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Perfil de desenvolvimento motor de escolares

Perfil del desarrollo motor de escolares

Motor development profile of scholars

 

*Educadora Física e Mestre em Ciências do Movimento Humano

pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

**Educadora Física e Mestre em Ciências do Movimento Humano

pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Membro do LAGESC do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte

da Universidade do Estado de Santa Catarina

***Educador Físico e Mestre em Ciências do Movimento Humano

pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

****Educador Físico e Doutor em Sexualidade Humana

Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano

Coordenador do Laboratório de Sexualidade, Corporeidade e Gênero (LAGESC)

do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da Universidade

do Estado de Santa Catarina

Samantha Sabagg*

samanthasabagg@hotmail.com

Rozana Aparecida da Silveira**

rozanasilveira@hotmail.com

Cícero Augusto de Souza***

cicinhofloripa@hotmail.com

Fernando Luiz Cardoso****

rozanasilveira@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: Esta pesquisa tem como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de escolares, bem como verificar as diferenças entre os sexos. Materiais e métodos: Esta é uma pesquisa de campo, não probabilística, caracterizada como descritiva-comparativa. Participaram desta pesquisa 192 escolares, sendo 105 meninos e 87 meninas, matriculados na 5ª série do ensino fundamental em um Colégio da Rede Pública de Ensino do Munícipio de São José – SC. Os dados da pesquisa foram inseridos e analisados no programa computadorizado Statistical Package for the Social Science (SPSS for Windows) versão 15.0. Realizou-se um estudo descritivo e o teste T de Student foi utilizado para verificar diferenças entre os sexos. Resultados: Pode-se observar que as médias relacionadas à avaliação motora foram satisfatórias na maioria das variáveis de acordo com o teste, exceto para a variável “organização espacial”. Os meninos se sobressaíram na “motricidade global” e “motricidade espacial”, nas outras variáveis não houve diferenças significativas. Discussão: Uma questão muito importante averiguada por esse estudo, foi em relação a escolha do instrumento de avaliação motora, pois através da revisão de literatura, observamos uma diferença nos resultados de acordo com a bateria utilizada, parece que o resultado favorável ao sexo feminino, ou masculino depende da escolha da bateria de avaliação e não do real desempenho dos alunos. Isso talvez ocorra, porque as diferenças entre os sexos podem ocorrer em cada atividade específica e não exatamente em cada área do desenvolvimento motor.

          Unitermos: Desenvolvimento motor. Estudantes. Avaliação.

 

Abstract

          Introduction: This research aims to evaluate the motor development of scholars, as well as verify the differences between the genders. Materials and Methods: It is characterized as descriptive-comparative and non probabilistic research. The amount of participants was 192 students, from which 105 were boys and 87 were girls, registered on the fifth grade on a public school from São Jose – SC. The obtained data were analyzed on Statistical Package for Social Science computer program (SPSS for Windows) version 15.0. A descriptive study was done and the T test of student was used to verify the differences between the genders. Results: The means related to motor evaluation were considered satisfactory on most variables according to “Escala de Desenvolvimento Motor” from Rosa Neto. The only exception was the variable “spacial organization” which showed a lower result than expected. The boys had better results on global motricity and manual abilities. The other variables did not show significant differences. Discussion: An important matter related to the selection of the motor evaluation assessment was verified. Throughout analyses of other studies in the same area, a difference on the results is expected according to the battery used. It seems that the favoring of an specific gender depends on the selected assessment battery and independs on the scholars performance. It probably occurs because the differences between the genders depend on each specific activity and not on each motor development area.

          Keywords: Motor development. Scholars. Evaluation.

 

