efdeportes.com

Associação entre composição corporal e 

níveis de flexibilidade de homens adultos

Relación entre la composición corporal y los niveles de flexibilidad en hombres adultos

Association between body composition and levels the flexibility of adult men

 

1. Universidade Trás-Os-Montes e Alto Douro, UTAD, Vila Real, Portugal;

2. Faculdades Unidas do Norte de Minas, FUNORTE, Montes Claros, MG

3. Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES, Montes Claros, MG

4. Grupo de Estudos e Pesquisas de Educação na Diversidade e Saúde, Montes Claros, MG

5. Grupo Integrado de Pesquisa de Psicologia do Esporte, Exercício

e Saúde, Saúde Ocupacional e Mídia, Montes Claros, MG

Wellington Danilo Soares1,2,3,4,5

Jadson Rabelo Assis2

Igor Rainneh Durães Cruz2

Fredson Randey Gonçalves Dias2

André Luiz Gomes Carneiro1,3,4

wdansoa@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Buscou-se através deste estudo verificar a associação entre composição corporal e níveis de flexibilidade de homens adultos. Trata-se de uma pesquisa descritiva, quantitativa, correlacional e de corte transversal. A amostra foi composta de 100 sujeitos, sexo masculino, na faixa etária de 18 a 30 anos (24,57 ± 3,4 anos), selecionada de forma aleatória, praticantes de treinamento resistido com tempo mínimo de seis meses de prática. Foi verificado o IMC, na estatura foi empregado um estadiomêtro vertical, na avaliação da massa corporal foi utilizada a balança de plataforma digital. Para mensurar o nível de flexibilidade dos movimentos articulares de Extensão Horizontal do Ombro (EHO), Flexão da Coluna Lombar (FCL) e Flexão do Quadril (FQ) foi utilizado o protocolo de Labifie, através de um goniômetro de aço de 360º e 14 polegadas. No tratamento dos dados foi utilizado o teste de correlação de Pearson para determinar as possíveis correlações entre as variáveis pesquisadas. Todo procedimento estatístico foi realizado no programa SPSS 17.0. Os resultados demonstraram uma classificação normal para as médias do IMC do grupo amostral. Já para o %G o grupo pesquisado foi enquadrado como ¨bom¨, e os três movimentos articulares (EHO, FCL e FQ) se encontraram dentro dos padrões de normalidade, segundo os critérios internacionais de classificação. Foi encontrada uma pequena correlação negativa entre as variáveis % G e EHO, sendo os valores médios dessas duas variáveis estatisticamente diferentes (p ≤ 0,05). Também foi encontrada uma correlação entre os movimentos de EHO e FCL, com valores médios estatisticamente diferentes (p ≤ 0,01). Conclui-se através dos resultados que parece existir uma influência da composição corporal sobre os níveis de flexibilidade de indivíduos do sexo masculino na faixa etária de 18 a 30 anos, praticantes de musculação. Essa influência se apresentou negativa no que diz respeito ao percentual de gordura.

          Unitermos: Composição corporal. Flexibilidade. Homens.

 

Abstract

          We sought through this study to assess the association of body composition in the flexibility levels of adult men. This is a descriptive, quantitative, correlational and cross-sectional. The sample consisted of 100 subjects, male, aged 18-30 years (24.57 ± 3.4 years), selected randomly, practicing resistance training with a minimum of six months of practice. BMI was observed in height was used a vertical stadiometer in the evaluation of body mass was used to balance the digital platform. To measure the level of flexibility of joint movements Extension Horizontal Shoulder (EHO), Flexion of Lumbar Spine (FCL) and hip flexion (CF) was used protocol Labifie through a goniometer steel 360 and 14 inches . Following data was used pearson correlation test to determine correlations between all variables. All statistical procedure was performed using SPSS 17.0. The results showed a normal range for the average BMI of the sample group. As for the% G group was framed as ¨ good ¨, and the three joint movements (EHO, FCL and CF) were within normal limits, according to international criteria for the classification. Found a small negative correlation between the variables and EHO% G, and the average values of these two variables statistically different (p ≤ 0.05). We also found a correlation between the movements of EHO and FCL, with values statistically different (p ≤ 0.01). It is concluded from the results that appear to be an influence of body composition on levels of flexibility of males aged 18-30 years by bodybuilders. This influence was found negative with respect to the percentage of fat.

