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Estudo do fator ansiedade em equipes de 

futsal feminino no torneio Ginásio Florença

Estudio del factor ansiedad en equipos de futbol sala femenino en el torneo Gimnasio Florencia

 

Professora de Educação Física

Jogadora de futsal

(Brasil)

Juliana de Andrade

ju26_andrade@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O futsal é cada vez mais praticado, desenvolvido e disseminado entre meninas e mulheres. É um esporte de fácil acesso, regras simples e não necessita de muitas pessoas para a realização deste, porém para uma competição de futsal, inúmeros fatores são decisivos, pois é veloz e extremamente dinâmico. Todas as valências físicas, técnicas, táticas e psicológicas influenciam diretamente no resultado de uma partida. Este estudo de caráter explicativo teve como objetivo determinar a existência da ansiedade, um fator psicológico, durante a competição do Torneio Adulto de Futsal Feminino Ginásio Florença. A pesquisa foi realizada através da análise de dados obtidos com o Sport Competition Anxiety Test (SCAT) e State-trait Anxiety Inventory (STAI), calculando a média da ansiedade de cada equipe, comparando com a percepção que o grupo tem desta e relacionando com a colocação do time no Torneio de Futsal Feminino. Não levando em consideração as diferenças físicas, táticas e técnicas, que são mínimas, devido ao grau da competição, sendo este adulto amador. E, a partir destes resultados, o estudo identificou como a ansiedade e a percepção influenciou no desempenho de cada equipe durante a competição. Fazendo com que uma determinada equipe seja campeã e outra seja desclassificada logo na primeira fase tendo níveis de ansiedade muito próximos no grupo.

          Unitermos: Futsal. Competição. Ansiedade.

 

Abstract

          The indoor soccer is increasingly practiced, developed and disseminated among girls and women. It is a sport for easy access, simple rules and does not require many people to this, but for a competition for futsal, many factors are decisive, because it is fast and extremely dynamic. All aspects physical, technical, tactical and psychological influence directly the outcome of a match. Explanatory nature of this study aimed to determine the existence of anxiety, a psychological factor, during competition for Futsal Tournament Adult Female Gym Florence. Conducting the search through the analysis of data obtained with the Sport Competition Anxiety Test (SCAT) and State-trait Anxiety Inventory (STAI), anxiety by calculating the average of each team, compared with the perception that the group and this is related to placing the team in the Futsal Championship Women. Not taking into account the physical differences, tactics and techniques, which are minimal, given the degree of competition. And from the results, identify, such as anxiety and perceptions of, influence the performance of each team during the competition. So that a champion team will be disqualified and another is on the first phase with the same level of anxiety in the group.

          Keywords: Futsal. Competition. Anxiety.

 

 
http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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    Para nortear esta apresentação, seguiremos o roteiro a seguir:

  1. Introdução

  2. Metodologia

  3. Revisão de Literatura

  4. Apresentação de Resultados

  5. Análise de dados

  6. Conclusão

  7. Referências

1.     Introdução

1.1.     Contextualização

    A psicologia é um estudo sobre o comportamento humano, suas relações interpessoais e seus processos mentais, desde a sensação, emoção, percepção, aprendizagem, entre outras. Logo, a psicologia influencia constantemente na vida de todas as pessoas. Os estudos sobre psicologia no esporte visam promover as relações intrapessoais, interpessoais, liderança e saúde.

    A ansiedade tem sido bastante estudada dentro deste ramo da psicologia, desde os princípios de estudos sobre o psiquismo do indivíduo.

    Ansiedade é: 1 Aflição, angústia, ânsia. 2 Psicol Atitude emotiva concernente ao futuro e que se caracteriza por alternativas de medo e esperança; medo vago adquirido especialmente por generalização de estímulos. 3 Desejo ardente ou veemente. 4 Impaciência, sofrimento, sofreguidão. (DICIONÁRIO MICHAELIS [ON LINE]).

    Segundo Dratcu e Lader (1993):

    Ansiedade é um sentimento ou emoção de medo, apreensão e desastre iminente, porém não incapacitante como nos Transtornos de Ansiedade. Ou seja, ansiedade traz um desconforto corporal, como por exemplo, a sensação de vazio no estômago, coração batendo rápido, transpiração, etc.

