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Bullying: os medos e seus reflexos na Educação Física

Bullying: los miedos y su impacto en la Educación Física

Bullying: fears and its impact in Physical Education

 

*Prof. Dr. do Departamento de Educação Física – CDS/UFSC

**Professor Dr. do Programa de Pós-Graduação

em Educação Física – CDS/UFSC

***Prof. Ms. do Departamento de Educação Física

do Centro de Desportos da UFSC

****Profª Drª da Faculdade de Educação – FAED/UDESC

(Brasil)

Edison Roberto de Souza*

edsonroberto@cds.ufsc.br

Sidney Ferreira Farias**

sidney@cds.ufsc.br

Júlio César Schmitt Rocha***

julio@cds.ufsc.br

Alba Regina Battisti de Souza****

albarere@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente ponto de vista, fruto de uma situação de violência gerado pelo conflito de torcidas organizadas em um estádio de futebol, além de desencadear reflexões referentes aos tipos de violência, procura retratar as questões relativas aos medos individuais e coletivos que surgem na vida dos cidadãos, com reflexos no interior do ambiente escolar. Numa perspectiva semiótica procura aproximá-los e associá-los com questões relacionadas com a prática da atividade física. Os apontamentos pretendem propiciar uma inserção no ambiente do profissional em Educação Física, com reflexos nas políticas públicas de inclusão social.

          Unitermos: Bullying. Medo. Escolas. Educação Física.

 

Abstract

          The following paper was developed from a reflective analysis of a violent conflict, happened in a stadium during a soccer game, between supporters fan. The main purpose of this narrative was to expose the issues related to individual and collective fears that people face during their lifetimes and its consequences on the school's environment. In a semiotic vision, the author explored the association between these fears and the physical activity practice. All the reflections tried to contribute to a discussion about the Physical Education professionals and the social inclusion policies.

          Keywords: Bullying. Fear. Schools. Physical Education.

 

 
http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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A chama da reflexão…

    O despertar da construção deste ponto de vista surgiu a partir de um fato e relato marcado pela violência explícita ocorrida entre torcidas no interior de um estádio em uma partida de futebol profissional. A expectativa sobre o desdobramento do confronto entre as duas renomadas equipes era das melhores, pois era decisivo para a competição. No entanto, um incidente com uma bomba caseira, lançada por uma das torcidas “organizadas” vitimou um aposentado presente nas arquibancadas. Após a lesão, ainda sendo socorrido pela equipe médica de plantão no estádio, expressou mesmo no momento de dor sua angustia e a decepção com a violência a qual foi vítima, afirmando sua intenção de jamais retornar a eventos dessa natureza.

    Efeitos frutos da violência tais como o provocado acima, onde a dor, descarga de adrenalina, aceleração cardíaca, tremor, falta de confiança, baixa-estima, insegurança, depressão, pânico e estranheza, entre outros, geram comportamentos cada vez mais presentes no mundo atual. Além da sociedade, seus reflexos são estendidos as crianças, ao ambiente escolar e, conseqüentemente, as aulas de Educação Física, onde os medos agem sobre todos, o “inapto”, o “gordinho”, o “diferente” e os “normais”. As crianças e jovens com dificuldades de execução técnica se defrontam com o bullying, sofrem intimidação, violência psicológica, tem medo de participar e ficam às margens do contexto das atividades físicas e desportivas.2 Estas diversas formas de exclusão produzem efeitos, individuais e coletivos, que marcam e prosseguem por todo o seu processo de desenvolvimento, ou seja, por toda a vida.

O ressurgir dos medos coletivos

    O surto de algumas doenças como a vaca louca, parece neste momento estarem distante, os riscos da contaminação por irradiação nuclear, passaram a ser vistos como secundários e o problema da emissão de gás carbônico ficaram para depois. Num piscar de olhos esquecemos o quanto a terra pode voltar a tremer e abrir fissuras incríveis nas profundezas dos oceanos. Os medos alternam-se e com o passar do tempo é como se houvesse um dispositivo capaz de deletar em nossos cérebros uma memória e ativar outra.3,7

    Para clarear a memória e fazer mais comentários é necessário entender o que distingue os medos individuais dos coletivos. Os medos individuais não são comuns aos outros indivíduos da comunidade, dizem respeito às pessoas em si. Neste caso pode-se encontrar o medo de lugares altos, o receio de ficar junto de uma multidão de pessoas, o medo de nadar, a fobia ao escuro e outros mais. São medos que podem interligar-se e confundir, visto que os coletivos podem tornar-se individuais e o contrário também pode ser verdade.

