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Avaliação da aptidão funcional de 

idosos participantes do projeto AFRID-UFU

Evaluación de la aptitud funcional de personas de tercera edad participantes del proyecto AFRID-UFU

 

*Educador Físico, graduado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Especialista em Fisiologia do Esporte – Treinamento e Performance

pelo ICPG-Passo1 – Uberlândia

Mestrando em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília (UCB)

**Educador Físico, graduado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Mestrando em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília (UCB)

João Maurício de Oliveira Coelho*

joaomaumau_educa@yahoo.com.br

Willson Botelho Neto**

willsonptc@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A prática regular de atividades físicas sistematizadas pode contribuir para a melhoria de diversos componentes da aptidão física relacionada à saúde. Objetivo: Classificar as idosas de 60 a 79 anos, participantes do Projeto AFRID da cidade de Uberlândia segundo a bateria da AAHPERD aplicados nestes idosos com os valores normativos criados pelo departamento de Educação Física / UNESP - Rio Claro com idosas da mesma faixa etária. Metodologia: Participaram deste estudo 115 mulheres, com 68,1 ± 5 anos de idade, aparentemente saudáveis que realizavam atividades físicas regulares há pelo menos seis meses, três vezes por semana e com duração de 50 minutos cada sessão, residentes na cidade de Uberlândia/MG. Como instrumento para avaliação utilizou-se a bateria da AAHPERD, onde o participante é avaliado em 5 (cinco) testes motores. Para classificação das idosas foram feitas as análises dos escores percentis utilizando-se a tabela de valores normativos da aptidão funcional geral. Resultados: Níveis muito fracos nos testes de coordenação (COO) e teste de resistência aeróbia geral e habilidade de andar (RAG), fraco nos testes de agilidade (AGIL), regular no teste de resistência de força (RESIFOR) e bom nos testes de flexibilidade (FLEX), tanto para a faixa etária de 60 a 69 quanto para a de 70 a 79 anos. Conclusão: A partir dos resultados constatou-se que as idosas avaliadas nesse estudo apresentaram um IAFG baixo, comparados aos valores normatizados pelo grupo de pesquisas da Unesp - Rio Claro.

          Unitermos: Aptidão funcional. Terceira idade. Bateria da AAHPERD.

 

Abstract

          Introduction: Regular practice of systematized physical activities can contribute to the improvement of several components of physical fitness and health. Objective: Classify the elderly 60-79 years, Project participants AFRID in Uberlândia according to AAHPERD applied in these elderly patients with normative values established by the Department of Physical Education / UNESP – Rio Claro with the same older age group. Methodology: 115 women participated in this study, with 68.1 ± 5 years old, apparently healthy individuals who performed regular physical activity for at least six months, three times a week and lasting 50 minutes each session, residents in the city of Uberlândia / MG. As a tool for evaluation used the AAHPERD, where the participant is estimated at five (5) motor tests. For classification of the elderly were the analysis of percentile scores using the table of normative values of general functional fitness. Results: Very weak levels in tests of coordination officer (COO) and test of aerobic endurance and overall ability to walk (RAG), weak in tests of agility (AGIL), regular in the endurance test of strength (RESIFOR) and good in the flexibility tests (FLEX), both for the age group 60-69 as for 70-79 years. Conclusion: The results revealed that the elderly evaluated in this study had a IAFG low, compared with values normalized by the research group of Unesp - Rio Claro.

          Keywords: Functional fitness. Elderly. AAHPERD.

 

 
http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento é um processo multifatorial, sendo influenciado pelo tempo cronológico, por aspectos psicológicos, sociais, biológicos e funcionais. Os aspectos biológicos são constituídos, principalmente, pelas alterações negativas no sistema cardiovascular, respiratório e neuromuscular e, na composição corporal, que por sua vez, diminuem as capacidades físicas, podendo comprometer a performance das atividades da vida diária (SPIRDUSO 1995; RIKLI e JONES, 1999; MOREY et al., 1998).

    Benedetti et. al (2004) acrescentam que a prática de atividade física, especialmente para idosos, quando bem orientada e realizada regularmente pode ocasionar vários benefícios, tais como manutenção da independência e autonomia, maior longevidade, melhora da capacidade fisiológica em portadores de doenças crônicas, além, dos benefícios psicológicos e sociais, como por exemplo, a melhora da auto-estima e o contato social.

