Características das atletas de futebol da cidade de Pelotas, RS na pré-temporada 2010 Características de las jugadoras de fútbol de la ciudad de Pelotas, RS en la pretemporada |
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*Acadêmico do curso de Bacharelado em Educação Física **Mestrando em Educação Física da ESEF/UFPel ***Professor ESEF/UPFel Escola Superior de Educação Física (Brasil) |
Lourenço dos Santos Del Ponte* Anderson Leandro Peres Campos** Prof. Dr. Volmar Geraldo da Silva Nunes*** Prof. Dr. Mariangela da Rosa Afonso*** |
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Resumo O futebol é indiscutivelmente o esporte de maior popularidade no Brasil, apesar de parecer democrático ele ainda é hegemonicamente dominado por homens, mas também é verdade que há uma crescente expansão da prática do futebol feminino e da aceitação por parte da população que mulheres joguem, comandem e coordenem clubes, fato esse que é realidade indiscutível no nosso país. Sendo assim o propósito deste estudo foi verificar o perfil morfológico de atletas do futebol feminino da cidade de Pelotas, através de avaliações físicas específicas para modalidade. Este estudo foi caracterizado como um estudo observacional descritivo de corte transversal, onde a amostra foi formada por 21 atletas de futebol, que deslocarem-se até o LEPEMA (Laboratório de Extensão e Pesquisa em Medidas e Avaliação) da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas ESEF/UfPel, para avaliação de suas capacidades físicas. Os resultados encontrados foram: a) variáveis antropométricas; Idade (anos) 16,2 ± 2,9, massa corporal (kg) 54,75 ± 7,0 altura (m) 1,63 ± 0,0 circunferência de perna (cm) 24,31 ± 2,5 circunferência de coxa (cm) 43,9 ± 4,1 gordura relativa (%) 19,82 ± 3,2 IMC (kg/m2) 20,61 ± 2,0. b) Testes físicos: VO2 (ml.kg.min) 42,86 ± 3,3, flexibilidade (cm) 31,75 ± 8,4, velocidade (seg) 5,1 ± 0,31, agilidade (seg) 16,41 ± 0,49, força de membros inferiores (kgf) 99,5 ± 35,16. As jogadoras estão classificadas no nível médio de força de membros inferiores quando comparadas a população em geral segundo Delgado (2004). Também não são relatadas na literatura referencias quanto ao nível de força de membros inferiores de futebolistas do sexo feminino. Não é possível comparar os resultados encontrados por nós nas variáveis de velocidade, agilidade, pois é escassa a produção de estudos voltados para essa população visando à análise destas capacidades físicas, apesar de suas importâncias para esse jogo. Unitermos: Futebol feminino. Avaliação física. Aptidão física.
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http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O futebol é incontestavelmente o esporte de maior popularidade no Brasil. Podendo ser visto em qualquer clube, praça ou até nas esquinas de uma rua qualquer tamanho é o incentivo à prática do mesmo e a paixão do povo por este jogo. Apresentado ao Brasil no final do século XIX trazido da Inglaterra, logo se tornou uma paixão nacional desbancando esportes de forte representatividade da época como turfe e remo, fazendo com que os clubes deixassem de priorizar suas modalidades de origem dando primazia para o futebol.
Hoje se torna impossível dissociar o futebol da cultura do povo brasileiro, já que se difundiu de forma uniforme e incisa nas raízes dessa população. É no interior de estádios e ao redor de praças esportivas que o povo consegue esquecer suas angustias preocupações e ainda conhecer amigos e trocar experiências, tornando-se por tanto o principal momento de lazer dos brasileiros. Apesar de parecer democrático ele ainda é hegemonicamente dominado por homens, mas também é verdade que há uma crescente expansão da prática do futebol feminino e da aceitação por parte da população que mulheres joguem futebol, comandem e coordenem clubes e times, fato esse que é realidade indiscutível no nosso país.
A busca incessante por melhores resultados nas praticas esportivas têm seu foco voltado não somente para um setor do conhecimento, mas sim para diversos. Em especifico à área abordada nesse estudo, é possível destacar o papel da fisiologia do exercício que além de outras linhas investigam a ação dos exercícios no corpo humano, para favorecimento do aumento da força, velocidade, flexibilidade, agilidade e da resistência. Entre outras áreas de conhecimento que fornecem subsídios para melhorar o desempenho de atletas, o treinamento esportivo tem lugar de destaque. O planejamento e organização das cargas (intensidade, frequência, duração) bem como, os períodos de recuperação são alguns dos elementos do treinamento que devem contribuir para o aperfeiçoamento das capacidades físicas.