    Os coletivos dizem respeito aos receios relativamente desproporcionais à situação real agressiva vivida pelo sujeito. Neste sentido talvez seja essa falta de dimensão que os coloca como seriamente contagioso.

    Revivendo os flagelos vividos pela espécie humana, fica claro que eles são diferentes e oferecem uma gama infindável de observações. Historiando até meados do século XX, quase todas as ocorrências catastróficas eram decorrentes da mãe natureza, ou dela se originavam, suas conseqüências nefastas se agigantam principalmente na crescente e desorganizada urbanização. As doenças infecto-contagiosas, o cólera, a tuberculose, a peste, a varíola e algumas doenças venéreas, ceifavam muitos indivíduos e famílias. A maioria das atividades laborais dos cidadãos eram de predomínio físico, requerendo muito esforço em ambiente inóspito e ameaçador em termos de higiene e saúde. Estando suscetível a tantos males, o ser humano tinha uma vida vulnerável e relativamente curta.

    Após a primeira metade do Século XX, o mundo galgou uma relativa paz proporcionando melhoras de desenvolvimento com serenidade, reduzindo drasticamente a mortandade em decorrência de conflitos bélicos. Num meio esperançoso, as condições de vida melhoraram em qualidade e a longevidade das pessoas aumentou gradualmente. No entanto, os receios e os medos ainda habitam o inconsciente da população e ressurgem sob formas diversas dentro da nova dimensão do viver na urbe.

    No alvorecer deste novo milênio, estudiosos do comportamento humano preocupam-se com os medos exacerbados de tudo. Existe um crescente estudo referente aos medos da alimentação artificial, dos vírus de computador, da identidade e segurança pública e privada, do convívio entre as pessoas. São os medos com a roupagem contemporânea, que vagam e potencializam-se com base na natureza tecnológica, econômica e até do difícil olhar e reconhecimento de si próprio.

    Os lucros acima de tudo, as pessoas em segundo plano. É o progresso científico na sua vertente do Ter mais colaborando para outras formas de medo. Da ovelha Dolly, onde se abre o grilhão do código genético, à cópia do ser humano é só uma questão de segundos. O cientista modula a nota da música da criação e anota na pauta da vida os tipos de homem que se deve criar, para “o melhor convívio” em sociedade. Fabricar ou brincar de feiticeiro. Angústias, consternações e ansiedades, migram para as vidas comunitárias.

    Numa intenção duvidosa, os meios de comunicação, os jornais, as revistas e os canais de TV, buscam informar e acabam contribuindo, gerando ainda mais angústias nos leitores e nos telespectadores. É o predomínio de assuntos sob forma de notícia sensacionalista, deixando o caráter informativo e de esclarecimento para meios ainda mais seletos e para poucos, inseminando a desconfiança, a descrença, a impotência, a tragédia. Os medos coletivos avançam a passos largos, contagiando os indivíduos, as famílias, as sociedades e interligam-se mundialmente.7 Portanto, atualmente, a maior angustia é o medo do por vir, na contra mão explícita da chamada era da comunicação e informação, onde a consciência e o esclarecimento deveriam prevalecer.

    No campo desportivo as tribos de surfistas adotam o medo do localismo, renegam surfistas visitantes e chegam a afugentar violentamente aqueles que insistem em querer pegar ondas nos seus locais mais badalados. O medo do mar foi substituído pelo medo do grupo dos surfistas que se apoderaram das ondas. Instalou-se um terrorismo nativo. Os praticantes de artes marciais levam o medo aos clubes, shows e noites de balada. Situações fúteis são forjadas que levam a embates violentos realçando em único sentido a falta de orientação do princípio filosófico da luta que é a busca do autoconhecimento, autocontrole e benefício do ser. Estende-se esta situação às torcidas organizadas, que tomam as praças esportivas como campo de batalha em busca de uma supremacia falaciosa de facções e em nome de uma momentânea fidelidade clubística, perdurando esta, até a próxima batalha previamente agendada pela web.

    Da luta contra o bandido que roubava roupas no varal ao medo do terrorista, a vida diária das pessoas continua a ser invadida e transformada em medos coletivos. Essa situação emergente e pouco discutida tem seus reflexos na saúde em todas as suas dimensões e, conseqüentemente, também afeta a área da Educação Física que se vê envolvida no enfretamento desse problema social.