    Paffenbarger et al. (1986) demonstraram que a prática da atividade física regular reduziu o risco de mortalidade por doença coronariana e outras causas, aumentando a longevidade. Portanto, a atividade física tem sido amplamente empregada como estratégia para melhorar a qualidade de vida do idoso, diminuindo os efeitos deletérios causados pelas alterações que vêm acompanhadas com o aumento da idade e o contato social, reduzindo os problemas psicológicos.

    O envelhecimento é um processo que provoca alterações e desgastes em vários sistemas funcionais, que ocorrem de forma progressiva e irreversível (CAROMANO et al., 1999).

    A diminuição da capacidade funcional recorrente, em grande parte, do desuso, pode ser compensada pela prática regular de atividades físicas, que retarda os efeitos deletérios do envelhecimento, preservando a independência e autonomia do idoso (GOBBI et al., 2007).

    Na velhice, a capacidade de realização de algumas atividades cotidianas é comprometida, pois o idoso apresenta algumas dificuldades ou cansaço para desempenhar atividades básicas como caminhar, subir escadas, subir degraus de ônibus, vestir-se, cozinhar, realizar atividades manuais, entre outras (ANDREOTTI, 1999).

    Essa aptidão também pode ser considerada como a capacidade de realizar as atividades da vida diária de forma independente, incluindo atividades de deslocamento, de auto-cuidado, participação em atividades ocupacionais e recreativas, ou seja, a capacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias a uma boa vida, incluindo um sono adequado (BENEDETTI, 2007).

    A aptidão funcional depende de diversos componentes, em especial a força muscular, a flexibilidade, a agilidade, o equilíbrio, capacidade aeróbia e a coordenação.

    A “American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance” (AAHPERD) desenvolveu uma bateria de testes específica para idosos, composta de 5 testes motores que medem os componentes da capacidade funcional.

    A opção por utilizar a bateria de testes da AAHPERD deu-se por fatores como: praticidade, pois permite avalia grande número de idosos em pouco tempo e com mínimo de equipamento, especificamente delineada para idosos, minimiza riscos devido à natureza dos testes, envolve tarefas motoras similares às atividades diárias de idosos, aproximando os teste da sua vida cotidiana (BENEDETTI, 2007).

    Assim, o objetivo do presente estudo foi classificar as idosas de 60 a 79 anos participantes do Projeto AFRID da cidade de Uberlândia, segundo a bateria da AAHPERD, aplicados nestes idosos com os valores normativos criados pelo grupo de pesquisas do departamento de Educação Física / Unesp - Rio Claro com idosas da mesma faixa etária.

Validação da bateria de testes da AAHPERD

    Rikli & Jones (1999) descrevem 3 tipos de validade: de conteúdo, de critério e discriminante. A validade de conteúdo (lógica) indica se o teste mede o parâmetro da aptidão funcional que se pretende medir. Pelo conceito (definição) de cada um dos parâmetros da bateria, a literatura nos permite concluir que os testes têm validade de conteúdo. Por exemplo, a flexibilidade é definida como a amplitude de movimento em uma ou mais articulações (BARBANTI, 1997). O resultado do teste de sentar e alcançar (teste da bateria que mede a FLEX) depende da amplitude de movimento nas articulações da cintura pélvica, coluna e dos ombros. A validade de critério representa o grau com que o teste se correlaciona com outra medida já avaliada.

    Bravo et al. (1994) compararam os resultados do teste de esforço máximo em esteira com o teste de 1/2 milha (teste de RAG da bateria) encontrando uma correlação de r = -0,58 e quando excluídos os valores atípicos chegava-se a r = -0,70. Tais valores estão próximos daqueles encontrados quando resultados de teste de campo são comparados com os resultados obtidos em laboratório. Além disso, os mesmos autores concluíram que uma capacidade máxima de trabalho (medida em esteira) resulta em uma correlação altamente significativa e como a aplicação da bateria de testes não requer treinamentos especiais ou equipamentos sofisticados para sua utilização, ela pode ser confiavelmente recomendada em idosos.

    A validade discriminante distinguirá o nível de aptidão funcional (por exemplo) entre as pessoas ativas e as sedentárias. Neste caso, vários são os estudos que mostram estas discriminações, como é o caso de Zago et al. (2000) que encontraram diferenças significativas nos níveis de resistência de força quando compararam o efeito do treinamento em mulheres idosas utilizando o teste de força da bateria e Bravo et al. (1994) relataram discriminação entre o grupo treinado e o controle no teste de resistência aeróbia geral, mostrando que a bateria de testes possui boa validação, sendo assim recomendada para sua utilização.