    Ao enfocar o aspecto psicológico dos jogadores, especificamente, no futsal, esporte coletivo e de objetivo competitivo, verifica-se que o fator ansiedade atua numa dimensão maior e mais ampla, pois, além de se manifestar no indivíduo, manifesta-se também no grupo.

    Visando a competição de futsal, vem a necessidade de analisarmos os diversos fatores psicológicos que influenciam os indivíduos que atuam nesse desporto, o presente trabalho busca apresentar um panorama pontual do fator ansiedade vivido por atletas do futsal feminino, que participam do Torneio Adulto de Futsal Feminino Ginásio Florença.

1.2.     Problema

    O fator ansiedade influencia na competição de Futsal Feminino no Torneio de Futsal Feminino Ginásio Florença?

1.3.     Objetivo geral

    Determinar se existe influência do fator ansiedade no Torneio Adulto de Futsal Feminino Ginásio Florença.

2.     Metodologia

2.1.     Delineamento da pesquisa

    Essa pesquisa é de caráter explicativo, sendo desenvolvida como estudo de campo, que tem como abordagem a forma quantitativa.

    Inicialmente foi realizada uma observação em equipes variadas de futsal feminino em diversos torneios e campeonatos municipais e estaduais. Essa observação ocorreu em dez campeonatos que foram realizados na grande Porto Alegre, e consistia em conhecer as equipes e os diferentes tipos de torneios e campeonatos. O objetivo foi usar a observação para ajudar na escolha dos testes que seriam aplicados para a efetuação desta pesquisa. Portanto, com base na experiência individual da autora e nessa observação foi escolhido um inventário e um teste de ansiedade para a aplicação nas jogadoras das equipes participantes.

    Logo após, foi estudada e escrita uma contextualização do tema no projeto dessa pesquisa, e, definido um campeonato para a aplicação destes questionários. Houve esclarecimentos para atletas e treinadores durante a realização do torneio. Este ocorreu no dia primeiro de maio de 2009, das 8 às 18 horas da tarde. Teve a participação de oito equipes, tendo como fórmula de disputa dois grupos compostos por quatro equipes cada, onde as duas equipes de melhor desempenho de cada grupo se classificaram para a fase seguinte. Nessa fase houve a competição da semifinal, disputa da terceira colocação e logo após a final.

    O Torneio do Ginásio Florença em Viamão visa a participação de jogadoras amadoras com idade a partir dos dezoito anos. Durante o torneio, antes do jogo de estréia de cada equipe, foram aplicados os questionários nas sete equipes participantes, já que a oitava equipe inscrita não compareceu, sendo desclassificada automaticamente. Durante a competição foram observados rendimento, postura e interação dos atletas na própria equipe e entre as equipes adversárias. Ao final da competição, foi realizada uma análise dos resultados. Os questionários e as observações foram compilados, interpretados e relacionados, fazendo uma comparação do fator ansiedade entre as equipes finalistas e as que foram desclassificadas ainda na primeira fase.

2.2.     Delimitação do universo

    A pesquisa foi aplicada em jogadoras de futsal feminino, participantes das equipes Ajax, Parma, Correria, Matrix, JDN, Elitte e Caldeirão, que competiram no Torneio amador adulto de Viamão, ocorrido dia primeiro de maio de 2009. Cada equipe era composta de no mínimo sete e no máximo dez atletas. Os questionários foram aplicados em 48 atletas.

2.3.     Instrumento para coleta de dados

    Foram utilizados como instrumento de coleta de dados o teste Sport Competition Anxiety Test – SCAT (MARTENS apud GONÇALVES & BELO, 2007), e State-trait Anxiety Inventory – STAI (SPIEBERGER, 1970). O teste STAI é baseado em uma escala onde existe uma percepção do próprio atleta quanto ao nível de ansiedade antes da partida inicial, este tem que identificar seu grau de ansiedade numa escala de 1 a 9 desde pouco ansioso a muito ansioso. O segundo teste, SCAT, é baseado em quinze questões sobre como o atleta se sente antes da competição, onde o atleta tem que responder as questões, marcando 1, 2 ou 3, sendo que 1 corresponde a Dificilmente, 2 a Às vezes e 3 a Sempre. De acordo com as respostas identificadas é relacionado com o quadro de valores de cada questão, ou seja, dependendo da resposta o atleta ganha uma pontuação para determinada questão. Baseado na pontuação final do atleta identifica-se, segundo a escala do teste SCAT, o nível de ansiedade deste indivíduo.