Os reflexos no campo da atividade física

    Especificamente em relação á área da Educação Física, uma contribuição para reflexão a respeito dos medos coletivos surge re-significada, principalmente, após o advento da Primeira Conferência Mundial de Promoção da Saúde, ocorrida no ano de 1986, em Ottawa, Canadá. Neste encontro internacional, reconheceram-se alguns dos principais fatores de risco, determinantes a saúde. Assim, os fatores sociais, econômicos e ambientais, emergem como sendo alvos de análise para serem preocupações das pessoas e dos governantes.

    De uma hora para outra, os casos de obesidade, seja mórbida ou não, foram associados com a falta de atividade física e os maus hábitos alimentares. As doenças degenerativas viraram problemas nacionais e internacionais. As formas de alimentação e os tipos de esforços dispensados ao longo dos dias foram associados e computados em calorias. O lema hoje é controlar o peso, passar do prato normal para o de sobremesa, comendo só o necessário, gastar calorias, dispensar mais tempo para praticar atividades físicas na forma de exercícios físicos e ter momentos de lazer ativo.

    Do carisma de ser gordinho, de possuir alguns quilos a mais e ser associado com pessoas de personalidade alegre, passou-se a associar o obeso a um inerte e até como um sujeito relaxado. Iniciou-se um processo de associação entre a obesidade e a falta de atividade física. O desleixo corporal aí associado, beira de forma oposta, pelo excesso, o que lamentavelmente se verificou nos campos de concentração e de extermínio. Neste contexto, o querer se subjuga a fatores extrínsecos não dando margem a retomadas pela forte opressão a que está submetido. Estigmatizar o sobrepeso negativamente e associá-lo ao estado mórbido, apresenta-se como paradigma fundamental na busca de saúde individual e social.1

    O indivíduo tem de ter um estilo de vida ativo, as políticas públicas devem ser voltadas para isto e a sociedade se vê presa ao modelo importado de controle dietético e aos grandes laboratórios de medicamentos para emagrecer. A magreza, antigamente considerada doença, hoje está alicerçada no medo de estar fora dos padrões de saúde. Pesquisas indicam um quadro assustador, onde 60% dos casos de Bullying associam-se a atitudes agressivas, intencionais e repetidas, ocorridas sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes. Estas são executadas dentro de uma relação desigual de poder pela intimidação física e psicológica, causando dor e angústia respectivamente no ambiente escolar com profundos reflexos nas aulas de Educação Física.

    Num prisma institucional, de soberania e defesa, aliado às exigências epidemiológicas, o medo coletivo da obesidade justifica-se em favor da mobilidade em casos de ataques terroristas, propagando um ideário de obediência no recrutamento militar, e diminui também os gastos com atendimentos médicos e hospitalares. Além disso, o crescente medo das conseqüências da obesidade faz crescer a indústria de exploração de seguro de vida, das máquinas de exercícios físicos e dos métodos de ginástica, além dos alimentos diet e light.

    Num sentido global, o indivíduo, principalmente o jovem, é intimidado psicologicamente e fisicamente, podendo sofrer conseqüências nefastas ao seu ser. Este quadro pode levar os indivíduos mais suscetíveis a desenvolverem uma série de doenças emocionais ou físicas, devido ao estresse a que são submetidos indiretamente. O contato e os laços mais profundos, com o medo coletivo, podem aparecer na puberdade, onde os adolescentes iniciam e enfrentam novos relacionamentos (interpessoais).

    Com o medo generalizado da gordura, vem o medo da celulite, das estrias e de outros problemas. Toda adolescente ou mulher moderna e que pode, é induzida desde cedo a prevenir-se contra estes males. É o medo da obesidade, em nome da estética, da rejeição. A estética dos modelos dita as regras, ela molda os corpos e faz todos buscarem um “corpo perfeito”, esculpi-lo em detalhes, com um contorno só. Estar fora dos padrões estéticos é estar fora do contexto.4 Então, malhar é uma das alternativas.

    Quem não pratica atividade física está desconectando uma corrente global contra a obesidade e os problemas do coração. Até o lazer deve ser ativo e o cidadão tem de estar bem disposto para as atividades do mundo do trabalho.

    Esculpir o corpo, estar em boa forma e dentro dos padrões é tão contagioso a ponto das pessoas fazerem uma única refeição ao longo do dia. Além disto, alguns se exercitam como loucos em busca de queimar mais e mais calorias. Em outros casos, algumas pessoas forçam o vômito após ingerirem os alimentos, numa tentativa de não engordar: é a bulimia.

