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Trato da aptidão física em escolas de ensino 

médio da rede estadual na zona urbana de Pelotas, RS

Tratamiento de la aptitud física en las escuelas medias de la red estatal en la zona urbana de Pelotas, RS

 

*Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas

Especialista em Atividade Física e Promoção da Saúde pela UFP

**Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas

Aluno do Curso de Mestrado em Educação Física da UFP

***Professor Doutor da Escola Superior de Educação Física da UFP

(Brasil)

Cristian César Leal da Silva*

Marcel Anghinoni Cardoso**

Flávio Medeiros Pereira***

mcanghinoni@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve por objetivo analisar se a aptidão física é tratada ou não dentro da Educação Física no Ensino Médio na rede estadual de ensino na zona urbana de Pelotas. Dezesseis professores fizeram parte da amostra, sendo que 25% afirmaram tratar a Aptidão Física em suas aulas e 75% afirmaram não tratar do tema em questão. Os dados remetem a uma alarmante realidade dentro da Educação Física Escolar na população analisada, bem como a necessidade da inserção desta temática com maior ênfase no cotidiano da Educação Física

          Unitermos: Ensino Médio. Aptidão física. Educação Física Escolar.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Assim como as demais disciplinas do contexto educacional, a Educação Física Escolar se identifica por meio de seus conteúdos e através deles busca atingir seus objetivos de ensino. Os objetivos da Educação Física (EF) têm como sua principal finalidade o desenvolvimento da cultura corporal do discente, através das atividades realizadas dentro das aulas da disciplina. Não obstante, faz-se necessário objetivar dentro da aula que este corpo esteja em adequadas condições para se desenvolver dentro das aulas de EF. Assim, usufruindo da gama de práticas corporais presentes na Educação Física Escolar (EFE) e aprendendo acerca da manutenção de um corpo saudável, o aluno poderá adquirir o conhecimento necessário para manter seu corpo saudável e em movimento após o fim do período escolar.

    Para que a EFE exerça seu papel, direcionando também para os aspectos ligados a aptidão física (APF) e saúde do aluno, faz-se necessário o tratamento dessas questões durante as aulas de Educação Física, visando educar o aluno acerca da importância de uma boa APF no cotidiano dentro e fora do ambiente escolar.

    Diversos estudos, entre eles Nahas et al (1995), Silva & Malina (2000), têm constatado que os atuais hábitos de vida dos escolares inevitavelmente os conduzirão ao sedentarismo, a obesidade e as suas conseqüências maléficas. Isso se dá pela diminuição das atividades práticas e da prestação de conhecimento acerca da importância da aptidão física relacionada à saúde no cotidiano do aluno dentro das aulas de Educação Física Escolar.

    Além disso, diversos estudos que tematizaram o conhecimento sobre o exercício físico e sua relação com o desenvolvimento de um estilo de vida saudável, e que englobaram em suas amostras adolescentes em idade escolar (Pereira (2000), Domingues et al (2004), Rocha (2007)), constataram que o nível de conhecimento dos mesmos é bastante insatisfatório. Logo, vê-se a necessária intervenção, principalmente por parte do professor dentro das aulas de Educação Física, nessa alarmante realidade constatada.

    Tendo em vista a discussão proposta anteriormente, este estudo objetivou analisar se a aptidão física é ou não uma temática presente dentro das aulas de Ensino Médio, tendo em vista a importância dela no contexto da Educação Física Escolar no nível médio de ensino.

2.     Metodologia

    O presente estudo foi de caráter descritivo post factum, apoiado em Gil (1999) e Richardson (2010). Sua realização se deu em escolas da rede pública estadual de Pelotas-RS, situadas no centro da cidade e próximas ao mesmo, cujos docentes de EF, em atendimento ao cronograma proposto por esta proposta, se dispuseram a responder ao instrumento de pesquisa dentro do prazo previsto. As oito instituições visitadas compreendem 39% do total de estabelecimentos com EM da rede estadual que oferecem aulas regulares de EF nesta cidade.

    Foram realizadas dezesseis entrevistas, abrangendo todos os professores de EF das instituições com turmas no EM. Atendendo aos parâmetros éticos, o nome das instituições e dos professores foram mantidos em sigilo absoluto.

    Os professores que participaram da pesquisa responderam a uma entrevista semi-estruturada e devidamente validada por professores doutores do corpo de docentes da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas. Para este estudo, apenas a primeira pergunta do instrumento, que diz respeito ao trato ou não do tema aptidão física durante as aulas, foi considerada como parâmetro para análise e discussão.

    A análise dos dados se deu de forma descritiva, onde se quantificou o número de instituições visitadas, o número de professores de EF de cada instituição com a definição de que visa o trabalho da APF em suas aulas ou não, o tempo de docência e de trabalho com o EM, onde respectivamente, calculou-se a média e o desvio padrão destes dois períodos entre os professores estudados utilizando o programa Microsoft Excel 2003.

3.     Resultados

3.1.     Dados relativos à amostra

    Nas oito escolas visitadas, foram entrevistados dezesseis professores. O tempo de docência médio como de professor de EF foi de 20,2 anos (DP ± 9). Em relação ao tempo de trabalho com ensino médio constatou-se uma média de trabalho de 10,6 anos (DP ± 8).

