Theta EEG Activity and Hypnotic Susceptibility. Northern Arizona University. May 1997.
Coelho, Ricardo Weigert, Coelho, Yara Beduschi. Estudo comparativo entre o nível de stress de crianças envolvidas em diferentes esportes organizados e em atividades físicas competitivas informais. Revista Treinamento Desportivo, Nº 1, Vol. 5, 2000.
Castro, Girlaine Gandra; Santos, Flávia, Costa P. Treinamento mental na aprendizagem do elemento reversão simples por crianças iniciantes na ginástica artística de solo. MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.2 - N.2 - Ago.dez. 2007.
Chaves, Eliane Corrêa e Cade, Nágela Valadão. Efeitos da ansiedade sobre a pressão arterial em mulheres com hipertensão, Rev Latino-am Enfermagem 2004 março-abril; 12(2):162-7
da Silva, Vernon Furtado; de Poly, Maximiliano Werneck Oliveira; Ribeiro Júnior, Sileno Martinho Silva; Calomeni, Maurício Rocha; Pinto, Marcus Vinícius de Mello; Silva, André Luís dos Santos. Efeito agudo da estimulação cerebral, através de luz e som, no tempo de reação motora de jovens atletas. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 13 - N° 120 - Maio de 2008. http://www.efdeportes.com/efd120/tempo-de-reacao-motora-de-jovens-atletas.htm
de Souza, Ana Paula Schú; Scalon, Roberto Mário. O Treinamento Mental como uma variável significativa na performance de atletas e na aprendizagem de habilidades motoras. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 10 - N° 75 - Agosto de 2004. http://www.efdeportes.com/efd75/mental.htm
Flores, Maíra Frigo; Rossi, Daniela Sastre; Santos, Daniela Lopes dos. Análise do comportamento da freqüência cardíaca durante testes de esforço máximo em diferentes ergômetros. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 11 - N° 103 - Dezembro de 2006. http://www.efdeportes.com/efd103/esforco-maximo-ergometro.htm
HERNANDES JR. Benito D. O. Treinamento Desportivo, 2ª ed. Rio de Janeiro, Sprint, 2002. Cap. 7,p.117-122
KISS, Maria Augusta Pedutti Dal’Molin; BÖHME, Maria Tereza Silveira; MANSOLDO, Antonio Carlos; DEGAKI, Edson; REGAZZINI, Marcelo. Desempenho e Talento Esportivos. Rev. Paul. Educ. Fís., S„o Paulo, v.18, p.89-100, ago. 2004. N.esp.
LANGOSKI, Mônica Sêncio Paes. Agentes estressores e fatores ergonômicos relacionados a atividade dos profissionais de triathlon. Dissertação de Mestrado, 2002.
Lipp, Marilda Emmanuel Novaes. Controle do estresse e hipertensão arterial sistêmica. Rev Bras Hipertens vol.14(2): 89-93, 2007.
LOURES, Débora Lopes et al . Estresse Mental e Sistema Cardiovascular. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 78, n. 5, 2002.
MARQUES, Luciene de Jesus, RIBEIRO, Luiz Henrique Brandão, BORGES, Daniel, GUAGLIARDI JR, Mário Roberto. MÉTODO M.R. de Potencialização Cerebral® e Controle da Mente © 2004 em Atleta de Triatlon - Apresentado no Congresso FIEP Cabo Frio/2005 (a)
MARQUES, Luciene de Jesus; RIBEIRO, Luiz Henrique Brandão; ROCHA, Daniel; BARROS, Grace; BORGES, Daniel; DIAS FILHO, Delanei Luiz; ARAUJO, Carlos E. Villa; GUAGLIARD JR, Mário Roberto; GODOY, Erik S. de; SILVA, Rafael P. A. da. Comparação dos efeitos da Potencialização Cerebral sobre a atividade cortical em grupos de diferentes preferências de processamento hemisférico. Artigo apresentado no congresso FIEP/Foz do Iguaçu 2005. (b)
OLIVEIRA, Suzane de.O Efeito do treinamento da imaginação, na melhora do gesto do “FLIC COM AS MÃOS” da ginástica artística feminina, em atletas de 8 a 12 anos de idade. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.
Quadros Junior, Antonio Carlos de; Vicentim, Joseane; Crespilho, Daniel. Relações entre ansiedade e psicologia do esporte. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 11 - N° 98 - Julio de 2006. http://www.efdeportes.com/efd98/ansied.htm
Rodrigues, Erika Carvalho; Imbiriba, Luís Aureliano; Leite,Gabriela Rego; Magalhães, José; Volchanb, Eliane; D Vargas, Cláudia. Efeito da estratégia de simulação mental sobre o controle postural. Rev Bras Psiquiatr 2003;25(Supl II):33-5
SCHMIDT, Richard A; Wrisberg, Craig A. Aprendizagem e Performance Motora: Uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2001
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 15 · N° 149 | Buenos Aires,
Octubre de 2010 |