          Keywords: Body composition. Flexibility. Men

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Nos dias atuais, há, de maneira global, a consciência da importância de uma boa aptidão física para manutenção e promoção da saúde. Segundo Nieman (1999), a aptidão física está diretamente relacionada com a capacidade de o ser humano possuir energia e vitalidade suficientes para realizar tarefas diárias e participar de atividades esportivas e recreativas sem fadiga. Para o American College of Sport Medicine (2003), a força, resistência cardiorrespiratória, resistência de força, composição corporal e flexibilidade são os componentes morfofuncionais inerentes á aptidão física.

    Vários autores afirmam que a flexibilidade tem sido considerada um importante componente para a caracterização do nível de aptidão física relacionado com o desempenho atlético e com as atividades recreativas (AVELAR et al., 2004, DANTAS, 2005; SOARES et. al, 2005), tanto para prevenção e tratamento de lesões, como para a saúde (HORTOBÁGYI et. al, 1985; WILSON, ELLIOTTI e WOOD,1992; HONEYBOURNE, HILL e MOORS, 1996; NIEMAN, 1999).


    Níveis adequados de flexibilidade são fundamentais para o bom funcionamento músculo - articular, contribuindo para a preservação das articulações. São necessários valores mínimos de amplitude articular para o desenvolvimento de atividades desportivas ou mesmo cotidiana.

    Amako (2003) afirma que, o treinamento dessa qualidade física pode ser utilizado como forma de prevenção de lesões, como preparação para o esforço (aquecimento), como forma de recuperação ativa pós-esforço e como forma de modelar o processo de reparação dos tecidos, após uma lesão, e de influir sobre eles.

    Muitos são os fatores que podem intervir no treinamento da flexibilidade, como o tempo de insistência, número de séries, tempo de intervalo, ordem dos exercícios e a composição corporal.

    Dentre os fatores citados, a composição corporal constitui uma das variáveis que se investiga. Após extensa revisão de literatura verificou-se uma lacuna do conhecimento quanto da relação entre composição corporal e níveis de flexibilidade.

    Contudo, apesar da grande importância dessas variáveis, existem muitas dúvidas, controvérsias e discussões acerca desta relação.

    Sendo assim, dentro desse contexto, o presente estudo tem como objetivo verificar a associação entre composição corporal e níveis de flexibilidade em homens adultos da cidade de Montes Claros – MG.

Materiais e métodos

    Essa pesquisa foi submetida e aprovada ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), das Faculdades Unidas do Norte de Minas sobre o protocolo nº. 0531/09. Atendendo, na sua realização, todas as normas e critérios exigidos pela lei 196/96, de 10 de Outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde – CSN, que regulamenta ás pesquisas com seres humanos.

    O estudo é descritivo de caráter quantitativo, correlacional e de corte transversal (THOMAS e NELSON, 2002).

    A amostra foi constituída de 100 sujeitos, gênero masculino, na faixa etária de 18 a 30 anos (24,57 ± 3,4 anos), selecionada de forma aleatória, praticantes de treinamento resistido, com tempo mínimo de 06 meses de prática, nas academias da cidade de Montes Claros – MG.

    Na aferição da estatura, foi empregado um estadiômetro vertical Welmy (Welmy, Brasil), com 200 cm de comprimento e escala de 0,1cm, enquanto para a avaliação do peso corporal foi utilizada uma balança de plataforma digital da marca WELMY® (Welmy, Brasil), calibrada, graduada de 0 a 150 kg e com precisão de 0,1kg9. Para a verificação das dobras cutâneas, foi utilizado um compasso (adipômetro) científico da marca LANGE® Cambridge Scientifc Industries Inc., USA) com precisão 1 mm. Os procedimentos para a medição das dobras cutâneas foram realizados de acordo com metodologia padronizada (HARRISON et al., 1998).