Resumen
          Introducción: Este estudio tiene como objetivo evaluar el desarrollo motor de los escolares y verificar las diferencias entre los sexos. Materiales y métodos: Se trata de una investigación de campo, no probabilística, que se caracteriza como descriptivo y comparativo. 192 estudiantes participaron en esta investigación, con 105 niños y niñas matriculados en 87 de 5º grado de la escuela primaria de un colegio de la Red de Escuelas Públicas de la Municipalidad de San José - SC. Los datos de la encuesta fueron introducidos y analizados con el paquete estadístico computarizado de Ciencias Sociales (SPSS para Windows) versión 15.0. Se realizó un estudio descriptivo y se utilizó la prueba t de Student para evaluar las diferencias entre los sexos. Resultados: Se puede observar que los promedios relacionados con la evaluación motora fueron satisfactorios en la mayoría de las variables de acuerdo a la prueba, a excepción de la variable “organización espacial”. Los niños sobresalieron en “habilidad global" y el "motricidad espacial" en las demás variables no hubo diferencias significativas. Discusión: Un tema muy importante a investigar en este estudio es que hemos comparado la elección del instrumento de evaluación motora, porque a través de revisión de la literatura, notamos una diferencia en los resultados de acuerdo a la batería utilizada. Parece que el resultado en favor de las mujeres o de los hombres depende de la elección de la batería de evaluación y no del rendimiento real de los alumnos. Esto puede deberse a que las diferencias entre los sexos se puede producir en cada actividad específica y no precisamente en todas las áreas del desarrollo motor.

          Palabras clave: Escolares. Desarrollo motor. Evaluación.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Desenvolvimento físico caracteriza o crescimento em tamanho das várias partes do corpo e o aumento em complexidade de suas estruturas e funções. Já o desenvolvimento motor refere-se ao movimento e controle das partes do corpo, desta forma, quando a criança cresce e se desenvolve, a habilidade em usar as partes de seu corpo aumenta em força, velocidade e coordenação1. O desenvolvimento motor também pode ser definido como uma contínua alteração no comportamento motor ao longo do ciclo da vida, proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente2,3. Existe uma tendência em pensarmos mais nas crianças, porém essas mudanças também ocorrem com adultos e idosos4.

    O desenvolvimento das crianças segue padrões típicos, que descrevem o modo como importantes atributos e habilidades se desenvolvem e as idades aproximadas em que aparecem. Esses padrões representam a idade média em que uma criança é capaz de engatinhar, correr, saltar e são úteis para descrever como a maioria das crianças se desenvolve “normalmente”, pois com base neles, pode-se prever como a criança “típica” progride1. Embora esses padrões sejam válidos para fins comparativos e preditivos no controle do desenvolvimento “típico” segundo o autor, as crianças individualmente variam muito, tendo um tempo peculiar para a aquisição e para o desenvolvimento de habilidades motoras.

    Apesar de o relógio biológico ser bastante específico quando se trata da seqüência de aquisições de habilidades motoras, o nível e extensão do desenvolvimento são determinados individual e dramaticamente pelas exigências da tarefa em si. As faixas etárias meramente representam escalas de tempos aproximadas, as quais certos comportamentos podem ser observados. O excesso de confiança nas delimitações desses períodos de tempo negaria os conceitos de continuidade, especificidade e individualidade do processo desenvolvimentista2, pois ao se traçar uma média, muitas crianças ficarão acima ou abaixo do padrão para sua idade, surgindo assim alguns estereótipos sociais, pois uma criança que não se encaixa nos padrões de normalidade pode sentir-se excluída e prejudicada em relação a outras crianças, podendo gerar traumas e deixar alguns pais decepcionados.

    Existem crianças que são mais estimuladas motoramente no ambiente em que vivem, recebem estímulos da família, possuem uma área ampla e cheia de recursos para se desenvolverem plenamente. Outras crianças se encontram desprovidas de recursos, essas vivenciam pouco as situações próprias do mundo infantil, não recebendo, desta forma oportunidades necessárias para um desenvolvimento mais amplo, podendo aumentar a possibilidade de apresentar falhas no seu desenvolvimento5.

    A motricidade humana segundo Rosa Neto6 pode ser definida a partir dos seguintes aspectos: motricidade fina; motricidade global; equilíbrio; esquema corporal; organização espacial; organização temporal e lateralidade.

    Embora sejam válidas para fins comparativos e preditivos no controle do desenvolvimento normal, as normas são médias e, por conseguinte, as crianças individualmente variam muito em cada ponto da norma2. Segundo o autor essas diferenças individuais no desenvolvimento motor ocorrem por várias razões. Algumas influências biológicas são a hereditariedade, os hormônios e o sexo. Algumas influências contextuais são a nutrição, a saúde (física e emocional) e o exercício.

