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O significado/papel atribuído a Educação Física Escolar por professores

de outras disciplinas: contribuições à formação de professores

El significado/función atribuido a la Educación Física Escolar por profesores de otras disciplinas: aportes a la formación de profesores

 

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação

PPGE/CE/UFSM

(Brasil)

Marta Nascimento Marques

martinhanm@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Através deste estudo objetivou-se analisar qual o entendimento dos professores de outras disciplinas sobre o significado/papel da Educação Física Escolar em escola pública de Santa Maria (RS). Trata-se de uma pesquisa qualitativa, e para coletar as informações utilizou-se um questionário com questões abertas, que foi respondido por cinco professores de outras disciplinas que atuam em escolas públicas de Santa Maria. Os questionários foram analisados através da análise de conteúdo. Assim, através das informações analisadas evidenciou-se que apesar do pequeno número de professores participantes da pesquisa, que constituem o universo docente de escola pública de Santa Maria, o entendimento destes a respeito da Educação Física Escolar é relevante e esta disciplina é muito valorizada pelos educadores. Também acreditamos que o papel da Educação Física ultrapassa a contribuição no desenvolvimento motor dos alunos, mas auxilia no desenvolvimento integral das crianças, respeitando suas individualidades e estimulando-os a liberdade e criatividade.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Significado. Formação de professores.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Considerações iniciais

    Acredita-se que todos nós deveríamos assumir a Educação Física como uma ação fundamentalmente pedagógica. No entanto, o que se encontra em pesquisas feitas é que a legitimidade pedagógica desta ainda é um pouco duvidosa, pois apesar de estar presente nos currículos escolares ainda não ganhou o crédito de ser importante na formação dos alunos como as demais disciplinas.

    Por um longo período, o contexto da prática e reflexão teórica da Educação Física restringiu-se aos aspectos fisiológicos e técnicos. Felizmente nos tempos atuais vem-se buscando superar essas concepções limitadas do trabalho com o aluno através de uma análise mais crítica que considere também as dimensões culturais, sociais, políticas e afetivas, presentes no corpo vivo das pessoas enquanto sujeitos que interagem e se movimentam, sendo esses seres socialmente construídos (BRASIL, 2000). Diante dessa preocupação, Barbosa (2001, p.15) chama a atenção quando diz que “a Educação Física é uma disciplina que trás em seu nome, em sua identidade e identificação, o termo, a proposta, o compromisso com a educação”.

    Corroborando com tais idéias Santin (1993), salienta que a Educação Física é a única ação educacional de que todos precisamos durante toda nossa existência, pois através dela é que se cultiva o nosso modo de ser no mundo com todas as suas dimensões, ela cultiva a nossa corporeidade (a não oposição entre corpo e a mente, entre o material e o espiritual).

    Dessa forma, quando falamos em corporeidade o termo esporte está incluído e a esse respeito Sobral (1989, p.142) acredita que:

    o ser ativo, a corporeidade e o excesso são valores que podem elevar o desporto e a proeza desportiva da condição de um ato gratuito ao nível de um projeto vital e pessoalmente significativo. Isso impõe uma intenção fenomenológica na educação desportiva, a consagração de um “retorno a si próprio” que dê a cada homem a dimensão e o sentido da sua própria proeza.

    Ainda se referindo ao esporte, Sobral (1989), acredita que podemos alcançar nossos objetivos educativos através deste. Porém a realidade que nos é colocada todos os dias pela mídia e aceita como verdadeira, mistifica o Esporte e os atletas. No entanto, os alunos quando chegam na escola trazem o padrão do alto nível, tanto de execução como dos objetivos a alcançar de maneira geral. Esta visão do Esporte elitizado é um fenômeno aceito e cultivado. E este é um modelo cruel, principalmente para as aulas de Educação Física.