Procedimentos metodológicos

    Participaram deste estudo 115 mulheres, com 68,1 ± 5 anos de idade, aparentemente saudáveis que realizavam atividades físicas regulares há pelo menos seis meses, três vezes por semana e com duração de 50 minutos cada sessão, residentes na cidade de Uberlândia/MG. Todas as idosas foram informadas sobre o objetivo da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

    Para a avaliação dos componentes de aptidão funcional, foi utilizada a bateria de testes da AAHPERD. A opção pela utilização da referida bateria deveu-se ao fato de que as tarefas realizadas durante os testes são similares às atividades diárias exigidas das participantes idosas (CLARK, 1989. OSNESS, 1990.), aproximando assim os testes com a vida cotidiana dos mesmos. Tal bateria é composta por cinco testes motores que avaliam os seguintes componentes da aptidão funcional:

1.     Teste de agilidade e equilíbrio dinâmico (AGIL)

    O participante iniciou o teste sentado numa cadeira com os calcanhares apoiados no solo. Ao sinal de “pronto, já” moveu-se para a direita e circundou um cone que estava posicionado a 1,50m para trás e 1,80m para o lado da cadeira, retornando para a cadeira e sentando-se. Imediatamente o participante se levantou, moveu-se para a esquerda e circundou o segundo cone, retornando para a cadeira e sentando-se novamente. Isto completou um circuito. O avaliado deveria concluir dois circuitos completos. Para certificar-se de que realmente o avaliado sentou-se após retornar da volta ao redor dos cones, ele deveria fazer uma leve elevação dos pés retirando-os do solo. Foram realizadas duas tentativas e o melhor tempo (o menor) foi anotado em segundos como o resultado final.

2.     Teste de coordenação (COO)

    Um pedaço de fita adesiva com 76,2 cm de comprimento foi fixado sobre uma mesa. Sobre a fita foram feitas seis marcas com 12,7 cm eqüidistantes entre si, com a primeira e última marca a 6,35 cm de distância das extremidades da fita. Sobre cada uma das seis marcas foi afixado, perpendicularmente à fita, um outro pedaço de fita adesiva com 7,6 cm de comprimento. O participante sentou-se de frente para a mesa e usou sua mão dominante para realizar o teste. Se a mão dominante fosse a direita, uma lata de refrigerante era colocada na posição 1, a lata dois na posição 3 e, a lata três na posição 5. A mão direita foi colocada na lata 1, com o polegar para cima, estando o cotovelo flexionado num ângulo de 100 a 120 graus.

    Quando o avaliador sinalizou, um cronômetro foi acionado e, o participante, virando a lata inverteu sua base de apoio, de forma que a lata um fosse colocada na posição 2; a lata dois na posição 4 e a lata três na posição 6. Sem perder tempo, o avaliado, estando agora com o polegar apontado para baixo, apanhou a lata um e inverteu novamente sua base, recolocando-a na posição 1 e da mesma forma procedeu colocando a lata dois na posição 3 e a lata três na posição 5, completando assim um circuito. Uma tentativa equivale a realização do circuito duas vezes, sem interrupções. No caso de o participante ser canhoto, o mesmo procedimento foi adotado, exceto as latas que foram colocadas a partir da esquerda, invertendo-se as posições. A cada participante foram concedidas duas tentativas de prática, seguidas por outras duas válidas para avaliação, sendo estas últimas duas anotadas até décimos de segundo e considerado como resultado final o menor dos tempos obtidos.

3.     Teste de flexibilidade (FLEX)

    Uma fita adesiva de 50,8 cm foi afixada no solo e uma fita métrica de plástico também foi afixada no solo perpendicularmente, com a marca de 63,5 cm diretamente colocada sobre a fita adesiva. Foram feitas duas marcas eqüidistantes 15,2 cm do centro da fita métrica. O participante, descalço, sentou-se no solo com as pernas estendidas, os pés afastados 30,4 cm entre si, os joelhos apontando para cima e os calcanhares centrados nas marcas feitas na fita adesiva. O zero da fita métrica apontou para o participante.

    Com as mãos, uma sobre a outra, o participante vagarosamente deslizou as mãos sobre a fita métrica tão distante quanto pôde, permanecendo na posição final no mínimo por 2 segundos. O avaliador segurou o joelho do participante para não permitir que o mesmo se flexionasse. Foram oferecidas duas tentativas de prática, seguidas de duas tentativas de teste. O resultado final foi dado pela melhor das duas tentativas anotadas.