    Ao verificar as pesquisas realizadas sobre o desenvolvimento motor no Brasil percebeu-se que existem poucos estudos tratando de população “típica”. Grande parte dos trabalhos refere-se a populações específicas, como obesos, crianças com dificuldades de aprendizagem, crianças sedentárias, ou em fase pré-escolar. Outra questão que pudemos observar foi que os resultados, em relação a diferença entre os sexos, dependem muito da bateria de avaliação utilizada.

    Devido a essa deficiência nos estudos do desenvolvimento motor da realidade brasileira, este estudo tem como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de escolares, bem como verificar as diferenças entre os sexos.

Materiais e métodos

Tipos de pesquisa

    Esta é uma pesquisa de campo, não probabilística, caracterizada como descritiva-comparativa, pois se deteve em observar e comparar os fenômenos, procurando interpretá-los7.

População e amostra

    A população desta pesquisa foi formada por alunos do sexo masculino e feminino, devidamente matriculadas na 5ª série do ensino fundamental de uma escola da Rede Municipal de Ensino de São José - SC. Para este estudo os participantes foram selecionados de forma intencional, sendo estes alunos da 5ª série do ensino fundamental regularmente matriculado na escola de realização da pesquisa. O tamanho da amostra foi de 192 escolares, sendo 105 meninos e 87 meninas, com os respectivos números de indivíduos para cada idade e sexo apresentados no Quadro I.

Quadro I. Caracterização geral dos alunos participantes do estudo

Idade

Sexo

Total

Feminino

Masculino

N

%

N

%

10 anos

19

21,8

17

16,2

36

11 anos

57

65,5

70

66,7

127

12 anos

11

12,6

18

17,1

29

Total

87

100

105

100

192

Coleta de dados

    Todos os procedimentos da pesquisa atenderam as recomendações descritas na literatura e não implicaram em qualquer risco ou prejuízo para os indivíduos participantes. O estudo cumpriu as “Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos” (196/96), editadas pela Comissão Nacional de Saúde.

Instrumento

    Com o intuito de verificar o desenvolvimento motor das crianças foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Motor - EDM de Rosa Neto (2002). A avaliação é dividida em seis áreas: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e temporal. A ênfase foi dada ao resultado de cada área da psicomotricidade e não aos valores cronológicos que a bateria oferece, pois a mesma é indicada para avaliar crianças de no máximo 11 anos e os alunos participantes desta pesquisa possuiam idade entre 11 e 12 anos. Os escores foram definidos, portanto, de acordo com a idade motora que o aluno alançou em cada área, esses escores variam de 2 a 11.

Tratamento dos dados

    Os dados da pesquisa foram inseridos e analisados no programa computadorizado Statistical Package for the Social Science (SPSS for Windows) versão 15.0. Realizou-se um estudo descritivo e o teste T de Student foi utilizado para verificar diferenças entre os sexos.

Resultados

    Os participantes desta pesquisa são homogêneos em termos de idade, tendo mais meninos do que meninas envolvidas, sendo que a média de idade entre os sexos não apresenta diferença estatísticamente significativa (T = 1,204, p = 0,230). As médias de idade com mais detalhes em relação ao sexo estão representadas no quadro II.

Quadro II. Detalhes da faixa etária dos participantes da pesquisa

Sexo

Idade

Média

Mínima

Máxima

Masc

105 (54,7%)

11,01 0,58*

10

12

Fem

87 (45,3%)

10.91 0,58*

10

12

* Desvio padrão

Perfil de desenvolvimento motor dos participantes

    As médias relacionadas à avaliação motora foram satisfatórias na maioria das variáveis de acordo com o teste. Apesar de esses resultados serem controlados pela idade biológica dos alunos, o teste utilizado foi criado para avaliar crianças de 2 a 11 anos, assim mesmo com a idade variando de 10 a 12 anos (média de 10,96 anos), o máximo de escore possível no teste seria 11. Maiores detalhes na tabela I.

Tabela I. Perfil de desenvolvimento motor dos participantes

EDM

Média

Mediana

Sd

Mínimo

Máximo

Motricidade fina

10,33

11

0,8

8

11

Motricidade global

10,64

11

0,7

8

11

Equilíbrio

10,29

10

0,8

5

11

Esquema corporal

10,77

11

0,5

8

11

Organização Espacial

8,49

8

1,4

5

11

Organização temporal

10,29

11

0,9

7

11

Sd = desvio padrão

Diferença entre os sexos

    Realizou-se um teste T de Student para verificar a diferença entre os sexos em cada variável do desenvolvimento motor. As variáveis que apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os sexos foram motricidade fina e motricidade global, sendo que nas duas os meninos ficaram com médias mais altas, como se pode verificar na tabela II.