    Porém Santin (1995, p. 17) coloca que “o problema não é saber quando e qual esporte é educacional. O esporte é sempre educacional. O nosso desafio é saber que tipo de educação o esporte que praticamos realiza.“

    Também um fator relevante que alguns autores apontam é a compreensão da relação entre a Educação Física e a saúde que nos remete obrigatoriamente a discussão dos conteúdos da Educação Física. Gaya (1989) entende que, na busca de um corpo teórico, a Educação Física agrega-se a outros sistemas (como a saúde), passando a parasitar corpos de conhecimento já estruturados, transformando-se em um subsistema, que não define o seu papel social. Para o mesmo autor existe a necessidade de a Educação Física reconhecer a sua totalidade, não ocorrendo o separatismo entre as ciências humanas e biológicas que constituem o seu corpus teórico.

    O mesmo autor ainda contesta a prática pedagógica do professor de Educação Física, que contradiz os pressupostos de promoção da saúde e de educação ao supervalorizar os bem dotados fisicamente em detrimento dos menos habilidosos; ao preocupar-se com a vitória independentemente dos meios de alcançá-la; ao desconsiderar as individualidades, as vivências e as expectativas dos alunos e ao hipertrofiar sinergias musculares com o intuito de proporcionar maior rendimento.

    Contudo, Oliveira (1989), afirma que, nos últimos anos, a Educação Física vem sofrendo uma verdadeira crise conceitual. Objetivos cognitivos e afetivos vêm tirando o espaço dos objetivos motores, gerando problemas de radicalização do pensamento sobre a prática. A partir disso, ele propõe que a Educação Física deva assumir o seu compromisso com o desenvolvimento da aptidão física e motora dos alunos, justificando a sua proposta na busca da saúde dos alunos através de uma relação causal via aptidão física. Essa idéia de causalidade torna-se clara quando o autor afirma que: nós devemos ensinar saúde ou aptidão motora como nosso primeiro objetivo.

    A cerca disso a Educação Física tem a possibilidade de ampliar o alcance de seus conteúdos, buscando discutir aspectos relacionados à educação para a saúde, motivando os alunos a terem hábitos saudáveis e estilos de vida ativos. Esse estilo de vida extrapola a idéia de adesão à prática regular de exercícios físicos; deve se referir à aquisição de hábitos que otimizem o seu status de saúde e de sua comunidade, pois “a participação da comunidade amplia a concepção de estilos de vida do nível individual para o coletivo, e exige da Educação Física novas responsabilidades, papel e ações interativas”(FARIA JÚNIOR, 1991)

    Na concepção de Freire, (1989) seria necessário descaracterizar o valor utilitário da Educação Física. Esta não pode justificar sua existência com base na possibilidade de auxiliar o aprendizado de outras disciplinas, dando a entender que quem faz Educação Física aprende matemática com mais facilidade. Até seria desejável que assim fosse, mas que não seja por essa finalidade que a Educação Física se faça presente na escola. Pelo contrário, mesmo considerando-se a interdisciplinariedade um componente indispensável ao ensino, a Educação Física deve justificar-se por si mesma, pelo conteúdo que desenvolve na escola.

    Com base nessas colocações foi que se chegou ao seguinte questionamento: Qual a visão dos professores de outras disciplinas referente ao papel exercido pela Educação Física Escolar?

    A partir deste problema de pesquisa originou-se o objetivo geral do estudo: Analisar o entendimento dos professores de outras disciplinas sobre o significado/papel da Educação Física Escolar em escola pública de Santa Maria (RS).

Procedimentos metodológicos

    Esta pesquisa é de cunho qualitativo, sendo que ela surge em contrapartida ao domínio da concepção quantitativa nas ciências humanas, caracterizando-se como uma alternativa metodológica para estudos voltados a Educação. Para Triviños (1987), ela não estabelece separações rígidas entre a coleta de informações e as interpretações das mesmas, o estudo desenvolve-se como um todo, pois todas as partes estão relacionadas.

    Quanto ao tipo de pesquisa, o estudo de caso representou a forma mais coerente de desvendar o problema de pesquisa. Segundo Lüdke e André (1986, p.18), o estudo de caso enfatiza a “interpretação em contexto”. As autoras sinalizam que “um princípio básico deste tipo de estudo é que, para uma apreensão mais completa do objeto, é preciso levar em conta o contexto em que se situa”.

    Na percepção de Goode e Hatt (1968, p.17) “o caso se destaca por se constituir numa unidade dentro de um sistema mais amplo”. O interesse incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo que posteriormente fiquem evidentes certas semelhanças com outros casos ou situações.