    Antes da aplicação do inventário e do teste de ansiedade foi esclarecido para as participantes o objetivo da pesquisa e cada uma que participou da pesquisa, assinou o termo de consentimento.

2.4.     Organização da análise dos dados

    Inicialmente, foi realizado um levantamento estatístico, em relação ao inventário e o teste, aplicados durante a competição. Após, os resultados da análise de dados foram demonstrados visualmente em gráficos e dispostos em uma tabela co-relacionando os resultados.

3.     Revisão de literatura

3.1.     Futsal

    O futsal é um dos esportes coletivos mais recentes, introduzido no Brasil por volta de 1940, este desporto vem em ritmo de crescimento meteórico.

    Atualmente, o futsal é um dos três esportes mais populares no Brasil. Entende-se que o principal motivo para essa ascensão é a dificuldade cada vez maior de se encontrar campos de várzea para jogar o futebol de campo, sobretudo em grandes cidades. Inclusive para as escolas que não tem espaço físico para um campo de futebol, o futsal aparece como ótima opção por ser trabalhado em quadra. (PACIEVITCH, 2008).

    Portanto, por ser um esporte de realização fácil, pois não necessita de muito espaço, nem de grandes investimentos, e com participação de poucos jogadores, cada vez mais aumenta o número de praticantes dessa modalidade.

    Nas competições de futsal observa-se que as principais características são o dinamismo e a velocidade, principalmente se comparado ao futebol de campo, justamente por ser um desporto com espaço físico menor, com outras condições de piso e outro modelo de bola, tornar-se um jogo mais rápido.

3.1.1.     Valências físicas, técnica e tática

    Segundo o Dicionário da Educação Física, valência física são qualidades físicas especiais para determinado esporte. Diversas valências físicas são importantes para o futsal, pois quanto melhor preparado fisicamente, maior será o seu rendimento físico durante o jogo. Independente do nível de competição, o atleta com melhor desempenho das valências físicas, terá uma determinada vantagem sobre o adversário, principalmente se estes tiverem desempenhos técnicos equilibrados.

    O futsal é composto por inúmeros aspectos, porém a técnica do movimento é a base para uma competição de alto nível, já que, a técnica é a capacidade que o corpo humano tem para executar determinadas tarefas, com precisão e em menor tempo possível, ou seja, é a habilidade de realizar um movimento preciso com menor gasto energético executando-o em um menor tempo.

    Outro ponto importante da competição de futsal é a tática. Esta de acordo com o Dicionário da Educação Física significa:

    A maneira de utilizar a técnica em favor da equipe. Exemplo: Atrair a marcação para um lado do campo para realizar o passe do outro lado deixando o colega livre. A qualidade do passe diz respeito à técnica, mas a qualidade da decisão do passe diz respeito à tática.

    Portanto, tática na competição de futsal, é como um treinador irá organizar a sua equipe para enfrentar o adversário, levando em consideração a capacidade, a habilidade dos seus atletas e dos atletas adversários. Logo, é toda a estratégia montada por uma equipe, para vencer a partida, considerando tanto a defesa quanto o ataque, e as possíveis modificações que podem ocorrer com o desenrolar do jogo.

3.2.     Psicologia do Esporte

    Todos os seres humanos são influenciados pelo seu psicológico, alguns conscientes outros inconscientemente. Logo, é necessário existir uma área que estude esses fenômenos que ocorrem com o indivíduo durante as atividades físicas e competitivas.

    O Psicodiagnóstico Esportivo, refere-se a avaliação de condutas, atitudes e aptidões psicológicas (incluindo pontos fortes e vulneráveis) que possibilitam aos esportistas melhorar as condições e recursos de sua prática esportiva. (PALMER, 1995, apud FLEURY, 2008, p3).