3.2.     Dados relativos ao trato da APF nas aulas de EF

    Dos dezesseis professores entrevistados, quatro deles (25%) afirmaram que visam o trabalho voltado a APF durante as aulas de EF. Os outros doze professores (75%) entrevistados afirmaram não utilizar aspectos referentes ao trato da APF durante suas aulas.

4.     Discussão

    A partir dos dados coletados neste estudo, constatou-se que a APF não é trabalhada de forma expressiva dentro das aulas de EF no Ensino Médio na população estudada. Tal constatação leva a consideração de uma preocupante realidade, tendo em vista a importância do conhecimento sobre os benefícios do exercício físico e do desenvolvimento de uma boa aptidão física em adolescentes em idade escolar.

    Estudos de Rocha (1997), Pereira (2000) e Domingues (2004) indicam o conhecimento acerca de aspectos ligados ao exercício físico, como tipos de exercício, prevenção quanto a fatores de risco e manutenção de um estilo de vida adequado, é bastante insatisfatório na população adolescente. Não obstante, o trato de aspectos ligados a APF dentro das aulas seria fundamental para aquisição do conhecimento e adesão a prática de exercícios físicos no cotidiano do aluno, tanto dentro quanto fora da escola.

    Sobre o estilo de vida de adolescentes em idade correspondente ao nível médio de ensino, estudos de Guedes et al (2006), Maria et al (2009), Matsudo et al (2002) dentre outros, em diferentes regiões do Brasil, indicam um quadro preocupante, a medida que a prevalência de obesidade e sedentarismo vêm crescendo de forma bastante significativa nessa população. A partir dessa realidade, vê-se o quão importante é que o trato da APF de maneira teórica e prática esteja presente dentro das aulas de EF, e o quão alarmante é o fato de apenas 25% dos professores entrevistados neste estudo tratarem a aptidão física dentro de sua prática docente.

    Nessa lógica de discussão, Guedes (1999) afirma a importância do professor na construção de uma EF voltada a saúde dentro da escola, sendo importantíssima a ação docente no trato de conteúdo que tragam ênfase a aptidão física e sua manutenção por toda vida. Pereira (2006) sugere aulas que proponham uma exercitação física vigorosa dentro das aulas aliada ao conhecimento sobre o exercício físico em suas diferentes lógicas. Assim, vê-se que tratar a APF dentro das aulas é de suma importância, e que a atividade docente é fundamental no desenvolvimento dessa temática dentro das aulas de EF.

5.     Conclusão

    Os dados coletados neste estudo indicaram que o trato de aspectos ligados a aptidão física é pouco significante dentro das aulas de Educação Físico no universo amostral estudado. Tendo em vista importância dessa temática dentro das aulas de Educação Física, conclui-se que é de extrema necessidade que a ação docente visando a aptidão física e a saúde seja estimulada, tanto dentro dos cursos de formação de professores de Educação Física quanto por políticas governamentais que salientam a importância da Educaçao Física e do professor de Educação Física no trato da Aptidão Física dentro do cotidiano escolar no nível médio de ensino.

Referências bibliográficas

  • DOMINGUES, M. R.; ARAÚJO, C. L. P.; GIGANTE, D. P. Conhecimento e percepção sobre exercício físico em uma população adulta urbana do sul do Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n.1, 2004.

  • GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª edição, São Paulo, Atlas. 1999

  • GUEDES, D. P. Educação para saúde mediante programas de Educação Física Escolar. Revista Motriz, Volume 5, Número 1, Junho/1999

  • GUEDES, D.P.; PAULA, I. G.; GUEDES, J. E. R. B.; STANGANELLI, L. C. R. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes: estimativas relacionadas ao sexo, à idade e à classe socioeconômica. Revista brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.20, n.3, p.151-63, jul./set. 2006

  • MARIA, W. B.; GUIMARÃES, A. C. A.; MATIAS, T. S. Estilo de vida de adolescentes de escolas públicas e privadas de Florianópolis SC. Revista de EF/UEM, Maringá, volume 20, nº 4, 2009

  • MATSUDO, S. M.; MATSUDO, V. C.; ARAÚJO, T., ANDRADE, D.; ANDRADE, E.; OLIVEIRA, L.; BRAGGION, G. Nível de atividade física da população do estado de São Paulo: análise de acordo com gênero, idade, nível socioeconômico, distribuição geográfica e de conhecimento. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, volume 10, nº 4, 2002

  • NAHAS, M. V.; PIRES, M. C.; WALTRICK, A. C. A. & BEM, M. F. L., Educação para a atividade física e saúde. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, nº 1, 1995.

  • PEREIRA, F. M. Ensino Médio, Educação Física e Conhecimento. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, volume 14, nº 1, 2000

  • PEREIRA, F. M. A favor da Ginástica no cotidiano da Educação Física no Ensino Médio. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, volume 11, nº 2, 2006

  • RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 3ª edição, São Paulo, Atlas, 2010.

  • ROCHA, P. G. M.; RODRIGUES, V. P.; MOREIRA, T. S. Conhecimento e percepção de adolescentes sobre exercício físico relacionado à saúde e qualidade de vida da rede de ensino da cidade de Maringá-Paraná. Revista EF/UEM, Maringá, volume 18, nº 1, 2007

  • SILVA, R. C. R., MALINA, R. M. Nível de atividade física em adolescentes do município de Niterói, Rio de janeiro, Brasil. Caderno de Saúde Pública, 16(4), 2000.

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