    Utilizou-se como instrumento para coletar as informações um questionário com questões abertas, que foi respondido por cinco professores de outras disciplinas, atuantes em escola pública de Santa Maria/RS.

    Acerca do questionário, Cervo e Bervian (2002) relatam que ele representa a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir com melhor exatidão o que se deseja, de modo que apresenta um conjunto de questões relacionadas com o problema central. Sendo ainda considerado um meio de obter respostas por uma fórmula que o próprio informante preenche.

    A interpretação dos questionários foi realizada a partir da análise de conteúdo. Para Bardin (1977) a utilização da análise de conteúdo prevê três etapas principais:

1ª. A pré-análise - que trata do esquema de trabalho, envolve os primeiros contatos com os documentos de análise, a formulação de objetivos, definição dos procedimentos a serem seguidos e a preparação formal do material;

2ª. A exploração do material – que corresponde ao cumprimento das decisões anteriormente tomadas, isto é, leitura de documentos, categorização, entre outros;

3ª. Tratamento dos resultados – fase onde os dados são lapidados, tornando-os significativos, sendo que esta etapa de interpretação deve ir além dos conteúdos manifestos nos documentos, buscando descobrir o que está por trás do imediatamente apreendido.

Análise das informações

O significado da Educação Física Escolar na visão dos professores

    Entende-se que a Educação Física Escolar é uma prática cultural, com uma tradição respaldada em certos valores. Ela ocorre historicamente em um certo cenário, com um certo enredo e para um certo público, que demanda uma certa expectativa. É justamente isso que faz a Educação Física Escolar ser o que é. Sendo uma prática tradicional, ela possui certas características, muitas vezes inconscientes para seus atores. Em outras palavras, existe um certo estilo de dar aulas de Educação Física, estilo que é, na maioria das vezes, valorizado pelos alunos e comunidade escolar como um todo (DAOLIO,1993).

    Segundo Lima (1994) a Educação Física não é apenas uma prática de atividade física, pois se assim fosse, não seria necessário um profissional com formação superior apenas para dirigir as atividades práticas, apitar jogos, contar as repetições dos exercícios e marcar o ritmo das atividades com sinais sonoros. É importante ressaltar que, na escola, as disciplinas curriculares têm como objetivo ensinar algo que possa contribuir para o processo educativo do ser humano.

    Nesse sentido Tani (1988) ressalta que o principal objetivo da Educação Física é buscar nos processos de crescimento, de desenvolvimento e de aprendizagem motora do ser humano, a fundamentação teórica da disciplina.

    A seguir podemos observar que na opinião dos professores participantes da pesquisa “a Educação Física é a descoberta do limite do próprio corpo e do bem estar físico e mental” (prof. 1).

    A esse respeito Hurtado (1983) nos coloca que as atividades desenvolvidas pela Educação Física escolar para as crianças e adolescentes entre 4 e 16 anos são de ordem bio-psico-fisiológicas e devem ser ministradas com uma didática específica para cada faixa etária, grau, série, e nível de ensino e além disto deve-se levar em consideração que o corpo e a mente não podem ser trabalhados em etapas diferentes, assim a Educação Física deve ser orientada no sentido de satisfazer os dois propósitos fundamentais: o corpo e a mente, em seu meio social, respeitando sempre a individualidade de cada aluno.

    Também foi colocado que “Educação Física é uma atividade que desenvolve as habilidades físicas e cognitivas” (prof. 2) nesse sentido, Freire (1991) atribui à Educação Física um papel de ensino de movimentos respeitando as individualidades da criança, o estímulo à liberdade e à criatividade individual.

    Podemos perceber através dos depoimentos que felizmente há uma compreensão e valorização da disciplina de Educação Física no âmbito escolar pois na opinião de um dos professores esta é vista como “uma área do conhecimento tão importante quanto português, matemática...” (prof. 3).

    Nessa perspectiva, a Educação Física Escolar, como propôs Mariz de Oliveira (1995), deve ser como um componente curricular, que como qualquer outro procura possibilitar ao aluno a aprendizagem de determinados conhecimentos.