4.     Teste de força e endurance de membros superiores (RESISFOR)

    Foi utilizado um halter pesando 2,0 kg (peso para as mulheres). A participante sentou-se em uma cadeira sem braços, apoiando as costas no encosto da cadeira, com o tronco ereto, olhando diretamente para frente e com a planta dos pés completamente apoiadas no solo. O braço dominante deveria permanecer relaxado e estendido ao longo do corpo enquanto a mão não dominante apoiava-se sobre a coxa. O primeiro avaliador posicionou-se ao lado do avaliado, colocando uma mão sobre o bíceps do mesmo e a outra suportou o halter que foi colocado na mão dominante do participante. O halter deveria estar paralelamente ao solo com uma de suas extremidades voltadas para frente. Quando o segundo avaliador, responsável pelo cronômetro, sinalizou com um “vai”, o participante contraiu o bíceps, realizando uma flexão do cotovelo até que o antebraço tocasse a mão do primeiro avaliador, que estava posicionada no bíceps do avaliado. Quando esta prática de tentativa foi completada, o halter foi colocado no chão e 1 minuto de descanso foi permitido ao avaliado. Após este tempo, o teste foi iniciado, repetindo-se o mesmo procedimento, mas desta vez o avaliado realizou o maior número de repetições no tempo de 30 segundos que foi anotado como resultado final do teste.

5.     Teste de resistência aeróbia geral e habilidade de andar (RAG)

    O participante foi orientado a caminhar (sem correr) 804,67 metros numa quadra poli-esportiva, o mais rápido possível. O tempo gasto para realizar tal tarefa foi anotado em minutos e segundos e transformado em segundos.

Análise estatística dos resultados

    Para classificação das idosas foram feitas as análises dos escores percentis utilizando-se a tabela de valores normativos da aptidão funcional geral (ZAGO & GOBBI, 2003). O cálculo do percentil permitiu a obtenção de um escore percentil (pontos), de acordo com o resultado obtido em cada teste motor. A soma dos escores-percentis dos cinco testes representou o Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG).

    Com a somatória destes pontos, forma-se um índice geral do indivíduo, mostrando assim se ele possui uma aptidão funcional geral boa ou ruim. Assim, o IAFG permite discutir a aptidão funcional geral entendida como uma somatória dos níveis dos componentes físicos dentro de uma bateria de testes e uma somatória das capacidades físicas do indivíduo, avaliando-o globalmente.

Resultados

    Após a coleta de dados, os resultados de cada teste da bateria AAHPERD foram classificados segundo os valores normativos de Zago & Gobbi (2003) e Benedetti et. al. (2007), para cada faixa etária em específico.

    A partir da classificação de cada teste, foi realizado o cálculo do IAFG, obtido pela somatória dos escores-percentis de cada teste da bateria AAHPERD. Dependendo do valor obtido em cada teste, o participante recebe uma pontuação (escore-percentil), sendo assim, cinco pontuações foram atribuídas, correspondentes aos cinco testes realizados.

    As tabelas 1 e 2 mostram de forma simples como foi realizado este cálculo, de acordo com a média dos resultados de cada teste.

Tabela 1. Cálculo do IAFG, baseado na somatória dos escores-percentis dos testes da AAHPERD das participantes de 60 a 69 anos.

 

Tabela 2. Cálculo do IAFG, baseado na somatória dos escores-percentis dos testes da AAHPERD das participantes de 70 a 79 anos

    Com base nos resultados obtidos, as idosas foram classificadas de acordo com seus respectivos escore-percentis. Desta forma a tabela 3 ilustra a classificação de cada teste motor e o do IAFG.

Tabela 3. Classificação dos testes motores e do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG) referentes aos pontos obtidos em cada bateria da AAHPERD.

    Conforme a classificação mostrada na tabela 3, verifica-se que o resultado da média dos grupos por faixa etária possui nível muito fraco de COO e RAG, fraco de AGIL, regular de RESIFOR e bom de FLEX, tanto para a faixa etária de 60 a 69 quanto para a de 70 a 79 anos. E em termos gerais, a aptidão funcional geral, somando 189 e 188 para as faixas etárias de 60 a 69 e 70 a 79, respectivamente, possui uma classificação fraca.

Discussão

    O objetivo desse trabalho foi classificar as idosas de 60 a 79 anos participantes do Projeto AFRID-UFU, segundo os valores normativos criados pelo grupo de pesquisas do departamento de Educação Física / UNESP - Rio Claro com idosas da mesma faixa etária.