Dessa forma, o desempenho esportivo deve ser encarado como o produto da interação dos aspectos morfológico (estrutura), funcional-motor, psicológico, genético e ambiental (Weineck J 1991).
Atendendo em parte estes aspectos, a cineantropometria se destaca como uma importante área de conhecimento aplicada ao esporte, pois oferece métodos para quantificação do tamanho, da forma, das proporções, da maturação biológica e da função-motora (Queiroga 2005). Observa-se que a estrutura corporal segue tendência de homogeneização em grupos específicos de atletas competitivos, em relação a um perfil que se acredita como adequado ou indicado para uma determinada atividade. Segundo Laughter (1977) a importância em se determinar o perfil físico de esportistas reside no fato da existência de uma relação entre forma corporal e desempenho físico. O recurso adotado para descrever o perfil de atletas de futebol se da pela utilização de testes específicos que visam avaliar diversos fatores que estão envolvidos na possibilidade de crescimento de uma atleta seja na parte física, nutricional ou psicológica.
Portanto, levando-se em consideração que são muitos os fatores que influenciam o desempenho esportivo e a lacuna existente na literatura, a presente investigação tem como propósito verificar o perfil morfológico de atletas do futebol feminino da cidade de Pelotas, através de avaliações físicas específicas para modalidade.
Metodologia
Este estudo foi caracterizado como um estudo observacional descritivo de corte transversal, onde a amostra foi formada por 21 atletas de futebol do sexo feminino, categoria adulta de um clube da cidade de Pelotas-RS. Foi realizado um trabalho de avaliação das capacidades físicas visando à realização de um perfil das jogadoras. Todas as atletas realizaram os testes por voluntariedade, após terem recebido todas as informações referentes aos procedimentos foram convidadas a deslocarem-se até o LEPEMA (Laboratório de Extensão e Pesquisa em Medidas e Avaliação) da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas ESEF/UFPel. Os equipamentos utilizados para as medidas foram: balança da marca Filizola® com capacidade máxima de 150 kg e precisão de 0,01 kg; estadiômetro de 200 cm de altura da marca Sanny, onde os atletas se posicionaram em superfície plana, peso corporal igualmente distribuído em afastamento lateral das pernas, imóveis, com a cabeça no plano de Frankfurt formando um ângulo perpendicular de 90º com a haste vertical do estadiômetro; percentual de gordura com plicômetro científico tipo Harpenden da marca Cescorf (Brasil) com precisão de 0,1mm, onde foram determinadas as medidas das dobras cutâneas, tricipital, subescapular, axilar, peitoral, suprailíaca, abdominal e medial da coxa para o somatório das mesmas e para a medida das circunferências (coxa, perna) foi utilizado uma fita metálica inelástica da marca Sanny. Para estimativa do percentual de gordura foi utilizada uma equação de sete dobras cutâneas, sugerida por Jackson e Pollock (1980).
Para a estimativa do VO2max foi realizado teste segundo metodologia proposta por Legér (1982). Para a predição da força de membros inferiores foi utilizado o teste de força máxima para membros inferiores, utilizando um dinamômetro da marca Baseline com precisão de 10 Kgf. A medida de flexibilidade foi realizada através do teste de sentar e alcançar de Wells & Dillon.
Para o teste de velocidade de deslocamento, (corrida de 30 metros), foi utilizado um cronômetro digital da marca Cassio, quatro cones, uma pista de 30 metros demarcada com três linhas paralelas ao solo, sendo a primeira linha, a linha de partida, a segunda linha, distante 30 metros da primeira, a linha de cronometragem ou linha de chegada e a terceira linha, linha de referência, marcada a dois metros da linha de chegada. Dois cones para sinalizar a primeira e a terceira linhas. O avaliado parte da posição de pé, com um pé avançado à frente imediatamente atrás da primeira linha e será informado que deverá cruzar a terceira linha o mais rápido possível. Ao sinal do avaliador, deve deslocar-se o mais rápido possível, em direção à linha de chegada. Um cronometrista deve acionar o cronômetro no momento em que o avaliado der o primeiro passo ultrapassando a linha de partida. Quando o avaliado cruzar a segunda linha é interrompido o cronômetro. O tempo do percurso é registrado em segundos e centésimos de segundos, duas casas após a vírgula.