    Também a Educação Física Escolar “é uma disciplina como as outras, com conteúdos e objetivos a serem cumpridos, com função educativa.” (prof. 4). Essa compreensão demonstra a consciência dos professores em relação à importância de se ter um currículo integrado, no qual todas as disciplinas escolares possuem a mesma relevância na formação dos alunos. Da mesma forma que desconstrói a visão limitada de Educação Física como um componente isolado e de menor importância do que as demais disciplinas que constituem o currículo escolar.

    Nesse sentido vale destacar o que é colocado por Cristino e Krug (2008, p.79) que é necessário que haja um rompimento de concepção de “escola ‘apenas’ como um espaço para se ensinar.”, passando a entender a escola como espaço de produção de conhecimentos e saberes.

    A Educação Física Escolar é vista ainda como “uma disciplina que estimula o movimento do corpo através de jogos e brincadeiras” (prof. 5). Sobre isso Souza (1999) acrescenta que durante a aula de Educação Física, as atividades, as tarefas e as responsabilidades dos alunos não são simplesmente as de correr, brincar, jogar ou se exercitar. É necessário que os alunos passem a conhecer melhor estas atividades bem como a manifestação corporal, o jogo que está realizando, vivenciando, experimentando.

    De acordo com o Coletivo de Autores (1992), a Educação Física é entendida como uma disciplina que trata de um tipo de conhecimento denominado Cultura Corporal que tem como temas: o jogo, a ginástica, a dança, o esporte e a Capoeira.

    Nessa linha de pensamento, vale frisar que o ensino da Educação Física na escola deve possibilitar a aprendizagem de diferentes conhecimentos sobre o movimento, contemplando as três dimensões: procedimental, conceitual e atitudinal. A partir daí, estaremos capacitando nosso aluno para utilizar seu potencial de maneira integral e autônoma.

O papel da Educação Física Escolar no entendimento dos professores de outras disciplinas

    Baseando-se na proposta dos PCNs podemos perceber que este procura ampliar a concepção de educação física, saindo de uma visão apenas biológica e incorporando outras dimensões: afetiva, cognitiva e sociocultural. Também através de sua proposta curricular enfatiza um ensino em que o educando tenha acesso a conhecimentos, habilidades e atitudes acerca da cultura corporal, considerada como objeto de estudo de grande relevância da educação física. É colocada ainda a importância de o educando não somente participar das práticas corporais, mas ter o conhecimento de por que as faz e como deve praticá-las.

    Frente a isso, veremos a opinião dos professores de outras disciplinas sobre o papel da Educação Física Escolar:

    “Considero que a Educação Física exerce um papel fundamental para a descoberta do próprio corpo, da socialização, do trabalho em equipe e fortalecimento da auto-estima” (prof. 1). Acredita-se que a Educação Física exerce um papel fundamental na integração do aluno na cultura corporal de movimento de uma forma bastante completa. Nesse sentido, De Marco (1995 p. 77) salienta que a Educação Física também deve ser: “(...) um espaço educativo privilegiado para promover as relações interpessoais, a auto-estima e a autoconfiança, valorizando-se aquilo que cada indivíduo é capaz de fazer em função de suas possibilidades e limitações pessoais (...)”.

    Outro professor coloca que “a Educação Física colabora no desenvolvimento do indivíduo como um todo” (prof. 2) Nesse linha de pensamento podemos dizer que a Educação Física permite que se vivencie diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais presentes na vida cotidiana. Também a partir das danças, dos esportes, dos jogos o aluno terá acesso a um vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado no ambiente escolar.

    Para Piccolo (1995) um programa de Educação Física deve levar em consideração a contribuição de cada atividade de seu conteúdo com a formação do ser humano e deve dar as condições para que o aluno desenvolva todas as suas habilidades.

    Podemos também observar que na opinião de outro professor a Educação física “é essencial para o desenvolvimento psicomotor” (prof. 3). Sendo assim os alunos não devem ter uma visão de que a aula de educação física é apenas uma hora de lazer ou recreação, mas que é uma aula como as outras, com muitos conhecimentos que poderão trazer muitos benefícios para sua formação. Para tanto, as aulas devem ser dinâmicas e estimulantes e os conteúdos precisam ter uma complexidade crescente a cada aula acompanhando o desenvolvimento motor e cognitivo do aluno.