    Para a caracterização física da amostra, foram avaliadas a massa corporal e a estatura, seguindo-se os procedimentos propostos por Norton e Olds (1998). Os valores de massa corporal e estatura foram utilizados para cálculo do IMC. Todos os indivíduos foram medidos e pesados descalços, vestindo apenas uma sunga. Para a pesagem e medida de estatura, adotou-se como posição padrão o plano de Frankfurt. A partir dessas medidas, o IMC foi determinado pelo quociente massa corporal / (estatura), sendo a massa corporal expressa em quilogramas (kg) e a estatura, em metros (m) (WHO, 1998).

    As variáveis antropométricas ‘massa corporal’ e ‘estatura’ foram coletadas com base nas recomendações de Gordon et al. 9. A gordura corporal foi determinada pelo protocolo de três dobras cutâneas, tríceps, peitoral e subescapular (JACKSON e POLLOCK, 1985). As medidas de dobras cutâneas foram feitas em triplicata. Para avaliação da amplitude articular, foi utilizado o teste angular de goniometria, através do protocolo de Labife (DANTAS, CARVALHO e FONSECA, 1997) . Foi utilizado um goniômetro de aço da marca Lafayette (Lafayette, EUA), 360º com 14 polegadas na tomada da medida da amplitude articular. Para determinação da confiabilidade do teste de goniometria, foi realizado o “reteste” nas mesmas condições.

    Foi utilizado o teste de correlação de Pearson para se determinar a correlação entre as variáveis pesquisadas. Os dados foram analisados por meio do programa estatístico (Statistical Package for the Social Sciences, SPSS) versão 17.0 para Windows.

Resultados e discussão

Tabela 1. Apresenta os dados descritivos do grupo amostral

Variaveis

N

Minimo

Máximo

Média

DP

Idade

100

18

30

24,57

3,4

IMC

100

20,47

36,95

25,01

2,1

% G

100

5,56

19,20

7,65

3,9

EHO

100

40

63

57,27

4,2

FCL

100

48

78

65,07

6,9

FQ

100

50

98

86,28

8,1

DP – Desvio Padrão; IMC – Índice de Massa Corporal; %G – Percentual de Gordura/ EHO; Extensão Horizontal do Ombro; FCL – Flexão da Coluna Lombar; FAQ – Flexão do Quadril.

    Segundo a tabela acima, onde foi apresentada uma média de IMC dos indivíduos pesquisados de 25,01%, classificando-os dentro dos padrões de normalidade conforme a World Health Organization (1990). Quanto ao percentual de Gordura, onde foi encontrada uma média de 7,65% dos indivíduos pesquisados de idade entre 18 a 32 anos, classificando-os em Bom (POLLOCK e WILMORE, 1993).

    Em relação aos resultados dos níveis de flexibilidade dos três movimentos articulações avaliadas (EHO, FCL e FQ), foi verificado que os valores médios apresentados pelo grupo pesquisado, estão dentro dos padrões de normalidade quando comparados aos critérios propostos pelo American Academy of Orthopaedic Surgeons (DANTAS, 2005).

Tabela 02. Apresenta os resultados da correlação entre as variáveis pesquisadas

% G – EHO

Correlação Pearson

Nível Significância

N

- 0,299*

0,020*

100

EHO – FCL

Correlação Pearson

Nível Significância

N

0,450**

0,000**

100

** Correlação significativa p≤ 0.01

* Correlação significativa p≤ 0.05

    Através dos resultados demonstrados na tabela 02, verificou-se que houve uma baixa correlação negativa entre o % G e a EHO. O que demonstra que quanto maior o percentual de gordura tende a ser menor a flexibilidade da extensão horizontal do ombro. Na comparação entre essa variáveis foi observada uma diferença estatisticamente significativa entre as médias apresentadas (p ≤ 0,05).

    Fato digno de nota foi ter sido verificado uma correlação entre os movimentos articulares de EHO e FCL, onde se observou que quando ocorre o aumento nas médias da EHO igualmente existe um aumento no movimento de FCL. Uma vez que, inicialmente, não objetivava verificar a correlação entre os movimentos articulares pesquisados, mais que foram apresentados após o tratamento estatístico dos dados. Sendo também apontado uma diferença estatisticamente significativa (p ≤ 0,01) quando comparada às médias entre esse dois movimentos articulares.