    Logo, ela ajuda a entender como a atividade física beneficia os indivíduos que sofrem com algum transtorno psicológico, ao mesmo tempo em que estuda os efeitos de fatores psicológicos sobre o desempenho físico e motor de cada indivíduo. Esta parece ser uma área recente, todavia existe desde o princípio do século XX.

    Uma vez que a psicologia do esporte foi evoluindo, seus estudos aumentando, os pesquisadores foram notando alguns pontos cruciais que influenciavam diretamente no fator psicológico.

    [...] há centenas de anos as pessoas competem em esportes, mas apenas recentemente os psicólogos do esporte começaram a estudar de modo sistemático os comportamentos competitivos e cooperativos no esporte [...] (WEINBERG; GOULD, 2001, p. 126).

    Dessa maneira entendemos que apesar da psicologia do esporte estar evoluindo, ainda hoje não temos tantos estudos quanto poderia, porém, com pesquisas de modo sistemático podemos ir um pouco mais à raiz do problema, enxergando assim, que existem inúmeros fatores psicológicos que influenciam no desenvolvimento do jogo, e esse fator psicológico pode ser decisivo para a competição.

    Existem diversos fatores psicológicos que afetam o desempenho dos atletas durante a competição. Este estudo se aprofundará mais quando nos fixarmos no fator ansiedade.

3.3.     Ansiedade

    Segundo Izquierdo (2002, p.69):

    Todos experimentamos algum grau de ansiedade ao longo de cada dia; mas há vários tipos de ansiedade, e nem todas nos causam mal-estar. A ansiedade é antecipatória, ficamos ansiosos porque prevemos a possibilidade de algo. Mas este “algo” pode ser benéfico ou terrível. Ninguém se queixa da ansiedade causada pela expectativa de algo benéfico.

    Já, Freud (apud MAY, 1977) afirma que “[...] a capacidade para a ansiedade é inata do organismo, que é parte integrante do instinto de conservação e que é herdada filogeneticamente [...]”.

    Portanto, ambos os autores concordam que ansiedade é normal, que faz parte do ser humano, funciona como uma defesa do organismo para qualquer acontecimento onde o mesmo se sinta ameaçado, tanto na segurança pessoal quanto numa competição. Logo, a ansiedade envolve um conflito interior, de como as coisas deveriam estar acontecendo, envolve todo o consciente e o inconsciente do próprio indivíduo.

    Alguns autores diferenciam ansiedade em dois termos. Entre “ansiedade-estado” e “ansiedade-traço”.

    Estado de ansiedade é uma condição emocional transitória, associada a atividade do Sistema Nervoso Autônomo. A ansiedade de traço é uma propensão para a ansiedade ou a frequência da manifestação de ansiedade num extenso período de tempo. (SPIELBERGER, apud MAY, 1977, p. 121)

    Ou seja, a ansiedade-estado é percebida pelo indivíduo, é um estado emocional temporário, com sentimentos de apreensão e tensão. O indivíduo pode suar; a respiração tornar-se mais ofegante; entre outros sintomas; Já a ansiedade-traço é uma tendência comportamental de perceber como ameaça situações que não oferecem perigo.

    Crises de ansiedade muito grave são preocupantes. Segundo May (1977):

    A ansiedade pode chegar a extremos da angústia e, se demasiado intensa ou reiterada, pode levar ao estresse. A ansiedade extrema pode desencadear infartos do miocárdio, crises hipertensivas ou derrames cerebrais. A ansiedade intensa repetida ou constante é, portanto, perigosa e deve ser tratada [...] (p.71)

    Mesmo não sendo muito saudável uma constante ansiedade, Nardi (2000) defende que:

    Ninguém poderá desempenhar satisfatoriamente nada na sua vida sem um certo grau de ansiedade. Como já vimos, este corresponde àquilo que popularmente se denomina “motivação”, “atenção” ou “alerta”. (p.80)

    Portanto, a ansiedade é importante para a vida do indivíduo, é algo que está no seu interior, porém, quando a ansiedade é forte e constante, o caso torna-se patológico.