Para o teste de agilidade (teste do quadrado) utilizou-se um cronômetro e quatro cones de 50 cm de altura, distantes quatro metros um do outro, desenhando um quadrado no solo. O avaliado inicia o teste na posição de pé, de costas para o ponto de partida. Ao sinal do avaliador, deverá virar-se de frente para o ponto de partida, deslocar-se até o próximo cone em linha reta, correndo na sequência em direção ao cone à sua diagonal e depois se desloca para o cone em linha reta a sua frente. Finalmente corre diagonalmente em direção ao último cone que corresponde ao ponto de partida. O avaliado deverá realizar duas voltas nesse percurso sem parar. O cronômetro é acionado pelo avaliador no momento em que o avaliado realiza o salto para virar-se de frente para o ponto inicial. São realizadas duas tentativas registrando em segundos e centésimos de segundo, com duas casas após a vírgula, o melhor tempo de execução.
A cor da pele foi observada em suas certidões de nascimentos contidas em um banco de dados do clube onde também foi coletada a cidade que reside cada atleta atualmente.
Resultados e discussão
A amostra contou com 21 jogadoras, 71,42% de cor da pele branca, 28,58 % negra, 66,66% residentes na cidade de Pelotas, 14,28% em são Lourenço do sul mesmo percentual para cidade de Santa Vitória do Palmar, ainda 4,78% das atletas moram em outras localidades da região sul do estado do Rio Grande do Sul.
Gráfico 1. Características da amostra
Tabela 1. Resultado de variáveis antropométricas das atletas apresentados em média e desvio padrão
As características antropométricas das atletas estão descritas na tabela 1, e podemos observar que a idade média das atletas é relativamente baixa para um time considerado de categoria adulta, Massa corporal e altura que resultam em um IMC considerado normal segundo Garrow (1985), circunferência de coxa e de perna, gordura relativa que de acordo com Lohman (1992) sugere um percentual de gordura corporal ideal para mulheres de 12% a 16%, sendo assim as atletas se encontram acima do (%G) ideal para essa população.
Tabela 2. Resultados dos testes físicos apresentados em média e desvio padrão
Na tabela dois são apresentados os dados dos testes físicos realizados para verificar valores de VO2max que se comparado com tabelas voltadas para população em geral como a de Cooper (1987), fica classificado como acima da média, mas quando comparado com VO2max de atletas de alto nível como no estudo de Moreira (2008) no qual foi encontrado um VO2max médio de 55,05 em jogadoras da seleção sub 18 portuguesa, verificasse um nível de aptidão física considerado baixo.
Já a flexibilidade segundo Weineck (2000) deve ser desenvolvida até o ponto necessário para a ideal utilização da técnica de movimento e das capacidades motoras da modalidade esportiva, e não no seu máximo, motivo pelo qual não existem referências ideais de medidas de flexibilidade no futebol, sendo que a flexibilidade no futebol é dinâmica, e assim como no nosso estudo, a maioria das vezes é verificada de forma estática. Em nosso estudo encontramos média de 31,75cm o que significa que as atletas estão abaixo da média para a idade segundo o Canadian Standardized Test of Fitness.
As jogadoras estão classificadas no nível médio de força de membros inferiores quando comparadas a população em geral segundo Delgado (2004). Também não são relatadas na literatura referencias quanto ao nível de força de membros inferiores de futebolistas do sexo feminino. Não é possível comparar os resultados encontrados por nós nas variáveis de velocidade, agilidade, pois é escassa a produção de estudos voltados para essa população visando à análise destas capacidades físicas, apesar de suas importâncias para esse jogo.
Conclusão
Com base nos resultados encontrados pelo presente estudo podemos concluir que as atletas apresentaram um VO2max acima da média para a idade, mas quando comparadas a população não atleta. No que se refere ao (%G), apresenta–se acima da média mesmo quando comparado a não atletas, nos níveis de flexibilidade as atletas classificam-se como abaixo da média. Cabe salientar que as avaliações foram realizadas no inicio da pré-temporada, fato esse que pode ter sido responsável pelos baixos níveis de aptidão física das atletas que geralmente nesta fase não realizam exercícios físicos e não cuidam da alimentação.
Referencias bibliográficas
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