    Saber analisar e conhecer os escores-percentis de cada teste realizado é de suma importância para o profissional de educação física, podendo auxiliá-lo a detectar informações sobre a aptidão funcional do individuo, obtendo assim a informação de como o individuo se classifica perante o grupo e em relação a si mesmo, o que pode ajudar na detecção de capacidades que precisam ter maior ênfase durante as aulas.

    Gobbi et al. (1998) fizeram uso desta classificação separando, em estudos preliminares, os percentis em cinco categorias, mostrando que esta divisão é um bom parâmetro para comparar onde o individuo se localiza em relação ao grupo e para verificar o nível dos componentes de aptidão funcional de cada participante.

    A partir dos resultados obtidos neste trabalho constatou-se que as idosas avaliadas apresentaram um IAFG baixo, comparados aos valores normatizados pelo departamento de Educação Física / UNESP - Rio Claro.

    Os valores encontrados através comparação dos idosos da amostra do projeto AFRID com os valores normatizados pelo grupo de estudos LAFE/UNESP/Rio Claro, nos mostraram nível muito fraco nos testes de coordenação (COO) e resistência aeróbia geral e habilidade de andar (RAG), fraco nos testes de agilidade (AGIL), regular de resistência e força (RESIFOR) e bom nos testes de flexibilidade (FLEX), tendo assim os níveis do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG) baixos, necessitando de uma análise aprofundada e uma reestruturação no planejamento das atividades físicas realizadas pelos participantes do projeto.

    Esses baixos índices de IAFG parecem ser justificados pelo fato do projeto AFRID tem como objetivo principal proporcionar atividades físicas em diferentes modalidades, com abordagem recreativa, visando à melhora da qualidade de vida, o bem estar físico, social e emocional dos indivíduos, sendo assim, o enfoque para a melhoria das aptidões funcionais se torna um fator secundário.

    A prática regular de atividades físicas sistematizadas pode contribuir para a melhoria de diversos componentes da aptidão física relacionada à saúde, como força, resistência muscular, resistência cardiorrespiratória, flexibilidade e composição corporal. Essas modificações podem favorecer, sobretudo, o controle da adiposidade corporal, bem como a manutenção ou melhoria da capacidade funcional e neuromotora, facilitando o desempenho em diversas tarefas do cotidiano e, conseqüentemente, proporcionando melhores condições de saúde e qualidade de vida mais adequada aos praticantes (MORRIS, 1994).

    O estudo realizado por Hernandes et. al. (2004), no qual 20 idosos foram submetidos durante 10 semanas a um programa de atividades físicas e educacionais, sendo os mesmo avaliados por testes de atividades de vida diárias antes e depois de 10 semanas, os resultados encontrados foram a melhoria no teste de caminhar ou correr 800 metros e calçar meias, comprovando assim que atividade física contribui de maneira fundamental para a manutenção da independência, sendo que esta se consiste num dos mais importantes fatores de qualidade de vida na velhice.

    Dessa forma acredita-se que essas idosas que praticam atividades físicas regularmente já possuem um ganho mínimo na aptidão funcional mesmo apresentando um IAGF baixo quando comparadas com idosas de outros grupos que também praticam atividades físicas.

    Pode-se afirmar que essas idosas avaliadas necessitam melhorar sua aptidão funcional, visto que esses valores foram comparados com valores normativos para idosas brasileiras nessa faixa etária.

    Entretanto essa diferença evidenciada nos resultados pode ser justificada pelas diferenças sociodemográficas das populações comparadas.

    Mais recentemente, no Brasil, estudos mostraram que as disparidades em renda e educação aparecem como os mais importantes fatores sóciodemográficos para explicar diferenças no risco de incapacidade funcional entre os idosos (PARAHYBA et.al., 2004).

    Este fato também pode ser explicado segundo Parahyba e Simoes (2006), que destacaram que as diferenças regionais são importantes. A estratificação da população idosa por grupos de renda familiar per capita indicou que os idosos mais pobres apresentam as maiores taxas de prevalência de incapacidade funcional, sendo praticamente o dobro em relação aos inseridos no estrato de renda mais elevada.

Conclusão

    A manutenção da capacidade funcional pode ter importantes implicações para a qualidade de vida dos idosos, por estar relacionada com a capacidade de ocupar-se com o trabalho até idades mais avançadas e/ou com atividades agradáveis.

    Portanto, parece bastante relevante planejar programas específicos de intervenção para a eliminação de certos fatores de risco relacionados com a incapacidade funcional, mesmo quando é necessário dar mais atenção à uma aptidão que esteja muito fraca, não se deve excluí-la e trabalhar ela sozinha, pois todas fazem parte de um conjunto e estão correlacionadas.

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