    Segundo Paim (2003) deve-se proporcionar a criança a oportunidade de um grande número de vivência motora já que seu desenvolvimento motor está relacionado com estas vivências, desta forma quanto maior o número de experiências motoras maior será o desempenho nas tarefas motoras realizadas por elas.

    Também foi acrescentado por um dos docentes que “através da Educação Física o aluno desenvolve o senso de responsabilidade, respeito, autoconfiança, aprende regras e valores que contribuirão para sua formação” (prof. 4)

    Nesse sentido, Freire (1999) afirma que valores, atitudes e normas sobre o movimento humano constituem a dimensão atitudinal a ser ensinada nas aulas de Educação Física.

    Seguindo esta lógica a Educação Física exerce o papel de possibilitar a “formação integral do aluno, promovendo sua autonomia.” (prof. 5). A respeito disso, Kunz (2001, p. 107) ressalta que “a concepção crítico emancipatória, busca alcançar, como objetivos primordiais do ensino e através das atividades com o movimento humano, o desenvolvimento de competências como a autonomia, a competência social e a competência objetiva”. Nessa perspectiva Ilha e Krug (2008) colocam que “a emancipação dos educandos em busca de uma participação mais ativa na sociedade em que vivem dependerá de uma atuação profissional voltada à formação de alunos mais autônomos e Crítico-reflexivos”.

    Diante de tais apontamentos, é fundamental que estejamos constantemente revendo as ações desenvolvidas nos contextos educativos, pois assim estaremos nos constituindo como profissionais mais capazes de contribuir com a formação dos alunos na medida em que desenvolvermos nossa capacidade de reflexão e crítica, colocando em primeiro lugar, a análise de nossa própria prática.

Considerações finais

    Através da realização desta pesquisa podemos observar que apesar do pequeno número de professores participantes da pesquisa, que constituem o universo docente de escola pública de Santa Maria (RS), o entendimento dos mesmos a respeito do significado/papel da Educação Física Escolar é relevante e esta disciplina é muito valorizada pelos educadores.

    Também se acredita que o papel da Educação Física Escolar vai muito além da contribuição no desenvolvimento motor dos alunos, mas o de auxiliar no desenvolvimento integral das crianças, pois a Educação Física não é apenas uma prática de atividade física, se assim fosse, não precisaria de um profissional com formação superior apenas para dirigir as atividades práticas. Na escola a Educação Física tem como objetivo ensinar algo que possa contribuir para o processo educativo do ser humano como um todo.

    De acordo com Freire (1991) a Educação Física exerce um papel de ensino de movimentos respeitando as individualidades da criança, o estímulo à liberdade e à criatividade individual. Neste contexto o professor assume um “personagem” o qual deve aplicar as atividades físicas por meio de exercícios de fácil execução, com graduação para cada idade e tendo em conta a evolução física e psíquica do aluno, dando-lhe liberdade para movimentar-se espontaneamente e da forma que desejar.

    Nessa perspectiva Lovisolo (1996) propõe: revalorizar a imagem do profissional a partir do seu trabalho, mostrando que a Educação Física é capaz de contribuir com a dinâmica escolar, tornando a escola mais atraente, valorizando-a.

    Seguindo essa linha de pensamento Medina (1993), coloca que a Educação Física precisa questionar criticamente seus valores. Precisa ser capaz de justificar-se a si mesma e procurar sua identidade. É preciso que seus profissionais distingam o educativo do alienante, e sobre tudo, discordem mais, dentro, é claro, das regras construtivas do diálogo. O processo, o desenvolvimento, o crescimento advirão muito mais de um entendimento diversificado das possibilidades da Educação Física do que através de certezas monopólicas que na verdade não passam, às vezes, de superficiais opiniões ou hipóteses.

    Dessa forma, considera-se importante de declarar para a comunidade escolar a Educação Física como uma atividade prazerosa que demonstra-se como um fenômeno cultural com propostas educacionais, que não privilegia apenas a competição, mas que proporciona a auto-superação dos alunos, uma Educação Física que não seja fundamentada numa concepção dualista, mas que saiba caminhar em direção a novos paradigmas.

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