Tabela II. Diferença no perfil de desenvolvimento motor entre os sexos

Variáveis

Meninos

Meninas

Teste T

Significância

Média

Sd

Média

Sd

Motricidade fina

10,58

0,6

10,02

0,9

4,73

,001

Motricidade global

10,75

0,6

10,51

0,8

2,28

,023

Equilíbrio

10,27

0,7

10,31

0,9

-0,35

,725

Esquema corporal

10,74

0,6

10,80

0,5

-0,72

,470

Organização espacial

8,54

1,3

8,44

1,5

0,50

,617

Organização temporal

10,34

0,9

10,22

0,9

0,90

,369

Sd = desvio padrão

Teste T – diferença entre as médias

Significância – considerada valores abaixo de 0,05

Discussão

Perfil de desenvolvimento motor dos participantes

    A variável “Esquema corporal/rapidez” foi a que os alunos se saíram melhor, é um teste simples no qual deveriam preencher uma folha cheia de quadradinhos durante um minuto. A única variável que ficou bem abaixo da média foi a “organização espacial”, pois os alunos apresentaram uma média de 8,49 e a idade média deles é de 10,96 anos. Provavelmente porque nesse teste além da noção espacial os avaliados precisam de uma boa noção de lateralidade (“direita” e “esquerda”). Ficou visível durante a avaliação a dificuldade dos alunos nesse sentido, uma grande parte não conseguia nem identificar o seu braço direito ou o esquerdo, quando eram questionados sobre a mão com que escreviam, não sabiam responder, apenas levantavam a mão e diziam “essa aqui”, houve até alguns casos em que erraram, mostraram uma mão e depois escreveram com a outra.

    Em um estudo realizado 8 em Presidente Prudente (SP), foram encontrados resultados bem diferentes onde as variáveis nas quais os alunos obtiveram piores resultados foram a de “esquema corporal” e os melhores resultados foram na “Estruturação espaço-temporal” e “coordenação dinâmica geral”. Os testes utilizados foram diferentes, o que pode explicar a diferença no teste de “organização espacial” e “estruturação espaço-temporal”, pois ao contrário do presente estudo, o teste destes autores era verificado através de desenhos e rotações das estruturas espaciais, não requerendo desta forma noções de “direita” e “esquerda”. O que não explica a diferença no teste de esquema corporal e rapidez, pois foram utilizados exercícios semelhantes. As únicas variáveis que apresentaram semelhanças entre os nossos resultados foram a “motricidade global” e “coordenação dinâmica geral”8. Nas duas pesquisas, citadas acima, essas variáveis obtiveram resultados satisfatórios.

    Foram encontrados poucos estudos utilizando a Bateria de Avaliação Motora (EDM) com população “típica” no Brasil, a grande maioria dos estudos avalia populações específicas: pré escolares9,10,11,12, crianças com dificuldades de aprendizagem13,14,15,16,17, crianças com altas habilidades18, crianças cardiopatas19, crianças asmáticas20, crianças obesas21 e crianças com deficiência mental22.

    Em um estudo realizado23 utilizando a EDM, em crianças de 3 a 10 anos de idade, estudantes de colégios públicos na cidade de Zagaroza, na Espanha. Os resultados apontaram médias maiores que a idade cronológica (79,2) para todas as variáveis, exceto o equilíbrio, que ficou com média bem abaixo da idade cronológica – (67,9) e a média mais alta encontrada foi na habilidade de organização espacial (90,1). Ao contrário do presente estudo, onde esta foi a média mais baixa encontrada. Já em outro estudo24, com crianças de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental na cidade de Cruz Alta – RS, a média de idade cronológica das crianças era de 100,9 e os piores resultados foram para a organização temporal (74,8) e organização espacial (85,8), os outros resultados ficaram mais próximos à média de idade, sendo que a variável que obteve média mais alta foi motricidade global (103,8). Mostrando que talvez os baixos escores na organização espacial possam ser decorrentes de uma deficiência na educação brasileira.