    No entanto, é sabido que os níveis de glicose no sangue precisam estar equilibrados para que a pessoa viva bem. A despeito do estado doentio, dos preconceitos e das luxúrias, comer ainda é um ato saudável e é bom saborear e degustar um prato colorido, afirmam os especialistas.

    Na visão de inúmeros psicanalistas, uma em cada quatro pessoas sofre, ao menos uma vez na vida, de um transtorno de ansiedade.6,9 Ataques de pânico, comportamentos obsessivos e compulsivos ou fobias, são algumas de suas expressões mais comuns. Os especialistas afirmam que os medos coletivos resultam irremediavelmente da fixação na angústia gerada do fato dramático ou caótico. Em muitos casos, as pessoas mais suscetíveis à intimidação e às catástrofes, o medo coletivo tende a ser tranqüilizador, pois se sentem menos sozinhas com os seus fantasmas.

    Em relação à atuação do profissional de Educação Física, é importante ficar atento aos casos de resistência sem explicação para freqüentar as aulas, medo ou ansiedade exagerada às atividades oferecidas e reclamações de distúrbios do sono. Num quadro mais delicado aparecem dores de cabeça e estômago, especialmente em dias de aula.

    Os laços coletivos acirram-se sempre que um acontecimento difuso, fazendo parte da realidade, aparece e força os indivíduos a experimentarem os mesmos sentimentos em relação ao medo. Isto é tão verdade, pois os ataques terroristas em Londres, recentemente, geraram sentimento de receio para pessoas com características similares a possíveis terroristas. Neste contexto, balearam e mataram um inocente, por força da imagem negativa projetada nos preâmbulos da mente, aos de tez não clareada.

    De um modo geral e com as devidas proporções, as pessoas tornam-se vulneráveis ao sentimento vago de medo. Tentar acalmar o cidadão é uma tarefa difícil. Os medos são tantos, que num domingo desses, um programa de televisão, em horário nobre, informou sobre uma fórmula onde o índice de massa corporal e as expectativas de vida eram associadas: o site da emissora congestionou.

    O imaginário do cidadão está impregnado de medos. Num piscar de olhos, ele tem medo de voar, de beber, de pegar cartas, de aspirar o pó da morte, de contrair a varíola ou pegar no anthrax, de utilizar as alternativas de transportes e de circular em determinados locais e horários. Recentemente, o transeunte ao percorrer um caminho à noite, se sentia acompanhado e mais tranqüilo quando percebesse a presença de outro. Hoje, caso alguém se aproxime, há um sobressalto, acelera o passo com o receio do que possa ocorrer.

    Todo este medo e apesar de concentrar a atenção nos dados estatísticos em relação aos riscos, nos aspectos dos hábitos e costumes na vida, pode-se confundir a ameaça de um fato, com a realidade. Mesmo sendo compreensível, quando o medo é desproporcional em relação ao fato, este se torna doentio. Por ser um comportamento desviado do normal, interfere no bem-estar e pode ocasionar transtornos de desempenho, de ordem emocional e física com sérias conseqüências sociais.

    Ao profissional de Educação Física a ciência destes fatos é importante e cabe adotar uma atitude tranqüila, otimista, afetiva e pautada nas orientações sócio-epidemiológicas. Agindo assim e com o senso de discernimento, parece ser compreensível evitar novos medos, pois os boatos desproporcionais vão e vem e nem sempre colaboram para o bem viver. A aula de Educação Física inclui no seu objetivo mor, salientar a vida saudável, incitar o praticante a ter noção de cidadania e deve incrementar a prática desportiva solidária, colaborando para a formação de opinião saudável e com isto favorecendo a inclusão social.

    Assim, enfrenta-se este ciclo de medo, ao analisar as atitudes que levam à paralisação, a exclusão, a privação de ação e querer, imposto aos indivíduos, como um acontecimento isolado, descontextualizado do consenso da maioria dos praticantes e que não representa o pensamento reinante em outros. A Educação Física é rica em possibilidades de vivências onde estas questões possam ser melhor exploradas, facilitando sua compreensão e superando a simplista idéia de que o problema é só de cunho pessoal. Sua base é coletiva e a partir dela tem e deve ser enfrentada.