    No futsal é importante certa quantidade de ansiedade, pois ela instiga maior motivação, competitividade nos atletas, superação, mesmo quando em situações adversas, como por exemplo, jogar fora do seu ambiente, jogar contra uma equipe melhor preparada, enfrentar torcida contrária, entre outras.

    De acordo com Weinberg e Gould (2001), “[...] competitividade é a disposição de lutar por satisfação ao fazer comparações com algum padrão de superioridade na presença de avaliadores [...]”

    A ansiedade está diretamente interligada com o estresse competitivo. Estresse é definido como “um desequilíbrio substancial entre demanda (física e ou psicológica) e a capacidade de resposta, sob condições em que a falha em satisfazer aquela demanda tem importantes conseqüências” (MC GRATH apud WEINBERG; GOULD, 2001).

    Ou seja, o estresse e a ansiedade influenciam-se mutuamente. Por exemplo, os atletas de uma determinada equipe precisam jogar uma partida decisiva no campeonato, o estresse é forte, gerando um estado de ansiedade muito grande em cada atleta. No entanto, se a partida é durante a temporada, logo, não é decisiva para o time, e os jogadores estão com o nível de ansiedade muito grande, a partida torna-se igualmente difícil, pois a ansiedade individual influenciou no grupo, gerando um grande estresse competitivo. Sendo assim, percebemos que a importância do evento também é um fator gerador de estresse.

    Portanto, a ansiedade juntamente com o estresse competitivo, interfere nas competições de futsal.

4.     Apresentação de resultados

    Realizada a coleta de dados na competição do Torneio de Futsal Feminino do Ginásio Florença, pôde-se analisar a existência e a interferência do fator ansiedade nessa competição. Os resultados indicaram que houve diferença estatística. Analisando o gráfico 1, pode-se observar os diferentes graus de ansiedade em cada equipe. Embora alguns valores sejam muito aproximados, nota-se certa diferença nos níveis. Já, o gráfico 2, mostra a diferença do grau de percepção de cada equipe, através da relação entre os resultados do gráfico 1 com os resultados do gráfico 2. Sendo assim, mesmo as equipes tendo um nível aproximado de ansiedade, tendo uma percepção maior desta, pode ser este o diferencial no momento da competição.

Gráfico 1. Média do Sport Competition Anxiety Test (MARTENS, 1977), demonstrado por equipe

 

Gráfico 2. Média do State-Trait Anxiety Inventory (SPIELBERGER, 1970), demonstrado por equipe

    Realizando a co-relação entre os dois gráficos e a classificação da equipe no Torneio, observa-se na Tabela 1, a comparação desses resultados.

Equipes participantes

Média do teste Scat

Média da escala Stai

Colocação na competição

Correria

22,5

6,63

Matrix

20,9

6,63

Elitte

19,7

7,30

Parma

18,1

7,44

Caldeirão

17,9

5,00

Ajax

17,8

5,50

Jdn

17,7

6,07

Tabela 1. Co-relação dos resultados dos gráficos 1 e 2, e a classificação da equipe na competição

5.     Análise de dados

    A escala State-trait Anxiety Inventory - STAI constata a percepção que a atleta tem da própria ansiedade. Quando a ansiedade é excessiva e a atleta tem percepção desse fato, ela tem como trabalhar esse fator, fazendo com que ele sirva de estímulo na hora do embate, e não o contrário. Percebendo a ansiedade, temos como direcioná-la para a garra e a motivação, diminuindo o nervosismo e o estresse competitivo. Porém, se a atleta não tem essa percepção, é mais difícil trabalhar essa característica tanto individualmente como dentro da equipe, aumentando assim a possibilidade de erros técnicos e táticos dentro de quadra durante a competição.