    Nesta pesquisa encontramos limitações para podermos discutir os resultados, pois não se encontra estudos que possam nos auxiliar na comparação dos mesmos.

Aplicações práticas

    Os resultados encontrados nos permitem concluir que parece existir uma influência da composição corporal sobre os níveis de flexibilidade de indivíduos do sexo masculino na faixa etária de 18 a 30 anos, praticantes de musculação.

    Essa influência se apresentou negativa no que diz respeito ao percentual de gordura.

    O presente estudo provê uma plataforma para estudos longitudinais. Assim recomendamos que sejam realizados novos estudos a fim de poderem embasar ou não os resultados da nossa pesquisa.

Referências

  • AMAKO, M.; ODA, T.; MASUOKA, K.; YOKOI, H.; CAMPISI, P. (2003). Effect of static stretching on prevencion of injuries for military recruits. Mil Med. Jun;168(6):442-6.

  • AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE – ACSM. (2003). Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 6.ed.Rio de janeiro: Guanabara Koogan.

  • AVELAR, J.; FINNI, T.; LIIKAVAINIO, T.; NIEMELÃ, E.; KOMI, P.V. (2004). Neural and mechanical responses of the triceps surae muscle group after 1h of repeated fast passive stretches. Journal of Applied Physiology. V.96, p.2325-2332.

  • DANTAS EHM, CARVALHO JLT, FONSECA RM. O protocolo LABIFIE de goniometria. Rev Trein Desp. 1997;2(3):21-34.

  • DANTAS E.H.M. (2005). Flexibilidade: alongamento e Flexionamento. 5.ed. Rio de Janeiro: Shape

  • HARRISON GC, BUSKIRK ER, CARTER JEL, JOHNSTON FE, LOHMAN TG, POLLOCK ML, ET AL. SKINFOLD THICKNESS AND MEASUREMENT TECHNIQUE. IN: LOHMAN TG, ROCHE AF, MARTOREL R. Anthropometric standardization reference manual. Champaing: Human Kinetics, 1988. p. 55-80

  • HONEYBOURNE J, HILL M, MOORS H. (1996). Advanced physical education and sport. Cheltenham: Stanley Thornes. p.286.

  • HORTOBÁGYI J, FALUDI J, TIHANYI J, MERKELY B (1985). Effects of intense alongamento-flexibility training on the mechanical profile of the knee extensors and on the range of motions of the hip joint. International Journal of Sports Medicine, Stuttgart, v.6, p.317-21

  • JACKSON AS, POLLOCK ML. Pratical assessment of body composition. Physicol Sport Med. 1985;13:76-90.

  • NIEMAN D.C.(1999). Exercício e saúde. 1.ed. São Paulo: Manole.

  • NORTON K, OLDS T. Antropométrica. Porto Alegre: Artmed; 2005

  • POLLOCK, M.L.; WILOMORE, J.J. Exercícios na saúde e na doença. 2 ed. Rio de Janeiro: MEDS, 1993.

  • SOARES, W.D; TOLENTINO NETO, J; GERMANO, J.M; NOVAES, J.S; (2005). Determinação dos níveis de flexibilidade em atletas de karate e jiu jitsu. Motricidade Humana (Portuguese Journal of Human Performance Studies), Portugal.v.01, n.04, p.246-252.

  • THOMAS, J.R; NELSON,J. k.(2002). Métodos de pesquisa em atividade física. 3º ed. Porto Alegre: Artmed

  • WILSON G.J, ELLIOTT B.C, WOOD G.A. (1992). Stretch shorten cycle performance enhancement through flexibility training. Medicine and Sports and Exercise, Madison, v.24, p.116-23.

  • WORLD HEALTH ORGANIZATION. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases, 1990

  • World Health Organization. Obesity. Preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO Consultation on Obesity. Geneva: WHO; 1998.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 148 | Buenos Aires, Septiembre de 2010
© 1997-2010 Derechos reservados