    Essa reflexão pode auxiliar na visibilidade, no enfrentamento do problema, colaborando para o discernimento e a dispersão do medo individual e coletivo relacionado à prática de atividades corporais. 5

Minimizando os efeitos

    A partir destas considerações, aponta-se para a necessidade do desenvolvimento de outros estudos para reconhecer melhor a realidade de tal situação, no ambiente escolar. Contudo, cabe assinalar, enquanto reflexão inicial, que estas contribuem principalmente para alertar e informar sobre situações delicadas no processo de atuação profissional, originárias do medo.

    No enfrentamento para esta escala de angústias e ansiedades, urge efetivar o projétil que primeiramente desponta: o bom senso de buscar e aprofundar o conhecer possibilitando o mapeamento de suas proporções. Aos educadores escolares e, em especial ao profissional da área da Educação Física, faz-se importante a busca por subsídios e estratégias pedagógicas de enfretamento do problema, pautados em atitudes de tranqüilidade, otimismo, afetividade e cientificidade.

    No combate de tal problemática, o senso de discernimento parece ser inexorável. Diferente de boatos desproporcionais que vão e vem e, pouco colaboram para o bem viver, o acontecido, origem desta reflexão, deve ser dimensionada no espaço da Educação Física, de modo a provocar compreensão e reações favoráveis, tais como a demonstrada pelo sujeito protagonista do episódio ao regressar ao estádio, apesar das marcas que ficaram.

    No âmbito educativo, o profissional da Educação Física deve priorizar conteúdos reflexivos que permita ao aluno discernir as situações de violência no meio esportivo, reflexos da realidade contemporânea, na perspectiva de construção de uma cultura que priorize valores altruísticos em prol da vida.

    No processo de minimizar os efeitos tão danosos e angustiantes dos receios/medos criados a partir das relações entre os envolvidos no processo educativo, a afetividade torna-se fundamental, e o professor, parte vital no desenvolvimento da socialização, deve apresentar suas contribuições para aprimorá-la. Assim, ao professor cabe, oportunizar vivências, experiências significativas e concretas na busca e superação destes problemas, contribuindo para o pleno desenvolvimento dos educandos. 8

    Desta forma, o seu papel é o de associar aos conteúdos específicos, o despertar e formar valores, ensinando ao educando o compartilhar, o respeitar, o confiar, o enfrentar situações adversas e a desenvolver a resiliência. E, sobretudo, criar um clima onde a individualidade se alie a coletividade, intervindo para que todos sejam respeitados e aceitos do jeito que são de acordo com seus potenciais e características.

    Portanto, cabe aos responsáveis pela escola e em especial ao profissional da Educação Física estar atento para os sinais e sintomas que possam aparecer em seus alunos com relação ao medo. Neste processo, é fundamental produzir um diário de observação e registros de incidentes e ou provações durante as aulas. Tornar público para a direção da escola e pais é uma medida responsável e salutar. Estas ações podem trazer subsídios na ação pedagógica e superação dos problemas encontrados.

Referências bibiliográficas

  1. Dietz WH, Gotmaker SL. Preventing obesity in children and adolescents. Annu. Rev. Public Health. 2001; 22: 337–353.

  2. Due P, Holstein BE, Lynch J, Diderichsen F, Gabhain SN, Scheidt P, et al. Bullying and symptoms among school-aged children: international comparative cross sectional study in 28 countries. Eur J Public Health.2005; 15(2):128– 132.

  3. Fernández I, Beristain MC, Páez D. Emociones y conductas colectivas en catástrofes: ansiedad y rumor y conductas de pánico. In: Apalategui, J. La anticipación de la sociedad. Psicología social de los movimientos sociales. Valencia: Promolibro, 1999. p. 281 – 342.

  4. Field AE, Cheung L, Wolf AM, Herzog DB, Gortmaker SL, Colditz GA. Exposure to the mass media and weight concerns among girls. Pediatrics, 1999; 103(3): 1-5.

  5. Minayo MC, Souza ER. Violência e saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva. História, Ciências, Saúde. 1998; IV(3): 513-531.

  6. Piacentini J, Bergman RL. Obsessive-compulsive disorder in children. The Psychiatr Clin North Am. 2000; 23(3): 519-533.

  7. Pinto GP. O medo na expressão social contemporânea. [Monografia de Pós-Graduação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2005.

  8. Sciurano MJD. Una propuesta para la prevención de la agresión desde el área de Educación Física. EFDeportes.com, Revista Digital. 2004; 10(76). Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd76/agresion.htm

  9. Thonsen PH. Obsessions: the impact and treatment of obsessive-compulsive disorder in children and adolescents. J Psychopharmacol. 2000; 14(2): 31-37.

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