Diferença entre os sexos

    As variáveis que apresentaram diferença significativa entre os sexos foram “Motricidade fina” e “Motricidade global”, em ambas as variáveis os meninos obtiveram melhores resultados. Essa superioridade entre os meninos em relação às meninas quanto à motricidade global é verificada por outros estudos25, 26, diferença que pode ser explicada tanto por fatores morfofuncionais, quanto por fatores sócio-culturais, pois as ações que exigem mais força, mais agilidade, segmentos mais longos, ou estruturas de suporte articular mais robustas (como correr, saltar, ou lançar) são favorecidas fisicamente e estimuladas culturalmente no sexo masculino26. Em relação à motricidade fina, entretanto, espera-se uma superioridade do sexo feminino27, acredita-se que este estudo encontrou um resultado diferente devido ao teste utilizado, o qual priorizava atividades de lançamento de bola. Tanto a atividade de lançamento, quanto a bola, de acordo com26 faz parte essencialmente das atividades masculinas. Assim como, segundo Sousa e Altmann28 tais varáveis intervenientes poderiam explicar essas diferenças nos testes entre meninos e meninas, pois não se dá igual oportunidade às mulheres de desenvolverem habilidades com bola, pois as mesmas seriam vistas como masculinas pela sociedade.

    O Equilíbrio é uma atividade delicada e que exige concentração, acredita-se que é mais desenvolvida no sexo feminino26, 27, porém neste estudo não houve diferença significativa entre os sexos, assim como no estudo de Romero e Negrão29, onde não foi encontrada diferença no desempenho de meninos e meninas na atividade de equilíbrio. Já em outros estudos8 foi verificado o contrário, pois as meninas apresentaram um atraso motor maior que os meninos em relação ao equilíbrio.

    As demais variáveis também não apresentaram diferença significativa entre os sexos. Esses resultados, ao serem comparados a outro estudo8 assemelham-se nas variáveis: “Organização espacial” e “Linguagem/organização temporal”, pois os autores encontraram resultados muito semelhantes entre os sexos na “Estrutura espaço-temporal”, apesar das diferenças entre os testes aplicados por cada bateria. Porém, os estudos se diferenciaram em relação ao esquema corporal e à rapidez, pois os autores encontraram atraso motor maior para as meninas nessas variáveis.

    Em outras pesquisas realizadas utilizando a Escala de Desenvolvimento Motor – EDM os estudos encontram pouca diferença entre os sexos. Ao avaliarem alunos de 5 a 14 anos na cidade de Florianópolis, não encontraram diferenças entre os sexos25. Assim como nos estudos10, 24 nos quais os meninos e as meninas apresentaram valores semelhantes. E no estudo de Rosa Neto6 realizado em duas cidades da Espanha, com crianças de 3 a 10 anos, no qual os valores encontrados também apresentaram semelhanças entre os sexos. Resultados que ficaram muito próximos aos encontrados pela presente pesquisa, utilizando o mesmo instrumento.

Conclusões

    Pudemos perceber que os alunos avaliados possuem um bom desenvolvimento motor, de acordo com a Bateria de Avaliação Motora do Rosa Neto. Exceto no teste de organização espacial, no qual notamos uma grande dificuldade, porém os alunos apresentaram evidente dificuldade na noção de direita e esquerda, o que pode ter influenciado no resultado, pois para fazer as atividades propostas pelo teste, era necessário um bom domínio destes comandos.

    As diferenças entre os sexos no desenvolvimento motor foram pequenas, ao contrário da maioria dos estudos encontrados sobre o assunto. Acreditamos que a seleção do teste utilizado para a pesquisa pode ter influenciado nestes resultados.

    Uma questão muito importante averiguada por esse estudo, foi em relação a escolha do instrumento de avaliação motora, pois através da revisão de literatura, observamos uma diferença nos resultados de acordo com a bateria utilizada, parece que o resultado favorável ao sexo feminino, ou masculino depende da escolha da bateria de avaliação e não do real desempenho dos alunos. Isso talvez ocorra, porque as diferenças entre os sexos podem ocorrer em cada atividade específica e não exatamente em cada área do desenvolvimento motor.

Referências bibliográficas

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