    Com base nos dados do Sport Competition Anxiety Test - SCAT constata-se que tanto as equipes com menor índice de ansiedade como as equipes com maior grau de ansiedade não conseguiram figurar entre as equipes finalistas. Nota-se, no entanto, que a equipe Matrix, terceira colocada no Torneio, teve uma média alta de ansiedade, entretanto, a percepção individual desse fator em cada atleta também teve uma média elevada. Ao ter a exata noção disso, a equipe poderia trabalhar evitando uma margem maior de possíveis erros técnicos e táticos, fortalecendo um pouco mais o próprio grupo. A equipe JDN além de obter um baixo nível de ansiedade e um baixo nível de percepção desse fato, ao competir com a equipe Matrix, não manteve um bom rendimento, demonstrando apatia e pouca motivação o que colaborou para que o time não conseguisse o bom resultado que buscava, perdendo o jogo de disputa pela terceira colocação.

    As equipes Parma e Elitte, finalistas do Torneio, obtiveram, na média dos resultados do teste SCAT, comparado as outras equipes, os níveis mais equilibrados do fator ansiedade, e também foram as equipes com maior percepção do grau de ansiedade, sendo a disputa final realizada no detalhe de cada fator do esporte, técnico, tático, físico ou psicológico. A equipe campeã, Parma, tem o fator ansiedade em menor grau e maior percepção deste que a equipe Elitte, podendo ter sido esse um dos diferenciais do duelo final.

6.     Conclusão

    A ansiedade não só interfere em uma competição, como a mesma é um fator muito importante, porém, a ansiedade excessiva prejudica a equipe, pois gera o nervosismo que resulta em erro técnico e tático, beneficiando a equipe adversária. Por outro lado, a total falta de ansiedade gera desmotivação, uma certa apatia em quadra o que, também, acaba beneficiando a equipe adversária que pode obter certas vantagens explorando este aspecto.

    A partir dos dados pode-se concluir que as equipes que foram extremas, ou seja, obtiveram os mais altos ou mais baixos níveis de ansiedade, sem se aperceberem disso, não chegaram às semifinais da competição, sendo considerado esse um dos motivos agravantes para a não classificação dos times. Por outro lado, as três equipes primeiro colocadas no Torneio, ou foram as que obtiveram no teste do fator ansiedade os resultados mais equilibrados, ou que, se em desequilíbrio, tiveram a percepção desse fato e souberam direcionar e tirar proveito desse fator de risco.

    Portanto, partindo do pressuposto de equilíbrio nos aspectos diversos do futsal, como, as valências físicas, a técnica, a tática e outros fatores psicológicos, este estudo dá relevância ao fator ansiedade. Identificando-o e relatando como o fator pode ter interferido na competição do Torneio de Futsal Feminino do Ginásio Florença, tendo como base os resultados obtidos no teste Sport Competition Anxiety Test - SCAT (MARTENS, 1977) e na escala de State-trist Anxiety Inventory – STAI (SPIELBERGER, 1970).

Referências

  • BIBLIOTECA. In: Dicionário da Atividade Física. 1999. Disponível em: http://www.cdof.com.br/dicionario.htm, Acesso em Agosto.

  • BIBLIOTECA. In: Dicionário Michaelis On Line. 1998. Disponível em: http://www.michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php, Acesso em 2009.

  • DRACTU, Luiz. LADER, Malcolm. Pesquisa em Base de Dados On Line. Biblioteca Virtual em Saúde, 1993.

  • FLEURY. Suzy. Instrumentos de Avaliação Psicológica no Esporte. São Paulo. Disponível em http://www.fitotraining.com.br/artigos/Avaliacao_Psicologica.pdf, Acesso em 2009.

  • IZQUIERDO. Ivan. Tempo de Viver. São Leopoldo: Unisinos. 2002. 67p.

  • MACHADO. Afonso A. Psicologia do Esporte. Jundiaí: Ápice. 1997. 191p.

  • MAY. Rollo. O Significado de Ansiedade. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 1977. 143p.

  • NARDI. Antonio Egidio. Transtorno da Ansiedade Social: Fobia Social, Timidez Patológica. Belo Horizonte: Medsi. 2000. 145p.

  • PACIEVITCH. Tais. O futsal. 2008. São Paulo. Disponível em: http://www.infoescola.com/esportes/futsal/ Acesso em 2009.

  • SHARKEY. Brian. Condicionamento Físico e Saúde. São Paulo: Artmed. 2006. 124p.

  • WEINBERG. Roberto; GOULD. Daniel. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. São Paulo: Artmed. 2001. 200p.

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